• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

PROCESSO DE FOTODEGRADAÇÃO E FOTO-FENTON PARA REMOÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ATRAVÉS DE ZnO, Fe3O4 E ZnO/Fe3O4: UM ESTUDO COMPARATIVO.

Autores

Silveira, M.L.D.C. (UNESP) ; Lemes, L.F.R.C. (UNESP) ; de Souza, F.K.A. (UNESP) ; Magdalena, A.G. (UNESP)

Resumo

A contaminação do meio ambiente por elementos tóxicos, devido à crescente ação antrópica afeta diretamente o equilíbrio ambiental. Síntese e caracterização de materiais à base de Fe3O4 e ZnO e estudo comparativo entre processos fotocatalíticos para remoção de Rh B, foram realizados. Resultados indicam que entre ensaios de fotodegradação e fotofenton houve uma taxa de variação de remoção de 100% para 67% (ZnO), 7,5% para 79,5%, (Fe3O4) e 82% para 87,5% (Fe3O4/ZnO), respectivamente. Sendo a presença da luz no processo fenton favorável à reação de degradação para materiais magnéticos, uma vez que a mesma é atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage diretamente com H2O2 favorecendo o processo Fenton e evidenciando uma melhora expressiva, a qual está diretamente relacionada a Fe3O4.

Palavras chaves

fotocatálise; fotofenton; nanopartículas magnéticas

Introdução

A contaminação do meio ambiente por elementos tóxicos, devido à crescente ação antrópica afeta diretamente o equilíbrio ambiental. A concentração excessiva de metais e corantes é um dos graves problemas que afeta tal equilíbrio. Dentre esses, destacam-se corantes como a Rodamina B, fármacos e compostos fenólicos, os quais em altas concentrações podem ocasionar diversos desequilíbrios bioquímicos fundamentais. O uso de nanopartículas magnéticas (NNPS) tem recebido atenção nas áreas de biotecnologia, ambientais, biomédicas, ciência dos materiais e engenharias devido à sua excelente propriedade elétrica, óptica, magnética e catalítica. É sabido que a fase, tamanho e morfologia dos nanomateriais têm grande influência em suas propriedades e aplicações potenciais. Nesse sentido, as nanopartículas de Fe3O4 e ZnO apresentam grande interesse devido as suas boas propriedades adsortivas, fotodegradativas e também potencialidade de funcionalização de sua superfície. Diante da perspectiva da nanotecnologia voltada em destaque para a remediação ambiental, novos nanocompósitos podem ser obtidos através da união de materiais base, como ZnO e Fe3O4. Visando aprimorar as propriedades iniciais, a incorporação de um segundo material à uma matriz pode apresentar contribuições extremamente significativas para estudo, uma vez que temos alteração da estrutura (eletrônica e geométrica), a qual é capaz de conferir novas propriedades e assim melhorar efeitos elétricos, catalisadores, estabilização coloidal, fotodegradação e adsorção, caracterizando-os assim como um novo material. A degradação fotocatalítica é uma solução eficaz para eliminar os corantes orgânicos na água e fotocatalisadores baseados em semicondutores são importantes candidatos para degradar corantes orgânicos em moléculas não-tóxicas em solução aquosa, e tem atraído considerável interesse. Tendo em vista a influência direta da energia de banda de condução e valência para processos fotocatalíticos, semicondutores como óxido de zinco evidenciam propriedades interessantes quando se trata de capacidade de excitação dos elétrons e geração de radicais hidroxila que favorecem o processo catalítico, apresentando ótimo desempenho para remoção de poluentes como corantes, enquanto que para Fe3O4 temos uma vasta aplicação em estudos de adsorventes (Mallikarjuna et. al., 2019). A reação do tipo Fenton tem sido relatada ao que se refere a materiais ferromagnéticos, e a mesma é usada para degradação de poluentes orgânicos. A reação está estruturada na reação dos íons ferro com peróxido de hidrogênio, para a formação de radicais hidroxilas, que são responsáveis pela oxidação e degradação dos compostos orgânicos. A presença da luz no processo fenton é favorável na reação de degradação uma vez que a mesma foi atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage diretamente com H2O2 dando continuidade ao processo Fenton. Há uma extrema importância na inovação em catalisadores para o processo foto-Fenton, que apresentem baixo custo, ampla faixa de pH, possam ser facilmente recuperados, baixa toxicidade e biodegrabilidade. (Nakamura et. al. 2019). Nesse aspecto os materiais propostos nesse trabalho buscam se encaixar diante dessa proposta, uma vez que o óxido de zinco e magnetita são biocompatíveis e as propriedades magnéticas presente no material facilitam de maneira considerável a separação e recuperação do catalisador, bem como avaliar de maneira comparativa os processos catalíticos de fotodegradação e foto-Fenton.

