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60º COngresso Brasileiro de Química

ANALISANDO AS POSSIBILIDADES DO “JOGO BATALHA NAVAL PERIÓDICA” COMO MÉTODO LÚDICO PARA APRENDER MELHOR OS NOMES DOS ELEMENTOS DA TABELA PERIÓDICA NA CIDADE DE MARABÁ, PARÁ, AMAZÔNIA ORIENTAL


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Oliveira, A.G.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Santos, A.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Costa, W.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Santos, A.C.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Sousa, A.D.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Emidio-silva, C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ)

RESUMO

Nas últimas décadas, o ensino de química passou por várias modificações. Houve uma grande redução nas aulas tradicionais, onde o professor ministrava os conteúdos de forma expositiva e o educando observava. Atualmente o educando está começando a deixar de ser apenas o ouvinte e acaba se tornando um dos principais protagonistas no espaço educacional. No entanto, todo esse progresso ainda é considerado tardio e pequeno, ou seja, precisam de outros fatores para transformar de forma significativa o processo de ensino aprendizagem. Com o objetivo de contemplar o ensino de química, o jogo batalha naval surge com um material didático, capaz de complementar as aulas de química, promovendo uma maior interação entre os alunos e a disciplina química, no conteúdo Tabela Período e seus elementos.

Palavras Chaves

Ensino-Ciências-Química; Batalha-Naval-Periódica; Didatização-Lúdica

Introdução

Em pleno século XXI, observa-se a presença de diversos contratempos no cenário educacional: a má formação dos professores; ensino descontextualizado; escolas precárias; baixos incentivos financeiros e técnicos na educação, entre muitos outros. Um dos mais recentes pode ser descrito como a Pandemia do Coronavírus, fator que promoveu a suspensão das aulas ministradas de forma presencial, em várias partes do território brasileiro, assim como também em diversas partes do mundo. A Pandemia causou um maior distanciamento do educando da escola e do professor. Apesar das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) contribuírem para uma maior aproximação entre educadores, educandos e conhecimento, devido às precárias condições de países, como o Brasil, uma grande porcentagem de educandos ficou fora do sistema, impedidos de terem o contato com a escola, os professores e os conteúdos escolares, por não terem condições mínimas de acesso a internet. Segundo alguns autores Maldaner (2000); Beltran & Ciscato (1991) a química, há muitas décadas é vista como uma disciplina de difícil entendimento, que exige muita atenção e concentração por parte do aluno para interpretação de dados, textos, fórmulas ou qualquer outro fator voltado à área das ciências exatas (química, física, biologia e matemática). Para trabalhar a química na sala de aula, é preciso realizar uma profunda contextualização por parte do professor, bem como um mergulho nas condições para que se consiga a aprendizagem significativa Moreira (2011); Moreira (2017), assim como também, muita determinação e interesse em aprender por parte do aluno. Outro compromisso que o ensino de química deve estabelecer, na atualidade, é com a questão da cidadania Santos & Schnetzler (2010). Mesmo considerando os apontamentos desses atores contemporâneos, é preciso criar metodologias que além de colocar o educando no centro do processo de aprendizagem é preciso que este também sinta, em alguma medida, prazer em realizar as atividades relacionadas à disciplina. Que se sinta realmente um sujeito ativo do processo de ensino-aprendizagem de química. A busca por ferramentas que reduzam as aulas expositivas (onde apenas o professor é o protagonista) ainda é grande, assim como proposto por Pires, et al. (2018). Porém diversos pesquisadores constatam que a utilização de jogos como recurso metodológico, podem auxiliar o professor na tentativa de fortalecer o processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Soares (2004), as atividades lúdicas, ao serem trabalhadas, seja no ensino Fundamental ou Médio, são vistas como práticas privilegiadas para a aplicação de uma educação que visa o desenvolvimento pessoal do aluno, e que lhes permite atuar de forma cooperativa enquanto estiverem inseridos na sociedade. Além dessas perspectivas, esses instrumentos didáticos possuem uma capacidade de atrair, motivar, estimular o aluno, e assim proporcionar a abordagem de um novo conhecimento, assim como proposto por Kenski (2004). “Um novo tempo, um novo espaço e outras maneiras de pensar e fazer educação são exigidos na sociedade da informação. O amplo acesso e o amplo uso das novas tecnologias condicionam a reorganização dos currículos, dos modos de gestão e das metodologias utilizadas na prática educacional” (KENSKI, 2004, p.92). Para Souza (2015), o lúdico é importante porque contribui de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano. Ele tem a capacidade de auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando a socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento. O lúdico não é o único instrumento para a melhoria do ensino, no entanto, é uma ponte que auxilia na melhoria dos resultados por parte dos professores interessados em apresentar mudanças e principalmente desenvolvimento no cenário educacional. Dentre várias atividades lúdicas, o Jogo Batalha Naval Periódica, pode ser usado para o entretenimento de muitas pessoas em diferentes situações. Pode se destacar no processo de ensino-aprendizagem, por se tratar de um exercício simples, envolvente, dinâmico e de fácil aplicação, possibilitando ao docente atrair a atenção da classe e por consequência fazendo com que o educando consiga aprender e compreender o conteúdo trabalhado. Em razão dos benefícios que uma atividade lúdica consegue proporcionar ao ensino de ciências exatas, especialmente para química, disciplina considerada complexa e de difícil compreensão, o presente trabalho tem como objetivo verificar as possibilidades do Jogo Batalha Naval Periódica como um recurso didático na identificação de elementos químicos e sua periodicidade, na tabela periódica, visando uma abordagem do conteúdo de maneira mais interativa e atrativa, deste modo, contribuindo significativamente para o processo de ensino-aprendizagem.

