Autores
Borges Lima, C.H. (UFPA) ; Sousa Santa Brígida, P. (UFPA) ; de Souza Martins, V.C. (UFPA) ; Souza da Silva, B. (UFPA) ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA) ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA) ; Brito Negrão, C.A. (UFPA) ; de Melo e Silva, T. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
O molho shoyu é usado na gastronomia japonesa
tradicional e consumido em vários
países. Este trabalho estudou 6 propriedades
físico-químicas (pH, condutividade
elétrica (CE), sólidos solúveis totais (SST),
densidade, viscosidade e resíduo
seco (RS)) de molho shoyu, de 3 marcas, e
compará-las e discriminá-las conforme
sua origem através de técnicas multivariadas.
O pH médio foi de 4,21 a 4,76, a CE
média foi de 2,27 a 2,34 mS/cm, o SST teve
médias entre 22,81 e 28,47° Brix, a
densidade média foi de 1,2403 a 1,2868 g/mL, a
viscosidade média ficou entre
32,26 e 36,21 cSt, o RS médio ficou de 19,55 a
26,85 %. Apenas o pH e o SST
tiveram resultados semelhantes a literatura.
As análises multivariadas levou a
criação de 3 grupos distintos. Então os molhos
apresentam formulações diferentes.
Palavras chaves
molhos e temperos; quimiometria; pratos exóticos
Introdução
A cultura japonesa exerce bastante influência
sobre a população brasileira, desde
sua influência na tecnologia, até a influência
na gastronomia. Um exemplo disso é
o consumo do molho shoyu, sendo este tão
conhecido e utilizado na culinária de
todo o país, desde os restaurantes com
temática japonesa, até as cozinhas das
famílias brasileiras. O molho shoyu é
tradicionalmente utilizado na gastronomia
japonesa, sendo bastante consumido, mas é
também consumido em outras culturas
orientais. Shoyu significa molho de soja,
sendo este, o ingrediente principal
deste molho. Estudos alegam que esse molho
estimula a secreção do suco gástrico,
possui atividades hipotensivas,
antimicrobianas e anticarcinogênicas (KATAOKA,
2005). Apesar de haver na literatura diversos
estudos sobre os benefícios de tal
molho, poucos estudaram suas propriedades
físico-químicas. Em função disso, o
presente trabalho buscou verificar e comparar
os parâmetros físico-químicos do
molho shoyu (pH, condutividade elétrica (CE),
sólidos solúveis totais (SST),
densidade, viscosidade e resíduo seco (RS)),
provenientes de três fábricas
diferentes, comercializados nos grandes
supermercados da região metropolitana de
Belém do Pará, a fim de contribuir para o
controle de qualidade do produto, além
de aplicar duas técnicas estatísticas
multivariadas (análise de componentes
principais, ACP, e análise hierárquica de
agrupamentos, AHA) para promover ou não
a discriminação das amostras de acordo com sua
origem (fábrica produtora).
Material e métodos
Quinze amostras de molho shoyu foram
compradas, em março de 2022, em
supermercados de Belém, sendo 5 de cada uma
das 3 marcas aqui denominadas de S, A
e T. Tais amostras foram levadas para o
Laboratório de Física Aplicada à Farmácia
(LAFFA), da faculdade de farmácia da UFPA,
onde foram executadas as análises de:
pH, usando um pHmetro (PHTEK) calibrado com
solução tampão pH 4 e 7; CE feita com
o uso de um condutivímetro portátil
(INSTRUTHERM, CD 880) calibrado com solução
padrão de 146,9 μS/cm; SST determinados em
refratômetro portátil (INSTRUTHERM,
ART 90) com escala de 0 a 65º Brix, e seus
resultados corrigidos para 20° C
(AOAC, 1992); viscosidade, determinada pela
cronometragem do tempo de escoamento
do molho pelo orifício de um viscosímetro do
tipo copo Ford 3, com o tempo (s)
convertido para viscosidade com o emprego de
equação fornecida pelo fabricante do
aparelho; e RS executado pesando as amostras e
depois as colocando na estufa por
24 h para eliminar os compostos voláteis, em
seguida pesadas novamente
para obter o resultado (FARMACOPEIA
BRASILEIRA, 2010). As determinações foram
executadas em triplicata e seus resultados
foram tabulados e tratados via Excel
2010, e expressos em termos de média e desvio-
padrão. Aos dados foram aplicadas
ANOVA seguida de teste Tukey para avaliar a
diferença entre marcas de cada
variável, além de duas técnicas multivariadas,
ACP e AHA, conduzidas com dados
padronizados, distâncias euclidianas e
ligações simples, para avaliar a
discriminação das amostras de acordo com suas
origens.
