Autores
Ferreira, E.C. (UFMA) ; Cutrim, E.S.M. (UFMA) ; Lima, R.B. (UFMA) ; Alcântara, A.C.S. (UFMA)
Resumo
O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, sendo o câncer de pele o
que possui maior incidência em todo planeta. Com o intuito de amenizar os dados
estatísticos através da melhora e potencialização de fármacos já consagrados na
terapêutica contra o câncer de pele, o presente trabalho aborda uma metodologia de
associação à base do quimioterápico 5-Fluorouracil com a resorcina, um fármaco que
presenta propriedades queratoplásticas. Utilizando a espectroscopia na região do
infravermelho e as análises térmicas é possível observar a conjugação dos
fármacos, e avaliar sua estabilidade térmica da associação. As associações foram
testadas quanto à liberação controlada destes presentes na formulação, sendo novas
alternativas para um tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais
Palavras chaves
Associações farmacêuticas; 5-Fluorouracil; Resorcina
Introdução
O câncer é considerado a segunda maior causa de morte no mundo, ficando atrás
somente das doenças cardiovasculares (GBD, 2013). Os principais tipos de câncer
são: de Cólon e reto, de esôfago, estômago, mama, de pele melanoma e de pele
não- melanoma, próstata e câncer de pulmão. Dentre esses estudos, o fármaco 5-
Fluorouracil é um dos mais utilizados nestes tratamentos. O 5-Fluorouracil (5-
FU) é muito utilizado nos tratamentos dos mais diversos tipos de câncer. Porém,
como outras moléculas de ação antineoplática o 5-FU apresenta severos efeitos
colaterais durante a quimioterapia, seja sua administração por via oral, tópica,
intravenosa, intramuscular e intracraneal (INCA,2020). Os efeitos adversos são
variados e causam grande desconforto ao paciente, tais como: queda da imunidade,
inflamação da mucosa da cavidade oral, diarréia, náuseas e vômitos e muitos
outros (Câncer de Mama Brasil, 2022). Com o intuito de diminuir esses efeitos
colaterais e melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos pelos mais
diversos tipos de câncer, alguns estudos vem trazendo diversas metodologias para
modificar a liberação deste fármaco com intuito de melhorar a bisdisponibilidade
e diminuir as doses/intervalos de administração deste fármaco. Dentre as
metodologias aplicadas, destacam-se as associações de fármaco envolvendo o 5-FU.
O presente trabalho aborda uma metodologia utilizando o 5-FU e a Resorcina
(RSC), que é um fármaco utilizado para tratamentos de pele, que favorece a
regeneração da capa córnea da epiderme e normaliza a queratinização alterada,
sendo bastante utilizada em feridas cutâneas e no tratamento do melasma. Neste
sentido, este trabalho tem como objetivo desenvolver formulações à base de 5-FU
e resorcina para o tratamento do câncer de pele.
Material e métodos
Síntese da associação farmacêutica a base de 5-FU e RSC: Uma solução aquosa
contendo ambos os fármacos foi preparada em diferentes proporções de 5FU/RSC,
utilizando a água deionizada como solvente. Após esse processo, colocou-se na
estufa, em temperatura de 50 ºC, para a evaporação total do solvente durante 24h
em placas de Petri. As associações, após a secagem,
foram maceradas para obter-se um produto uniforme. As formulações foram
denominadas de 5FU-RSC 5%; 5FU-RSC 15% e 5FU-RSC 30%, para as amostras com 5, 15
e 30% de resorcina (m/m). As formulações foram guardadas em tubos Eppendorf para
posterior caracterização e aplicação. Caracterização das associações: As
principais técnicas de caracterização empregadas no estudo foram análise
termogravimétrica (TG), Espectroscopia de absorção na região do infravermelho
com transformada de Fourier (FTIR) e espectroscopia Raman, Espectroscopia
molecular na região do ultravioleta-visível (UV-Vis). Preparação da solução
simulada de exsudato de ferida na pele: Para a preparação da solução tampão
utilizou 0,368g de sal CaCl2 e 8,298g do sal NaCl, para 1000mL de água, como
indica a metodologia proposta por Khabbaz et al,2019. Esta solução representa o
exsudato, que está associado às feridas da pele, como câncer de pele.
Resultado e discussão
Na Figura 1 é apresentada nos espectros de FTIR de 5-FU, RSC e suas respectivas
formulações. Assim, observa-se que a banda 1246 cm-1, que se refere à ligação C-
F, no fármaco 5-FU, houve deslocamento em todas as formulações: para 5-FU-RSC
5%, 5-FU-RSC 15% e 5-FU-RSC 30% esta banda foi deslocada para 1249, 1253 e 1262
cm-1, respectivamente. Evento análogo também foi evidenciado para a banda
localizada 947 cm-1 no 5-FU, na qual é correspondente à vibração N-H, sendo
deslocada para maiores frequências nas formulações estudadas, alcançando valores
de 960 cm-1 na formulação com até 30% de resorcina (5-FU-RSC).
Analisando o fármaco da RSC, é observado que a banda em 1700 cm-1, assignada à
ligação C=O, sofre um deslocamento pata 1783 cm-1 em todas as associações.
Similarmente, a banda localizada em 1606 cm-1 referente a ligação C-C, também
apresentou deslocamento nas associações 5-FU-RSC 5%, 5-FU-RSC 15% e 5-FU-RSC 30%
para 1664, 1669 e 1671 cm-1, respectivamente, enquanto a banda 844, respectivo à
ligação C-H (Aromático), também apresentou deslocamento para maiores números de
onda em todas as formulações estudadas. Todos esses deslocamentos em diferentes
grupos funcionais indicam que estas bandas estão fortemente envolvidas em
interações com entre ambos os fármacos nas formulações sintetizadas.Na Figura 2
são apresentadas as curvas de TG/DTG dos fármacos e suas respectivas
associações. Cabe destacar que a estabilidade térmica da resorcina, na qual é
completamente degradada em até 203º C, é significantemente melhorada nas
formulações estudadas, apresentando boa estabilidade térmica até aproximadamente
300 ºC.
Curvas de TG e DTG da RSC e das formulações sintetizadas.
Espectros de FTIR do 5-FU, RSC e das formulações sintetizadas.
Conclusões
Os resultados apresentados mostraram que os fármacos utilizados nas associações
estão fortemente ligados, como mostrou o deslocamento das bandas nas associações.
As análises obtidas de TG e DTG, mostram que as associações deixam a Resorcina
muito mais estabilizada comparada ao fármaco isolado. Os resultados são
promissores e abrem possibilidade de novas associações no tratamento contra o
câncer de pele.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) , FAPEMA, CNPq à Central Analítica de
Química /UFMA. À UFMA, ao grupo de pesquisa BIONANOS.
Referências
Câncer de mama Brasil. Disponível em < https://www.cancerdemamabrasil.com.br/5-fluorouracil/ >, acessado em 05 de julho de 2022.
GBD 2013 Mortalidade e Causas de Morte Colaboradores. Mortalidade global, regional e nacional específica por todas as causas e causas específicas por idade e sexo para 240 causas de morte, 1990-2013: uma análise sistemática para o Estudo de Carga Global de Doenças 2013. Lancet. 2015;385(9963):117-171.
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019.
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Perguntas frequentes. Disponível em < https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/como-e-administrada-quimioterapia> 2020.
KHABBAZ, B. SOLOUK, A. MIRZADEH, H. .Adesivo nanofibroso de isolado de proteína de soja e álcool polivinílico para aplicações de cicatrização de feridas. ORIGINAL RESEARCH. Berlin,2019.