Material e métodos

A partir do levantamento de materiais didáticos para serem aplicados no ensino de química, objetivando as turmas do primeiro ano do ensino médio, visando o conteúdo Tabela Periódica, selecionou-se o Jogo Batalha Naval, que pode promover em sala de aula a aprendizagem de conteúdos de maneira dinâmica e divertida, assim como, estimular o interesse e as habilidades do educando, com relação aos conteúdos a serem estudados. A partir do jogo tradicional Batalha Naval, e de artigos que utilizam esse jogo para o estudo de conteúdos específicos, foi pensado em usá-lo como atividade lúdica no PROGRAMA DE APOIO A PROJETOS DE INTERVENÇÃO METODOLÓGICA-PAPIM, Edital nº 16/2020 – PAPIM 2020- 2021, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - Unifesspa. O projeto selecionado foi: “Desenvolvimento de novas metodologias e materiais didáticos como meio facilitador no processo de ensino-aprendizagem de química”. E, devido ao processo de pandemia do Coronavírus iniciando em 2020 e ainda em curso, em 2021, foi pensado em desenvolver atividades lúdicas que contemplassem conteúdos básicos para o ensino de química, que fosse fácil de ser aplicadas e até com possibilidade de se jogar por meio do celular. O jogo Batalha Naval permite essas aplicações. Alguns trabalhos trazem também uma aplicação dos conteúdos da tabela periódica para ser trabalhada com o Jogo da Batalha Naval Periódica Jaeger, Silva & Quadros (2014); Silva, et al. (2016), da mesma forma que o jogo didático pode ser utilizado em outras disciplinas, especificamente na matemática Silva (2020). O jogo tradicional Batalha Naval é composto por objetos chamados de embarcações que possuem nomes específicos, da mesma forma, que estas ocupam uma quantidade certa de espaços, em uma grade de espaços em alusão ao oceano. No jogo aqui descrito estabelecemos as seguintes embarcações: porta-aviões (ocupando 5 espaços), encouraçados (4 espaços), rebocador (3 espaços), cruzadores (2 espaços) e submarinos (ocupando somente 1 espaço). Uma mudança que fizemos aqui com relação ao jogo tradicional foi com o número de embarcação que optamos por um número de uma de cada tipo e trocamos o rebocador pelo hidroavião. Para dar prosseguimento ao jogo os alunos deverão citar as coordenadas, neste caso, para tentar adivinhar a posição do navio adversário é necessário informar o elemento, em que ele se encontra, (ou o número atômico, caso não saiba o nome do elemento), e assim vai se desenvolvendo o jogo. Caso atinja uma embarcação ele deve falar qual delas. O jogador que atingiu a embarcação deve continuar a jogada até destruir completamente a embarcação ou errar o alvo. Quando erra o alvo, a sua vez passa para o outro jogador.

