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60º COngresso Brasileiro de Química

Comparação do perfil cromatográfico de duas variedades de Hibiscus sabdariffa L. obtidos por CLAE-DAD


ÁREA

Química de Produtos Naturais

Autores

Marques Mandaji, C. (UFPA) ; Bispo Pinheiro Camara, M. (UFMA) ; Rodrigues do Nascimento, J. (UNESP) ; Márcia Becker, M. (SEED-RR) ; Mathaus Ramos Pestana, Y. (IFMA) ; Quintino da Rocha, C. (UFMA)

RESUMO

Estudos com o extrato das folhas de Hibiscus sabdariffa L. são escassos embora sejam relatadas propriedades bioativas como atividade antioxidante e antitumoral para essa parte da planta. Portanto, este estudo comparou os perfis cromatográficos dos extratos das folhas de duas variedades de H. sabdariffa L. conhecidas como vinagreiras verde e branca obtidos por CLAE- DAD. Os resultados mostraram que o perfil cromatográfico do extrato da folha da vinagreira branca apresentou um pico a mais, 4’, que a vinagreira verde. Os principais componentes reportados em extratos de folha de H. sabdariffa são ácidos fenólicos e flavonoides que podem corresponder aos picos observados nesse trabalho, contudo, estudos identificação são necessários para confirmar as substâncias referentes aos picos observados.

Palavras Chaves

Vinagreira verde; Vinagreira branca; Extrato das folhas

Introdução

A cromatografia foi aplicada pela primeira vez em 1903 por M. Tswett na separação de pigmentos de plantas (HARRIS, 2010). Desde então, diferentes métodos cromatográficos foram desenvolvidos tais como a cromatografia de troca iônica, a cromatografia de exclusão molecular, a cromatografia a gás (CG) e a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) (HARRIS, 2010). Os métodos cromatográficos vêm se destacando entre os métodos modernos de análise pois eles são capazes de efetuar separações, identificações e quantificações de espécies químicas com facilidade (HARRIS, 2012, COLLINS; BRAGA; BONATO 2006). A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) vem sendo bastante utilizada para analisar os constituinte de diferentes espécies vegetais (AHMED et al., 2021, BEER; PREEZ; JOUBERT, 2021, WU et al., 2020). A CLAE é capaz de proporcionar separações muito eficientes pois usa pressões elevadas para forçar a passagem do solvente através de colunas fechadas que contêm partículas muito finas (HARRIS, 2010). A literatura apresenta muitos estudos desenvolvidos com a espécie Hibiscus sabdariffa L em que seus constituintes foram avaliados por meio de CLAE como os estudos desenvolvidos por Ifie et al., (2018), Pimentel-Moral et al., (2018) e Fernández-Arroyo et al., (2011). Hibiscus sabdariffa L. é um arbusto de erva anual amplamente cultivado em países tropicais e subtropicais (WANG et al., 2014). Os cálices dessa espécie são comumente usados como bebidas e remédios populares, contudo, em algumas regiões como alguns países do continente africano as folhas de Hibiscus sabdariffa L. são geralmente consumidas como vegetais no preparo de sopas e molhos (WANG et al., 2014). No Brasil, as folhas de Hibiscus sabdariffa L são tradicionalmente consumidas no Maranhão onde suas folhas são cozidas com carnes e legumes e entram na formulação de diversos pratos, incluindo o prato típico da culinária maranhense o arroz-de-cuxá (GOMES et al., 2015). Em comparação com o cálice, as folhas de Hibiscus sabdariffa L. são subutilizadas (ZHEN et al., 2016). Entretanto, o extrato da folha dessa espécie possui muitas propriedades bioativas, como antioxidante, antitumoral, atividades antiaterosclerótica e anti-hiperlipidêmica (WANG et al., 2014). Portanto, este estudo objetivou a comparação dos perfis cromatográficos dos extratos das folhas de duas variedades de Hibiscus sabdariffa L., popularmente conhecidas como vinagreira verde e vinagreira branca.

