Autores
Lima, L.C.O. (UFSJ) ; Cunha, L.R.C. (UFSJ) ; Schiavon, M.A. (UFSJ)
Resumo
Pontos de carbono (PCs) são nanomateriais de configuração sp²/sp³, de 2 e 10 nm, à
base de carbono, oxigênio e hidrogênio, com excelentes propriedades ópticas,
obtidos por diversas fontes. Dentre estas, a borra de café (BC), subproduto da
indústria cafeeira, torna-se atraente uma vez que ela é descartada tanto em seu
processo produtivo quanto no pós consumo. Assim, este trabalho utilizou-se de BC
para a produção de PC pela técnica de pirólise sob ar oxidante. A análise térmica
e o desenho de experimento mapearam as melhores condições de síntese, resultando
em um rendimento quântico de fotoluminescência de 4,5%, máximo de absorção em 334
nm e emissão de 428 nm, estabilidade em pH 3-11. Isto nos mostra que BC é passível
para obtenção de PC, sendo o DoE relevante para otimização da síntese.
Palavras chaves
Ponto de carbono; Borra de Café; Design of Experiment
Introdução
Considerado a terceira maior commodity mundial, o café é uma das bebidas mais
consumidas atualmente e com enorme impacto na economia. Somente no Brasil, a
produção de café para o ano de 2022 será de 52,8 milhões de sacas de 60 kg e
segue com perspectiva de crescimento de 6,8% em comparação com o ano
anterior, segundo a estimativa realizada pelo IBGE(IBGE, 2022). Como
resultado, um grande volume de resíduos de borra de café (BC) é gerado do
processamento industrial de café solúvel e do próprio preparo de café
caseiro. Este excesso torna-se preocupante uma vez que eles são constituídos,
majoritariamente, de compostos orgânicos e voláteis tornando-se um problema
ambiental e ecotoxicológico.
Em consequência disso, alguns autores têm buscado alternativas para o
processamento deste resíduo, atribuindo a ele um valor agregado, que, em
função do alto conteúdo orgânico, pode ser utilizado para a produção de
biocombustíveis, otimização de produtos (bioplásticos, biopolímeros,
antioxidante etc.) e, mais recentemente, para a produção de nanomateriais
carbonáceos. Atabani et. al discutem que a borra de café possui como
constituintes principais a hemicelulose, lignina, celulose, proteína,
gordura, fibras e carboidratos. Sendo assim, este material possui em cerca de
52 % de carbono o qual apresenta composição atrativa na produção de
nanomateriais (ATABANI et al., 2022). O avanço da pesquisa de materiais a base
de carbono cresceu exponencialmente na última década, principalmente, em
decorrência da descoberta dos chamados pontos de carbono (PCs)(SUN et al.,
2006). Estes são nanomateriais de configuração sp²/sp³, de 2 e 10 nm, à base
de carbono, oxigênio e hidrogênio, vem ganhando lugar de destaque devido suas
propriedades físico-químicas que os tornam relevantes no setor científico e
tecnológico (ZHAO et al., 2022). Além disto, apresentam propriedades ópticas
ajustáveis, boa fotoestabilidade, síntese ajustável, inércia química,
solubilidade em água, biocompatibilidade e baixa toxicidade (YUAN et al.,
2022). Com isso, o presente trabalho tem como objetivo a utilização de borra
de café para a síntese de PCs pela técnica de pirólise sob ar oxidante. Visa-
se a compreensão das propriedades ópticas de PCs oriundos de matriz complexa
avaliando, por meio de um desenho de experimentos fatoriais (DoE), os
principais efeitos significativos na eficiência de luminescência utilizando-
se do software MiniTab®19 como ferramenta.