Material e métodos

Foram realizadas a síntese, caracterização e estudo da superfície das nanopartículas de ZnO, Fe3O4 e nanocompósito 1:1 Fe3O4/ZnO, as quais foram obtidas pelo método de co-precipitação em atmosfera inerte de N2. Caracterizadas empregando as técnicas de difratometria de raios-X (Rigaku-Rint2000), microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia na região do infravermelho com transformada de fourrier (FTIR - Vertex 70, Bruker Instruments) e medidas do potencial zeta em função do pH. Posteriormente os catalisadores foram submetidos a avaliações de estudo comparativo de eficiência fotocatalítica na degradação do corante Rodamina B, pelos processos de fotodegradação e foto-Fenton. As medidas foram realizadas em um reator de caixa escura com fonte de luz UV (Philips 26w) a temperatura controlada de 25 ± 0.5 °C, na presença de 50 mg do catalisador e 10 ml do corante, onde o pH da solução inicial de rodamina B foi igual a 6.0 e uma concentração de 10 ppm. Para processo foto-Fenton, foi realizada a adição de 1 mL de peróxido de hidrogênio 0,5 mol.L-1 em intervalos de tempo. O sistema foi mantido à agitação constante. Alíquotas de 1 mL foram coletadas nos tempos de 0, 30, 60, 120, 150 e 180 min e posteriormente avaliadas por espectroscopia UV-Vis. vis (Agilent Technologies, Cary 8454) as quais verificaram as taxas de degradação do corante em função do tempo.

Resultado e discussão

Os perfis cristalográficos revelam uma síntese eficiente para os materiais base ZnO e Fe3O4, onde a cristalografia dos picos obtidos é compatível. Através dos dados presentes no difratograma e a equação de Scherrer, realizou-se o cálculo do tamanho médio do cristalito das nanopartículas a qual apresentou um valor de 9,87 nm para Fe3O4 e 17,6 nm para ZnO. Diante do material 1:1, é possível identificar picos característicos tanto do óxido de zinco como da magnetita, evidenciando a formação de um nanocompósito com a presença dos dois materiais em análise, como mostrado na imagem 1. Estudos anteriores revelam que conforme há a variação das proporções dos materiais base, observamos mudanças específicas nos perfis de difração obtidos. A grande expectativa que se pode mencionar entre um comparativo dos materiais puros e a formação de um nanocompósito ZnO/Fe3O4 é a possibilidade da incorporação de propriedades que outrora podiam ser observadas no material puro, agora no novo material formado. Como a excelente atividade fotocatalítica do ZnO, o qual não é característico da magnetita e também a propriedade magnética das nanopartículas de Fe3O4, não existente no ZnO, tornando viável a avaliação da formação do compósito e sua aplicação em processos de fotocatálise. Além da variedade de interações possíveis entre magnetita e óxido de zinco, devido as diferentes morfologias encontradas para o ZnO (nanofios, corn-cob, esférica e entre outras). Esta temática é atual e vem mostrando relevância para a área de síntese de materiais catalisadores e chamada ambiental. Sabe-se que o processo de fotocatálise utilizando catalisadores em escala nanométrica está interligado à um bom desempenho, uma vez que temos a ampliação da área superficial, favorecendo o processo. O cálculo para determinação da eficiência do processo de degradação foi baseado na absorbância máxima, obtida através dos dados de espectroscopia UV-Vis. Diante disso, aplicou-se o conceito capacidade de degradação e porcentagem de remoção, através do tempo. Relacionando a concentração no equilíbrio entre a reação e a capacidade de degradação de Rh B; com as concentrações iniciais e finais do processo. Os nanomateriais foram submetidos a avaliação fotocatalítica no processo de remoção do corante Rodamina B. Nanopartículas de ZnO apresentaram a melhor eficiência revelando-o fotodegradação de 100%, caracterizado-o como melhor catalisador mediante o processo. Evidencia uma relação morfológica e eletrônica para o excelente desempenho fotocatalítico, fator atrelado com a morfologia do tipo esférica com maior homogeneidade, aspectos que nos levam a uma maior área superficial, sendo um fator crucial, o qual favorece consideravelmente a interação de contato entre o corante a ser degradado e a superfície do nanomaterial. É possível verificar e comprovar a ótima eficiência do ZnO puro no processo de fotodegradação, no entanto o mesmo não ocorre para nanopartículas de Fe3O4, a qual apresentou uma taxa de 7,5% de remoção para as mesmas condições reacionais. Verificou-se que para amostras em proporção 1:1 ZnO/Fe3O4, a taxa de fotodegradação apresentou um valor de 81,72%, mostrando-se altamente positiva no processo, quando comparada a Fe3O4. Tal aspecto revela a contribuição positiva e eficaz da magnetita neste novo material e mostra a potencialidade do nanocompósito, o qual adquiriu propriedade magnética, sendo possível a separação magnética do catalisador ao final do processo para reuso, somada ao alto potencial fotocatalítico oriundo do óxido de zinco. Imagens MEV revelam o efeito da influência da Fe3O4 no crescimento do ZnO, onde há a formação de placas da automontagem da morfologia esférica do ZnO aumentado a área superficial do material. No entanto, diante a baixa porcentagem de remoção no processo de fotodegradação para nanopartículas de Fe3O4 (7,5%), realizou-se um estudo comparativo entre os processos de fotodegradação padrão e o processo foto- Fenton. Processo no qual a interação química está estruturada na reação dos íons ferro com peróxido de hidrogênio, para a formação de radicais hidroxilas, que são responsáveis pela oxidação e degradação dos compostos orgânicos. Os resultados comparativos são apresentados na imagem 2.Diante as mesmas condições reacionais inicias do processo de fotodegradação padrão, o processo foto-Fenton foi realizado com a adição de peróxido de hidrogênio à 0,5 mol.L-1 em intervalos de 15 minutos, garantindo a presença de o H2O2 no meio reacional. Em um intervalo de tempo de 180 minutos de processo foto-Fenton observou-se uma melhora altamente expressiva para nanopartículas de Fe3O4, onde houve uma variação da taxa de degradação de 7,5% pra 79,5%. Melhora também constatada para o nanocompósito 1:1, com uma taxa de 82% para 87,5%, revelando que o processo Fenton é favorecido na presença de luz e meio reacional onde há a presença dos íons ferro. De acordo com todos os supracitados, os perfis cristalográficos atrelados as imagens MEV associam que a morfologia está ligada diretamente ao desempenho fotocatalítico, somados também aos valores do potencial zeta com superfície carregadas negativamente e boa estabilidade coloidal. Materiais magnéticos são favorecidos diante o processo Fenton, onde a presença da luz é favorável a reação de degradação de compostos orgânicos, uma vez que a mesma foi atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage diretamente com H2O2 dando continuidade ao processo Fenton, evidenciando uma melhora altamente expressiva, a qual está relacionada diretamente a Fe3O4 (Tavares, et.al, 2022), uma vez que para o material ZnO, onde houve a ausência dos íons ferro, o processo não foi favorecido e revela uma queda da taxa de degradação de 100% para 67% no processo foto-Fenton quando comparado a fotodegradação padrão.

