Metodologias Ativas Para O Ensino De Ciências/Química: O Uso Do Podcast No Programa Residência Pedagógica, Em Uma Escola Pública Na Cidade De Marabá, Pará, Amazônia Oriental.

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As dificuldades encontradas no processo de ensino-aprendizagem dos educandos, demonstram uma grande necessidade de ferramentas pedagógicas que se adequem à sua realidade, e que atendam às suas necessidades. Sendo assim, as metodologias ativas, são fundamentais para que esses alunos sejam indivíduos participativos e protagonistas de sua história, de sua aprendizagem, passando a construir e também se desenvolver na sociedade de forma significativa. Entre as muitas metodologias ativas possíveis de serem utilizadas no ensino de química podemos relacionar as seguintes: aprendizagem por par; Sala de aula invertida; júri simulado; Podcast, entre muitas outras. Nesse contexto, surge o Podcast, uma nova ferramenta tecnológica de comunicação, que proporciona uma leitura de mundo diferenciada e que desperta a imaginação, eliminando a rotina das atividades maçantes, que muitas vezes são apresentadas como única alternativa. O Podcast pode ser utilizado de diversas formas na sala de aula. Na forma de debates, bate-papo, entrevistas, documentários, reportagens, audiobiografia, entre muitas outras. Neste trabalho estaremos descrevendo a utilização do Podcast como atividade avaliativa. As Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), modificaram a indústria, o nosso modo de viver, a forma com que nos relacionamos com as pessoas e tem contribuído de forma positiva para a sociedade. Esse fator se reflete também na área da educação, pois a presença dessas tecnologias é cada vez mais comum nas escolas. Essas ferramentas quando utilizadas para o ensino-aprendizagem de química possuem um grande potencial para despertar o interesse das novas gerações, uma vez que esses educandos estão muito familiarizados com essas tecnologias. O advento da internet proporcionou ao aluno do século XXI, um ambiente com uma elevada inserção nas novas tecnologias digitais. E por estar em contato diário com esses recursos, a atual geração apresenta um comportamento hiperativo, não conseguindo se concentrar com facilidade. O que em outras palavras, significa que mesmo estando na era da comunicação, não nos apropriamos dessa infinidade de informação de forma eficiente. O excesso do uso das diversas ferramentas tecnológicas precisa ser filtrada, pois somente elas, por si só, não produzem conhecimento, assim como afirma Leite & Leão (2008), apud Bartolomé 1999. “A internet é uma ferramenta de comunicação prática presente na vida das pessoas . O acesso aos conteúdos desse veículo de comunicação pode ajudar na construção do conhecimento desde que se acessem sites que possuam conteúdo direcionados a este tipo de informação. Entretanto, só com o acesso aos conteúdos não é possível adquirir todo o conteúdo que se é transmitido” (LEITE & LEÃO, 2008, p.01) Nota-se que a tecnologia é muito utilizada como objeto de entretenimento, ao invés de objeto de pesquisa e conhecimento. Essa situação se agrava, principalmente quando tratamos do ensino de ciências- químicas, disciplina considerada na maioria das vezes, complexa e distante da realidade do aluno. Isso porque, existe uma elevada abstração dos conteúdos abordados na sala de aula de forma descontextualizada. Para Miranda & Costa (2007), as escolas têm-se contentado com a mera transmissão de conteúdo. Um bom exemplo é a memorização de fatos, símbolos, nomes e fórmulas que deixam de lado a construção do conhecimento científico dos alunos, produzindo uma desvinculação entre o conhecimento químico e o cotidiano. O podcast é definido por Flores (2014), como um programa de áudio ou vídeo que utiliza o podcasting, um sistema que segue um padrão de distribuição de conteúdo em massa. A criação do podcasting foi idealizada por Adam Curry, norte- americano. A ideia era produzir programas personalizados que fossem disponibilizados para os ouvintes quando eles decidissem receber o conteúdo, facilitando a disseminação dos conteúdos digitais. O termo podcast surgiu a partir da junção "ipod", dispositivo reprodutor de áudio da Apple e "broadcast", palavra em inglês que significa "transmissão". A fim de tornar o educando protagonista da sua própria aprendizagem, por meio do uso dos recursos digitais que se fazem presente no seu cotidiano, este trabalho tem como objetivo, demonstrar como utilizar o podcast como um dos recursos das metodologias ativas, visando os conteúdos de química, aplicados no ensino médio da rede privada e pública de ensino, que podem contribuir de forma significativa para o ensino de ciências-químicas.

