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60º COngresso Brasileiro de Química

Cartas da Tabela Periódica: Um jogo didático elaborado com materiais alternativos para potencializar o ensino de Química


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Gonçalves, M.S.A.A.G. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; Nascimento, D.A.N. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; Leao, M.F.L. (IFMT CAMPUS CONFRESA)

RESUMO

A Química é uma ciência que explica diversos fenômenos, mas muitos estudantes apresentam dificuldades em compreendê-la, resultando em baixo nível de aprendizagem. Diante disso, os professores buscam metodologias de ensino que torne as aulas mais atraentes e dinâmicas. Com o objetivo de potencializar o ensino de Química, facilitando a aprendizagem, foi proposto aos estudantes do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Química do IFMT Campus-Confresa, turma 2017, na disciplina de Instrumentação para o Ensino de Química, a elaboração de um jogo didático. O jogo foi confeccionado com materiais alternativos e teve como base os elementos da tabela periódica. Após a aplicação do jogo em sala, fez-se uma avaliação da aceitabilidade e análise dos resultados.

Palavras Chaves

Ensino de Química; Jogo Didático; Tabela Periódica

Introdução

A Química é uma ciência que estuda a transformação da matéria, as estruturas, a composição e as reações que ocorrem em uma substância. A mesma está presente em várias atividades como por exemplo: na agricultura, na medicina, nas reações do corpo humano e até mesmo em casa. Portanto, é de suma importância compreender a Química. Embora a escola seja um ambiente preparado para apresentar aos estudantes conceitos químicos de forma mais simplificada, facilitando o processo de aprendizagem, muitos estudantes manifestam dificuldades em entender, e principalmente relacionar conteúdos químicos trabalhados em sala de aula com a realidade vivenciada em seu cotidiano, o que consequentemente reflete em seu aprendizado. É frequente observar a indiferença dos estudantes em relação ao ensino de Química, e isso está relacionado ao ensino tradicional, que associado a conteúdos abstratos, tornam as aulas monótonas e desestimulantes, refletindo negativamente em seu aprendizado (OLIVEIRA et al, 2010). Diante disso, cabe ao professor buscar estratégias de ensino que possibilitem uma aula mais atraente, provocando nos alunos o interesse pelo conteúdo abordado em sala, proporcionando um aprendizado mais significativo. Existem muitas metodologias que motivam os estudantes a interagir, participar e desenvolver sua capacidade cognitiva. Dentre esses recursos, pode se mencionar os modelos didáticos, laboratórios virtuais, práticas experimentais, paródias e os jogos didáticos, sendo este último o foco principal desse estudo. Os jogos didáticos estão sendo cada vez mais utilizados para melhorar o ensino de Química, uma vez que, torna a aula mais dinâmica e atrativa, envolve os estudantes, permite a interação e o trabalho em equipe, além de estimular o raciocino e a criatividade. Pode-se dizer que no jogo educacional é considerado a junção de duas funções: primeiro a função lúdica, onde se tem o prazer e a diversão, e segundo a função de educar, com relação a educar o jogador (SOARES, 2004). Portanto, esse recurso, se usado de forma adequada, poder auxiliar na abordagem de conteúdos considerados complexos e trabalhados em sala, sendo de competência do educador promover situações estimuladoras para a promoção da aprendizagem. Cunha (2012), diz que a elaboração de jogo didático mostra uma capacidade de grande relevância na construção do conhecimento no Ensino de Química. Enfatizando que, o jogo didático é uma ferramenta alternativo que vem ganhando espaço na educação, pois dinamiza as aulas, proporciona aos estudantes exercício mental, além de favorecer a fixação dos conteúdos. O autor destaca ainda que, estes instrumentos sempre estiveram em nossas vidas, apresentando-se de diversificadas formas e utilidades, exemplifica os jogos como elemento de diversão, disputa ou forma de educar. No entanto, os jogos didáticos vêm sendo mais utilizados pelos professores que tem total entendimento de que esses métodos têm uma grande importância no processo de ensino-aprendizagem, visto que, tornam as aulas mais atrativas, e desse modo despertam o interesse dos estudantes assim os motivando, obtendo seu lugar como metodologias motivacionais (MESSEDER NETO; MORADILHO, 2015). Tendo em vista a importância do jogo lúdico para o ensino, foi elaborado um jogo de cartas sobre a tabela periódica, para servir como instrumento motivador para auxiliar na aprendizagem de conceitos químicos de conteúdos trabalhados no 1º Ano do Ensino Médio, sobre elementos da tabela periódica. O jogo foi desenvolvido com materiais alternativos e de baixo custo. O presente estudo tem como objetivo descrever o desenvolvimento e avaliação de um jogo didático do tipo cartas dos elementos químicos da tabela periódica, segundo as percepções dos estudantes do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Química do Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia de Mato Grosso - campus Confresa, na disciplina de Instrumentação para o Ensino de Química.

