• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE E TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS DA BEBIDA DE AÇAÍ COMERCIALIZADA NA CIDADE DE BELÉM- PA

Autores

Ferreira, R.K. (IFPA) ; e Silva, H.D.F.R. (IFPA) ; Barbosa, A.K.S. (IFPA) ; Porfírio, R.N.S. (IFPA)

Resumo

Neste trabalho foram determinados parâmetros físico-químicos (viscosidade cinemática e teor de sólidos solúveis totais) da bebida de açaí do tipo B comercializada na cidade de Belém-PA no período entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2020. Para a realização das análises, foi utilizado um viscosímetro Anton Paar, modelo SVM 3000/G2 e um refratômetro de bancada Rudolph, modelo J157. A viscosidade cinemática foi lida em uma faixa de temperatura entre 25 ºC e 80 ºC, e o teor de sólidos solúveis totais foi lido a temperatura fixa de 20 ºC. Os parâmetros estudados apresentaram uma variação característica entre os períodos de safra e entressafra (perfil temporal) sendo verificado que no período da safra houve um aumento nos valores de ambos os parâmetros.

Palavras chaves

Açaí; Viscosidade; Sólidos solúveis totais

Introdução

O açaí é um fruto típico e popular da região amazônica, que nos últimos anos ganhou importância devido aos benefícios à saúde, associados à sua composição fitoquímica e a capacidade antioxidante (PORTINHO; ZIMMERMANN; BRUCK, 2012). O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é nativo da Amazônia brasileira e o Estado do Pará é o principal centro de dispersão natural dessa palmácea (NOGUEIRA et al., 2005). A bebida produzida a partir do fruto é o produto de consumo final e é o objeto de inúmeros propósitos (ROGEZ, 2000). Dessa forma, o produto derivado do açaí, predominantemente, é a polpa, comercializada normalmente à temperatura ambiente quando é imediatamente consumida, ou após certo período de refrigeração (MENEZES; TORRES; SRUR, 2008). Em relação à quantidade de água adicionada, a instrução normativa n° 1 de 7 de janeiro de 2000 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento classifica a bebida produzida a partir do fruto em: poupa (extraído sem adição de água e sem filtração); açaí tipo A (apresenta um teor de sólidos totais acima de 14 %); , tipo B (teor de sólidos totais entre 11 e 14 %); tipo C (com teor de sólidos totais entre 8 a 11%). Também existem outros parâmetros físico-químicos importantes como a densidade e a viscosidade. O estudo e a obtenção de dados a respeito destes parâmetros são importantes para a elaboração de processos, técnicas de estocagem e transportes adequados da bebida para preservar as características de interesse para o produto final. Sendo assim o objetivo deste trabalho é determinar a variação da viscosidade cinemática e teor de sólidos solúveis totais de poupas poupas de açaí adquiridas de comerciantes da cidade de Belém ao longo de 24 meses.

Material e métodos

A matéria prima para o estudo consistiu de amostras de açaí tipo B fornecidas por comerciantes da cidade de Belém, sempre obtidas alguns minutos após o processamento fruto. Essas amostras, antes de serem levadas para a análise de viscosidade e massa específica, passaram por duas etapas: uma filtração através de malha de 20 mesh para retirada do excesso de material fibroso proveniente do processo de despolpamento dos frutos e uma diluição com água na razão de 1:1. As leituras de viscosidade foram realizadas em um viscosímetro Anton Paar, modelo SVM 3000/G2, com precisão de 0,001 mm²/s para viscosidade cinemática. Estes parâmetros foram determinados em uma faixa de temperatura entre 25 ºC e 80 ºC, acima deste valor ocorre a degradação do açaí o que impossibilita a leitura realizada pelo equipamento. Para a leitura do teor de SST, foi utilizado um refratômetro automático Rudolph, modelo J-157 de precisão de 0,01 º Brix, sendo realizadas a temperatura ambiente. Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Tecnologia (LABTEC) do curso Técnico em Química do IFPA campus Belém, sendo o período total de análise correspondente à 24 meses, entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2020, para que abrangesse amostras provenientes do período da safra e da entressafra do fruto.

Resultado e discussão

A Figura 1 e a Figura 2 mostram a variação da viscosidade cinemática média e do grau brix da poupa de açaí ao longo de 24 meses. Entre julho e agosto, é identificado um período de safra menor, com boa parte dos frutos vindos do extremo norte da região do Marajó e estado do Amapá. Nesse período o fruto se apresenta com uma menor quantidade de poupa, tendo, por outro lado, uma quantidade maior de material fibroso, o que influencia em valores altos de viscosidade. Estes valores decrescem em setembro e crescem novamente entre novembro e dezembro, auge da safra dos frutos no estado do Pará. Na safra, os frutos apresentam uma porcentagem maior de massa em termos de poupa, fato que também influência, como pode ser visto na Figura 1, no aumento da viscosidade. Entre janeiro e maio tem-se o período da entressafra onde foram registrados os menores valores de viscosidade. Por outro lado, é nesse período que o teor de sólidos totais dissolvidos é maior, conforme mostra o teor de grau brix. Entre maio e junho inicia-se a safra, porém, neste momento, os frutos ainda se apresentam duros e com pouca massa. Em relação ao ºBrix, seu valor médio anual foi de 6,65.

Figura 1

Viscosidade Cinemática.

Figura 2

Teor de sólidos solúveis totais

Conclusões

Foi possível mapear os parâmetros viscosidade cinemática e teor de sólidos solúveis totais (SST) da bebida de açaí tipo B comercializada na cidade de Belém entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2020. Para ambas propriedades físico- químicas foi construído um perfil temporal. Verificou-se que no período da entressafra há um aumento nos teores SST. Em relação à viscosidade cinemática, o perfil temporal também apresentou características de reprodutibilidade em termos de comportamento, como pôde ser visto na diminuição nos patamares de valores ao longo do período de análise.

Agradecimentos



Referências

PORTINHO, José Alexandre; ZIMMERMANN, Livia Maria; BRUCK, Mirian Rotnes. Efeitos Benéficos do Açaí. InternationalJournalOfNutrology, v. 5, n. 1, p.15-20, jan. 2012.

NOGUEIRA, O, L; FIGUEIRÊDO, F, J, C; MÜLLER, A, A. Sistemas de Produção 4: Açaí. Belém: Embrapa, 2005. 139 p.

MENEZES, Ellen Mayra da Silva; TORRES, Amanda Thiele; SRUR, Armando Ubirajara Sabaa. Valor nutricional da polpa de açaí (Euterpe oleracea Mart) liofilizada. Acta Amazonica, v. 38, n. 2, p.311-316, 2008.

ATKINS, P; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman Companhia Editora, 2010. 922 p.

ÇENGEL, A, Y; CIMBALA, J, M. Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e Aplicações. Porto Alegre: Mcgraw-Hill, 2006. 816 p.

ROGEZ, Hervé. Açaí: Preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém: Edufpa, 2000. 312 p.

ALIBERTI, N, C, M. INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO A ALTA PRESSÃO SOBRE A RETENÇÃO DE ANTOCIANINAS PRESENTES NA POLPA DE AÇAÍ (Euterpe oleraceae Mart.). 2009. 102 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

TREVISAN, B, P. AVALIAÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL, PARÂMETROS REOLÓGICOS E ATENUAÇÃO ACÚSTICA DE SUSPENSÕES DE AÇAÍ. 2011. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2011.

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