Autores
Oliveira, M.L.F. (IFMA) ; Serejo, V.M.P. (IFMA) ; Araújo, W.S. (IFMA) ; Moreira, L.R.M.O. (IES FLORENCE) ; Brito, R.L. (IFMA) ; Santos, A.M.C.M. (IFMA)
Resumo
O picão-preto (Bidens pilosa L.), está entre as principais espécies daninhas e
encontrada principalmente nas regiões Centro-sul e Sul do Brasil. Este trabalho teve
como objetivo avaliar qualitativamente a composição química dos metabólitos
secundários da planta picão-preto. A amostra foi caracterizada por infravermelho e
cromatografia de camada delgada. Nos resultados, a identificação qualitativa dos
compostos foi verificado na cromatografia e infravermelho. No perfil fitoquímico da
planta identificou alguns metabólitos secundários, na folha os fenóis, taninos. No
caule apresentou positivo para esteroides livres. E na raiz positivo para as
catequinas, cumarinas. Portanto, o estudo da planta Bidens Pilosa visa expandir o
conhecimento da espécie com enfoque para uso fitoterápico.
Palavras chaves
Bidens Pilosa; Prospecção Fitoquímica; Fitoterápico
Introdução
A evolução do homem através do tempo vem conhecendo o potencial de várias plantas
sendo utilizadas para fins alimentícios, cosméticos e terapêuticos. A história da
fitoterapia se confunde com a história da farmácia, em que, até o século passado,
medicamentos eram basicamente formulados à base de plantas medicinais (SAAD, 2009).
O picão-preto é uma planta herbácea pressente em quase todo território brasileiro
e que se constitui em uma das mais importantes plantas daninhas de culturas anuais
e perenes (SANTOS; CURY, 2011).
O picão-preto é uma espécie herbácea, ereta, com altura entre 40 e 120 cm,
propagada via sementes, muito produtiva (BORGES et al. 2013). Hattori e Nakajima
(2008) relataram que a inflorescência do picão-preto ocorre integralmente amarela,
os frutos maduros são negros, com pápus em forma de cerdas rijas, que
espontaneamente aderem ao pelo dos animais e as vestimentas. Apesar dessa planta
ser considerada uma planta daninha às culturas em geral, porém o picão-preto está
sendo utilizado como planta medicinal e empregada para tratar inflamações, como
artrite, dor de garganta ou dor muscular, por exemplo, devido às suas excelentes
propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
O picão-preto é uma planta utilizada pela população para o tratamento da tosse,
úlceras gástricas, dor de estômago em geral, infecções urinárias e para manter os
níveis de açúcar no sangue controlados, no caso de diabetes, essa planta tem
propriedades que incluem sua ação anti-inflamatória, diurética, antioxidante e
anti-diabética (HORIUCHI; SEYAMA, 2008). A partir desses fatos, houve a necessidade
de realizar análises físico-químicas para caracterizar e identificar a composição
orgânica por triagem fitoquímica e técnicas espectrofotométricas do infravermelho
(IV) e cromatográficas.
Material e métodos
As amostras foram adquiridas em dois povoados na comunidade do Rapadura Velho (Bom
Jardim) e no Sítio Raimundo Silva-Lages (Santa Inês-MA) e foram coletadas no
horário matutino. Após a coleta do material lavado para eliminar as sujidades e
seco a temperatura ambiente por cinco dias. Triturou-se o material e colocou-se as
partes da planta em sacos de plásticos e etiquetou. Pesou-se 200 g e adicionou 1000
mL de álcool etílico 92°GL e manteve-se os extratos em agitação diária por sete
dias. Após filtrou-se os extratos com papel de filtro e colocou-se o extrato
filtrado em banho-maria a 56°C, até redução do volume a cerca de 200 mL.
Análise da amostra por cromatografia e Infravermelho - A técnica consiste em
utilizar uma placa cromatográfica de alumínio (TLC Silica gel 60 F254) 10x10. As
amostras foram aplicadas com o auxílio de um tubo capilar na superfície da placa.
As placas com as amostras foram colocadas em cuba cromatográfica, contendo os
eluentes os quais consistiram em misturas: hexano: clorofórmio (7:3),
clorofórmio:acetato de etila (8:2) e Clorofórmio: metanol (5:5). Para a análise do
infravermelho as amostras foram colocadas sobre as pastilhas de KBr com auxílio de
capilares de vidro. As pastilhas foram inseridas no infravermelho (BOMEM, modelo MB
– Series) e analisadas na faixa de 4000- 400 cm-1 com resolução de 4 cm-1 (SANTOS
et al, 2014, p. 13).
