• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

SINTESE E CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS COM QUITOSANA E GOMA DA SERIGUELA CARBOXIMETILADA PARA ADSORÇÃO DE ÍONS Pb2+

Autores

Pinheiro, H.N. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Veloso, F.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Lima, W.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Abreu, F.O.M.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Araújo, N.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

Nanopartículas poliméricas são materiais promissores, cujo estudos relacionados estão sendo bastante discutidos na comunidade científica. A utilização de polissacarídeos naturais para constituir essa tecnologia é de grande interesse devido a biodisponibilidade e biodegradabilidade do material. Uma das aplicações desses produtos, é a de desenvolvimento de materiais bioadsorventes utilizados para remoção de contaminantes que podem trazer riscos à natureza. Neste trabalho foram produzidas nanoparticulas de goma da siriguela carboximetilada com núcleo de quitosana para adsorção de Pb na água. O material obtido apresentou bons resultados, como tamanhos médios de partícula de 404 e 295 nm, além de uma taxa máxima de remoção de Pb de 64%. Concluindo que o uso da tecnologia pode ser promissor.

Palavras chaves

Nanopartículas; adsorção; goma da Seriguela

Introdução

Ambientes aquáticos contaminados com metais tóxicos causam mecanismos de bioacumulação, aumentando assim a concentração do metal no sangue, ossos, fígado e medula. Além disso, esses metais pesados possuem baixa taxa de excreção, fazendo com que o metabolismo de metais importantes como cálcio, ferro e zinco sejam comprometidos (WANG et al., 2011). Íons de chumbo possuem baixa solubilidade em água, porém, sua disponibilidade aumenta na medida em que o pH do meio decresce, aumentando assim sua dissipação em organismos aquáticos naturais (WHO, 2011). O descarte de efluentes industriais oriundos da industria siderurgica e têxtil pode contribuir para o aumento da concentração desse metal nos corpos hídricos. O tratamento de água e efluentes visa reduzir a carga desse tipo de poluente nos recursos hídricos, tornando-os seguros para a vida aquática e a população no geral. Diversas técnicas são empregadas para a remoção de metais em água e efluentes, como precipitação, eletrodeposição, troca iônica e osmose reversa, que são comumente empregados no tratamento de efluentes com elevado teor de metais, porém a técnica de adsorção nos ultimos 10 anos, tem se mostrado efetiva devido a sua seletividade e por se mostrar um método de tratamento de baixo custo em relação aos demais e de simples aplicação (LAUS et al., 2006). A utilização de nanoparticulas (NPs)poliméricas surge como uma alternativa econômica de favoráveis condições ambientais, eficaz na adsorção e por apresentarem funções específicas que aumentam sua capacidade adsortiva, como grande área de superfície de contato e facilidade de difusão (KOBASHIGAVA, 2021). Este trabalho tem o objetivo de utilizar polissacarídeos modificados visando a produção de nanoparticulas bioadsorventes de íons Chumbo em meio aquoso.

Material e métodos

Para produção das NPs por complexação polietrolitica foi seguida a metodologia adaptada de Silva (2010). Duas soluções a 0,5% de goma de seriguela carboximetilada, uma com grau de substituição 0,51 e outra 0,35 foram adicionadas em uma mistura de quitosana com concentração a 0,2% (m/v) com tripoliofosfato (TPF) a 100 mmol sob agitação magnética, gerando as amostras NP3A e NP5A. Ao final do processo o pH do meio foi ajustado para 5,0 com NaOH 1M para auxiliar na precipitação das NPs. O sistema foi centrifugado e liofilizado. As NPs foram analisadas usando a técnica de Espalhamento de luz dinâmico (DLS) para determinar o tamanho das partículas, utilizando equipamento Zetasizer/Nanoseries Z590 da marca Malvern. Para o MEV, foram preparadas as amostras de NP3A e NP5A onde a camada do material foi analisada em um Microscópio Eletrônico de Varredura FEG Quanta 450 ambiental com EDS/EBSD de voltagem de aceleração até 20kV. Para avaliar o comportamento das NPs como adsorvente em relação ao tempo de contato com adsorvato, a concentração de Pb2+ foi determinada por Espectrometria de absorção atômica (EAA) em espectrofotometro modelo Shimadzu AA-7000 com comprimento de onda de 283,3 nm, faixa linear de 0,1 a 1,4 mg/L e chama do tipo ar / acetileno. Foi construída uma curva de calibração representada pela equação 1: [Eq1: y = 0,0254x -0,0005 (R2 = 0,999)]. Para os testes foram utilizados 25 mg de NP em 25 mL de solução tamponada de Pb2+ a 100 ppm com pH 5,0. As alíquotas foram retiradas em intervalos de 5, 10, 20, 30, 4, 60, 70 e 80 minutos, avaliando a taxa percentual de adsorção dos íons em função do tempo de contato das NPs com o metal.