Resultado e discussão

O ensino de química na maioria das vezes é visto de forma estigmatizada, criando receios nos alunos por conta da sua grande abstração e necessidade de memorização. Isso consequentemente, dificulta os métodos que podem ser utilizados para a aprendizagem a serem trabalhados dentro da sala de aula pelo professor. Sendo assim, o uso do lúdico entra em ação com o intuito de auxiliar o docente a conduzir uma aula mais dinâmica e interativa, da mesma forma, que também ajuda os alunos a se desenvolverem de forma significativa no processo de ensino-aprendizagem. O jogo originalmente Batalha Naval é um jogo de tabuleiro (jogado com lápis e papel) realizado entre dois jogadores, que consiste em derrubar os barcos do seu oponente adversário, tendo como ganhador aquele que afunda todos os navios adversário primeiro. Para que isso aconteça, os jogadores precisam adivinhar em que quadrado/espaço estão as embarcações do oponente, que ele consegue a partir de tentativas e erros. O Jogo Batalha Naval Periódica segue as mesmas regras do Jogo Batalha Naval tradicional. Então, para iniciar o jogo os jogadores sob auxílio da tabela periódica irão marcar as suas embarcações nos espaços que desejarem. As embarcações são marcadas nas tabelas na horizontal ou na vertical, conforme a escolha dos jogadores. Cada vez que o jogador acertar o alvo, ele continuará mencionando as coordenadas, ou seja os elementos, até completar a embarcação. O jogo é encerrado a partir do momento em que um dos jogadores consegue afundar todas as embarcações adversária. O Jogo Batalha Naval Periódica aqui descrito pode ser jogado por dois jogadores/alunos, na qual cada um receberá um material que contém 2 páginas; na primeira folha existe a tabela periódica que serve para o aluno realizar a marcação de suas embarcações, neste caso representando os navios são os elementos químicos. Na segunda folha contém uma segunda tabela periódica para que o jogador possa indicar o elemento, na qual seu adversário havia definido previamente a localização que ele acreditava que estava a embarcação oponente. O tabuleiro para o Jogo Batalha Naval Periódica é a própria tabela periódica. Para cada embarcação e espaços, ambos foram substituídos por elementos químicos da tabela periódica. Nas tabelas são marcadas as embarcações, por cada jogador, sem que o outro veja. Para começar pode haver uma disputa no par ou ímpar ou a partir de outra regra estabelecida pelos jogadores. Para que essa gamificação tradicional, Batalha Naval, seja inserida na educação e no ensino-aprendizagem de conteúdos químicos e então possibilitar uma aprendizagem significativa aos alunos, foram feitas algumas adaptações na construção do jogo. Nesse jogo são mobilizados especialmente a fixação dos nomes dos elementos químicos e seus símbolos correspondentes. Também podem estar sendo trabalhados os Lantanídeos e os Actinídeos, que podem funcionar como rios estreitos onde os jogadores podem ou não colocar seus barcos ou ainda pode ser combinado se tem validade colocar os barcos nessas posições. O professor pode apresentar como esses grupos de elementos químicos possuem nomes bem diferentes. Sabendo-se da importância da Tabela Periódica no ensino-aprendizagem da química, o Jogo Batalha Naval Periódica auxilia os alunos onde alguns estão tendo contato pela primeira vez com esse tipo de artefato. Essa atividade lúdica pode ajudar os discentes a diminuírem suas dificuldades em aprender os elementos químicos, seus símbolos, entre outros assuntos relacionados a Tabela Periódica. Pelo fato de os símbolos estarem na sua forma original no latim, por sua vez acaba ocasionando uma certa confusão no entendimento dos elementos. Então o jogo de forma didática ajuda na compreensão e memorização correta deles. No Jogo Batalha Naval Periódica os educandos entram em contato direto com a Tabela Periódica, ressaltando seus símbolos e nomes. No processo podem ainda ajudar a se familiarizar com as famílias dos elementos, períodos, aplicações no cotidiano e as propriedades físicas e químicas como massa molar, número de átomos, temperatura dos elementos em seu estado físico em temperatura ambiente, etc. Esses outros elementos que traz a tabela periódica podem ser auxiliares para demarcar áreas onde os barcos podem ser apontados pelo jogador adversário. Dessa forma, o jogo pode auxiliar o discente na identificação dos elementos químicos, sua periodicidade e propriedades. Esse tipo de conhecimento, (da Tabela Periódica) está muito relacionado a memorização e esta, apesar de sua importância, para acessar outros conhecimentos químicos, não convém que seja realizada sem contexto e sem aprendizagem significativa. O jogo, além de produzir a interação mais dinâmica entre os alunos, descontrair durante a aula, aproximar os discentes do professor e dos conteúdos da química, ajuda a mover a memorização de forma que esta não seja maçante e sem sentido. Entre os estudantes pode ajudar a melhorar a sua interação, fazendo com que ocorra a troca de informações. O professor pode promover um campeonato onde os pares de alunos sejam reorganizados para que todos tenham o máximo de interação possível. Portanto, o Jogo da Batalha Naval Periódica tem essa proposta de despertar e promover o interesse, ativando a memória e fixação, fornecendo informações sobre os elementos. Na imagem 1 apresentamos o Jogo Batalha Naval Periódica, como pode ficar após ser marcado com as embarcações, pelos jogadores. Depois de posicionar os barcos na Tabela Periódica, esses não podem ser movidos. Imagem 1: A tabela periódica marcada com retângulos azuis, com os barcos, para poder ser jogada. Na concepção de Pascoin, Carvalho & Souto (2019), existem múltiplas possibilidades que podem tornar o ensino de química mais interativo, dinâmico e também personalizado para entregar ao aluno algo satisfatório. Kishimoto (1996), esclarece que por meio do lúdico, o aluno desperta o desejo de saber, a vontade de participar, a alegria da conquista e se insere no sistema de recompensas, fazendo com que aconteça uma conexão entre o professor-aluno e entre aluno-aluno. No acontecimento de uma aula, ou de determinado conteúdo o docente consegue alcançar o público-alvo. No entanto, vale destacar desde já, que toda essa satisfação deve ser balanceada para que a função educacional seja atendida, e esse mesmo aluno possa aprender ao mesmo tempo em que encontre na química um objeto de satisfação motivacional. Apesar da química marcar presença no cotidiano dos educandos, boa parte deles não sabem a necessidade da sua abordagem. Ou seja, a forma que a química é ministrada nas escolas traz pouca ou nenhuma contextualização e/ou aprendizagem significativa para os discentes. O que estamos afirmando é que a ausência de um objeto de satisfação que chame a atenção do aluno para a disciplina, acaba sendo um dos principais fatores que torna a aula desconexa da realidade dos alunos. Tendo em mente o conhecimento básico sobre a Tabela Periódica e a compreensão para o entendimento de outros assuntos abordados dentro da química, seria mais produtivo, ou até mesmo, mais interessante conseguir associar o ensino de química com os jogos didáticos. Sabendo que a existências de bons resultados em qualquer área do conhecimento, em especial o ensino de química, depende do foco na base dos assuntos trabalhados desde o início com os alunos, de forma mais atrativa, os resultados a serem obtidos poderão ser mais promissores, se inseridos de forma lúdica.