Material e métodos
Os pontos de carbono foram preparados por meio de uma amostra obtida dos
resíduos sólidos de café após lixiviação dos compostos solúveis em água a uma
temperatura de 90 °C. Esta amostra foi previamente seca a 105 °C em uma estufa
de ar circulante por 6h. Em seguida, foi pesado 2,5g de borra de café seca,
distribuída uniformemente em um recipiente de alumina e conduzida a um forno
tubular de alumina (EDG®10P-S) para tratamento térmico. O material carbonizado
foi triturado até a obtenção de um pó finamente dividido. Subsequentemente, foi
transferido a um béquer e adicionou-se 50 ml de água Tipo I (Mili-Q®). Esta
mistura foi submetida a um banho de ultrassom (QUIMIS®) por 30 minutos a fim de
extrair nanopartículas que poderiam estar adsorvidas ao carvão. Posteriormente,
a mistura foi aquecida até a temperatura de ebulição da água (~100ºC) durante 30
min. Por fim, a amostra foi centrifugada (HETTICH®) a 5400 rpm durante 20
minutos, onde o sobrenadante foi filtrado em membrana PVDF com poros de 0,22 μm
(Micropore), descartando-se o material retido.
A taxa de aquecimento, temperatura e tempo foram escolhidas por meio da análise
termogravimétrica (TGA). As relações das condições de síntese (temperatura e
tempo) seguiram o desenho de experimento (DoE). O DoE foi desenvolvido
considerando os princípios básicos de repetição, aleatoriedade e controle do
erro experimental. Foi realizado um planejamento fatorial 2³ para obtenção de um
modelo otimizado das condições de interferência na estrutura carbonácea dos PCs
(COSTA et al., 2022). O DoE avaliou a combinação de 2 fatores (tempo e
temperatura) em três níveis (−1, 0, +1) e em triplicata, consistindo assim de 27
sínteses em sua totalidade. O planejamento fatorial foi operacionalizado usando
o Minitab®19 aplicando a técnica de ANOVA, calculando os seus coeficientes de
regressão e tendo a área intensidade relativa como dado de entrada.
Os pontos de carbono obtidos foram caracterizados pelas técnicas: Espectroscopia
de absorção no ultra-violeta visível (UV/Vis), Espectroscopia de
Fotoluminescência (PL), Rendimento quântico de Fotoluminescência (ϕ), Análise
termogravimétrica (TGA). A influência do pH na intensidade foi avaliada conforme
trabalhos anteriores estabelecidos pelo grupo (LIMA, 2020), utilizando-se de uma
solução tampão de Britton- Robinson a uma ampla faixa de ação tamponante (3 a
11). A solução composta pela mistura de ácido acético, ácido fosfórico e ácido
bórico, a 0,1 mol L-1. O ajuste de pH foi realizado utilizando-se de uma uma
solução de NaOH 2,0 mol L-1. As dispersões dos PCs foram feitas diretamente da
síntese nas soluções de diferentes pH, sendo os espectros de emissão obtidos com
um comprimento de onda de excitação de 310 nm.
Resultado e discussão
A análise de TGA permite visualizar os principais processos de perda de massa e
etapas de processo físicos e
químicos de um material. Na Figura 1a é apresentado um gráfico de TGA da borra
de café, cuja porcentagem de perda
de massa se encontra em função da temperatura, em cinco taxas de aquecimento (β)
5–15 °C/min.
O aumento de β ocasiona um deslocamento dos termogramas para temperaturas mais
altas, assim como maiores
percentuais do carvão. A justificativa se dá devido ao tempo de residência da
amostra dentro do reator em menores
β. Isso porque as baixas taxas fazem com que os compostos voláteis se encontrem
mais retidos no sólido, provocando
reações reversas do tipo de craqueamento, re-polimerização e re-condensação
(FERMOSO AND MAŠEK, 2018).
A fim de elucidar estes eventos, calcula-se a derivada das curvas de TGA, sendo
estas mais definidas como
observado Figura 1b. Há um aumento na intensidade das bandas com o aumento de β,
reafirmando a relação da absorção
de calor em função das reações dos compostos voláteis. Isto parte da concepção
de que, ao receber
uma elevada quantidade de calor em um curto espaço de tempo, os diversos
compostos voláteis evaporam-se e reagem
entre si como parte de reações secundárias às da pirólise primária.
