• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Análise Físico-Química de Molhos de Pimenta Vermelha Industrializado no Pará

Autores

Borges Lima, C.H. (UFPA) ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA) ; de Souza Martins, V.C. (UFPA) ; Souza da Silva, B. (UFPA) ; Sousa Santa Brígida, P. (UFPA) ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA) ; Tavares Teixeira, V.J. (UFPA) ; Frota da Silva, B.S. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

A utilização da pimenta como tempero tem origem desde o período das grandes navegações, sendo ainda muito utilizada. O presente trabalho teve como objetivo estudar parâmetros físico-químicos (pH, condutividade elétrica, sólido solúveis totais, turbidez, densidade, viscosidade e resíduo seco) de molhos de pimentas de três marcas comercializados em Belém-PA. O pH médio ficou entre 3,20 e 3,59, a CE permaneceu entre 3 e 6,59 mS/cm, o SST se manteve entre 9,03 e 10,30° Brix, a densidade se ficou entre 1,17 e 1,21 g/mL, a turbidez se mostrou acima do limite de detecção em todas as amostras. Apenas o pH foi concordante com a literatura. Mediante a aplicação de análises multivariadas (PCA e HCA), houve separação entre as amostras de acordo com a marca do produto.

Palavras chaves

Condimentos; Produtos de origem vegeta; Estatística multivariada

Introdução

A utilização de temperos na culinária vem desde o período das grandes navegações, onde estes eram utilizados para a conservação de alimentos, e atualmente, para intensificar o sabor de diversos pratos na gastronomia. Dentro disso, tem-se a pimenta vermelha (Capsicum ssp.), matéria- prima para a extração de corantes, aromatizantes e bastante utilizada como produto alimentício, a exemplo se tem a grande produção de molhos industriais (PINTO et al., 2013). A pimenta é uma planta da família Solanaceae e é bastante cultivada na América Central e México, também sendo produzida no Brasil (LOPES et al., 2007). Ademais, a espécie é rica em vitamina C e uma significativa atividade antioxidante, tendo assim uma excelente utilização na manutenção da saúde humana (MAURER, 2021). Há uma escassez de trabalhos que caracterizem condimentos, e, em especial, molhos de pimenta. Diante disso, o presente trabalho buscou caracterizar em termos físico- químicos os molhos de pimenta vermelha industrializados e comercializado em Belém do Pará, produzidos por três fábricas diferentes marcas, que foram denominadas de Q, M e T, buscando contribuir com a caracterização desse produto. Além disso técnicas estatísticas multivariadas (análise de componentes principais, ACP, e análise hierárquica de agrupamentos, AHA) foram aplicadas com a intenção de discriminação das amostras conforme sua origem.

Material e métodos

Foram compradas, em fevereiro de 2022, 15 amostras de molho de pimenta vermelha industrializadas e comercializadas nos supermercados de Belém, sendo 5 de cada marca, aqui denominadas de Q, M e T. Elas foram levadas ao Laboratório de Física Aplicada à Farmácia (LAFFA) da faculdade de farmácia, UFPA, onde foram feitas as seguintes análises: pH, determinado usando um pHmetro (PHTEK) calibrado com solução tampão pH 4 e 7; condutividade elétrica (CE), com o uso do condutivímetro portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado com solução padrão de 146,9 μS/cm; sólidos solúveis totais (SST), determinado em refratômetro portátil (INSTRUTHERM, ART 90) com escala de 0 a 65º Brix, e seus resultados corrigidos para 20° C (AOAC, 1992); viscosidade, determinada pela cronometragem do tempo de escoamento do molho pelo orifício de um viscosímetro do tipo copo Ford 5, com o tempo (em s) convertido para viscosidade com o uso de equação fornecida pelo fabricante do aparelho; resíduo seco (RS), feito pesando as amostras e depois as colocando na estufa por 24 h para eliminar os compostos voláteis, em seguida pesadas novamente para obter o resultado (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010); densidade, com o auxílio de um picnômetro (BRASIL, 2010); e turbidez utilizando um turbidímetro, sendo a turbidez expressa em unidades nefelométricas de turbidez (UNT), e sua utilização feita conforme as orientações do fabricante (DIGMED). Todas as determinações foram executadas em triplicata e os resultados tabulados e tratados via Excel 2010. Aos dados obtidos dos 3 grupos amostrais (marcas), uma ANOVA foi aplicada para se checar a semelhança dos parâmetros em termos das 3 marcas e análises multivariadas (ACP e AHA) foram executadas via Minitab 17 para verificar possível discriminação das amostras conforme sua origem.

