ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA E QUIMIOMÉTRICA DE XAROPES FITOTERÁPICOS INDUSTRIALIZADOS COMERCIALIZADOS EM FARMÁCIAS EM BELÉM-PA
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ÁREA
Química Analítica
Autores
Oliveira, A.C. (ESAMAZ) ; Araújo, D.R.S. (ESAMAZ) ; de Oliveira, P.C.O. (ESAMAZ) ; Pimentel, G.M. (ESAMAZ) ; de Carvalho, J.L.S. (ESAMAZ) ; Siqueira, G.F. (ESAMAZ) ; Pinheiro, A.S. (ESAMAZ) ; Lima, P.C. (ESAMAZ) ; Braga, A.D.G. (ESAMAZ) ; Pina, J.R.S. (ESAMAZ)
RESUMO
A Mikania glomerata S. (guaco) e Hedera hélix L. são plantas medicinais cujo derivado de droga vegetal é utilizado como insumo farmacêutico ativo (IFAV) na elaboração de medicamentos fitoterápicos com atividade broncodilatadora. Este trabalho foi realizado com 9 amostras de xarope de Mikania glomerata e 9 amostras de Hedera helix L. comercializadas em farmácias comerciais de Belém-PA,das quais foram avaliados os parâmetros físico-químicos, tais como, pH, ºBrix, viscosidade, acidez total, densidade, condutividade elétrica, salinidade, total de sólidos dissolvidos, teor de voláteis e colorimetria. Os critérios avaliados estão em conformidades relacionados aos aspectos legislacionais vigentes. Análise multivariada dos dados (PCA e HCA) mostrou distinção quanto a origem da amostra.
Palavras Chaves
Xaropes fitoterápicos ; Análise físico-química; Análise multivariada
Introdução
Diante do cenário pandêmico da Sar-cov-2 o uso de xaropes com atividade broncodilatadora houve um crescimento exponencial. Neste contexto, as espécies vegetais Mikania glomerata S. (Guaco) e Hedera hélix L. são plantas medicinais utilizadas como matéria prima vegetal na elaboração de xaropes fitoterápicos industrializados, ambas com atividade broncodilatadora. A Mikana glomerata S. tem como marcador químico cumarinas, um dos responsáveis sinérgicos por sua atividade farmacológica no tratamento de doenças respiratórias. A Hedera hélix L. é conhecida pela utilização de suas folhas como um broncodilatador, e isso ocorre por conta da a-hederina, que é o principal composto ativo farmacológico dos extratos, mostrando a grande importância na atividade farmacológica do fitoterápico (ALVES et al., 2021). A relevância do seguinte trabalho consiste na investigação por meio de análises físico-químicas e quimiométricas a qualidade dos medicamentos fitoterápicos com atividade broncodilatadora (Mikania glomerata S. e Hedera hélix L.) indo ao encontro das boas práticas de fabricação e controle de qualidade sendo um indicativo de manutenção das propriedades terapêuticas (segurança, eficácia e qualidade) e segurança para o consumidor (SILVA et al., 2019). Assim sendo, o objetivo do presente trabalho foi fazer algumas análises físico-químicas: sólidos solúveis totais (SST), acidez total, pH, teor de voláteis (TV), condutividade elétrica (CE), Salinidade (S), Viscosidade (V), Total dissolvidos de sólidos (TDS). Foi empregada métodos estatísticos multivariados como de componentes principais (PCA) e análise hierárquica de agrupamentos (HCA) para discriminar as amostras como fonte de matéria prima vegetal e laboratório.
Material e métodos
As amostras de medicamentos fitoterápicos foram adquiridas em diferentes farmácias comerciais localizadas em Belém-PA. Os xaropes fitoterápicos foram selecionados de marcas distintas e apresentam como alegação terapêutica atividade broncodilatadora e expectorante. Nove xaropes apresentaram como Insumo Farmacêutico Ativo Vegetal (IFAV) o extrato de Mikania glomerata S. (XG1.1, XG1.2, XG1.3, e XG2.1, XG2.2, XG2.3 e XG3.1, XG3.2 e XG3.3) e nove amostras com extrato de Hedera helix L. (XH1.1, XH1.2, XH1.3, e XH2.1, XH2.2, XH2.3 e XH3.1, XH3.2 e XH3.3). Os ensaios com as amostras foram realizados no laboratório de Análises Físico-químicas vinculados a faculdade de Farmácia da Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ) em Belém-PA. As análises foram realizadas em triplicata realizando o tratamento estatístico com o MINITAB 16. As análises de pH, ºBrix, teor de voláteis, viscosidade e acidez total seguiram metodologia do Instituto Aldof Lutz (2008). Para a determinação da condutividade elétrica, salinidade e total de sólidos dissolvidos foi adotado o método condutiométrico de forma similar a Jacinto et al., (2020), utilizando um medidor multiparâmetro ASKO Combo 5.Para verificar a intensidade da cor de cada amostra, utilizou-se o colorímetro portátil digital Konica Minolta CR-20 (CIE L*a*b), onde, através da luminosidade (L*) obtida, verifica-se o potencial de clarificação. A determinação da massa específica dos xaropes foi determinada pelo método de balões volumétricos (VILHENA et al., 2020).O parâmetro L* varia de 0 a 100, onde zero representa a coloração preta e 100 a cor branca. A variável a* indica variação entre a coloração vermelha (+a*) e verde (-a*), enquanto b* qualifica colorações amarelo (+b*) ao azul (-b*) (KONICA MINOLTA, 2013).