Material e métodos

Durante uma aula da disciplina de Instrumentação para o Ensino de Química, ministrada na turma do curso de Licenciatura em Ciência da Natureza com Habilitação em Química do Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia de Mato Grosso Campus-Confresa, foi proposto para os estudantes o desenvolvimento de uma ferramenta didática para auxiliar no ensino de Química, ficando a critério dos mesmos a escolha de sua ferramenta, podendo ser um modelo didático ou um jogo didático. A princípio, foi delimitado um prazo para a escolha e o desenvolvimento do jogo. É importante destacar que o professor sempre esteve à disposição para instruir na execução dessa atividade e esclarecer eventuais dúvidas. A atividade foi proposta no segundo semestre do ano de 2019. O jogo didático construído foi embasado nos elementos da tabela periódica, por considerar os elementos químicos de suma importância, uma vez que, todas as substâncias existentes têm em sua composição os elementos presentes na tabela periódica. Muitos estudantes do Ensino Médio tem dificuldade de memorizar os nomes e os respectivos símbolos dos elementos químicos da tabela periódica, foi pensando em um método dinâmico e interessante que pudesse ajudá-los a memorizar e associar os símbolos aos nomes dos elementos químicos, que foi confeccionado esse jogo didático, cujo nome é “Cartas dos Elementos Químicos da Tabela Periódica”, os materiais utilizados na construção desse jogo foram: cartolinas de coloração azul e rosa, tesoura, régua, caneta, pincel e uma tabela periódica. Foram confeccionadas duas cartelas, cada uma possuía 18 (dezoito) elementos químicos diferentes, selecionados de forma aleatória da tabela periódica. Em uma tabela colocou-se os símbolos e a massas atômicas dos respectivos elementos escolhidos, recortou-se então, 18 (dezoito) pequenos quadrados contendo o nome desses elementos para serem associados com o símbolo e a massa descrita na cartela. A finalidade do jogo é o preenchimento completo da cartela que contém os símbolos e as massas atômicas com seus respectivos nomes. As regras do jogo foram dadas logo no início: • Divisão em grupos de no máximo 3 (três) pessoas. • Entrega de uma cartela para cada grupo. • Determinar um tempo de no máximo 10 minutos para execução da atividade. • Espalhar sobre a mesa os pequenos cartões com os nomes dos elementos químicos, todos misturados e virados. • O grupo que conseguir completar a cartela primeiro, ou seja, associar o símbolo com o nome é o vencedor. • Ou a equipe que fizer uma maior pontuação é a vencedora, caso nenhum grupo consiga completar no tempo determinado. • Se houver empate, e o grupo não tenham completado a tabela, o critério do desempate, é um acréscimo de 60 segundo para completar a tabela. Seguindo todas as regras e após o término do jogo, aplicou-se um questionário de avaliação do jogo, para verificar o nível de aceitabilidade dos estudantes, dando ênfase em suas potencialidades e limitações.

