APROVEITAMENTO DO EXTRATO GLICÓLICO DE PROTEÍNAS DO LEITE PARA OBTENÇÃO DE SABONETES
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Química Tecnológica
Autores
Vieira, J.S.C. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Cavalcante, D.S. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Castro, W.S. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Sousa, J.A. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Silva, J.A.S. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Magalhães, A.N. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Rodrigues, M.R.M. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Reis, H.C. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Silva, N.N. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA) ; Morais, E.S. (IFMA-CAMPUS ZÉ DOCA)
Resumo
Os sabonetes são empregados na higiene corporal. As indústrias do ramo de limpeza têm investido na melhoria do seu processo tecnológico impondo qualidade para atender as demandas de mercado consumidor. Este trabalho teve como objetivo produzir sabonetes à base de extrato glicólico de proteínas do leite. As matérias-primas utilizadas foram óleo de coco babaçu, sebo bovino e nata de leite bovino. Para otimizar a produção de sabonetes foram elaboradas quatro diferentes formulações contendo sabão verdadeiro e aditivos de acordo com o perfil físico-químico das materiais graxos. Sabonetes obtidos a partir de matérias-primas refinadas através de processos que geram baixos impactos ambientais, originaram produto com excelente qualidade que possibilitam atender as demandas dos consumidores.
Palavras chaves
Extrato glicólico; Maciez; Rejuvenescimento
Introdução
O sabonete é um sal de ácido carboxílico capaz de se solubilizar em meios polares e apolares em face de sua estrutura molecular. As moléculas apolares se dissolvem em gorduras e as moléculas polares são solúveis em água (LIMA, 2004). A adequação de um sabonete em relação ao aprimoramento de suas propriedades depende do controle dos parâmetros de qualidade durante o seu processo de fabricação. Dentre essas propriedades destacam-se a alcalinidade livre e o pH (ZAGO-PINO, 2008). O Brasil é líder em venda de sabonetes em barra e o segundo maior mercado em produtos relacionados ao banho e higiene pessoal. Nos últimos anos, foram consumidos 218 mil toneladas de sabonetes em barra. O sabonete tem como função principal limpar a pele, remover as impurezas e eliminar os resíduos da pele. Além de hidratar e proteger a pele, eliminar poeira e células mortas, eliminar o excesso de óleo e suor produzido pelas glândulas sudoripas (MOTTA, 2007). Com melhorias em seu processo tecnológico, as indústrias estão investindo cada vez mais na qualidade de seus produtos, visando atender as demandas de seus consumidores, oferecendo maiores variedades de produtos (ARGENTIERE, 2001; COSTA, 2015). Diante deste cenário, torna-se oportuno observar, como se obter um produto de qualidade aceitável no mercado e que atenda as necessidades do consumidor. Sendo assim, esta pesquisa se propôs a elaborar formulações de sabonetes capazes de hidratar, nutrir e rejuvenescer a pele dos usuários, a partir do extrato glicólico do leite bovino. Ele contém proteínas, minerais e vitaminas que rapidamente são absorvidas pela pele. O extrato glicólico do leite pode ser inserido na composição de sabonetes, uma vez que a proteína do leite é adequada ao organismo para a formação e reparo do tecido muscular.
Material e métodos
O sebo bovino, o óleo vegetal de babaçu e a nata do leite bovino foram as principais matérias-primas empregadas neste trabalho. Estes materiais foram adquiridos no município de Zé Doca-MA, e transportados para o Laboratório de Química do IFMA-Campus Zé Doca, onde foram refinadas para produção de sabonetes. O extrato glicólico foi extraído das proteínas do leite conforme recomenda Fogaça (2018). A rota reacional de produção do sabonete foi realizada de acordo com Mercadante e Assumpção (2010). A nata do leite foi aquecida num béquer até atingir o ponto de ebulição. Em seguida, o sistema de aquecimento foi desligado e adicionado vinagre de maçã. A mistura foi mantida em repouso por cerca de 30 minutos. Nesse ínterim, formaram-se duas fases; uma sólida, contendo coágulos de proteínas do leite e uma fase líquida, denominada de soro. As proteínas foram separadas do soro através de uma filtração simples. Os coágulos de proteínas retidos na peneira foram pesados. Massa de glicerina de igual proporção foi misturada aos coágulos do leite e homogeneizada com auxílio de um liquidificador durante cinco minutos. O extrato glicólico de proteínas hidrolisadas do leite obtido foi armazenado em frasco apropriado, estocado em ambiente refrigerado e disponibilizado para a fabricação dos sabonetes (FOGAÇA, 2018). Ao longo do processo de obtenção de sabonetes foram idealizadas quatro formulações diferentes contendo proporção entre 30-60% em peso de sabão verdadeiro para 60-30% em peso de coadjuvantes. Cada formulação de sabonete foi idealizada com base nas propriedades físico-químicas das matérias graxas, em especial, o índice de saponificação do sebo e do óleo, que foi utilizado para a determinação da quantidade de soda cáustica (NaOH) necessária para neutralizar o material graxo.
