Autores
Inocencio Nunes, R. (UFERSA) ; Lima de Araujo, J.P. (UFERSA) ; Souza Medeiros, I.M. (UFERSA) ; da Silva Cirilo, M.C. (UFERSA) ; Mendes Aroucha, E.M. (UFERSA) ; de Lima Leite, R.H. (UFERSA)
Resumo
A quitosana é um biopolímero de aplicações diversas, assim tem sido utilizada
como tecnologia para revestir frutos e dessa maneira aumentar o tempo de vida
útil para comercialização. Nesse sentido, a aplicação de uma solução
biopolimérica de quitosana 2% como cobertura foi empregada em bananas pacovan na
maturidade fisiológica, produzido na fazenda experimental da UFERSA-Mossoró/RN.
A fim de investigar as potencialidades em relação aos parâmetros físico-
químicos. O revestimento com o biopolímero quitosana a 2%, propiciou efeito nos
parâmetros de cor L e c, indicando haver um atraso no metabolismo do fruto ao
longo do armazenamento. No entanto, devido, possivelmente a elevada temperatura
de armazenamento, o aumento no teor de sólidos solúveis pôde ser observado em
ambos os tratamentos.
Palavras chaves
Bananeira (Musa spp); Cobertura; Biopolímero
Introdução
A banana (Musa spp) é uma fruta originária do sudoeste asiático, mas que se
adaptou bem à América latina. Atualmente, o Brasil exporta um grande volume
dessa fruta para outras partes do mundo, cerca de 16 milhões de toneladas (MELO
et al., 2017). Por se tratar de uma importante fonte de calorias, vitaminas e
sais minerais a banana é bastante consumida in natura, assim como também em
doces, sorvetes e geleias. Exposta às condições naturais, as bananas geralmente
ficam em prateleiras de supermercado, gôndolas de feira livre ou em caixotes.
Nesse contexto, os frutos iniciam um rápido amadurecimento, isso se deve a sua
característica climatérica, pois ao ser colhido no ponto de maturidade
fisiológica uma série de reações bioquímicas são responsáveis por alterações na
qualidade do produto já que é possível perceber a mudança da cor, perda de massa
e a presença de sabor desagradável, contribuindo drasticamente na redução do
período de comercialização (PARIJADI et al., 2022). A esse respeito,
pesquisadores mencionam o tempo de vida útil como a principal desvantagem para
exportadores e comerciantes locais (SORADECH et al., 2017). De acordo com Xavier
(2017) soluções tecnológicas que empregam o uso de revestimentos biodegradáveis
poderiam ser especialmente utilizadas, uma vez que são economicamente eficientes
e retardam o processo de degradação. A quitosana, por exemplo, é um biopolímero
de aplicações infinitas e que demonstra valiosa contribuição na indústria
alimentícia (ALMEIDA; BONILLA; LUCENA, 2022). Dito isto, essa pesquisa teve por
objetivo investigar o comportamento físico-químico de banana pacovan revestidas
com solução biopolimérica de quitosana (2%) durante o armazenamento em
temperatura ambiente.
Material e métodos
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Fisiologia de Pós-Colheita da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) campus central Mossoró/RN.
Foram adquiridos frutos da banana produzida na fazenda experimental da UFERSA-
Mossoró/RN, acondicionadas em temperatura ambiente 28 °C e umidade relativa a
64,5%. As amostras foram mapeadas em grupo controle, sem aplicação de
revestimento de quitosana a 2% e três grupos denominados T0, T3, e T6
respectivamente mergulhados em solução de quitosana. Seguiu-se com as análises
físico-químicas sendo essas conhecidas pelos seguintes parâmetros: perda de
massa (g), determinada a partir de medições numa balança analítica (máximos 100
gramas), mudança de coloração da casca verificada com auxílio de um colorímetro
modelo CR-10 Tristimulus (Konica Minolta®). Por fim a análise de Sólidos
Solúveis (°Brix) determinada usando o refractometer PAL-1 e Acidez titulável
pela titulometria volumétrica. Para realização das análises descritivas e
estatísticas foram utilizados os softwares LibreOffice e Sisvar, com a
finalidade de Análise de Variância (ANOVA), usando o teste t (LSD) para
identificar diferenças significativas entre as médias ao nível de 5% (p<0,05).
Resultado e discussão
Frutas climatéricas estão mais susceptíveis a deterioração, como resultado a
conservação desses alimentos no pós-colheita é um desafio. A partir dos
parâmetros analisados é possível constatar aumento significante nos valores de
croma do fruto controle, enquanto nas bananas revestidas essa alteração foi
leve, indicando que a cobertura barrou o metabolismo do fruto. Apesar disso,
observa-se diferenças significativas entre os tratamentos apenas no 6º dia de
armazenamento, com valores, croma de 53,17 e 36,65, para fruto controle e
revestidos, consequentemente. Segundo Mendonça (2003) a cromaticidade expressa a
intensidade da coloração, ou seja, a saturação em termos de pigmentos da cor. Os
frutos revestidos, obtiveram menor valor da coordenada L* aos seis dias de
armazenamento, indicando um atraso no amadurecimento do fruto, pois ao
apresentar diminuição na luminosidade da casca a cor varia de verde-escuro para
tons amarelados e/ou amarronzados (YAP et al., 2017). Um aumento no teor de
sólidos solúveis durante o tempo de armazenamento foi observado em ambos os
tratamentos. De acordo com MARQUES et al., (2021) é provável que o aumento está
associado à quantidade de perda de massa com o decorrer do tempo de
armazenamento, isso se deve a maior perda de água da banana, assim, quanto maior
o decaimento da massa, maior será a concentração de açúcares no fruto. Os demais
padrões analisados não conferem significância em dados estatísticos
Tratamento da Banana ao longo do tempo de armazenamento.
Tabela com resultados das análises em relação ao tempo de armazenamento dos frutos revestidos em quitosana.
Conclusões
Em síntese, pode-se concluir que o tratamento com a solução biopolimérica de
quitosana (2%) utilizada como revestimento, obteve significância em relação aos
parâmetros de coloração L* e c* retratando uma mudança no metabolismo do fruto.
Observando também os parâmetros físico-químicos, percebe-se uma elevação no teor
dos sólidos solúveis. Assim, o revestimento proporcionou uma melhora significativa
no tempo de armazenamento o que corrobora com o objetivo esperado.
Agradecimentos
Agradecemos aos colaboradores do estudo e a Universidade Federal Rural do Semi-
Árido campus Mossoró/RN.
Referências
ALMEIDA, A. R. S. DE; BONILLA, O. H.; LUCENA, E. M. P. DE. Aplicações da quitosana na pós-colheita de frutas. Research, Society and Development, v. 11, n. 2, p. e39811225745, 2022.
MELO, D. S. DE; et al. II Congresso Internacional das Ciências Agrárias COINTER - PDVAgro 2017. 2017.
MARQUES, C.M.R.; OLIVEIRA, L. R.; GOUVEIA, A. M. S. ANÁLISE PÓS-COLHEITA DE BANANA NANICA COM REVESTIMENTO COMESTÍVEL À BASE DE CERA DE CARNAÚBA. 2021. 9f. Artigo (graduação). Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO), São Paulo, 2021.
MENDONÇA, K. et al., Concentração de etileno e tempo de exposição para desverdecimento de limão “Siciliano”. Brazilian Journal of Technology. V. 6, n. 2, p. 179-183, jul./dez. 2003.
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