AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE FOTOPROTETORA DE EXTRATOS VEGETAIS DA ESPÉCIE Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai.
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Produtos Naturais
Autores
Furtado, M.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Fernandes, A.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Pinheiro, N.A.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Siqueira, S.M.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Amorim, A.F.V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Montes, R.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Alcantara, O.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Mendonça, L.R.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Nascimento, B.N. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Filho, G.V.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)
Resumo
Os problemas ocasionados pelos protetores solares sintéticos levam a pesquisa de plantas com um potencial de absorção de raios UV. Este trabalho propõe-se a apresentar uma alternativa natural de fotoproteção baseada nas características da espécie Citrullus Lanatus. Foram preparados os extratos etanólicos das folhas e sementes da espécie, quantificado os teores de fenóis totais e flavonoides e avaliado o fator de proteção solar (FPS). Os teores de fenóis calculados das folhas e sementes foram 196,66 ± 0,8 mg EqAG/g e 73,33 ± 0,39 mg EqAG/g, respectivamente. O teor de flavonoides calculado nas folhas foi de 25,00 ± 0,07 mg EqC/g e nas sementes de 37,5 ± 0,64 mg EqC/g. Ambos apresentaram uma boa atividade fotoprotetora, para as sementes o FPS foi de 5,75 ± 0,07 e para as folhas 7,16 ± 0,09.
Palavras chaves
Citrullus lanatus; fotoproteção; fenóis
Introdução
A busca pelo corpo físico adequado aos padrões designados pela sociedade se tornou uma demanda para a população atualmente, destacando a necessidade de adquirir um corpo jovial, musculoso e bem distribuído, de tonalidade díspar e sem danos dermatológicos, como acnes e celulite. Uma destas tendências é justamente o bronzeamento natural, ocorrido em praias, na qual as pessoas tendem a ficar expostas sob luz solar e estimulam a produção de melanina para escurecer a pele. Apesar de importante para a produção de vitamina D, a exposição excessiva ao sol pode causar sérias queimaduras, acelerar o processo de envelhecimento precoce da pele e até mesmo causar câncer, de acordo com (OLIVEIRA et al., 2011) Surge-se então a necessidade de consolidar este procedimento de forma segura e eficaz e uma das formas é o uso de bloqueadores solares. Os bloqueadores ou protetores solares são substâncias produzidas com finalidade de reduzir a absorção de raios solares na pele, mantendo ainda o bronzeamento, uma vez que muitos raios ainda são permitidos se propagar e penetrar. São capazes de impedir a completa absorção de raios UVA e UVB na derme e epiderme, e são responsáveis por não permitir a concentração de substâncias refletoras. Segundo HU (1990), quando os raios atingem o corpo, encontram moléculas do produto que absorvem a energia do sol. A absorção faz as moléculas se agitarem, tal que fiquem excitadas, retornando em seguida ao estado fundamental, o que faz com que a pele receba uma fração de energia solar menos adversa e reflita o restante. Entretanto, até mesmo os protetores solares têm apresentado problemas de saúde e de conservação do meio ambiente. O crescimento do câncer de pele vem crescendo junto com o uso de protetores solares e isso se define em consequência da presença de uma substância denominada oxibenzona. Tal substância, além de causar alergia nos usuários, é responsável pela produção excessiva e exacerbada de melanona, levando a carcinonas. Isso se deve a também facilidade do produto ser absorvido pela pele e se concentrar nas camadas cutâneas. Muitos países já proibiram os protetores solares que constam esta substância em sua composição. Além disso, está relacionada ao branqueamento dos recifes de corais, que tem ocasionado no desaparecimento destas espécies e, eventualmente, um desequilíbrio ambiental (GOUDIN; TOUITOU, 2007). Em virtudes dos problemas ocasionados por estes produtos, esta pesquisa propõe-se a apresentar uma alternativa natural e acessível de fotoproteção baseada nas características fitoquímicas da espécie Citrullus Lanatus, popularmente conhecida como melancia. Além de suas propriedades prospectivas, a melancia apresenta-se por ser um alimento rico em água, fazendo com que a pele ainda possa ser hidratada de forma adequada e segura.