Percebe-se também que os maiores eventos se dão entre 250°C a 550°C, com uma
primeira banda intensa seguida de
outras duas menores, relacionadas com a temperatura específica de decomposição
de cada substância. Segundo Chen et
al. (2018), estas temperaturas estão de acordo com a decomposição de três
biopolímeros:
hemicelulose, celulose e lignina. A intensidade destas duas
últimas bandas podem variar e/ou
sobrerporsem uma vez que são proporcionais a sua quantidade na amostra, em
geral, em poucas quantidades. Portanto,
para esta amostra pode-se inferir que há uma porcentagem considerável de lignina
assim como reportado por (YANG et al., 2007). Dentre as taxas de aquecimento, a
de 10°C/min apresenta melhor
definição de bandas, demonstrando
ser um processo de degradação mais efetivo, sendo ela escolhida para o DoE.
Com o objetivo de extrair mais informações sobre BC, a Figura 1c exibe o
conjunto de informações de TG, DTA e DTG.
Com relação ao TG, a porcentagem de massa obtida ao final foi de 4%. Para o DTG
e DTA, inicialmente há uma
liberação de água, por um processo endotérmico, até a temperatura de
117,39°C,correspondente à umidade da amostra.
Em seguida tem-se um evento exotérmico correspondente a primeira temperatura de
degradação à 262°C seguida de uma
máxima de 308,36°C e finalizando à 355,53°C. Este valor é condizente com a
literatura e pode ser correspondente à
estrutura da hemicelulose. Logo após,
ocorre o segundo processo exotérmico que abrange uma temperatura de 422,17°C a
479,13°C, com um máximo em 453,96°C relativo a celulose. Por fim, o processo
exotérmico que está de 479,19°C a 538,36°C é característico da lignina e se dá
no máximo de 498,89°C (JAGDALE et al., 2019).
Realizou-se uma análise das isotermas (Figura 1d) nas temperaturas de 300 ºC,
350 ºC e 400 ºC, as quais foram avaliadas a 60 min, 120 min e 180 min, a fim de
se verificar o comportamento e a porcentagem de massa que poderia ser obtida. Os
tempos e temperaturas fornecem materiais o suficiente para análise, sendo 0,8% a
menor massa obtida nestas síntese. O baixo rendimento obtido está de acordo com
outros trabalhos e demonstra ser o resultado esperado na produção de pontos de
carbono de oriundos de borra de café (CRISTA et al., 2020).
Foi utilizado o desenho de experimento, o qual auxilia na avaliação do efeito
individual de cada fator em níveis diferentes, significativos ou não para o
sistema, demonstrando matematicamente as inter-relações entre eles. A análise de
variância juntamente com o modelo linear quadrático simples desenvolvido pela
análise de regressões múltiplas, utilizando funções estatísticas F, permitem
identificar entre as variáveis temperatura e tempo, qual apresenta peso
estatisticamente significativo para o sistema (pvalue≤0,05).
As respostas analisadas estão vinculadas a intensidade relativa, isto é, nas
intensidades de fotoluminescência
pelo valor de absorbância. Foram analisadas em diferentes comprimentos de onda
de
excitação (λexc) 310 nm , 320 nm, 350 nm e 360 nm, apresentando máximos de
intensidades distintas em cada temperatura e tempo.
Os resultados de efeitos principais com melhor correlação foram para os λexc de
310 nm com 85% de eficiência do modelo matemático proposto. Para avaliação das
variáveis, a Figura 2a exibe os resultados de intensidades em função da
temperatura, sendo a melhor de 400°C. Condizente a este resultado, (COSTA et
al., 2022) apresentaram respostas similares com relação a maiores valores de
temperatura, o qual é justificado por uma formação mais efetiva do núcleo e dos
grupos funcionais na superfície, corroborando para melhoras nas propriedades
fotofísicas. A Figura 2b avalia o fator tempo em função da temperatura, onde é
visto que 3h obtem-se a melhor intensidade. Esses dois conjuntos específicos são
as combinações ideais, de acordo com o modelo de regressão linear (PRIMAZ et
al., 2018).
O gráfico de Pareto da Figura 2c evidenciou que entre as duas variáveis em
estudo, a temperatura é a mais significativa, sendo a resposta de maior peso nas
contribuições dos resultados obtidos. A partir da análise estatística, a amostra
que representa as condições de 400°C e 3h é denominada por BC4 e a partir dela
foram feitas as demais caracterizações.
