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60º COngresso Brasileiro de Química

Práticas Experimentais como estratégias didáticas no ensino de Química: relato de experiência


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Santos, G.C. (UEA) ; Ribeiro, E.P. (UEA) ; Silva, R.N. (UEA) ; Carvalho, A.S. (UEA) ; Assis Júnior, P.C. (UEA) ; Eleuterio, C.M.S. (UEA)

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo relatar uma experiência vivenciada no curso de Química através da disciplina “Didática” durante a pandemia. Para fortalecer o aprendizado e a formação em química foram realizadas três atividades experimentais: álcool, polímero e sabão utilizando materiais alternativos presentes no cotidiano dos estudantes. Essa proposta, permitiu romper com certos paradigmas tradicionais de ensino, estimulou e fortaleceu o processo de profissionalização de futuros professores de química que irão desenvolver suas atividades docentes na educação básica.

Palavras Chaves

Práticas Experimentais; Ensino de Química; Didática

Introdução

No ensino de Química, independente da concepção metodológica a ser seguida, os saberes devem ser fundamentados em estratégias que estimulem a curiosidade e a criatividade dos alunos, despertando sua sensibilidade para a imaginação criativa e compreendendo que os conhecimentos e os fenômenos relacionados com química estão presentes na vida cotidiana (ASTOLFI e DEVELAY, 2014). Diante disso, alunos matriculados na disciplina “Didática”, realizaram experimentos utilizando material do cotidiano e de fácil acesso para contextualizar conceitos ligados a química como: produção de álcool, sabão e polímero. Essas atividades relacionavam-se com o momento que se vivência hoje onde, a recomendação para evitar o contágio do coronavírus é lavar as mãos frequentemente com água e sabão, desinfetar as mãos com álcool 70% ou em forma de gel, usar máscaras (TNT-polipropileno) e luvas (látex, policloreto de vinila). As atividades foram realizadas no ambiente familiar dos alunos para evitar o contato físico com os colegas de curso. A disciplina proporcionou uma aprendizagem diferenciada quando permitiu relacionar o fenômeno do coronavírus com a função álcool, reação de saponificação e estudo dos polímeros naturais e sintéticos. Para Silva (2016) a experimentação se apresenta nas ciências naturais uma estratégia viável para explicar fatos e fenômenos reais, e estimular questionamentos que conduzam à investigação. O professor da área de ciências reconhece a importância deste tipo de atividade pois, além de permitir a interpretação das informações, possibilita relacionar o conhecimento científico com aspectos da vida cotidiana, facilitando assim a elaboração de significados dos conteúdos ministrados ou estudados (GASPAR, 2009) na escola e na universidade.

Material e métodos

A experimentação no ensino de Química, é uma prática fundamental que possibilita melhor compreensão dos conteúdos e uma visão aperfeiçoada da ciência (SOUSA e VALÉRIO, 2021). Esse fragmento é corroborado pelos resultados obtidos nas atividades descritas abaixo. O álcool foi produzido por meio da fermentação de cascas da melancia que foram trituradas, adicionada 01 xícara de açúcar e 800mL de água. A mistura foi cozida para quebrar a dormência das leveduras e eliminar microrganismos que poderiam afetar o processo de fermentação. A mistura foi reservada, adicionada de 10g levedura hidratada em 200mL de água. A fermentação durou aproximadamente 7 (sete) dias e produziu 5mL de álcool que foi destilado em um alambique caseiro construído com uma panela de pressão e realizado o teste de chama. O sabão foi produzido utilizado 1L de óleo saturado e filtrado, 100g de soda cáustica 90%, diluída em 300mL de em água quente e acrescentada essência de mastruz. Após a mistura apresentar consistência pastosa foi transferida para uma forma de madeira até a solidificação completa. Para confeccionar o polímero foram utilizadas 02 batatas, trituradas em 300mL de água e filtradas. A mistura foi deixada em repouso para decantação do amido. Foram dissolvidas duas colheres de amido em 200mL de água, 10mL de glicerina líquida, 10mL de vinagre comercial de álcool e gotas de corante alimentício de cor roxa. A mistura foi levada ao fogo com o aquecimento superior a 100ºC sob agitação constante, até a mistura apresentar aspecto pastoso. O material foi transferido para um recipiente para solidificação por 24h. As orientações para o desenvolvimento dos experimentos, foram apresentadas nas aulas remotas via whatApp e os resultados apresentados no relatório e em forma de artigo expandido.