O trabalho foi desenvolvido dentro do Programa Residência Pedagógica com contribuições do Grupo de Estudos e Pesquisas para o Ensino-Aprendizagem de Ciências, Biologia, Química e Física da Amazônia - GEPECAM, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Os protagonistas da metodologia utilizada foram os discentes das turmas do segundo e terceiro ano da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Geraldo Mendes de Castro Veloso, no ano de 2021, localizada na cidade de Marabá, Pará, Amazônia Oriental. A ferramenta utilizada para a elaboração do podcast foi o aplicativo Anchor. Esse meio digital é de fácil acesso, podendo ser baixado de forma gratuita em aparelhos celulares, através do play store. Os autores disponibilizaram um podcast de produção própria aos alunos como exemplo da TIC utilizada, disponível na plataforma Anchor e Spotify, “A Química e a Bruxaria”, link de acesso: https://bit.ly/AQuímicaeaBruxaria. A elaboração do podcast para as turmas do segundo e terceiro ano foi pensado a partir dos conteúdos Soluções Químicas e Eletroquímica, respectivamente. Os assuntos apresentados nos áudios produzidos estão relacionados com a temática. Antes da produção dos podcasts foram desenvolvidas aulas teóricas sobre os conteúdos de forma remota, através do Google Meet. Os alunos do segundo ano dispuseram dos seguintes conteúdos: Definição das soluções, soluto e solvente, compreensão das interações existentes entre as partículas do soluto e do solvente, coeficiente de solubilidade, classificações das soluções e o estudo das dispersões. Já os conteúdos ministrados para as turmas do terceiro ano está relacionado a eletroquímica, como, oxidação e redução, balanceamento das equações das reações de oxirredução e um texto do livro do Mortimer, 2013, contextualizado, sobre a “Vitamina C”, que relaciona a oxidação dos alimentos ao conteúdo. Como metodologia avaliativa sobre os assuntos abordados foi explicado aos educandos como fazer um podcasts e que estes teriam de produzi-los após as explicações dos conteúdos. A produção deveria conter algumas aquisições, como: quais temas foram trabalhados, como foi abordado e o que aprenderam diante os conteúdos aplicados, fazendo alusão a exemplos do dia-a-dia. Foi determinada uma duração máxima de 15 minutos para os podcasts. Após a produção, os alunos disponibilizaram os links de seu material que se encontra presente em várias plataformas digitais, tais como: Anchor, Spotify, Breaker, Google Podcasts, PocketCasts e RadioPublic.

