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60º COngresso Brasileiro de Química

APLICAÇÕES DIDÁTICAS DE PROPAGANDAS DE ANTIÁCIDOS: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE QUÍMICA


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Ferreira, C.V. (IFRJ-NILÓPOLIS) ; Santos, M.A. (IFRJ-NILÓPOLIS) ; da Silva, R.A.L. (IFRJ-NILÓPOLIS/PROPEC) ; Chrysostomo, T.S. (IFRJ-NILÓPOLIS/PROPEC) ; Messeder, J.C. (IFRJ-NILÓPOLIS)

RESUMO

O objetivo geral do trabalho foi verificar a importância de despertar temas contemporâneos nos conteúdos disciplinares de Ciências, com foco no binômio Química/Saúde. A partir das bases teóricas dos estudos de Chrysostomo e Messeder (2021), sobre o uso de publicidade televisiva no ensino de Ciências, buscou-se como abordagem temática a acidez estomacal. As intervenções pedagógicas ocorreram com alunos do 5º ano de uma escola federal, nas quais os alunos analisaram uma propaganda televisiva sobre um antiácido, com discussões sobre a efetividade do remédio, abordada na propaganda. Verificou-se que o uso de propagandas de TV em aulas de ciências, como recursos didáticos complementares, pode despertar o interesse e atenção dos futuros professores à tríade Química/Saúde/Consumo Sustentável.

Palavras Chaves

propaganda televisiva; temas contemporâneos; acidez estomacal

Introdução

No cenário atual da Educação no Brasil, temos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um documento que propõe a abordagem transversal, e dela pode-se inferir a importância do professor quando se remete as diversas formas de trabalho (BRASIL, 2018). O documento, após revisões, indica que os currículos não devem tratar apenas com o conteúdo de um componente curricular, mas devem “trazer para o conteúdo e para a metodologia da área a perspectiva dos Temas Contemporâneos Transversais” (BRASIL, 2019, p. 18). Sob esse prisma, o Ensino das Ciências da Natureza e suas Tecnologias constitui uma maneira capaz de despertar para a educação científica, já que possibilita oportunidades para que o aluno aprenda sobre plantas, animais, corpo humano, astronomia etc. Com isso, pode-se conectar esse conhecimento às questões da vida cotidiana, onde conceitos de Ciência e Tecnologia se relacionam às questões ligadas à inovação. O mais importante é que o estudante assuma a responsabilidade de tomar atitudes diante de determinadas situações e desenvolver valores positivos para a vida em sociedade (KRASILCHIK; MARANDINO, 2007). Na BNCC (BRASIL, 2019, 13), ainda destacam-se como desejáveis a abordagem dos temas Ciência e Tecnologia, e Educação para o consumo, apresentados dentre os 15 Temas Contemporâneos Transversais (TCTs), e que se aproximam da temática da mídia-educação utilizada neste trabalho de pesquisa. Neste contexto está imersa a propaganda comercial, por meio dos filmes publicitários. Com o papel motivador de promoção de produtos e serviços (principalmente), a publicidade intuitivamente se vale de artifícios para convencer o consumo, e por vezes, utilizam argumentos científicos como parte deste potencial de convencimento. O consumo é visto, nesse caso, como estratégia mercadológica. É neste ínterim que a função social da propaganda se estabelece, e a formação do professor implica diretamente em sua associação para o ensino. Embora estejamos vivendo na era da internet, nada possui mais influência sociocultural que a TV, que ainda é o aparelho mais comum nos lares brasileiros para se obter informação (prioritariamente via TV aberta), então, por que não utilizar o que é massivamente veiculado na TV a favor do ensino? A partir disto levantou-se a proposta de utilizar comerciais televisivos como recurso didático, a partir da sala de aula de ensino básico. Destaca-se aqui que Chrysostomo (2016) já estudou este fenômeno na formação de licenciandos em Química. Ao observar a bibliografia existente sobre o assunto, fica evidenciado que este recurso ainda é pouco aproveitado no Ensino de Química, embora haja vasto material contributivo para a reflexão em sala de aula. Chrysostomo e Messeder, (2021, p. 16) apontaram que “os trabalhos, envolvendo ensino, mais específicos, por exemplo, de Química, são ainda mais escassos, mas, por outro lado, encontramos uma quantidade satisfatória, dentro do escopo analisado, de pesquisas envolvendo temas transversais, o que compactua com um Ensino mais amplo e colaborativo para a formação crítico-cidadã.”. Visto isto, considera-se que há espaço a ser examinado do ponto de vista da Química, alicerçando-se numa proposta curricular que trata as Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Alinhado a este pensamento, repensar a sala de aula é urgente, não só pelas modificações de currículo, considerando-se que a BNCC está em fase de implementação, mas também por conta do momento de pandemia de COVID-19, que ainda se estende (WHO, 2020). Estes acontecimentos exigiram de professores e alunos esforços para ultrapassarem-se as barreiras da sala de aula, e culmina num novo formato de ensino no país, que aponta para o ensino híbrido num viés de “integralidade”, conforme previsto com o Novo Ensino Médio. Refletindo-se acerca disto, Borba, Almeida e Gracias (2019) indica a necessidade de um debate da própria noção de sala de aula, onde a aula no quadro e a cópia da matéria pelo aluno já não são elementos centrais: “já há diversos virtuais que permeiam e passam a constituir o que é a sala de aula: são vídeo aulas, festivais de vídeo, envolvendo estudantes de professores, ambientes virtuais, etc. Assim, a pesquisa em ensino necessita, não só buscar a relação com a sala de aula, mas também qual sala de aula estamos falando! E é claro observar que essa sala de aula está em movimento” (BORBA; ALMEIDA; GRACIAS, 2019, p.12- 13). Com base nesse norteamento, considerando o Ensino de Ciências, a intervenção pedagógica realizada teve como objetivo de verificar a importância de questões químicas do cotidiano, com ênfases nas relações da Química com a vida, a saúde e a doença. Com isso, espera-se que, de forma integrada, os estudantes possam ser instrumentalizados para uma melhor compreensão da sociedade em que vivem.

