• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

PROPRIEDADES FÍSICAS E OPTICAS DE FILMES DE CARRAGENINA E LÁTEX DE MANGABEIRA (Hancornia Speciosa).

Autores

Inocencio Nunes, R. (UFERSA) ; de Lima Leite, R.H. (UFERSA) ; Mendes Aroucha, E.M. (UFERSA) ; Gomes dos Santos, F.K. (UFERSA) ; da Silva e Souza, R.L. (UFERSA) ; de Oliveira Queiroz, L.P. (UFERSA)

Resumo

A crescente demanda por plásticos de uso único impacta negativamente o meio ambiente. No entanto, o aumento no uso de materiais biodegradáveis para produzir plásticos não convencionais é um reflexo de mudanças no comportamento social e tem incentivado alternativas para este setor. Assim, essa pesquisa investigou propriedades de filmes de carragenina incorporando concentrações distintas de látex de mangabeira. O látex é uma fonte de proteínas, lipídeos e borracha natural que pode agregar funcionalidades aos filmes. Foram analisadas a densidade, cor/opacidade e índice de intumescimento dos filmes biopoliméricos. A adição de látex permitiu o aumento da densidade e espessura dos filmes, houve um leve escurecimento e aumento na retenção de água dos filmes de carragenina e látex de mangabeira.

Palavras chaves

Bioplástico.; Látex.; Opacidade.

Introdução

O consumo elevado de plásticos afeta gradativamente o meio ambiente e seus ecossistemas. A poluição causada pela falta de gestão dos resíduos plásticos já depositou 8,9 bilhões de toneladas de lixo residual considerados primários e secundários, desse total 6,3 bilhões estão acumulados em aterros (VASCONCELOS, 2019). Além de ser um material de origem fóssil o plástico convencional é resistente em degradar-se no ambiente. Essas desvantagens acarretam prejuízos à natureza e tem sido motivo de preocupação nos últimos tempos. O avanço em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de substitutos para o plástico sintético tem alcançado resultados promissores. Atualmente, produtos oriundos de fontes renováveis e biodegradáveis são uma alternativa parcial ao uso de plásticos de curta vida útil. Chamados de bioplásticos, esses plásticos mais ecológicos são fabricados a partir de amido, quitosana, alginato, carragenina e outros biopolímeros (RUKMANIKRISHNAN et al., 2020). Com excelentes propriedades para formação de filmes e embalagens biodegradáveis, extraída de macroalgas vermelhas, a carragenina tem sido amplamente difundida, uma vez que é atóxica e de baixo custo. No entanto, a alta permeabilidade ao vapor de água limita a capacidade de aplicação em produtos alimentícios (NAZURAH; HANANI, 2017). Essa inconveniência, pode ser resolvida incorporando aditivos com características hidrofóbicas que podem melhorar o desempenho em relação à água, mas também afetar a cor e opacidade dos filmes. Assim, essa pesquisa objetiva caracterizar filmes de carragenina obtidos em concentrações de látex de mangabeira (FB0 - 0%; FB1 - 1,6%; FB2 - 3,3%; e FB3 - 5,0%). Durante essa investigação, foram analisados parâmetros de espessura, densidade, cor/opacidade e índice de intumescimento dos filmes.

