Autores
de Carvalho Ribeiro, D. (IF SERTAO PE) ; Sousa Nunes, J. (IF SERTAO PE) ; Delmondes Vieira, (IF SERTAO PE) ; Candido de Souza, W.F. (IF SERTAO PE)
Resumo
A inclusão de alimentos regionais na dieta contribui para a promoção de hábitos
alimentares saudáveis e para o desenvolvimento da economia da região. O Brasil é
o país com a maior biodiversidade do planeta, destacando-se várias espécies
nativas pela enorme potencialidade alimentícia. Desse modo, o presente trabalho
tem por objetivo o desenvolvimento e caracterização do extrato hidrossolúvel do
coco catolé. O extrato hidrossolúvel vegetal foi obtido do cozimento do catolé e
posterior trituração em liquidificador só então foi peneirado e envasado em
frascos de vidro. Foram realizadas as análises de: umidade; cinzas; pH;
açúcares redutores; açúcar; não redutores e açúcares totais. Destacando-se
especialmente as medidas de umidade (89,40) e cinzas (0,83) demonstrando que o
extrato.
Palavras chaves
Sustentabilidade; aproveitamento; Extrato Hidrossolúvel
Introdução
O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta, destacando-se várias
espécies nativas brasileiras pela enorme potencialidade alimentícia, o que tem
impulsionado a comunidade científica na busca de novas fontes de matéria-prima
para a produção de produtos alimentícios. Dentre as espécies nativas do Nordeste
brasileiro tem-se o Catolé (Syagrus cearensis), comumente encontrado nos estados
do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Alagoas, destacando-se por sua composição
nutricional (NASCIMENTO E MOURA, 2001; SILVA et al., 2015).
Os frutos, conhecidos como coco catolé são usados pela população da área de
ocorrência como alimento fresco ou na elaboração de produtos (LORENZI et al,
2004). Das amêndoas extrai-se óleo que é bastante utilizado e apreciado na
alimentação regional, de composição e aspectos sensoriais semelhantes ao óleo de
coco (Cocos nucifera L.), de aplicabilidade em cosméticos e fins terapêuticos
(LEAL et al, 2013).
Nos últimos anos, vários estudos foram realizados visando à produção de extratos
vegetais hidrossolúveis à base de nozes e castanhas como a Castanha-do-Brasil e
a Castanha de Caju, mas há poucos estudos a respeito da produção de extratos
vegetais hidrossolúveis à base de coco catolé.
O mercado de alimentos funcionais tem buscado utilizar extratos vegetais como
substitutos do leite, principalmente com o aumento de casos de alergias a
proteínas do leite e de intolerância à lactose, assim como pelo crescente número
de adeptos do vegetarianismo e do veganismo (CAMPOS, 2019).
Desse modo o presente trabalho se faz interessante pois propõe uma nova
alternativa para a produção de extratos vegetais. Assim, essa pesquisa tem como
objetivo desenvolver e caracterizar o extrato hidrossolúvel do coco catolé.
Material e métodos
O extrato hidrossolúvel vegetal foi obtido conforme a metodologia de Felberg et
al. (2005) adaptado, através do cozimento do coco e posterior
trituração em liquidificador só então foi peneirado e envasado em frascos de vidro
previamente esterilizados, pasteurizados por 30 minutos(65°C) e resfriado, o
armazenamento ocorreu sob refrigeração até o momento das análises. As análises
realizadas foram: o teor de água; cinzas; pH; açúcares redutores; açúcar; não
redutores e açúcares totais (IAL, 2008).
Resultado e discussão
Estão na tabela 01 os valores encontrados para as análises realizadas no extrato
de coco catolé.
Observa-se valores significativos de umidade, mostrando-se assim rico em água,
medida essa justificada pelo processo de obtenção do extrato, no qual adiciona-
se água para a extração. MENDONÇA (2020) trabalhando com extrato de soja obteve
valores abaixo de umidade 80,25, já VIEIRA, Zuñiga e Ogawa (2020) trabalhando
com extrato de amêndoa de baru obteve valores semelhantes ao encontrado nesta
pesquisa 89,23. Essa variação pode ser explicada pela diferença de composição
química entre as matérias-primas como também pelo método de extração utilizado.
Câmara et. al (2020) pesquisando a respeito da composição do extrato
hidrossolúvel de coco babaçu obteve valores quatro vezes menores quando
comparado ao do coco catolé, isso nos indica que há quantidades superiores de
matéria inorgânica no presente extrato. SCHMITZ (2018) ao trabalhar com castanha
de caju também obteve valores abaixo do encontrado nesta pesquisa 0,32.
