Análise Experimental do Óleo de Buriti Coletado do Município de Benevides-PA
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ÁREA
Química de Produtos Naturais
Autores
Martins, R.B.P. (UFPA) ; Moreira, W.R.D. (UFPA) ; Araújo, A.C.S. (UFPA) ; Alves, C.N. (UFPA)
RESUMO
Sendo de grande interesse científico, o óleo de buriti é o foco deste trabalho, cujo objetivo é otimizar o processo de extração por prensa mecânica deste óleo, bem como aplicar análises experimentais acerca da qualidade do produto obtido, com foco na determinação do rendimento, massa específica, índices de acidez e peróxido, pH e carotenoides totais. Para isso, utilizou-se metodologias para óleos vegetais descritas na literatura e equipamentos como espectrômetro de ultravioleta visível. Obteve-se um rendimento de 3,7%, massa específica de 0,911g/mL, acidez de 2,6mgKOH/g, índice de peróxido de 5,9mEg/Kg, pH de 3,8 e carotenoides totais de 464,3ppm. Os resultados comprovam a qualidade do óleo de buriti obtido por prensa mecânica e contribui com estudos voltados a esse produto.
Palavras Chaves
Buriti; Extração de óleo; Análise físico-química
Introdução
O fruto de buriti provém do buritizeiro, palmeira característica dos biomas amazônico e cerrado. É bastante conhecido ser rico em óleo, principalmente em sua polpa e sua casca. (Sampaio, Carazza). No que se trata de extração mecânica, ainda é bastante divergente o rendimento da extração do óleo de buriti, com alguns autores relatando rendimento entre 3% e 10% para extração mecânica. (Fujita). Há a influência da secagem, em associação com o aumento da superfície de contato por trituração da matéria-prima, no aumento do rendimento do processo. (Vilhena). A composição do óleo, rica em proteínas, carotenoides e tocoferóis, confere ao óleo propriedades como atividade antioxidante, alto teor de ácidos graxos insaturados, ação anticancerígenas e capacidade de absorção de raios ultravioleta. (Sampaio, Carazza). A espectroscopia de ultravioleta é muito utilizada no estudos destes compostos do óleo de buriti, destacando-se a presença de carotenoides e ácidos graxos insaturados. (Silva). Também é importante verificar a qualidade do óleo, com análises experimentais como o índice de acidez, que verifica o grau de decomposição dos glicerídeos, gerando rancidez indesejável ao produto. Outro índice importante é o de peróxido, que são formados quando radicais livre entram em contato com oxigênio molecular, induzindo a formação de hidroperóxido e mais radicais livres. (IAL). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os valores máximos para óleos prensados a frio e não refinados deve ser 4mg KOH/g para a acidez e 10mEq/Kg para peróxido (Brasil). Neste cenário, o objetivo desse trabalho é contribuir justamente com a otimização do processo de extração por prensa mecânica deste óleo, bem como aplicar as análises experimentais para verificar a qualidade do óleo obtido.
Material e métodos
Quanto ao preparo da amostra (figura 1), o buriti foi coletado no município de Benevides, no Pará, sendo encaminhado para o Laboratório de Planejamento e Desenvolvimento de Fármacos, onde foi higienizado em solução de hipoclorito a 4%. Após seleção manual, a polpa e a casca de buriti foram levadas à estufa de secagem por de 72 horas, a 60°C. (Yuyama). Fez-se a trituração e o peneiramento do material seco, sendo levada ao aquecimento de 60°C por 1 hora antes da extração, que se seguiu na prensa mecânica. O óleo extraído foi deixado sob decantação por 24 horas e filtrado à vácuo, sendo armazenado em frasco âmbar. O rendimento foi obtido a partir da razão entre a massa de óleo e massa da polpa. (Oliveira et al.). Do óleo obtido, foi analisado o índice de acidez, a partir da titulação da amostra, solubilizada em solução de tolueno e álcool isopropílico, com solução de hidróxido de sódio (0,1N), com fenolftaleína como indicador. (IAL). Para o índice de peróxido, foi feita a titulação da amostra de óleo com tiossulfato de sódio (0,1N), sendo a amostra solubilizada em solução de ácido acético-clorofórmio, água destilada, ácido clorídrico e iodeto de potássio, além de solução de amido como indicador (LANAGRO). Para a determinação da massa específica utilizou-se o picnômetro, pesando- vazio e, em seguida com o óleo, registrando a massa de óleo contida e dividi-la pelo volume do picnômetro. (IAL). O pH foi medido a partir de um pHmetro (Pereira et al.). Os carotenoides totais foram obtidos a partir de uma solução diluída do óleo, com hexano como solvente analisada no equipamento de espetrômetro de ultravioleta visível, cujo resultado foi calculado a partir da absorbância na faixa de 446nm. (Nokkaew, Rayakorn)
Resultado e discussão
O rendimento foi calculado a partir de 1kg de polpa e casca de buriti, que
resultaram em 37 gramas de óleo, após a filtração a vácuo, um rednimento de
3,7%. Carvalho obteve rendimento de 4% para a extração artesanal. Ambas um
processo mecânico, mas vale ressaltar que a máquina garante um maior controle
do processo. O índice de acidez foi de 2,59 mgKOH/g, obedecendo à ANVISA.
Araújo et al. (2017) obteve 1,5 mgKOH/g de acidez do óleo de buriti, diferença
que pode estar no método de extração e na presença de impurezas. A massa
específica foi de 0,9g/mL para o óleo extraído, sendo próximo ao valor de
Oliveira (2019), de 0,911g/mL. O valor do pH foi de 3,8, igual ao de Souza
(2013). O índice de peróxido foi de 5,92 mEg/Kg, também nos parâmetros da
ANVISA. Moura et.al (2019) encontrou 6,2 mEq/Kg para o mesmo óleo. Com os
valores absorbância lidos pelo equipamento, calculou-se 464,29ppm para os
carotenoides totais do óleo. 1707ppm e 1043ppm são os valores citados por
Silva (2009), ambos acima do valor deste trabalho, que pode ter diminuído na
secagem térmica, pois carotenoides apresentam baixa estabilidade térmica.
Quanto ao espectro (figura 2), destacam-se as absorções entre 400 e 500nm,
demonstrando a presença de carotenoides, como o β-caroteno, as bandas abaixo
de 375 nm, podendo ser alfa-tocoferol, ácido oleico ou trioleína.
Etapas envolvidas no preparo do fruto de buriti para a extração
Rendimento, pH, massa específica, acidez, peróxido, carotenoides totais e espectro de ultravioleta do óleo de buriti
Conclusões
Com os resultados deste trabalho pode-se demonstrar a importância de diversos parâmetros de qualidade e conservação para o óleo de buriti, visando explorar todo o seu potencial, principalmente pela presença de carotenoides, presença esta que foi atestada pelo uso de análises de espectroscopia no ultravioleta. Os resultados do estudo vêm a somar com as metodologias de extração do óleo de buriti por prensa mecânica, já que não decai o rendimento, enquanto oferece maior controle sobre o procedimento e facilita a higienização durante o processo.
Agradecimentos
Ao CNPq pela concessão de bolsa de iniciação científica (processo 154348/2020- 1), ao orientador do projeto Profº Dr. Claudio Nahum e ao Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da UFPA, pelo espaço concedido.
Referências
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