Resultado e discussão

O fenômeno provocado pelo Sars-Cov-2 afetou o mundo inteiro e as instituições de ensino tiveram que mudar suas rotinas de trabalho. Em vista disso, professores responsáveis pela disciplina de Didática sugeriram a realização de experimentos simples, utilizando material do cotidiano, de baixo custo para serem realizados nas residências dos alunos. A intenção era possibilitar o estudo de certos conteúdos presentes na Proposta Curricular de Química do Ensino Médio a partir de experimentos, contextualizando com o fenômeno do Coronavírus como demonstrado na figura abaixo: A partir da produção do sabão foi possível trabalhar temáticas ambientais como: coleta seletiva, reaproveitamento do óleo cozinha e outros tipos de práticas sustentáveis. De acordo com Oliveira et al. (2016), o óleo de cozinha residual, quando não é descartado de forma correta, pode gerar graves problemas econômicos e ambientais. A reciclagem desse resíduo para a produção de sabão pode ser uma forma atrativa, pois além de agregar valor ao resíduo, diminui o impacto ambiental causado pelo seu descarte. A conteúdos como: fermentação alcoólica, separações de misturas foram evidenciados a partir da produção do álcool. Além disso, o experimento estimulou o aproveitamento de resíduos (casca de melancia) sólidos que são descartados como lixo. A experiência que envolvia a produção de um polímero suscitou reflexões e indagações a respeito da não utilização de plásticos biodegradáveis, em lojas, supermercados. Nesses espaços são encontradas sacolas confeccionadas com polímeros artificiais, que demoram anos para se degradar. Dessa forma, pode-se levantar e debater essas e outras questões em sala de aula, do ponto de vista químico, identificando, classificando e diferenciando os polímeros naturais e artificiais.




Conclusões

As práticas experimentais demonstram que é possível ampliar o conhecimento dos alunos tomando como ponto de partida saberes construídos na vida cotidiana. A metodologia desenhada para a disciplina “Didática” durante a pandemia diminuiu a distância entre a teoria e a prática e tornou a aprendizagem mais significativa. Neste relato, a experimentação se configurou uma estratégia de ensino viável para demonstrar um problema relacionado com a atual realidade, a pandemia do Coronavírus, permitindo a contextualização de conteúdos disciplinares e estimulando a investigação científica.

Agradecimentos

Aos professores da disciplina de Didática e colegas que contribuíram para a realização dos experimentos.

Referências

ASTOLFI, J. P.; DEVELAY, M. A didática da ciência. Campinas: Papirus, 2014.
GASPAR, A. Experiências de Ciências para o Ensino Fundamental. São Paulo: Ática, 2009.
OLIVEIRA, Janara Cristiny C. de; GROSSI, Elton Carlos; GOMES, Dilma Alves; GUSMÃO, Jussara Maia. Reaproveitamento do óleo de cozinha para a produção de sabão. Seminário de Iniciação Científica, 5., 2016, Montes Claros. Anais Eventos do IFNMG, 2016.
SILVA, V. G. A importância da experimentação no ensino de química e ciências. Trabalho de Conclusão de Curso –TCC. Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2016.
SOUSA, L. G.; VALERIO, R. B. R. Química experimental no ensino remoto em tempos de Covid-19. Ensino em Perspectivas, Fortaleza, v. 2, n. 4, p. 1-10, 2021.