Para valores de pH o extrato hidrossolúvel do coco catolé apresenta valor
próximo ao do extrato hidrossolúvel de amendoim que, de acordo com Oliveira et
al. (2021) possui pH 6,83, e do extrato de soja com pH 6,15 (Mendonça et al.,
2016). Esse resultado nos indica que o extrato obtido se apresenta próximo à
neutralidade, podendo facilmente ser meio para desenvolvimento de
microrganismos.
Os valores de açúcares (redutores, não redutores e totais) são pequenos assim
como os encontrados para extrato de coco babaçu por Carneiro et. al (2014).
Tabela 1. Valores de caracterização físico-química do coco catolé
Conclusões
A tecnologia de obtenção do extrato hidrossolúvel do coco catolé mostrou-se
eficiente, mostrando que suas características físico-químicas próximas ao de
outros extratos já apresentados na literatura. Ressaltamos que é necessário a
realização de mais estudos sobre esse produto.
Agradecimentos
Referências
CÂMARA, P. F.; ZUNIGA, A. D. G.; PIRES, C. R. F.; CANGUSSU, L. B.; MAZIERO, R. Obtenção de extrato hidrossolúvel em pó proveniente da torta residual de amêndoas de coco babaçu e aplicação em biscoitos como alternativa de aproveitamento e sustentabilidade In: Congresso Sul-americano de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade, 3. 2020. Rio Grande do Sul. Anais eletrônicos. Rio Grande do Sul: Gramado. 10-16p.
CAMPOS, L. A crescente onda do veganismo e o surf das FoodTechs. Revista Ingesta, v. 1, n. 2, p. 266-267. 2019.
CARNEIRO, B. L. A.; ARÉVALO-PINEDO, A.; SCARTAZZINI, L.; ZUNIGA, A. D. G.; PINEDO, R. A. Estudo da estabilidade do extrato hidrossolúvel “leite” de babaçu (orbygnia speciosa) pasteurizado e armazenado sob refrigeração. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 36, n. 1, p.232-236, 2014.
FELBERG, I.; ANTONIASSI, R.; DELIZA, R. Manual de Produção de Extrato de Soja para Agroindústria de Pequeno Porte. Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, Documentos nº65, 2005.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físicoquímicos para análise de alimentos. Coordenadores Odair Zenebon, Neus Sadocco Pascuet e Paulo Tiglea. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
LEAL, L. B.; SOUSA, G. D.; SEIXAS, K. B.; SOUZA, P. H. N. D.; SANTANA, D. P. D. Determination of the critical hydrophile-lipophile balance of licuri oil from Syagrus coronata: application for topical emulsions and evaluation of its hydrating function. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 49, n. 1, p. 167-173, 2013.
LORENZI, H.; SOUZA, H.M.; CERQUEIRA, L.S.C.; MEDEIROS-COSTA, J.T.; FERREIRA, E. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Ed 1. Plantarum, Nova Odessa. 2004.
MENDONÇA, G. M. Desenvolvimento de gelado comestível a base de extrato aquoso de soja, kefir e Jaboticaba. Dissertação – Universidade Estadual Paulista. Araraquara, 2020, 89f.
SCHMITZ, A. C. Elaboração e Caracterização de extratos vegetais hidrossolúveis à base de castanha de caju e baru. Monografia – Universidade Federal da Fronteira do Sul. Laranjeiras do Sul, 2018, 68f.
VIEIRA, C. F. DE S.; ZUÑIGA, A. D. G.; OGAWA, T. A. B. Obtenção e caracterização físico-química do extrato hidrossolúvel de amêndoa de baru. Revista brasileira. Tecnologia Agroindustrial, v. 14, n. 01, p. 3104-3121, 2020.
NASCIMENTO, V.; MOURA, N. Caracterização química de plantas silvestres nativas das florestas estacionais secas do semiárido do nordeste do Brasil. Pesquisa de Alimentos. 2011.
SILVA, R. B.; SILVA-JÚNIOR, E. V.; RODRIGUES, L. C.; ANDRADE, L. H. C.; SILVA, S. I.; HARAND, W.; OLIVEIRA, A. F. M. Estudo comparativo da composição nutricional epotencial de algumas frutas tropicais subutilizadas de Arecaceae. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 87, n. 3, p. 1701 – 1709, 2015.