O uso do tema gerador “lixo eletrônico” no ensino de eletroquímica
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ÁREA
Ensino de Química
Autores
Junior, A.C.A. (IFMT) ; Silva, D.R. (IFMT) ; Campos, R.S.A. (IFMT) ; Silva, S.A. (IFMT) ; Montanucci, R. (IFMT)
RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de fazer um levantamento sobre o lixo eletrônico como tema gerador nas aulas de Química e, especificamente, no ensino de eletroquímica trabalhado em sala de aula. Utilizou-se a metodologia de pesquisa de natureza qualitativa do tipo pesquisa bibliográfica e fundamentada na categorização de análise de conteúdo de Bardin com três locais selecionados: Revista Química Nova na Escola (QNEsc), anais da divisão de ensino de Química do Congresso Brasileiro de Química (CBQ) e os anais do Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ). Verificam-se publicações com a utilização desse tema no ensino de eletroquímica, apontado muitas vezes como um dos assuntos mais difíceis, evidenciando o tipo de poluição causado por esse determinado material além da destinação adequada.
Palavras Chaves
Ensino de Química; Lixo eletrônico; Eletroquímica
Introdução
No atual cenário não se pode esconder como a humanidade está dependente dos aparelhos eletrônicos, agravada pela pandemia da COVID-19 que transformou, abruptamente, a vida e o trabalho de inúmeras pessoas. Debates devem ser levantados nas escolas sobre a constituição desse tipo de material somados com a teoria da obsolescência programada, consumismo exagerado, descarte incorreto e políticas públicas de gerenciamento de resíduos para formar cidadãos críticos e atuantes. O aumento da população acarretou o aumento no consumo de novas tecnologias. A produção em grande escala acarreta abundância de resíduos sólidos cuja disposições inadequadas podem gerar impactos ambientais como: a degradação do solo, a contaminação dos mananciais d’água e a poluição do ar (MACEDO, 2009). Para Chassot (2014), o currículo deve estar voltado para a vida política, questionadora de uma ética de responsabilidade e uma educação de dimensões ecológicas. O lixo eletrônico possui componentes tóxicos e desencadeiam problemas ambientais, pois o descarte geralmente não é realizado de forma adequada (LAVEZ; SOUZA; LEITE, 2011). Dessa forma este trabalho tem o objetivo de analisar publicações de periódicos e anais de eventos nacionais na área de ensino de Química que exploram o lixo eletrônico na educação básica. Foram diagnosticados, investigados e discutidos trabalhos evidenciando-o como tema gerador na sala de aula.
Material e métodos
Este trabalho é um recorte de uma pesquisa que buscou avaliar e analisar como o lixo eletrônico é abordado nas aulas de Química. Utilizou-se a metodologia de pesquisa de natureza qualitativa fundamentada em Bardin na categorização de análise de conteúdo. A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos (BARDIN, 2016). A primeira fase de organização consistiu na escolha dos bancos de conteúdos que contemplasse o objetivo proposto pelo trabalho, assim o material previamente elaborado, compreendeu artigos científicos e periódicos da revista Química Nova na Escola (QNEsc), anais da divisão de ensino de Química do Congresso Brasileiro de Química (CBQ) e anais do Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ). Limitou-se ao período de 10 anos (2011 a 2020). O ano de 2011 foi o ponto de partida pelo fato da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) anunciar como o Ano Internacional da Química (BOLZANI, 2011). Na terceira fase, a categorização, foi realizada a leitura aprofundada em busca das unidades de análise, surge assim, as categorias da análise em uma abordagem subjetiva. Agrupou-se em categorias conforme os tipos de contextos identificados segundo a pertinência e objetividade. De acordo com Bardin (2016), as categorias são construídas ao longo do processo da análise e será apresentada apenas uma que corresponde a eletroquímica, pilhas e baterias. Na última fase realizou-se a interpretação e inferência das informações coletadas de forma crítica e reflexiva, destacando as informações para obtenção dos resultados finais. Objetivou-se a compreensão da unidade de contexto dos fenômenos investigados por meio da abordagem indutiva, gerativa, construtiva e subjetiva (MORAES, 1999).