A figura 2d apresenta o espectro de uv-visível (lilás), com máximo de
intensidade em 334 nm e uma forte absorbâcia na região do ultravioleta. Esta
região é um indicativo da transição π-π* que pode ser proveniente de duplas.
Ainda na figura 2d, tem-se o espectro de emissão (azul) com máximo em 428 nm na
região
de emissão azul, caracteristico deste tipo de material.
Na Figura 2e temos clássica demonstração de como uma o comprimento de onda de
emissão é dependente do comprimento de onda de excitação para os pontos de
carbono, no entanto, com uma menor intensidade ao sofrerem um deslocamento
batocrômico. Esses espectros de emissão são conjuntos de subestados de energia
devido à presença de grupos multicromóforos na superfície dos CDs (CRISTA et al,
2020).
Vale ressaltar que este deslocamento visto aqui foi relativamente menor (~20 nm)
ao que se é normalmente observador na literatura (~100 nm)(PARK e YANG, 2022).
Infere-se para esta análise que a temperatura de pirólise (400 °C) foi um fator
determinante para este fato (COSTA et al., 2022). Isso pode ser atribuído a uma
amostra mais homogênea uma vez que neste momento a estrutura de hemicelulose,
que se encontra a temperaturas mais baixas e porcentagem m/m maiores, tenha sido
degradada restando em maior proporção a estrutura de celulose. Assim, este
comportamento atribui-se a uma superfície contendo grupos funcionais preenchidos
com maior homogeneidade.
A distribuição destes grupos presentes na superfície pode ser alterada pelo
momento dipolar do solvente e composição da fonte de carbono (HONG e YANG,
2021). O efeito da polaridade no solvente foi observado neste trabalho, onde a
variação de pH de 3 a 11, provocou um aumento de intensidade, principalmente em
pH 10. A explicação para menores intensidades observadas no pH de 3, 4 e 5 é
devido a desprotonação dos grupos da superfície, como por exemplo o grupo
carboxil. Este teste permitiu observar a estabilidade em ampla faixa de pH, cujo
resultado pode ser utilizado em aplicações futuras, principalmente em
biosensores.
Para análise da eficiência do material, foi realizado um rendimento quântico de
fotoluminescência pelo método
comparativo de de Willians (WILLIANS et al.,1983) onde o padrão utilizado nesse
estudo foi o sulfato de quinina (ϕ=54%),
obtendo-se para BC4 4,5%. Este valor está de acordo com dados da literatura para
este tipo de material (CRISTA et al., 2020).
Curvas (a) TG e (b) DTG versus taxa de aquecimento de 5 – 15 °C/min, (c) TG, DTG e DTA à 10°C/min, (d) Isotermas à 300°C, 350 °C e 400°C.
Interação de intensidades em função da temperatura (a) e tempo (b), Gráfico de Pareto dos efeitos padronizáveis (c), e UV-Vis e PL (d) e PL(e)
Conclusões
O presente trabalho alcança os objetivos propostos uma vez que foi possível obter
pontos de carbono por meio de uma matriz complexa oriunda de um subproduto
industrial, a borra de café. Foi de suma importância o planejamento experimental
via DoE para mapear as condições de síntese, bem como entender qual o impacto de
cada fator para determinação de bons resultados de fotoluminescência.
Paralelamente, as análises termogravimétricas permitiram a avaliação do
comportamento e temperatura de decomposição em pontos estratégicos (308 °C, 453 °C
e 498°C), possibilitando modular a síntese de acordo com tempo e temperatura em
função do produto desejado.
Por fim, foi obtido PCs com rendimento quântico de 4,5%, cujo valor é considerado
razoável na literatura e é explicado pela ordenação de grupos multicromóforos em
sua superfície. O material apresentou estabilidade em diferentes pH e um acrescimo
de intensidade na faixa de 7 a 10 sendo justificado pela protonação dos grupos
carboxil. O material obtido atende o objetivo, além de poder extrapolar este
trabalho com aplicaççoes diversas.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq, à FINEP, à CAPES e à FAPEMIG pelo apoio recebido
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