Resultado e discussão
Os resultados estão expostos na Tabela 1. O pH médio das amostras S, A e T foram
respectivamente 4,58, 4,21 e 4,76, tais resultados são semelhantes aos
encontrados por Da Silva et al. (2021), que encontrou um pH médio de 4,54. Tais
valores de pH indicam que o molho shoyu, se não armazenado de forma correta,
pode
se deteriorar de forma facilitada (DA SILVA et al., 2021). A CE média das
amostras S, A e T foram, respectivamente 2,74, 2,27 e 2,38 mS/cm, se mostrando
bem abaixo do encontrado por Ferreira et al. (2017), que, ao trabalhar com molho
de pimenta, obteve 6,42 mS/cm. Isso indica que o shoyu tem menos partículas
dissolvidas que molho de pimenta. Para o SST, as médias de cada amostra foram de
28,47° Brix (amostra S), 25,75° Brix (amostra A) e 22,81° Brix (amostra T),
dentre os resultados, apenas a amostra S se aproximou do resultado obtido por Da
Silva et al. (2021), que obteve 29° Brix para o mesmo objeto de estudo. As
médias
para RS foram de 26,85 % (amostras S), 22,89 % (amostras A) e 19,55 % (amostras
T), valores inferiores aos obtidos por Silva et al. (2017), que encontrou o
valor
de 27,53 %. Não foram encontrados dados na literatura sobre os parâmetros
viscosidade e densidade para esse produto. A viscosidade obtida indica ser esse
molho pouco viscoso, logo de fácil escoamento. A partir dos resultados da
análise
multivariada (Figura 1) se percebe que foi possível discriminar as amostras de
acordo com a fabrica produtora, pois no gráfico das componentes principais se
formaram 3 grupos bem distintos de amostras e no dendrograma as amostras S
apresentaram total falta de similaridade com as demais e entre as amostras A e T
houve apenas 36,74 % de similaridade.
Acima gráfico dos dois primeiros componentes principais obtido via técnica de ACP e abaixo dendrograma obtido via técnica de AHA.
Letras iguais sobre as médias indicam não haver diferença significativa entre as médias com 95 % de significância, conforme ANOVA e teste de Tukey.
Conclusões
São escassos trabalhos existentes na literatura sobre caracterização físico-
química de shoyu, sendo assim, os resultados encontrados contribuem para o
preenchimento desta lacuna. Todavia, os resultados de pH e SST são concordantes
com valores já existentes. As análises multivariadas empregadas foram eficaz para
discriminação das amostras de acordo com sua marca, o que indica que podem ser
usadas para a identificação de procedência de amostras e que as formulações de
tal produto não são idênticas.
Agradecimentos
A Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia
(UFRA).
Referências
Association of Official Analytical Chemistry. Official Methods of Analysis of AOAC International, 11 ed. Washington: AOAC, 1992.
BRASIL. Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. São Paulo, V. 2, 2010.
DA SILVA, C. N. P.; TAVARES, A. L.; MARTINS, M. M.; RAMOS, R. S.; CARVALHO, V. M. T. Caracterização físico-química e microbiológica de molho de tucupi preto e molho shoyu. Microbiologia: clínica, ambiental e alimentos. Atenas editora. p.388–416. Ponta Grossa, 2021. Disponível em: <https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/48383> Acesso em: 24 de mar de 2021.
FARMACOPÉIA BRASILEIRA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 5º ed., v. 1, 2010.
FERREIRA, M. J.; MAGNO, R. R.; BARBOSA, I. C. C.; SANTOS, F. R. D.; CARVALHO, S. E.; MÜLLER, R. C. S.; SILVA, A. S. Análise físico-químicas de molho de pimenta malagueta com açaí. In: 57º CONGRESSO Brasileiro de Química (CBQ),
2017.
KATAOKA, S. Efeitos funcionais do molho de soja fermentado estilo japonês (shoyu) e seus componentes. Revista de biociência e bioengenharia, v. 100, n.3, pág.227-234, 2005.