Na Prospecção Fitoquímica, as folhas e flores, raiz e caule foram submetidos aos
testes fitoquímicos qualitativos com a finalidade de detectar a presença de classes
de metabólicos secundários para determinar fenóis e taninos; antocianinas,
antocianidinas e flavonoides; leucoantocianidinas, catequinas e flavononas;
esteróides e triterpenóides; alcaloides, saponinas, cumarinas segundo a metodologia
de Matos (2000).
Resultado e discussão
As análises fitoquímicas e espectrofotométricas da planta picão-preto forneceu
informações importantes à cerca da presença de metabólitos secundários. No extratos
hidroalcoólicos da planta verificou-se pela cromatoplaca alguns constituintes
presentes nas amostras. O eluente que apresentou melhor resultado quanto à
distribuição dos componentes químicos no perfil cromatográfico foi o clorofórmio:
acetato de etila. O resultado do cromatoplaca mostra alguns compostos presentes na
planta Picão-preto encontra-se ilustrado na Figura 1. Observou-se no Fator de
Retenção, a presença de Taninos e polifenóis (Rfs = 0,72-0,74), Triterpenos e
Esteróides (Rfs = 044-0,56), Flavononas (Rfs = 0,17) e Alcalóides (Rfs = 0,28). Nos
resultados do infravermelho observou-se alguns grupos funcionais no composto. Os
esteróides exibem uma banda intensa e larga de absorção em torno de 3331 cm-1
característica do estiramento da ligação O–H, uma banda intensa em 2981-2903 cm-1
referente a estiramentos de C–H. Os estiramentos C=C aparece em 1660 cm-1. A
presença de uma banda intensa em 1257 e 1043 cm-1 referente aos estiramentos das
ligações C–O conjugada e C–O isolada respectivamente, permite propor a presença de
ésteres de ácidos graxos de cadeia ou estruturas triterpênicas. No perfil
fitoquímico (Tabela 1), a folha apresentou positivamente para alguns metabólitos
secundários tais como: fenóis, taninos hidrolisáveis, saponinas e cumarinas. O
caule apresentou maior abundância fortemente positivo para esteroides livres e
positivo para fenóis e cumarinas. A raiz apresentou fortemente positiva para
catequinas, flavononas, esteroides livres e cumarinas, resultado moderadamente
positivo para flavonas e xantonas, flavonóis. Os alcaloídes foram observados
positivamente em todas as partes da planta.
Análise da amostra da planta Bidens pilosa por cromatografia de camada fina utilizando o eluente clorofórmio e acetato de etila
Análise fitoquímica dos metabólitos secundários presentes no extrato hidroalcoólico da Picão preto
Conclusões
As plantas adquiridas em diferentes locais do Vale do Pindaré nos possibilitaram
conhecer como essas comunidades utilizam a planta Picão-preto para uso fitoterápico.
Foram investigados o composição fitoquímica qualitativa dos compostos presentes no
extrato hidroalcoólico da planta pelas técnicas CCF e IV e observou-se a presença de
alguns compostos químicos.
Observou-se a presença de fenóis e taninos; antocianinas, antocianidinas e
flavonoides; leucoantocianidinas, catequinas e flavononas; esteróides e
triterpenóides; alcaloides, saponinas, cumarinas em quantidades diferentes partes da
planta
Agradecimentos
IFMA, FAPEMA, IES Florence
Referências
BORGES C. C. et al. Bidens pilosa L. (Asteraceae): traditional use in a community of southern Brazil. Bras. plantas med., v. 15, n. 1, p. 34-40, 2013.
HATTORI, E. K. O.; NAKAJIMA, J. N. A família Asteraceae na Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental Galheiro, Perdizes, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia, v. 59, v. 4, p. 687-749, 2008.
Matos, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. 2. ed. Fortaleza: Edições UFC, 2000
SAAD, Glaucia de Azevedo. Et al, Fitoterapia Contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
SANTOS, J. B.; CURY, J. P. Picão preto: uma planta daninha especial em solos tropicais. Pl. Dan., v. 29, p. 1159-1171, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pd/v29nspe/v29nspea24.pdf . Acesso em: 10 março 2021.
SANTOS, A. A.; SANTANA, M. T.; SANTOS, A. M. C. M; BATISTA, M. C. A. MOREIRA, L. R. de M. O. Determinação química e fitoquímica dos constituintes do abacateiro (Persea Americana Mill). Revista Florence, Ano 4, nº 1, p. 11-18, Julho de 2014.