• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Produção e caracterização de blendas de celulose Microcristalina/poli (álcool vinílico) /sulfato de condroitina

Autores

Brisola, J. (UEL) ; Moraes Goes, M. (UEL)

Resumo

A formação de blendas de celulose (Cel), poli (álcool vinílico) (PVOH) e sulfato de condroitina (SC) tem se mostrado útil para superar limitações de filmes de celulose vegetal. Este trabalho teve como objetivo produzir e caracterizar membranas de Cel, PVOH e SC, reticuladas com epicloroidrina com proporções de SC (10, 20, 30, 50 % (m/m)), e avaliar suas propriedades. As membranas foram caracterizadas por FTIR-ATR, DSC, DRX, intumescimento, umidade, permeabilidade ao vapor de água. As blendas produzidas apresentaram intumescimento de 300%, capacidade de movimentação de fluídos acima de 5 g10cm-².(24h)-1. As blendas produzidas apresentaram características adequadas para utilização como membranas, com potencial material para a área biomédica.

Palavras chaves

Membranas; Biomaterial; Interação intermolecular

Introdução

Dentre os biopolímeros, a celulose vem ganhando destaque na área da engenharia de tecidos. Pertencendo a classe dos polissacarídeos, é constituído de moléculas de glucose unidas por ligações β (1-4) (EYLEY; THIELEMANS, 2014), possui boa resistência mecânica e térmica, além de ser atóxica, não alergênica e biocompatível, podendo, portanto, ser utilizado como biomaterial (CHANG; ZHANG, 2011; OPREA, M.; VOICU, 2020; QIU et al., 2016; SULTAN et al., 2017). Uma das maneiras mais viável de utilizar a celulose como biomaterial, é através da produção de membranas. As propriedades mecânicas de membranas de celulose podem ser moduladas a partir da produção de blendas com outros polímeros como o poli (álcool vinílico), (PVOH), um polímero biodegradável, biocompatível solúvel em água e atóxico (KUMAR et al., 2017). O sulfato de condroitina (SC) é um glicosaminoglicano, presente nos tecidos conectivos e cartilagens, e tem sido estudado como um agente que potencialize os processos de regeneração. Portanto, neste trabalho tem como objetivo a produção e caracterização de blendas de celulose, PVOH e SC, contribuindo para a elucidação estruturais e físico-químicas.

Material e métodos

Celulose Microcristalina foi obtida da empresa Synth, Brasil, o PVOH utilizado foi de massa molar 540.000 g/mol. Os reagentes químicos utilizados foram hidróxido de sódio grau analítico (NaOH esferas, Synth, Brasil), ácido sulfúrico (98 %, Synth, Brasil), Sulfato de Condroitina foi doado pela empresa Adeste da cidade de Jaguapitã-PR. A epicloroidrina (1,18 g/mL) foi obtida da empresa Sigma Os preparos das blendas foram feitos a partir de soluções poliméricas 3% m/V de celulose, PVOH e Sulfato de Condroitina. A solução de celulose foi preparada de acordo com Cai; Zhang, 2006. As Soluções de PVOH e sulfato de condroitina foram preparadas dissolvendo-se em água e aquecimento a 60 °C/1h. As blendas, foram preparadas massas iguais de PVOH e celulose, e variando-se o a massa de sulfato de condroitina. A proporção de SC adicionado na blenda foi de 10% 20% 30% e 50% (m/m). Após a mistura dos polímeros, o sistema permaneceu em agiração por 1hora em temperatura ambiente, vertidas em placas de Petri e acondicianas em estufas a 50 °C/24 h. Em seguida as amostras foram regeneradas com H2SO4 5% (V/V) por 20 minutos, lavadas abundantemente com água até atingir o pH neutro e em seguida foram secas em estufa a 50 °C até massa constante. Os materiais foram caracterizados por por espectroscopia de infravermelho por reflectância total atenuada (FTIR-ATR), calorimetria diferencial por varredura (DSC) e Difração de Raio-X (DRX). O intumescimento e a umidade das membranas foram determinados gravimetricamente e calculadas de acordo com as equações 1 e 2. Onde, %TR é o intumescimento, Mu massa úmida da membrana, Ms massa seca da membrana. A permeabilidade ao Vapor de água (PVA) foi determinado segundo a norma ASTM-E96- 95. %TR=(M_u-M_s)/M_s ×100 (1) %TU= M_u/M_s ×100 (2)