Resultado e discussão
A tabela abaixo relaciona os locais pesquisados com a quantidade de publicações
e seus respectivos os anos com o tema lixo eletrônico.
Seis trabalhos evidenciaram a utilização do assunto como tema gerador no ensino
de Química para abordar conceitos de eletroquímica, pilhas e baterias sendo que
a maioria com o recurso da experimentação. Onze trabalhos evidenciam na
abordagem de pilhas e baterias, às vezes dando destaque a um ou outro, retratado
em sala de aula por discentes de Química que observaram a pouca enfatização em
relação ao assunto. Visto que tal problematização além de sensibilizar os alunos
facilita o entendimento do conteúdo em pauta.
Segundo Chassot (2001), o ensino de química deve ser trabalhado de forma
dinâmica e contextualizada, sendo de vital importância para a motivação e
compreensão de tópicos que exigem uma maior concentração por parte dos alunos.
Maldaner (2000) relata que o ensino que faz parte do dia-a-dia do aluno, precisa
ser abordado de forma contextualizada, permitindo ao estudante desenvolver
capacidades como, interpretar e analisar dados, argumentar, tirar conclusões,
avaliar e tomar decisões.
Um dos trabalhos relatou que a eletroquímica é o conteúdo que mais apresenta
dificuldades durante o ensino médio tanto para alunos quanto para professores. A
repulsão apresentada se dá pela falha no entendimento dos conceitos e definições
nos processos das reações de oxirredução (também chamadas de reações redox)
causando objeções nas práticas pedagógicas dos docentes (NOGUEIRA; GOES;
FERNANDEZ, 2017).
Na tabela consta a quatidade de publicações encontradas sobre lixo eletrônico e o gráfico representa as específicas sobre eletroquímica.
Conclusões
O tema é abordado para facilitar o entendimento trazendo a experimentação como um recurso metodológico, assim, proporcionam embasamento para outros professores aplicarem em suas aulas distanciando-se da metodologia tradicional e educação bancária difundidas durante décadas no ensino. Constatou-se pouca existência de materiais nos locais de pesquisa e ressalta que em alguns anos não foram encontrados trabalhos que tratam desse assunto. Assim, observa-se a importância de mais pesquisas, intervenções pedagógicas e publicações em três grandes acervos nacionais na área de ensino de Química.
Agradecimentos
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo ed 70, 2016.
BOLZANI, Vanderlan. Ano Internacional da Química. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=L4yYnvqPxpg. Acesso em 08 de maio de 2021.
CHASSOT, A. Alfabetização Cientifica: questões e desafios para a educação. 2ª Edição. Ijuí: Editora Unijuí, 2001
CHASSOT, A. Para Que(m) é Útil o Ensino? Ijuí: Editora Unijuí. 3ª Ed., 2014.
LAVEZ, Natalie; SOUZA, Vivian; LEITE, Paulo. O papel da logistica reversa no reaproveitamento do “lixo eletronico” – um estudo no setor de computadores. Revista de Gestão Social e Ambiental. 2011.
MACÊDO, J. C. Lixo tecnológico, contexto e soluções. Universidade Federal da Bahia (UFBA), Instituto de Matemática, Departamento de Ciência da Computação. Monografia. Salvador, 2009.
MALDANER, O.A. A formação inicial e continuada de professores de Química: professor/pesquisador. Ijuí: Editora Unijuí, 2000.
MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999.
NOGUEIRA, K. S. C; GOES, L. F. D; FERNANDEZ, C. O estado da arte sobre o ensino de reações redox nos principais eventos na área de educação no Brasil. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 16, n. 3, p. 410 - 434, 2017. Disponível em: http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen16/REEC_16_3_1_ex1106.pdf. Acesso em: 22 jul. 2021.