Resultado e discussão

Na tabela 1 estão os resultados obtidos. O pH médio das amostras foi de 3,20 (marca Q), 3,59 (marca M) e 3,46 (marca T), que, exceto a marca Q, concordam com os resultados encontrados por Júnior et al. (2014), que encontraram uma variação de pH de 3,4 a 3,7 ao estudar molhos de pimenta artesanais. Valores de pH abaixo de 4,35 demonstra uma boa condição para suprimir agentes patogênicos (PEREIRA, 2018). A CE apresentou os valores médios de 3,18 mS/cm (marca Q), 3,00 mS/cm (marca M) e 6,59 mS/cm (marca T), sendo valores abaixo de 89,14 mS/cm, valor encontrado por Ferreira et al. (2017). Os SST médio foi de 9,03 até 10,30° Brix, demonstrando que nenhum dos resultados revelam semelhança com os resultados obtidos por Júnior et al (2014), que obteve uma variação de 12 a 19,8° Brix. A turbidez de todas as amostras superou o limite de quantificação do aparelho utilizado. A densidade média de todas as marcas estudadas se manteve entre 1,1766 e 1,1870 g/mL, sendo superiores aos dados encontrados por Ferreira et al. (2017), que observaram uma média de 1,03 g/mL para suas amostras. A viscosidade das amostras Q e M (238,63 e 226,00 cSt) se mostrou semelhante, enquanto o valor da amostra T (156,35 cSt) demonstrou que ela é menos viscosa em comparação com as outras amostras. Ademais, todas as amostras revelaram uma viscosidade muito maior em relação com os valores obtidos por Pereira et al. (2018), que encontrou viscosidade média de 59,47 cSt. Não foram encontrados dados na literatura sobre o RS. A Figura 1 trás os gráficos correspondentes às análises multivariadas, onde se percebe a formação de 3 grupos formados por amostras de mesma marca, indicando ser possível uma discriminação das amostras de acordo com a marca.

Tabela 1. Resultados obtidos

Letras iguais sobre as médias indicam não haver diferença significativa entre as médias com 95 % de significância, conforme ANOVA e teste de Tukey.

Figura 1. Gráficos de ACP e dendrograma (AHA)

Acima gráfico dos dois componentes principais (ACP) e abaixo dendrograma (AHA).

Conclusões

Os parâmetros estudados não se mostraram concordantes com a literatura, exceto pelo pH. Isso pode se dar pelo fato de que os molhos existentes na literatura diferente em suas formulações aos estudados nesse trabalho. As três marcas tiveram diferença significativa em seus parâmetros físico-químicos, indicando haver divergências em suas formulações. As aplicações de métodos multivariados (PCA e HCA) revelaram a possibilidade de discriminação do molho de pimenta vermelha de acordo com a marca, visto que houve a formação de três grupos distintos.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal da Amazônia (UFRA).

Referências

Association of Official Analytical Chemistry. Official Methods of Analysis of AOAC International, 11 ed. Washington: AOAC, 1992.

BRASIL. Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. São Paulo, V. 2, 2010.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 5º ed., v. 1, 2010.

FERREIRA, M. J.; MAGNO, R. R.; BARBOSA, I. C. C.; SANTOS, F. R. D.; CARVALHO, S. E.; MÜLLER, R. C. S.; SILVA, A. S. Análise físico-químicas de molho de pimenta malagueta com açaí. In: 57º CONGRESSO Brasileiro de Química (CBQ), 2017.

JÚNIOR, M. F. R. V.; SILVA, F. D.; COELHO, N. R. A.; CASTRO, E. M.; O. RIBEIRO, H. K. Q. Avaliação de Parâmetros Físico-Químicos de Molho de Pimenta Artesanal. Goiânia, v. 41, n. 1, p. 116-127, jan./mar. 2014.
LOPES, C. A. et al. Pimenta (Capsicum spp.). Embrapa, 2007. Disponivel em: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pimenta/Pimenta_capsicum_spp/botanica.html. Acesso em: 06 de jun. de 2022.

MAURER, P. F. A. et al. Produtos, composição centesimal e nutricional da pimenta Capsicum spp. 2021.

PEREIRA A. B. J.; FERREIRA DE M. J. E.; DA COSTA B. I. C.; CARVALHO S. E.; DOS SANTOS S. A. estudo físico-químico de molho de pimenta de cheiro e malagueta com tucupi. In: 57º CONGRESSO Brasileiro de Química (CBQ), 2018.

PINTO, C. M. F.; DE OLIVEIRA, C. L. P.; DONZELES, S. M. L.. Pimenta Capsicum: propriedades químicas, nutricionais, farmacológicas e medicinais e seu potencial para o agronegócio. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável, 2013.

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