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60º COngresso Brasileiro de Química

O desenvolvimento de um projeto para a I Olimpíada de Ciência & Arte como possibilidade para formação integral do educando


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Ramos, R.O.S. (INSTITUTO OSWALDO CRUZ) ; Chacon, E.P. (PPECN-UFF)

RESUMO

O trabalho relata a participação na I Olimpíada de Ciência & Arte de estudantes do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II de uma escola particular em Niterói no Rio de Janeiro. O projeto elaborado articula o tema: “Célula, alimentação, DNA e artes”, desenvolvendo uma escultura de uma ginasta entrelaçada a uma fita de DNA, mostrando a relação do esporte com a saúde; a montagem de uma pirâmide alimentar com alimentos reais e a criação de um documento sobre nutrição, que permite o acesso aos visitantes através de um QR code. Além disso, são propostos dois experimentos que mostram a importância da Química na investigação de alimentos. Os resultados foram organizados em um diário de bordo e divulgados através de um vídeo para banca de avaliação e para a comunidade escolar.

Palavras Chaves

Olimpíada; Ciências; Arte

Introdução

A I Olimpíada de Ciência & Arte foi promovida pela Fundação CECIERJ, buscando incentivar a competição colaborativa, a contextualização do conhecimento e a inter-relação de diferentes saberes, relacionando Ciências e Artes (CECIERJ, 2021). Neste sentido, a Base Nacional Comum Curricular propõe “utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo” (BRASIL, 2017, p.9). Dessa maneira, entende-se que a iniciativa busca a promoção de uma aprendizagem significativa com foco em práticas pedagógicas emancipadoras e atraentes. A integração de diferentes áreas do conhecimento, como Biologia, Química e Artes, busca tornar o ensino menos fragmentado e favorecer a integração de conteúdos, tornando-o mais interessante ao aluno (CORREIA et al., 2004). Neste sentido, ao se utilizar uma vertente envolvendo “Saúde e Bem-estar” pode-se abranger o tema da Olimpíada que é “Célula, alimentação, DNA e artes”, explicitando a relação entre alimentação balanceada e um corpo saudável. A elaboração de projetos para o Ensino de Ciências que abrangem diferentes áreas do saber proporciona uma aprendizagem com significados, envolvendo os estudantes em ações que promovem a autonomia, o aumento da criatividade e o interesse científico. Deste modo, este trabalho visa apresentar um projeto desenvolvido com alunas do Ensino Fundamental II para participar da I Olimpíada de Ciência & Arte, que procurou articular os conteúdos propostos e construir conceitos e habilidades através da criação de uma exposição.

Material e métodos

A metodologia deste trabalho envolveu as seguintes etapas: (a) Escolha de uma vertente, neste caso, "Saúde e Bem-estar"; (b) Montagem da equipe para participação da I Olimpíada de Ciência & Arte; (c) Realização da prova múltipla escolha em equipe em ambiente virtual em data informada pela comissão; (d) Idealização, pesquisa e elaboração dos produtos artísticos que seriam produzidos para trabalhar o tema com materiais recicláveis e de baixo custo; (e) Pesquisa e escolha de experimentos consagrados na literatura com materiais de fácil acesso; (f) Construção e documentação de todo o projeto no Diário de Bordo e gravação do vídeo de divulgação do projeto; (g) Socialização dos resultados com a comunidade escolar e com a banca idealizadora do evento. O projeto foi estruturado com o objetivo de permitir as estudantes momentos de aprendizagem e de valores da Educação previstos pela UNESCO como aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser (BRAGA et al., 2021). A participação na Olimpíada visou ir além da aprendizagem de conteúdos científicos, desenvolvendo valores e habilidades como o trabalho em equipe, respeito mútuo e capacidade de resolução de problemas frente as dificuldades. O projeto foi desenvolvido em uma escola montessoriana localizada em Niterói, Rio de Janeiro, sob a orientação de uma das autoras e por 4 alunas, sendo uma do 8º ano e três do 9º ano do Ensino Fundamental II, que se voluntariam para participar. Foram realizados 10 encontros de 4 horas/cada, sendo um total de 40 horas presenciais no contraturno escolar e além de algumas discussões realizadas virtualmente através de um grupo criado no WhatsApp.