Resultado e discussão

No primeiro momento foi explicado para os estudantes sobre as regras do jogo, todos ouviram com atenção e demonstraram interesse em desenvolver a proposta. Contudo, durante a aplicação do jogo, ocorreu uma grande interação entre os alunos. A socialização facilitou as discussões e os questionamentos sobre os conceitos químicos envolvidos no jogo. Devido a pequena quantidade de participantes, houve a divisão de apenas 2 grupos, um grupo teve que ficar com dois membros, enquanto outro ficou composto por três jogadores. Os dois grupos formados executaram muito bem a atividade proposta, obedecendo integralmente ás regras. Mas, o grupo composto apenas por dois jogares, por causa da desvantagem de estarem com um jogador a menos em relação ao outro grupo, preocuparam-se mais em cumprir a missão antes do oponente, com isso, desvalorizou o objetivo pedagógico da atividade. Após o término do jogo, foi aplicado o questionário de avaliação sobre o jogo, constituído de três questões, sendo que a primeira possuía 5 (cinco) alternativas, variando de letra (a) até a letra (e), cada uma dessas alternativas tinha atribuição de nota de 1(insatisfatória) a 5 (plenamente satisfatória), ficando a critério dos avaliadores a escolha da nota. Já a segunda questão foi discursiva, na qual os respondentes tinham que descrever os pontos positivos do jogo. E a última questão solicitou a descrição dos pontos negativos. O jogo foi avaliado por 5 (cinco) estudantes. Após todos responderem o questionário, houve o recolhimento do mesmo para realizar a tabulação e análise dos dados, com a finalidade de determinar se o jogo atingiu os objetivos previstos, de acordo com o grau de insatisfação e satisfação do jogo didático segundo a visão dos participantes. Abaixo o gráfico 1, apresenta o quantitativo em relação as atribuições das notas sobre os aspectos avaliados no jogo. Gráfico1: Avaliação do jogo utilizando uma escala de 1(insatisfatório) a 5 (plenamente satisfatório). Através da representação do gráfico, pode-se analisar o nível de aceitabilidade do jogo didático proposto em sala de aula, de acordo com a percepção dos participantes. Quando solicitado para que avaliassem se o jogo possuía regras e objetivos claros, quatro, dos participantes atribuíram nota 5 (plenamente satisfatório), e um, atribui nota 1 (insatisfatório). O mesmo resultado foi obtido para o seguinte aspecto avaliado, se o jogo pode ser considerado uma maneira motivadora de estudar. O terceiro critério avaliado foi, se o jogo é dinâmico e criativo, três participantes atribuíram nota 5 (plenamente satisfatório) e dois deram nota 1(insatisfatório). Quando questionado se apresenta linguagem visual adequada, quatro dos estudantes atribuíram nota 5 (plenamente satisfatório) e um, deu nota 1(insatisfatório). O último aspecto avaliado foi, se o jogo possibilita aprender os conceitos químicos envolvidos, todos os participantes atribuíram nota máxima 5 (plenamente satisfatório). Zanon et al (2008), enfatizam que se o jogo for desde o início planejado com o intuito de alcançar um determinado conhecimento referente a um conteúdo específico, tendo sua utilização voltada para o ambiente escolar, denomina-se como jogo didático, mas se o jogo não tiver fins pedagógicos específicos, este, possui apenas características de entretenimento. A tabela abaixo apresenta as respostas descritas por participantes a respeito das potencialidades e limitações do jogo didático aplicado em sala. Tabela 1: Respostas dos estudantes. 2) Descreva as potencialidades ( pontos positivos) deste jogo didático: R= "Jogo dinâmico, participação de todos estudantes". R= "Ajuda ao aluno a melhor entender os elementos da tabela e a similar os elementos". R= "Esse jogo é envolvente e bastante competitivo. O que certamente será bem aceito pelos estudantes". R= "Ajuda a compreender os produtos químicos". R= "Bem dinâmico, competitivo, faz os alunos buscar os conhecimentos prévios". 3) Descreva as limitações ( pontos negativos) deste jogo didático R= "Pode explorar mais dos elementos massa, elétrons e prótons". R= "Faltou informação para que o jogo fosse melhor". R= "Poderia explorar mais informações como números atômicos, grupo, período, e principalmente aplicações no cotidiano". R= "Pelo fato de precisar colar as partes encontradas, perde muito tempo" R= "Algumas dicas para facilitar o jogo". Fonte: dados obtidos através das respostas dos estudantes. Os participantes destacaram os pontos positivos do jogo como sendo a dinamização da aula, a promoção da interação, participação e competitividade dos envolvidos, o auxílio na compreensão sobre os elementos da tabela periódica e a sua assimilação. Destacou-se também, como positividade do jogo, o estímulo para a utlização dos conhecimentos prévios dos estudantes. Segundo Zanon et al (p.78, 2008), “a identificação dos conhecimentos prévios dos alunos é de extrema importância, pois facilita a explicação das regras do jogo bem como o quadro teórico sobre nomencla-tura elaborado para consulta”. Sobre as limitações do jogo, os participantes apontaram principalmente a ausência de informações sobre os elementos químicos, sugerindo uma maior exploração das propriedades de cada elemento, como por exemplo: grupo e período pertencente, números atômicos e suas aplicações no cotidiano. Outro aspecto relatado como ponto negativo foi a perca de tempo, devido a necessidade de colar os elementos químicos em uma tabela. As respostas e considerações feitas pelos estudantes foram pertinentes, pois possibilitou uma visão crítica a respeito do jogo. As contribuições obtidas através das percepções dos participantes podem ser utilizadas para melhorar a didática, deixando-a mais completa, contemplando outros aspectos, explorando melhor os conceitos químicos envolvidos. Portanto, os dados revelam exatamente o que os autores destacam sobre a utilização dos jogos didáticos em sala de aula, segundo Souza e Silva (2012), as principais vantagens dessas ferramentas, envolve a motivação provocada pelo desafio, o que proporciona o desenvolvimento de estratégias de resolução de situação-problema, pensamento crítico e familiarização dos conceitos trabalhados. Os autores evidenciam também que, os jogos pedagógicos, fazem o alinhamento do aprendizado de um dado conteúdo à atividade lúdica, abrindo espaço para o interesse dos educandos sobre o assunto trabalhado, tornando a aprendizagem mais eficaz, atrativa e empolgante. Desse modo, os jogos didáticos se tornam importantes aliados para potencializar o ensino de conteúdos em que os estudantes não possuem afinidade.