Resultado e discussão
No processo de otimização de sabonetes à base de extrato glicólico de
proteínas do leite foram elaboradas quatro diferentes formulações. Os
resultados revelados nos permitiu inferir que a massa base de sabonete
adequada reside na faixa de 40 a 60% de sabão verdadeiro. Valor inferior a
40% origina um produto líquido.
Observou-se que um percentual superior a 14% de açúcar e 12% de extrato
glicólico produzem sabonetes moles, formam gotículas de água quando expostos
a ambientes úmidos. O álcool etílico acelera o processo de saponificação. A
adição de percentuais maiores que 14% desse insumo reduz sua capacidade de
espumar e a partir de sua evaporação o sabonete murcha. Teores de água no
xarope acima de 20% originam um produto mole. É importante conhecer as
propriedades de cada componente do sabonete, para garantir um produto capaz
de provocar o bem-estar de seus usuários.
A Figura 1 mostra que a formulação com 60% de sabão verdadeiro, F1,
praticamente não apresentou rebarba, fixou bem o corante, a essência e se
manteve espumante. A formulação F2 com 50% de sabão verdadeiro, revelou uma
quantidade significativa de rebarba e menor capacidade para espumar. As
formulações, F3 e F4, não conseguiram se solidificar totalmente apesar de
fixarem a essência, o corante e apresentarem significativa formação de
espumas.
Observa-se que F1 fixou corante, essência e se manteve espumante. A F2,
revelou certa quantidade de rebarba apesar de fixar o corante e a essência,
apresentou menor formação de espuma. As formulações, F3 e F4,não conseguiram
se solidificar e permaneceu líquida. Em face disso, o sistema de otimização
nos permitiu produzir um sabonete sólido, com 60% de sabão verdadeiro e
líquido com 30% de sabão verdadeiro.
Conclusões
De acordo com os resultados obtidos no decurso do processo de aproveitamento do extrato glicólico de proteínas hidrolisadas do leite, pode-se inferir a formulação ótima contendo 60% de sabão verdadeiro reúne plenas condições de ser inserida na fabricação de sabonetes destinados ao rejuvenescimento e maciez da pele de seus usuários. Sabonetes obtidos a partir de matérias-primas refinadas através de processos que geram baixos impactos ambientais, quando saponificadas originaram um produto com excelentes qualidades com possibilidades claras de atender a demanda do mercado consumidor.
Agradecimentos
Os autores agradecem pelo apoio concedido pelo IFMA-Campus Zé Doca, pelo Instituto e pela Escola de Química da UFRJ e pelo Grupo de Pesquisas em Análises Químicas Sustentáveis (GPAQS) para a realização deste trabalho.
Referências
ARGENTIERE, R. Novíssimo receituário industrial: enciclopédia de formulas e receitas para pequenas, médias e grandes indústrias. São Paulo, Ícone, 5ª ed, 2001
COSTA, S. T. V. Produção de sabonete utilizando óleo de algodão. TCC (Graduação em Química Industrial). 55 f. Campina Grande (PB). Universidade Federal da Paraíba. Campina Grande (PB), 2015.
FOGAÇA, J. Produção de extrato glicólico de proteínas do leite. Estratégias de ensino. Disponível em: educador.brasilescola.uol.com.br. Acesso em 01 de maio de 2018.
LIMA, J. B. Experimentos de química utilizando materiais alternativos com aplicação no ensino médio. São Luis: EDUFMA, 2004.
MERCADANTE, Ricardo; ASSUMPÇÃO, L. Massa base para sabonetes: fabricando sabonetes sólidos. Projeto Gerart. Florianópolis: UFSC,2009. Disponível em: www.projetos.unioeste.br/apostila7.pdf> Acesso em: 11 mar. 2018.
MOTA, E. F. R. O. Fabricação de produtos de higiene pessoal. Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 36p, 2007.
NETO ZAGO, O. G; Del Pino, J. C. Trabalhando a química dos sabões e detergentes. Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul Departamento de química. 1997. Disponível em: www.iq.ufrgs.br/sabao. Acesso em: 12 mar. 2018.