Resultado e discussão
Os resultados das análises físico-química estão expressos na Tabela 1.A
partir dos
dados de cor é possível observar que todos os xaropes se apresentaram com
cor marrom
a âmbar o que pode variar de acordo com a fonte vegetal da qual o xarope é
preparado
(PATIL et al., 2020). A maioria dos parâmetros apresenta média maior para as
amostras do xarope de Hedera hélix. Apenas a acidez total e os parâmetros de
cor
foram maiores para as amostras de xarope tipo Guaco. Os parâmetros que
apresentaram
maiores diferenças de média foram a viscosidade, teor de voláteis e o teor
de
sólidos solúveis totais (ºBRIX).O pH variou pouco dentro de cada grupo,
tendo sido
menor para as amostras de xarope Hedera, com média de 5,6 e desvio padrão de
0,31,
enquanto os xaropes Guaco apresentaram média em 6,39 com desvio padrão de
0,35, o
que indica que essas faixas de pH são características para cada xarope. Os
resultados encontrados neste estudo diferem dos encontrados por Almeida et
al.
(2018), cujos valores estiveram na faixa de 4,3 a 4,4 para amostras de
xarope
broncodilatador Acebrofilina. A Figura 1 apresenta o dendrograma da HCA
construída
para o conjunto de amostras estudado. Observa-se que as amostras são bem
separadas
em dois grupos distintos: o grupo das amostras de xarope Hedera e o grupo
das
amostras de xarope Guaco. Essa separação sugere que a partir do conjunto de
dados
obtidos, é possível indicar a separação entre os dois conjuntos de dados,
podendo
ser utilizado para diferenciar duas amostras de xaropes desconhecidas.
A Figura 1 mostra a separação entre o conjunto de amostras XG do conjunto de
amostras XH, indicando que o conjunto de parâmetros analisados foi adequado
para a
diferenciação dos dois tipos de xarope, mesmo considerando que a PCA é uma
técnica
exploratória.
Parâmetros físico-químicos para as amostras de xaropes fitoterápicos industrializados.
Gráficos da PCA e da HCA das amostras analisadas.
Conclusões
O estudo dos parâmetros físico-químicos dos xaropes fitoterápicos mostrou ser eficaz na diferenciação dos mesmos caso uma amostra desconhecida seja analisada pelos mesmos parâmetros. O valores mais elevados do xarope de Hedera evidenciam uma maior concentração de substancias que podem estar atrelada as características físico-químicas da das mostras. Além disso, esse estudo mostra a importância de aplicação de testes quimiométricos no controle de qualidade de formulações fitoterápicas.
Agradecimentos
Os autores agradecem a escola superior da Amazônia.
Referências
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São
Paulo, v.1, 4.ed., p. 1020, 2008.
PATIL, A. G.; MIRAJAKAR, K. G.; SAVEKAR, P. L.; BUGADIKATTIKAR, C. V.; SHINTRE, S. S. Formulation and Evaluation of Ginger Macerated Honey Base Herbal Cough Syrup. International Journal of Innovative Science and Research Technology, v.5, n. 6, p. 582-589, 2020.
ALVES, Kerollay Lucio; ARAÚJO, Karla Cristina Alves; OLIVEIRA, Adolfo Marcito Campos de. Principais fitoterápicos comercializados em drogarias de Teresina: informações terapêuticas dos principais princípios ativos vegetais. Revista de Casos e Consultoria, v. 12, n. 1, p. e25217-e25217, 2021.
SILVA, Cristiana Sant’Ana; FERNANDES, Gabriela Dias; BARBOSA, Rosiane Soares; VARGAS, Adriana Maria Patarroyo; DINIZ, Renata Silva; FRANCO, Adriane Jane. Rotulagem e regulamentação de fitoterápicos. ANAIS SIMPAC, v. 10, n. 1, 2019.
VILHENA, A.E.G.; SEHWARTZ, R.L.C.; BEZERRA, P.T.S.; BRASIL, D.S.B.
Caracterização físico-química do óleo de castanha do Pará extraído por prensagem
hidráulica. Braz. Ap. Sci. Rev.,Curitiba, v. 4, n. 3, p. 859-865, 2020.