Material e métodos

A partir da abordagem qualitativa, com aportes em Minayo (1994), o estudo está referenciado em pressupostos da pesquisa de intervenção (DAMIANI, 2012), com a análise interpretativa dos dados, de modo a explicitar como se desenvolveram as estratégias didáticas em Ensino de Ciências, visando à construção do conhecimento pelos alunos. As intervenções pedagógicas foram elaboradas por dois licenciandos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), e regidas, de forma remota (em virtude da pandemia da COVID-19), por uma das professoras-pesquisadoras colaboradoras do projeto e autora deste texto. A atividade foi realizada com alunos do 5º ano quinto do ensino fundamental de uma escola da Rede Federal de ensino. Em uma primeira etapa, em encontros síncronos com a professora regente, os alunos foram apresentados aos seguintes conteúdos disciplinares: pirâmide alimentar, alimentação saudável, função dos alimentos e sistema digestório (processamento e absorção de nutrientes), com a abordagem do suco gástrico. Em um momento assíncrono, como forma de avaliação de aprendizagem, os alunos analisaram uma propaganda televisiva sobre um antiácido (disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=TPwpyqRCF4k), e tiveram que relacionar com os problemas da ingestão descontrolada de alimentos e seus efeitos colaterais. Foram realizados questionamentos sobre a alta efetividade do remédio, abordada na propaganda televisiva, com perguntas do tipo: “O que acontece nesse comercial?”, “Por que o homem briga com o camarão?”, “Por que o medicamento ajuda o homem a acabar com a briga?”, “Você acha que o medicamento tem essa eficácia tão rápida?”, “Diga o que você entende por remédios antiácidos? (escreva com as suas palavras)” e “Como podemos relacionar o comercial com o que estudamos na aula sobre sistema digestório?”. Com base na atividade elaborada, realizamos uma análise introdutória, qualitativa, para as respostas obtidas. Para que os alunos enviassem suas respostas, a professora regente usou a plataforma Moodle (acrônimo para “Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment” - Ambiente modular de aprendizagem dinâmica orientada a objetos, em sua tradução para o português), que é uma sala de aula virtual onde o aluno tem a possibilidade de acompanhar atividades do curso pela internet. Foram obtidas 76 respostas, dos 77 alunos participantes da intervenção. Para melhor identificação dos alunos, e a não exposição das suas identidades, identificaremos os discentes como Aluno X, onde o X varia entre 1 e 76 (número total de alunos que responderam o questionário).