Nos últimos anos a presença de novas metodologias vêm marcando presença no contexto educacional. Isso quer dizer, que as formas de ensino tradicional estão passando por um processo de adaptação/modificação. Os Podcasts aqui apresentados podem ser facilmente considerados um apoio metodológico, capaz de aprimorar as formas de aprendizagem, da mesma forma, que também pode complementar as aulas ministradas pelo professor, enquanto este não estiver presente (momentos assíncronos). Por meio de um levantamento dos assuntos de Soluções Químicas e Eletroquímica abordados nos livros do Ensino Médio (MORTIMER, 2013; USBERCO & SALVADOR, 2002), os podcasts são apresentados num vocabulário simplificado e contextualizado, ou seja, possui a capacidade de ser compreendido sem que o aluno precise exercer um grande esforço para entender o conteúdo apresentado. O uso de tecnologias no processo de ensino-aprendizagem tem se tornado um recurso fundamental, que vem auxiliando o professor nas salas de aulas, e o podcast no ensino pode atender umas das necessidades existentes nesse processo, como a colocação do discente no centro do processo de ensino-aprendizagem. Um bom exemplo disso, principalmente no período em que a sociedade se encontra, é a inserção da tecnologia (plataformas digitais), fator que possibilitou, e ainda nos possibilita, uma maior aproximação mesmo estando no ensino remoto. A química, como um todo, sustenta-se em quatro pilares, química orgânica, inorgânica, analítica e físico-química. Como já é de costume ouvir que a área é considerada bastante complexa para os alunos, ou seja, este é um fator que provoca uma enorme repulsa dentro da disciplina. Alguns professores se dedicam a manter uma maior interação dos educandos com o conhecimento químico lançando mão de uma série de metodologias ativas que podem trazê-los dentro do contexto abordado na disciplina, a fim de manter uma maior interação. Em alguns casos, as metodologias ativas são aplicadas, mas na maioria dos casos isto não acontece e as aulas tradicionais são mantidas. Em outras palavras, muitos métodos de ensino (ditos tradicionais) necessitam ser revisados, e também adaptados para se encaixar no contexto em que a turma, escola, ou até mesmo, a sociedade se encontra, na atualidade (especialmente em tempos de pandemia do Coronavírus). Com isso, a partir do uso da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), contido na estrutura das atividades aqui relatadas, foi proposto aos educandos serem os protagonistas do seu conhecimento, despertando seu senso crítico e uma reflexão sobre os conteúdos químicos apresentados. Na Tabela 1 estão disponíveis os links das produções dos alunos que desenvolveram a atividade proposta, sobre os Podcasts. As TIC’s vêm surgindo e sendo aperfeiçoadas cada vez mais, podendo ser aplicada na educação/ensino de química, porém, elas não se inserem no contexto pedagógico para solucionar falhas no processo de ensino e aprendizagem de química, de forma natural ou costumeira. A produção do podcast, aqui proposto, parece funcionar bem com alunos motivados, que ao se inserirem nas tecnologias da informação e comunicação, melhoram muitas das suas habilidades de comunicação, interação, produção e compreensão dos conteúdos químicos, consolidando um interesse maior pela disciplina e aproveitando-a da melhor forma possível. No Gráfico 1 são apresentados resultados da avaliação feita aos alunos através da plataforma Google Forms, onde foram indagados como se deu o seu aproveitamento ao uso do aplicativo Anchor na disciplina de química nas suas turmas do ensino médio da rede pública. Acesso a link da avaliação na plataforma: https://forms.gle/NXqpv5eHXgKEB58v7. Para a avaliação do processo, após os educandos construírem os seus podcasts sobre os assuntos trabalhados em sala de aula, o Link acima foi disponibilizado para que eles avaliassem as atividades realizadas. As respostas da primeira pergunta: Você ficou satisfeito(a) com as aulas síncronas? As respostas foram mostradas no gráfico 1, em uma escala linear (0-pouco satisfeito e 5-muito satisfeito) onde as respostas ficaram nos últimos graus da escala, indicando uma ótima satisfação, em relação às atividades desenvolvidas. No questionário também aparece as seguintes questões: Você gostou de produzir o Podcast? Pesquisou mais sobre o conteúdo para a produção do Podcast? Gostaria de ter mais aulas assim? Para todas as perguntas as respostas foram as mesmas; todos disseram “sim” para as três perguntas, indicando como a metodologia motivou os alunos, e deixou-os mais empenhados e comprometidos com as atividades propostas. Isso demonstra o quanto os educandos estão ávidos por usar as TIC, no ensino em seu processo de aquisição de conhecimentos e isto pode se estender para todos os conteúdos de química e para todas as disciplinas. Para a pergunta: Qual a sua opinião sobre a ferramenta e a produção de seu próprio Podcast nas mídias sociais?, as respostas foram as seguintes: 1) “É muito boa”; 2) “Foi a primeira vez que fiz algo desse tipo, e gostei muito - achei a ferramenta simples e ótima”; 3) “Gostei muito, aprendi bastante muito bom pra gente aprender mais”; 4) “É interessante, pois é necessário se aprofundar mais no assunto para fazer um podcast”; 5) “Além disso, é importante testar novas maneiras de estudo”; 6) “Trabalhoso”; 7) “Nova experiência”. Pode- se observar o quanto foi impactante a atividade do Podcast, pelas respostas dos educandos e o potencial dessa ferramenta de aprendizagem de química. O uso do podcast pode contribuir para redução de materiais impressos, pois, os trabalhos pedidos pelo professor podem ser entregues e serem compartilhados pela plataforma digital através da internet, diminuindo impactos ambientais. Outro fator, é o uso dessa ferramenta para aproximação do educador com os alunos no ensino remoto, que também pode auxiliar na participação de alunos portadores de deficiência promovendo um processo educacional inclusivo, especialmente aqueles que possuem pouca mobilidade e os alunos cegos ou de baixa visão. De acordo com Leite (2012), os resultados obtidos demonstram que o podcast é um recurso poderoso, capaz de complementar os recursos utilizados no ensino tradicional, no entanto, mesmo sendo considerado um material de extrema importância, ainda assim não podemos considerá-lo um substituto do professor. O professor continua tendo o seu papel e seu espaço no processo de ensino- aprendizagem, mas pode, no desenvolver de suas atividades procurar colocar o educando no centro desse processo, melhorando a relação deles com o conhecimento, com as formas de usar a tecnologia, deles entre si, deles com o professor e com a própria escola.

Tabela 1

Links das produções dos discentes.

Gráfico 1

Avaliação referente ao uso do aplicativo Anchor com as turmas do ensino médio.

Metodologias Ativas Para O Ensino De Ciências/Química: O Uso Do Podcast No Programa Residência Pedagógica, Em Uma Escola Pública Na Cidade De Marabá, Pará, Amazônia Oriental.

ÁREA

Autores

RESUMO

Palavras Chaves

Introdução

Material e métodos

Resultado e discussão

Conclusões

Agradecimentos

Referências