• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Efeito do óleo essencial de manjericão (Ocimum basilicum) na composição físico-química do queijo coalho durante a vida de prateleira

Autores

Santos, F.C. (IFSERTÃOPE) ; Santos, M.S.A. (UFPB) ; Souza, W.F.C. (IFSERTÃOPE)

Resumo

O queijo coalho é um produto com vida útil curta que necessita da adição de aditivos para preservar a sua qualidade físico-química por mais tempo. O óleo essencial de manjericão (OEM) é um forte candidato para preservar a qualidade do queijo coalho por ser uma substância natural. Este trabalho avaliou a influência do OEM na composição físico-química do queijo coalho. Foram elaboradas quatro formulações de queijo incorporadas com diferentes concentrações do OEM (1,56 - 6,25 µL/g). O OEM afetou significativamente a composição físico-química dos queijos, sobretudo as proteínas e lipídeos. Os resultados foram promissores e apontam o OEM como um forte aditivo natural por evitar reações indesejáveis como a oxidação proteica e por manter a qualidade dos queijos coalho durante o armazenamento.

Palavras chaves

Potencial antioxidante; Qualidade; Vida de prateleira.

Introdução

O queijo coalho é um tradicional queijo Brasileiro de coloração branca, macio, fresco e levemente salgado, obtido da coagulação do leite cru ou pasteurizado pela ação de enzimas. No Brasil, é amplamente comercializado e consumido na região Nordeste, onde apresenta grande relevância social e econômica (LEANDRO et al., 2021; QUEIROGA et al., 2013). O queijo coalho apresenta alta umidade e composição físico-química capaz de favorecer o desenvolvimento de micro- organismos patogênicos e deterioradores. Por esta razão, é um produto com vida útil curta, que necessita da adição de aditivos para controlar e/ou inibir o crescimento microbiano e manter a sua qualidade durante o armazenamento. Os óleos essenciais são líquidos hidrofóbicos e voláteis ricos em compostos bioativos, que vêm sendo cada vez mais utilizados na preservação de alimentos em decorrência de suas atividades contra micro-organismos e radicais livres (ARASU et al., 2019; KAYODE et al., 2018). Além disso, são ambientalmente amigáveis e valiosos agentes aromatizantes que podem ser incorporados em pequenas quantidades em diversos alimentos, como carnes e derivados, frutas e vegetais e laticínios (FALLEH et al., 2020). Diversos óleos essenciais apresentam propriedades benéficas e potencial para serem incorporados em matrizes alimentares, como o óleo essencial de manjericão (OEM). Neste sentido, o objetivo geral deste projeto de pesquisa foi de incorporar o óleo essencial de manjericão em queijo coalho e avaliar o seu efeito nas características físico- químicas dos queijos elaborados.

Material e métodos

Foram elaboradas quatro formulações de queijo coalho, sendo uma formulação controle e três outras adicionadas de diferentes concentrações do OEM (1,56 µL/g, 3,12 µL/g e 6,25 µL/g). Após o processamento, os queijos foram armazenados durante 21 dias a 6 °C (UR = 85%) e tiveram seu perfil físico-químico avaliado em períodos intercalados de 7 dias. Foram analisados o teor de umidade, sendo determinado em estufa de secagem operando a 105°C seguindo o método 930.15 (AOAC, 2005) e o teor de cinzas por meio da incineração em mufla a 550°C seguindo o método 923.03 (AOAC 2005). O teor de proteínas foi determinado pelo método de Micro-Kjeldahl 991,20 (AOAC, 2005), utilizando o fator de 6,38 para a conversão de Nitrogênio em proteínas e os lipídeos foram quantificados pelo método de Goldfish (BRASIL, 2008), por extração a quente usando hexano P. A. como solvente extrator. Os carboidratos foram determinados por diferença de acordo com Cavalcante et al. (2021), subtraindo-se os valores dos outros compostos analisados (100% - % umidade - % cinzas - % proteínas - % lipídeos). Os resultados foram analisados por meio da análise de variância (ANOVA) unilateral seguido do teste de Tukey para a comparação de médias, utilizando o software estatístico Minitab® 19 da Minitab Inc. (Pensilvania, EUA). Os resultados obtidos para cada formulação e os dias de armazenamento foram expressos como média ± desvio padrão (n = 3) e considerados estatisticamente diferentes quando os valores de p foram inferiores a 0,05 (p < 0,05).

Resultado e discussão

Os resultados da composição físico-química dos queijos são apresentados na Figura 1. De acordo com o Regulamento técnico de identidade e qualidade de queijos (BRASIL, 1996), os queijos podem ser classificados como baixa (< 38%), média (36 – 46%), alta umidade (46,1 – 55%) e muito alta umidade (> 55,1%). Os queijos elaborados neste estudo apresentaram um percentual de umidade entre 42,22% a 48,83%, sendo assim classificados como queijos de média a alta umidade e estando dentro do parâmetro aceitável para o queijo coalho. As cinzas apresentaram variações entre 4,19% a 4,80%, sendo resultados similares aos obtidos por Andrade (2006), que avaliou diferentes marcas de queijos coalho no Nordeste Brasileiro e reportou um percentual médio de cinzas de 4,68%. Uma diminuição gradativa nos teores de proteínas e lipídeos foram observadas durante os 21 dias de armazenamento, havendo diferença estatística (p < 0,05), que pode estar associado a reações de oxidação proteica e lipídica. Observou-se que o queijo controle foi mais susceptível a degradação proteica do que os queijos incorporados do OEM. Além disso, os queijos contendo a maior concentração de OEM sofreram menos degradação, apontando que o OEM aplicado evitou esta reação indesejável. De acordo com Figueiredo (2022), os compostos bioativos presentes nos óleos essenciais evitam oxidações proteicas e lipídicas devido ao seu potencial antioxidante. Além disso, é importante destacar que o OEM apresenta um forte potencial antioxidante devido a sua rica composição em estragol (composto bioativo majoritário), conforme demonstrado em estudos anteriores (SOUZA, 2019). Em relação ao teor de carboidratos, um aumento gradativo durante o armazenamento foi observado, isso porque houve uma diminuição nos outros constituintes analisados.

Figura 1.

Composição aproximada dos queijos Coalho incorporados com diferentes concentrações de óleo essencial de manjericão.

Conclusões

O óleo essencial de manjericão afetou a composição físico-química dos queijos elaborados, protegendo-os contra a oxidação proteica e lipídica devido ao seu potencial antioxidante. Os resultados obtidos neste estudo são promissores por demonstrar a capacidade protetiva do OEM durante a vida de prateleira do queijo coalho, indicando que este óleo essencial pode ser utilizado como um aditivo natural em alimentos. Contudo, novas pesquisas são necessárias para avaliar o seu efeito no perfil microbiológico e sensorial deste tipo de queijo.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Campus Ouricuri (IFSertãoPE), pelo incentivo financeiro ao desenvolvimento dessa pesquisa.

Referências

ANDRADE, A. A. Estudo do Perfil Sensorial, Físico-Químico e Aceitação de Queijo de Coalho Produzido no Estado do Ceará. Dissertação (Mestrado) – Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2006. 127p.

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