Gráfico1: Avaliação do jogo utilizando uma escala de 1(insatisfatório)



Tabelas completas pelos estudantes

A imagem apresenta duas tabelas preenchidas pelos estudantes durante a participação no jogo "Cartas da Tabela Periódica"

Conclusões

Diante da análise dos resultados obtidos, conclui-se que a utilização de jogos didáticos no ensino de Química são recursos de grande importância para a promoção de um aprendizado mais efetivo, pois dinamiza as aulas e desperta o interesse dos estudantes pelo conteúdo abordado. O jogo "Cartas dos Elementos Químicos da Tabela Periódica, apresentado para os estudantes da turma de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Química do IFMT Campus Confresa, foi bem aceito pelos estudantes, tornando uma ferramenta útil para contribuir nas aulas de Química, auxiliando na memorização dos nomes e dos símbolos dos elementos químicos da tabela periódica.

Agradecimentos

Referências

CUNHA, M. C. Jogos no ensino de Química: Considerações teóricas para sua utilização em sala de aula. Química Nova na Escola, v. 34, n. 2, p. 92- 98, 2012. Disponível em: < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_2/07-PE-53-11.pdf>. Acesso em: 22 set 2021.
MESSEDER NETO, H. S.; MORADILLO, E. F. O Lúdico no Ensino de Química: Considerações a partir da Psicologia Histórico-Cultural. Química Nova na escola, v.38, n.4, p.360-368, 2016. Disponível em < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc38_4/11-EQF-33- 15.pdf>. Acesso em: 22 set 2021.
OLIVEIRA, Lívia Micaelia Soares et al. Desenvolvendo jogos didáticos para o ensino de química. Holos, Rio Grande do Norte, Natal, v. 5, n. 26, p. 166-175, dez. 2010 (https://www.redalyc.org/pdf/4815/481549223019.pdf. Acesso em 21 de set 2021
SOARES, Márlon Herbert Flora Barbosa. O Lúdico em Química: Jogo e Atividades Aplicados ao Ensino de Química. 2004. 2019f. Tese (Doutorado em Ciências) –Programa de Pós-Graduação em Química, Universidades Federal de São Carlos, São Carlos, 2004. Disponível em: < https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/6215/4088.pdf?sequence=1&isAllowed=y >. Acesso em: 22 set 2021.