Resultado e discussão

Na figura 1A é possível identificar bandas em 3400 cm-1 atribuída ao estiramento de OH da celulose/PVOH e NH do sulfato de condroitina. A banda em 1050 cm-1, e em 1425 cm-1 são responsáveis aos estiramento do grupo C-O e ao estiramento OH do C6 da celulose isso mostra que as blendas possuem bandas características tanto da CEL/PVOH quanto do SC. Na 1B é possível identificar picos característicos da celulose Microcristalina (MCC) em 2θ = 15°, 22° e 34º do plano (1 0 1), (0 0 2) e (0 4 0). Na amostra de PVOH puro possui um pico em 2θ = 19,3° responsável da reflexão ortorrômbica do plano (1 1 0). Nas blendas CP, CPS1, CPS2, CPS3 e CPS5 possui pico único em 2θ = 19,5° característico do PVOH, mas que também pode estar relacionada à mudança de cristalinidade da celulose do tipo I para o tipo II) (ZHU, et al 2020), mostrando que as blendas apresentaram índices de refração tanto da celulose quanto ao PVOH. O gráfico de DSC mostra evento endotérmico entre 50 °C a 100 °C responsável pela perda de água e um pico endotérmico entre 230 a 275 °C responsável pela Tm (PARK; PARK; RUCKENSTEIN, 2001). A adição de PVOH e sulfato de condroitina aumentaram o intumescimento da membrana, mostrado na figura 1D, devido ao grande numero de hidroxilas presentes na estrutura da blenda, fazendo com que a absorção de água seja facilitada (OLSSON; SALMÉN, 2004). Entretanto, em processos de perda de água estas hidroxilas tem uma alta capacidade de interagirem fortemente entre si, fazendo com que a perda de água seja mais rápida quando comparado com a a membrana de celulose (KHABBAZ; SOLOUK; MIRZADEH, 2019), como foi observado no teor de umidade e PVA (Tabela 1).

Figura 1

Caracterizações das membranas produzidas. A: FTIR- ATR. B: DRX. C: DSC. D: Intumescimento.

Tabela 1

Dados do teor de umidade e Permeabilidade ao vapor de agua das membranas

Conclusões

Através dos dados de DSC, FT-ATR e DRX foi possível observar que a blenda produzida apresentou comportamento aditivo, uma vez que o DRX, FT-IR ATR e DSC apresentaram características intermediárias em relação aos polímeros puros. Além disso, a adição de PVOH e SC causou um aumento na capacidade de intumescimento e uma diminuição da PVA e umidade. Esta mudança pode ser relacionada as interações entre os grupos OH dos polímeros diminuindo sua disponibilidade para interagir com a água.

Agradecimentos

Ao CNPq, CAPES e Fundação Araucária pelo suporte financeiro. À CMLP Laboratórios ESPEC e LARX da Universidade Estadual de Londrina pelas análises.

Referências

CAI, J.; ZHANG, L. Unique gelation behavior of cellulose in NaOH/urea aqueous solution. Biomacromolecules, v. 7, n. 1, p. 183–189, 2006.

KHABBAZ, B.; SOLOUK, A.; MIRZADEH, H. Polyvinyl alcohol/soy protein isolate nanofibrous patch for wound-healing applications. Progress in Biomaterials, v. 8, n. 3, p. 185–196, 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.1007/s40204-019-00120-4>.

OLSSON, A. M.; SALMÉN, L. The association of water to cellulose and hemicellulose in paper examined by FTIR spectroscopy. Carbohydrate Research, v. 339, n. 4, p. 813–818, 2004.

PARK, J. S.; PARK, J. W.; RUCKENSTEIN, E. Thermal and dynamic mechanical analysis of PVA/MC blend hydrogels. Polymer, v. 42, n. 9, p. 4271–4280, 2001.

ZHU, JUFANG, LI, QIUING, CHE, YANCHAO, LIU, XINGCHEN, DONG, CHENGCHENG, CHEN, X.; WANG, C. E ff ect of Na 2 CO 3 on the Microstructure and Macroscopic Properties and Mechanism Analysis of PVA/CMC Composite Film. Polymers, v. 12, n. Cmc, p. 1–13, 2020.

Patrocinador Ouro

Conselho Federal de Química
ACS

Patrocinador Prata

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Patrocinador Bronze

LF Editorial
Elsevier
Royal Society of Chemistry
Elite Rio de Janeiro

Apoio

Federación Latinoamericana de Asociaciones Químicas Conselho Regional de Química 3ª Região (RJ) Instituto Federal Rio de Janeiro Colégio Pedro II Sociedade Brasileira de Química Olimpíada Nacional de Ciências Olimpíada Brasileira de Química Rio Convention & Visitors Bureau