Resultado e discussão

Cabe destacar que a pesquisa encontra-se na etapa de pré-analise do conteúdo, que segundo Bardin (1977), é o momento onde os pesquisadores começam a conhecer os textos obtidos com a coleta de dados, como por exemplo, com o questionário usado nessa intervenção. Destaca-se que para a técnica da análise do conteúdo são empreendidas várias leituras de todo o material colhido, a princípio sem compromisso objetivo de sistematização. A fim de verificar o entendimento crítico dos alunos quanto aos conteúdos disciplinares de Ciências e correlações com a propaganda usada como recurso didático, são trazidas para o presente texto algumas das respostas obtidas, e suas análises iniciais. Como exemplos de respostas à primeira pergunta, podem-se destacar as fornecidas pelos Alunos 6 e 48. Segundo o Aluno 6: “Esse comercial é uma brincadeira, pois às vezes quando nós comemos um alimento essa comida pode nos dar azia, e no comercial mostra uma pessoa brigando com um alimento, fazendo assim uma brincadeira com o fato de a comida nos ‘bater’ quando estamos com desconforto e queimação no estômago causado pela azia, tanto que tudo é resolvido quando ele toma o ‘sal de fruta’.” Essa resposta destaca a visão do aluno acerca da correlação da briga travada entre os personagens da propaganda e o mal estar que pode ser ocasionado pelo alimento, indicando assim a percepção crítica que o aluno desenvolveu ao analisar o vídeo. A Figura 1 ilustra a cena onde essa “briga” ocorre. Ao tomarmos a resposta do Aluno 48, ainda com base na primeira pergunta, verificamos a significação dos conteúdos de ciências trabalhados anteriormente, e sua reflexão. Ele diz: “Um homem acaba de comer uma grande quantidade de camarão que é rico em gordura e seu estômago não conseguiu digerir o alimento causando a azia, mas quanto ele toma o remédio seu estômago digere o alimento o deixando melhor”. Ao citar o excesso de ingestão de comidas com alto teor de gordura e suas consequências, o aluno indica que os conteúdos trabalhados foram devidamente internalizados, pois ele consegue relacioná-lo a uma situação problema. Ao tomarmos a terceira pergunta como base, destacamos as respostas dos alunos 11, 21, 35 e 63, nas quais todos mencionam termos químicos em suas análises: “Aluno 11: Porque o medicamento é um antiácido; Aluno 21: Porque ele é um sal de frutas para azia; Aluno 35: ‘Eno’ é um sal de frutas que se dissolve rápido no estomago e também ele ajuda na dor de barriga e principalmente na gordura; Aluno 63: Porque o medicamento ajuda a neutralizar a ação do camarão.” Vale ressaltar aqui as falas dos Alunos 21 e 11, uma vez que utilizam termos relacionados à Química, mesmo que os conteúdos disciplinares de Ciências do ensino fundamental não enfatizem tal abordagem. No caso do Aluno 11, notamos que a utilização do termo “antiácido” indica a visão do aluno de que substâncias ácidas fazem parte do cotidiano seu cotidiano, indo na contramão do caráter místico para terminologias desse gênero na linguagem de jovens estudantes. No caso do Aluno 35, notamos a percepção do aluno para o ciclo digestivo, com citações sobre a ação do antiácido no estômago. Por fim, temos a fala do Aluno 63, quanto ao termo “neutralizar”, o que indica certa percepção do aluno quanto à força dos ácidos e principalmente essa relação com o sistema digestório. Com relação às respostas à quarta pergunta, pode-se observar divisão entre as opiniões, com parte dos alunos concordando com a ação rápida do antiácido, explícita na propaganda, enquanto outros se manifestaram de forma contrária. Como exemplos: “Aluno 25: Não porque normalmente demora, mas como era só um comercial eles fazem ficar mais rápido para caber no vídeo; Aluno 35: Não, pois nenhum medicamento causa um efeito tão rápido assim. Têm exceções de medicamentos para o estômago? Não acho que é possível ser tão rápido; Aluno 58: Na verdade não mais como é um comercial tem que ser rápido; Aluno 60: Acho que não, nos rótulos dizem que demoram 24h ou 12h para passar o efeito.” A maioria dos alunos mencionaram as palavras acidez, azia e suco gástrico em suas respostas, o que indica certo domínio sobre os conteúdos discutidos em sala de aula. Dentre as respostas, a palavra “neutraliza” foi recorrente, ao relacionar um antiácido com o ácido estomacal. Verificou-se também, a relação da sensação de queimação causada pela acidez, com situações do cotidiano doméstico, com citações que inferiram o uso rotineiro do medicamento. A partir das respostas analisadas, foi percebido que alguns alunos conseguem discernir que propagandas comerciais, na maioria das vezes, são exageradas para impulsionar as vendas, enquanto alguns alunos fizeram indagações em suas respostas, que poderiam ser redirecionadas a futuros debates críticos nas aulas de Ciências. Os bolsistas do PIBIC que participaram da atividade tinham pouco conhecimento sobre como a propaganda televisiva pode ser usada como recurso complementar em suas aulas e, deste modo, potencializar o aprendizado dos alunos. Porém, puderam refletir que os conteúdos de química estão presentes no currículo de Ciências desde os anos iniciais, mas muitos professores não percebem. Conforme apontado por Junior (2008), isso ocorre porque os assuntos são abordados de forma muito simplificada ou até mesmo sem utilizar o termo “química”, ausência justificada pela faixa etária em questão e/ou por se tratar das ciências de um modo geral, sendo desnecessário o uso de tal termo. Maldaner (2013) apontou que os alunos de licenciatura em química ainda vivem em currículos alicerçados em conteúdos acadêmicos, onde as disciplinas de conteúdos específicos se sobrepõem às disciplinas didático-pedagógicas. Diante de tantas adversidades pelas quais as atividades docentes têm passado, cabe destacar que é necessário refletir se os professores de química em formação possuem capacidade de trabalhar diante das diversidades de uma educação baseada em pluralidades pedagógicas.