Resultado e discussão

A distribuição dos tamanhos médios são fatores importantes que influenciam a capacidade das NPs para adsorver metais pesados, levando em consideração que um aumento do seu tamanho implica em uma diminuição da superfície de contato do adsorvente com o adsorvato. As NPs mostraram um padrão de distribuição unimodal para os tamanhos, obtendo valores de 404,80 ± 25,96 nm para a NP3A e 295,30 ± 23,26 nm para a NP5A. As imagens de microscopia eletrônica de varredura podem ser visualizadas na figura 1, item, onde apresentam tamanhos uniformes, formatos esféricos e ausência de aglomeração, corroborando com os resultados de tamanho de partícula que não obtiveram distribuição variada nos tamanhos, nota-se também apenas uma pequena diferença entre as partículas da NP3A (imagem A) e NP5A (imagem B) onde a B apresenta tamanhos relativamente menores. O efeito do tempo de contato na adsorção de Pb2+ pode ser observado na figura 2. O gráfico mostra que as NPs obtiveram uma taxa de adsorção considerável nos primeiros cinco minutos de teste, tal resultado está relacionado com um maior número de sítios de adsorção (ONSOSYEN et al., 2007). Após isso ocorreu um aumento até 60 min, em seguida apenas uma pequena variação nessa taxa foi notada. A amostra NP3A apresentou uma taxa mais variada, com uma média de 58,92% de adsorção, enquanto a NP5A apresentou um perfil de adsorção mais uniforme durante o tempo de teste, obtendo uma taxa média de 64,09%. Com essses resultados é possível observar que a NP5A foi relativamente mais eficiente do que a NP3A, isso se deve ao fato de uma maior inserção dos grupos carboximetílicos na amostra com grau de substituição maior, onde esses grupamentos atuam como sítios de adsorção dos íons em solução contendo íons Pb2+ (BORSAGLI et al.,2015).

Figura 1

Imagens de microscopia eletrônica de varredura para a NP3A (A) e NP5A (B).

Figura 2

Taxa de adsorção em função do tempo de contato para a amostra NP5A (A) e NP3A (B)

Conclusões

Os resultados do estudo mostram que o preparo das partículas foi bem sucedido, obtendo tamanhos em escala nanométrica e morfologia esférica, representando características benéficas para a finalidade de adsorção de metais. Os resultados para os testes de adsorção mostram uma boa taxa de adsorção em níveis altos de chumbo em pH 5,0. Tais resultados mostram o potencial da utilização de materiais poliméricos utilizados em métodos de tratamento de água.

Agradecimentos

Ao Programa de Pós Graduação em Ciências Naturais da UECE, à CAPES pela concessão de bolsa para realização dessa pesquisa, à EMBRAPA pelas análises de Tamanho de Partícula e à Central Analítica da UFC pelas análises de MEV.

Referências

BORSAGLI, F. G. L. M; MANSUR, A.A.P.; CHAGAS, P.; OLIVEIRA, L.C.A.; MANSUR, H. S. O-carboxymethyl functionalization of chitosan: Complexation and adsorption of Cd (II) and Cr (VI) as heavy metal pollutant ions. Reactive and Functional Polymers, v. 97, p. 37-47, 2015.

KOBASHIGAVA, R. S. Síntese e caracterização de nanopartículas de quitosana para adsorção de metais pesados. 2021. 67 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Bioprocessos, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2021.

LAUS, R. et al. Microesferas de quitosana reticuladas com tripolifosfato utilizadas para remoção da acidez, ferro (III) e manganês (II) de águas contaminadas pela mineração de carvão. Química Nova, [S.L.], v. 29, n. 1, p. 34-39, fev. 2006.

ONSOSYEN, Ed. et al. Metal recovery using chitosan. Journal Of Chemical Technology & Biotechnology, [S.L.], v. 49, n. 4, p. 395-404, 24 abr. 2007.

SILVA, D. A.; MACIEL, J. S.; FEITOSA, J. P. A.; PAULA, H. C. B.; PAULA, R. C. M.
Polysaccharide-based nanoparticles formation by polyeletrolyte complexation of
carboxymethylated cashew gum and chitosan. Journal of Materials Science, [S.I.], v. 45(20),p. 5605-5610, 2010.

WANG, J. et al. Protective Effect of Naringenin Against Lead-Induced Oxidative Stress in Rats. Biological Trace Element Research, v. 146 n. 3, p. 354-359, 2011.

WHO, G.; Guidelines for drinking-water quality. World Health Organization, v. 216, p. 303-304, 2011.

Patrocinador Ouro

Conselho Federal de Química
ACS

Patrocinador Prata

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Patrocinador Bronze

LF Editorial
Elsevier
Royal Society of Chemistry
Elite Rio de Janeiro

Apoio

Federación Latinoamericana de Asociaciones Químicas Conselho Regional de Química 3ª Região (RJ) Instituto Federal Rio de Janeiro Colégio Pedro II Sociedade Brasileira de Química Olimpíada Nacional de Ciências Olimpíada Brasileira de Química Rio Convention & Visitors Bureau