Resultado e discussão

A participação na I Olimpíada de Ciência & Arte promovida pela CECIERJ consta de três etapas: (1) uma prova de múltipla escolha realizada online com perguntas interdisciplinares sobre os conteúdos. Após sua realização, houve a discussão em equipe, procurando o melhor entendimento acerca das relações entre os conteúdos científicos e as artes; (2) a equipe dispôs de 10 encontros para construir um projeto que trabalhasse o tema de maneira criativa e colaborativa para mostrar a relação entre os conteúdos com a arte. As alunas escolheram construir uma escultura de uma ginasta feita de MDF envolvida por uma fita, a qual na realidade se tratava de uma estrutura do DNA, composta por arame, palitos e jujubas, representando a relação entre esportes e uma vida saudável, fazendo uma referência às Olimpíadas de Tokyo 2020 (Figura 1). Em seguida, com a ajuda de um marceneiro voluntário e recursos da escola foi montada uma pirâmide alimentar de madeira com diversos alimentos reais, para que toda escola pudesse aprender um pouco mais sobre o assunto (Figuras 1). Foi criado um documento, com algumas informações científicas acerca dos alimentos, cujo acesso aos visitantes da exposição é feito por meio de um QR code. Foram realizados dois experimentos: solubilidade das vitaminas C e D em água e em óleo e presença de Vitamina C em sucos e o processo foi documentado em um Diário de Bordo e em um vídeo construído pela equipe enviados para a comissão julgadora da Olimpíada, sendo avaliado e aprovado para a etapa (3) no mês de outubro. Todo o material será disponível para a comunidade no canal do YouTube e no site do evento. A participação na olimpíada possibilitou a construção de um conhecimento com significado, aumentando o interesse e a disposição para aprender.

Figura 1

Gravação do vídeo; pirâmide alimentar com alimentos reais; QR code; Escultura da Ginasta e socialização com a comunidade escolar.

Conclusões

A participação na I Olimpíada de Ciência & Arte colaborou na formação integral das alunas, possibilitando trabalhar o conhecimento científico atrelado a habilidade artística. A experimentação e o diário de bordo mostraram-se ferramentas poderosas que contribuíram para a construção de um conhecimento significativo. O projeto permitiu a socialização, o aumento da criatividade e da autonomia da equipe, além disso, a exibição dos produtos obtidos possibilitará o compartilhamento da experiência vivida, concomitantemente a divulgação e a popularização da Ciência e sua relação com a Arte.

Agradecimentos

As alunas Ana Clara Novarino, Ana Luiza Fontana, Caterina Marinho e Rhyana Nogueira, a toda equipe pedagógica do Colégio Ágora Niterói e José Evangelista, o marceneiro voluntário pelo apoio.

Referências

BRAGA, J. C. S.; DA SILVA, A. J. S.; NETO, M. E. O; SALDANHA, F. A; VIEIRA, D. D. Reflexões sobre a pedagogia de projetos. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 42487-42496, 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 23/09/21.

CECIERJ. Fundação CECIERJ. Olimpíada de Ciência & Arte, 2021. Disponível em: https://www.cecierj.edu.br/divulgacao-cientifica/i-olimpiada-de-ciencia-arte-da-fundacao-cecierj/. Acesso em: 20/09/21.

CORREIA, P. R. M.; DAZZANI, M.; MARCONDES, M. E. R.; TORRES, B. B. A Bioquímica como ferramenta interdisciplinar: vencendo o desafio da integração de conteúdos no Ensino Médio. Química Nova na Escola, n. 19, p.19-23, 2004. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc19/a06.pdf. Acesso em: 23/09/21.