Figura 1: Cena da "briga" com o camarão.

Propaganda "Sal de Fruta ENO - Food Fight [COMPLETO]." Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=TPwpyqRCF4k. Acessado em 25/08/2021.

Conclusões

As atividades realizadas permitiram que os licenciandos refletissem sobre a execução de aulas de Ciências/Química para o público infantil, com possibilidades para uma reflexão sobre o uso dos diversos recursos didáticos e metodológicos, além de permitir possibilidades de discussões profícuas nas suas aulas na licenciatura. As intervenções possibilitaram que esses futuros professores de química pudessem ter o interesse pelo uso didático de propagandas televisivas, com relações exitosas entre temas químicos e saúde humana, visões críticas ao consumo inadequado de medicamentos e a conscientização de que a Educação Química praticada nos cursos de graduação pode ser democratizada para o público em geral. Este estudo demonstrou grande potencial, uma vez que problematizou os assuntos discutidos em toda a educação básica, e até mesmo no ensino universitário, além de contribuir para que futuros professores possam realmente inserir e praticar situações do cotidiano no exercício das suas atividades como educador.

Agradecimentos

Este trabalho foi realizado com suporte financeiro da FAPERJ (bolsa de Auxílio a Projeto de Pesquisa - APQ1). Os licenciandos participantes da pesquisa agradecem ao IFRJ-Nilópolis e ao CNPq, pela concessão de bolsas de PIBIC.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. 1977.

BORBA, M. C.; ALMEIDA H. R. F. L.; GRACIAS, T. A. S. Pesquisa em ensino e sala de aula: diferentes vozes em uma investigação. 2ª ed., Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC. 2018. Disponível em: BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf (mec.gov.br). Acesso em 4 agosto/2021.

BRASIL. Temas contemporâneos transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF: MEC, 2019. Disponível em: contextualizacao_temas_contemporaneos.pdf (mec.gov.br). Acesso em 4 agosto/2021.

CHRYSOSTOMO, T. S. PROPAGANDAS TELEVISIVAS COMO RECURSOS DIDÁTICOS: concepções, investigações e práticas na licenciatura em química. 2016. 144 p. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Nilópolis, 2016.

CHRYSOSTOMO, T. S.; MESSEDER, J. C. Publicidade televisiva no ensino de ciências: um estado da arte. Revista REAMEC - Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, [S. l.], v. 9, n. 1, e21033, janeiro-abril, 2021. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/reamec/article/view/11458. Acesso em 4 agosto/2021.

DAMIANI, M. F.; ROCHEFORT, R. S.; CASTRO, R. F.; DARIZ, M. R.; PINHEIRO, S. S. Discutindo pesquisas do tipo intervenção pedagógica. Cadernos de Educação, 45, 57-67, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/3822. Acesso em 4 agosto/2021.

JUNIOR, C. A. C. M. A abordagem química no ensino fundamental de Ciências. In: PAVÃO, A.C.; FREITAS, D. Quanta ciência há no Ensino de Ciências. São Carlos: EdUFSCar, 2008.

KRASILCHIK, M., MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. 2a ed. São Paulo: Editora Moderna. 2007.

MALDANER, O. A. A formação inicial e continuada de professores de química. 4ª ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2013.

MINAYO, M. C. S. (org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

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