Imagem 1

A tabela periódica marcada com retângulos azuis, com os barcos, para poder ser jogada

Conclusões

São muitos os fatores que podem contribuir ao ensino de química e ao bom manuseio da tabela periódica, e isto é imprescindível, para um bom desenvolvimento do aprendizado dos conceitos químicos. É comum entre os educandos uma tensão em se tratando da Tabela Periódica, pois é um dos principais artefatos da Química e do Ensino de Química, onde eles constroem uma opinião de que é impossível aprender ou memorizar todos os seus elementos. E o objetivo da química não é, realmente, memorizar tais elementos, mas sim saber como eles se relacionam entre si, e na construção de moléculas simples e complexas, entre muitas outras informações. A proposta do jogo é justamente quebrar esse estigma e fazer com que os alunos aprendam com clareza e de forma divertida e consequentemente despertar o interesse deles neste conteúdo da química que é bastante importante na mobilização de uma infinidade de outros conhecimentos. Pode ser pensada muitas possibilidades para o ensino da tabela periódica, com músicas, com jogos, com atividades lúdicas diversas e o menos indicado é, realmente, a simples memorização. Nesse sentido é bem provável que para intensificação do processo de ensino-aprendizagem da Tabela Periódica, o jogo Batalha Naval Periódico foi desenvolvido para auxiliar professores e alunos a terem aulas mais dinâmicas, ativas, motivadoras e contextualizadas. Quanto maior a gamificação de conteúdos de química que possam ajudar o educando a se inserir nesse universo, maiores condições ele terá de se tornar um cidadão crítico.

Agradecimentos

Agradecemos ao Programa de Apoio a Projetos de Intervenção Metodológica-PAPIM, Edital nº 16/2020 – PAPIM-FAQUIM-UNIFESSPA 2020-2021 e ao GEPECAM.

Referências

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