Material e métodos

Os filmes de carragenina com diferentes concentrações do látex de mangabeira (0%; 1,6%; 3,3% e 5,0% w/w) foram obtidos a partir de uma solução filmogênica contendo 2% de massa seca para um total de 60 mL. Utilizando-se o glicerol como plastificante fixado a 20% em relação à massa de carragenina (w/w). Inicialmente, a carragenina foi dispersa em um béquer contento água destilada sob agitação constante a uma temperatura de 82 °C até total solubilização (NOURI et al., 2018). Em seguida, a solução de carragenina foi transferida para um segundo béquer, contendo glicerol e frações do látex, a mistura foi agitada (200 rpm) para formar uma emulsão. A mistura foi então depositada em placas de acrílico 15 cm x 15 cm e mantida em repouso por 24h à temperatura ambiente (28 °C). Para completar a secagem, as placas foram transferidas para estufa (TE- 391/2 TECNAL) com circulação e renovação de ar a 45 °C. A espessura do filme foi determinada em triplicata a partir de medições utilizando um micrometro digital (Mitutoyo MDC-25 M, MFG-Japan) de escala 0,001 mm. A densidade foi calculada por meio da relação massa (g) e espessura numa área de 2 cm2. O parâmetro cor foi definido seguindo a descrição de (OLIVEIRA et al., 2018), utilizando um colorímetro, CR 10 Minolta calibrado contra um fundo branco/preto padrão, as medidas foram realizadas em cinco pontos equidistantes da superfície dos filmes; a opacidade foi mensurada a partir de leituras da absorbância dos filmes em espectrofotômetro UV/Visível (UV-340G, Gehaka) em comprimento de onda de 600 nm, dividindo-se seu valor pela espessura média de cada filme em milímetros.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos através da incorporação de látex de mangabeira aos filmes de carragenina, estão dispostos na Tabela 01. O menor valor de espessura foi observado em filmes de carragenina sem adição de látex 36,2 µm para o filme FB0. Com a adição do látex foram obtidos filmes mais espessos que os contendo apenas carragenina. As espessuras para os filmes contendo látex e carragenina diminuíram de 53,0 µm para o FB1 contendo 1,6% de látex - até 44,3 µm para o FB3 contendo 5,0% de látex. Um comportamento similar ocorreu em filmes de carragenina e extrato de alecrim (NOURI et al.,2018). Uma menor densidade foi encontrada no FB0 filme sem látex em comparação com os filmes adicionados com látex. Entre os filmes contendo látex não houve diferença significativa entre as médias dos resultados. Quando os filmes foram submetidos ao teste de intumescimento constatou-se que o látex de mangabeira pouco interferiu na absorção de água pela carragenina, essa característica é comum a filmes de carragenina altamente hidrofílicos principalmente quando se utiliza glicerol como plastificante. Os filmes absorveram mais que 99% de seu peso em água. Os parâmetros de cor e opacidade de filmes biodegradáveis são importantes quando de seu uso como embalagens pois afetam a aceitação dos produtos pelo consumidor (BALASUBRAMANIAN, 2019). O parâmetro de cor a*, indicativo da variação entre o verde e o vermelho apresentou pequena variação, diminuindo com a adição do látex. Os valores do parâmetro de cor b*, variação entre o amarelo e o azul, não variaram significativamente. A coordenada L* variação entre o branco e o preto foi afetada ocorrendo uma diminuição de 81,5± 0,0d para 80,7± 0,1a em comparação com o filme controle, ou seja, a adição de látex provoca um leve escurecimento dos filmes.

FIGURA 01

Tabela 01- Caracterização dos filmes de carragenina e látex (FB0 – 0%; FB1 - 1,6%; FB2 - 3,3%; e FB3 - 5,0%) quanto os padrões físicos e opticos.

Conclusões

Os filmes obtidos em diferentes concentrações de látex de mangabeira apresentam diferenças significativas nas propriedades ópticas e físicas em comparação com os filmes sem látex. Maiores teores de látex incorporados à matriz do biopolímero podem levar a alterações relevantes na cor e opacidade dos filmes e precisam ser testadas. A capacidade de retenção de água pelos filmes de carragenina aumenta levemente pela adição do látex de mangabeira. Ocorre igualmente um aumento na densidade dos filmes de carragenina quando são adicionados de látex de mangabeira.

Agradecimentos

Agradecemos o financiamento da bolsa de pesquisa à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (FAPERN) e ao PPgCEM da UFERSA campus Mossoró/RN.

Referências

BALASUBRAMANIAN, R. et al. Effect of TiO2 on highly elastic, stretchable UV protective nanocomposite films formed by using a combination of k-Carrageenan, xanthan gum and gellan gum. International Journal of Biological Macromolecules, v. 123, p. 1020–1027, 2019.
NAZURAH, N. F.; HANANI, Z. . N. Physicochemical characterization of kappa-carrageenan (Euchema cottoni) based films incorporated with various plant oils. Carbohydrate Polymers, v. 157, p. 1479–1487, 2017.
NOURI, A. et al. Biodegradable κ-carrageenan/nanoclay nanocomposite films containing Rosmarinus officinalis L. extract for improved strength and antibacterial performance. International Journal of Biological Macromolecules, v. 115, p. 227–235, 2018.
OLIVEIRA, V. R. L. et al. Use of biopolymeric coating hydrophobized with beeswax in post-harvest conservation of guavas. Food Chemistry, v. 259, n. March, p. 55–64, 2018.
RUKMANIKRISHNAN, B. et al. K-Carrageenan/lignin composite films: Biofilm inhibition, antioxidant activity, cytocompatibility, UV and water barrier properties. Materials Today Communications, v. 24, n. February, p. 101346, 2020.
VASCONCELOS, Y. Planeta PLástico. Pesquisa FAPESP, v. 281, p. 18–24, 2019.

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