Imagem 1 - DRX - ZnO, 1:1 ZnO/Fe3O4 e Fe3O4.

Difratograma de raios-X obtidos para nanopartículas de ZnO, Fe3O4 e nanocompósito 1:1 ZnO/Fe3O4 reportados a ficha cristalográfica na base de dados.

Imagem 2 - Espectros UV-Vis dos processos de fotodegradação e foto-Fen

Resultados do estudo comparativo de ensaios de fotodegradação e foto-Fenton com diferentes materiais e gráfico de barras com porcentagem de degradação

Conclusões

As nanopartículas sintetizadas foram obtidas de maneira eficiente. Propriedade magnética que é exclusiva das nanopartículas ferromagnéticas, foram incorporadas ao nanocompósito. O bom desempenho fotocatalítico dos nanomateriais estão atrelados a uma combinação de fatores ópticos, eletrônicos e geométricos. À vista disso, a união dos materiais revelou contribuição eficiente e expressiva para o processo de fotodegradação. Diante do supracitado, resultados indicam que para o estudo comparativo entre fotodegradação e fotofenton houve uma taxa de variação de remoção de 100% para 67% através do nanomaterial de ZnO puro, 7,5% para 79,5%, para o material magnético Fe3O4 e 82% para 87,5% para o novo material constituído por Fe3O4/ZnO. A presença da luz no processo Fenton é favorável na reação de degradação de compostos orgânicos para materiais magnéticos, uma vez que a mesma foi atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage diretamente com H2O2 dando continuidade ao processo Fenton, evidenciando uma melhora altamente expressiva, a qual está relacionada diretamente a Fe3O4.

Agradecimentos

Ao CNPq, CAPES e POSMAT.

Referências

GUPTRA, A. K.; GUPTRA, M. Synthesis and surface engineering of iron nanoparticles for biomedical applications. Biomaterials, v. 26, p. 3995-4021, 2005.
NAKAMURA, K. C., GUIMARÃES, L. S., MAGDALENA, A. G., ANGELO, A. C. D., DE ANDRADE, A. R., GARCIA-SEGURA, S., & PIPI, A. R. F. Electrochemically-driven mineralization of Reactive Blue 4 cotton dye: On the role e of in situ generated oxidants. Journal of Electroanalytical Chemistry. 840, 415-422, 2019.
TAVARES, M. G.; DUARTE, J. L. S. ; OLIVEIRA, L. M.T.M.; FONSECA, E.J.S.; TONHOLO, J.; RIBEIRO, A. S. ; ZANTA, C. L.P.S. Reusable iron magnetic catalyst for organic pollutant removal by Adsorption, Fenton and Photo Fenton process, Journal of Photochemistry and Photobiology A: Chemistry, Volume 432, 2022.

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