Material e métodos

Para as duas variedades de Hibiscus sabdariffa L., popularmente conhecidas como vinagreira branca e vinagreira verde, foram preparados extratos com suas partes aéreas, caules e folhas, que foram misturados para preparar um único extrato de cada planta objetivando a obtenção de uma maior quantidade de biomassa. As plantas foram secas em estufa a 45 °C por sete dias e, posteriormente, 100 g foram pulverizadas e armazenadas em frasco de vidro âmbar. Após essa etapa, 100 g de cada pó vegetal foram intumescidos numa quantidade fixa de solvente de extração (500 mL: etanol a 70% (v / v)) durante 48 horas (sendo essa etapa realizada três vezes). O solvente foi seco sob pressão reduzida a 40 °C num evaporador rotativo. Os extratos foram transferidos para frascos de vidro e liofilizados. Todas as etapas de preparo dos extratos e posteriores foram realizadas sobre a menor luminosidade possível, com o intuito de preservar os compostos fotossensíveis. Os extratos das duas variedades de Hibiscus sabdariffa L. foram analisados por CLAE-DAD. As amostras foram diluídas para 50 mg.mL-1 em MeOH: H2O (8:2, v/v) (grau CLAE) e filtradas através de um filtro PTFE de 0,22 μm. Alíquotas de 10 μL foram injetadas diretamente no CLAE-DAD com detecção a 254 nm. Foi utilizado um sistema CLAE modelo Shimadzu (Shimadzu Corp., Quioto, Japão), constituído por um módulo de injeção de solvente com uma bomba binária, e detector DAD (SPD-M20A). A coluna utilizada foi uma Luna 5 μm C18 100 °A (150 mm x 4,6 mm). Os solventes de eluição utilizados foram A (ácido fórmico a 0,01% em água) e B (ácido fórmico a 0,01% em metanol). As amostras foram eluídas de acordo com o seguinte gradiente: 5% a 100% de B em 50 min e de 100% a 100% de 50 a 60min. O fluxo foi de 1 mL.min-1 à temperatura ambiente. Os dados foram recolhidos e processados utilizando o software LC Solution (Shimadzu).

Resultado e discussão

O perfil cromatográfico do extrato da vinagreira verde exibiu 5 picos com tempos os retenção (TR) de 3 min para o pico 1, 8.5 min para o pico 2, 13 min para o pico 3, 22 min para o pico 4 e 24 min para o pico 5. Quanto a vinagreira branca, essa apresentou 6 picos com os tempos de retenção de 3.1 min para o pico 1’, 8.1 min para o pico 2’, 13.5 min para o pico 3’, 15 min para o pico 4’, 23 min para o pico 5’ e 25 min para o pico 6’. Os cromatogramas das vinagreiras verde e branca são mostrados nas Figuras 1 e 2, respectivamente. Quando analisamos os TR’s dos picos cromatográficos dos dois extratos observamos que os compostos correspondentes a esses picos mostram características de média a alta polaridade. Outro ponto importante a ser destacado é que os picos 1 e 1’; 2 e 2’; 3 e 3’; 4 e 5’; e 5 e 6’ apresentaram TR’s muito próximos, isso pode indicar que esses picos se tratam das mesmas substancias contudo estudos de identificação devem ser realizados para confirmar a semelhança entre os perfis químicos dessas duas variedades de Hibiscus sabdariffa L.. Além disso, a partir das respostas em mAU (área de pico) observa-se que as intensidades dos picos da vinagreira branca foram maiores do que aqueles observados para a vinagreira verde o que mostra diferenças quantitativas entre os compostos presentes nesses extratos. A literatura mostra que os principais componentes identificados em extratos de folha de Hibiscus sabdariffa incluem diferentes ácidos fenólicos e flavonoides. Em trabalho desenvolvido por Chen et al., (2013), os compostos fenólicos das folhas de Hibiscus sabdariffa foram extraídos com metanol e analisados por CLAE usando uma coluna de fase reversa e um detector DAD ajustado para 240 e 345 nm. Os autores identificaram catequina, (-) - galato de epicatequina, ácido elágico, ácido ferúlico e quercetina. Em estudo mais recente, Lin et al., (2021) obtiveram um extrato aquoso de folhas de Hibiscus sabdariffa e analisaram por CLAE usando uma coluna de fase reversa e um detector DAD ajustado para 285 e 345 nm e os compostos identificados foram catequina e ácido elágico. Com base nessas informações, esses compostos podem corresponder a alguns dos picos observados nos cromatogramas gerados para as vinagreiras verde e branca.

Figura 1. Cromatograma (254 nm) do extrato de vinagreira verde



Figura 2. Cromatograma (254 nm) do extrato de vinagreira branca



Conclusões

O perfil cromatográfico dos extrato das folhas de vinagreira verde e vinagreira branca apresentaram 5 e 6 picos cromatográficos, respectivamente. Analisando os tempos de retenção desses picos observa-se que muitos deles apresentaram TR’s muito próximos que pode indicar uma semelhança entre os perfis químicos dessas duas variedades de Hibiscus sabdariffa L.. A literatura mostra que os principais componentes identificados em extratos de folha de Hibiscus sabdariffa incluem diferentes ácidos fenólicos e flavonoides como catequina, ácido elágico, ácido ferúlico e quercetina e esses compostos podem corresponder a alguns dos picos observados nos cromatogramas gerados para as vinagreiras verde e branca. Estudos de identificação serão realizados para confirmar as substâncias referentes aos picos observados e para confirmar se existe uma semelhança química entre as duas variedades de Hibiscus sabdariffa estudadas.

Agradecimentos

À Universidade Federal do Maranhão (UFMA), grupo de pesquisa Laboratório de Química de Produtos Naturais-LPQN e o PROCAD-AM (CQR, Proc.: 88887.472618/2019-00).

Referências

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