Material e métodos
OBTENÇÃO DOS EXTRATOS ETANÓTICOS As folhas e sementes da C. latatus depois de secas foram pesadas, trituradas e embebidas em etanol 96,0% (v/v) durante quinze dias. Logo após os dias corridos, foram filtradas e colocadas em um evaporador a vácuo rotativo para retirada completa do solvente. QUANTIFICAÇÃO DE FENÓIS TOTAIS Foi feito pelo método de Folin-Ciocalteu (SOUSA et al., 2007). Dissolveu-se 7,5 mg do extrato em MeOH e completado para 25mL. Agitou-se uma alíquota de 100µL com 500µL de Folin-Ciocalteu por 30 segundos, acrescentando 6 mL de H2O e 2mL de Na2CO3 à 15%. Agitou-se por 1min e depois completado para 10mL com H2O. A absorbância das amostras em 750nm foi determinada após 2h. Como padrão utilizou-se o ácido gálico. O teste foi feito em triplicata. Curva de calibração: y = 0,0013x - 0,018 QUANTIFICAÇÃO DE FLAVONOIDES TOTAIS Foi feito pelo método de Funari e Ferro (2006). Foi preparado uma solução com 20 mg da amostra em 10 mL de etanol. Misturou-se uma alíquota de 2 mL com 1 mL de AlCl3 a 2,5% e foi completado para 25 mL com etanol. Após 30 min determinou-se a absorbância da amostra a 425 nm. Como padrão utilizou-se a quercetina. O teste foi feito em triplicata. Curva de calibração: y = 0,04215x – 0,0118. DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO DE ONDA MÁXIMO E DA ABSORBÂNCIA MÁXIMA DO EXTRATO Foi feito pelo método de Violante et al. (2009). O extrato seco foi diluído em álcool etílico PA (100mg/L) e realizada varredura entre os comprimentos de onda de 260-400nm em espectrofotômetro. O etanol foi utilizado como branco e o teste ocorreu em triplicata. DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (FPS). Foram preparadas soluções de extrato nas concentrações de 25, 50, 100 e 250 ppm. Analisou-se a absorbância da amostra em comprimento variando de 290 a 320 nm com intervalos de 5 em 5 nm. O etanol foi usado como branco. O fator de proteção solar foi calculado seguindo a fórmula de Mansur et al. (1986): FPS = CF x 290 Σ 320 EE (λ) x I (λ) x Abs(λ) Onde: EE - Espectro de efeito eritemático; I - espectro de intensidade solar; Abs – absorbância da amostra; CF – fator de correção (=10). Os valores de EExI são constantes e esses valores foram determinados por Sayre et al. (1979).
Resultado e discussão
QUANTIFICAÇÃO DE FENÓIS TOTAIS
Os extratos das folhas e sementes apresentaram os
seguintes teores de compostos fenólicos: 196,66 ± 0,8 mg EqAG/g e 73,33 ±
0,39 mg EqAG/g, respectivamente.
Os compostos fenólicos compreendem os flavonóides
(antocianinas e flavonóis), os estilbenos (resveratrol), os ácidos fenólicos
(derivados dos ácidos cinâmicos e benzóicos) e uma larga variedade de
taninos (FRANCIS, 2000).
No estudo feito por Seidu e Otutu (2016), as sementes da
melancia apresentaram um baixo teor de compostos fenólicos, no valor de
5,63±0,51mg GAE / g. Utilizando os dados da literatura referentes ao estudo
do teor de fenóis totais em diferentes plantas para comparação com os
valores obtidos, observa-se que os extratos etanólicos das folhas e sementes
da melancia tiveram alto teor de fenóis, resultado esse que pode afetar
diretamente a atividade fotoprotetora do extrato.
QUANTIFICAÇÃO DE FLAVONÓIDES TOTAIS
O extrato das folhas apresentou o seguinte teor de
flavonoides (25,00 ± 0,07 mg EqC/g) e as sementes (37,5 ± 0,64 mg EqC/g).
Seidu e Otutu (2016) quantificaram o teor de flavonoides
totais das sementes da melancia, tendo como resultado 7,76 ± 0,14mgQE / g.
Comparando com os dados obtidos, observa-se que os extratos etanólicos da
melancia em estudo apresentaram teores bem elevados de flavonoides.
Os flavonoides têm sido utilizados como antioxidantes naturais em alimentos
e medicamentos, devido à sua capacidade para eliminar espécies reativas de
oxigênio (VELIOGLU et al. 1998). Segundo Markhan e colaboradores (1998), a
presença de flavonoides é um fator importante no potencial de fotoproteção
da planta, já que agem diretamente na proteção das plantas contra os raios
ultravioletas além de dissiparem de forma inofensiva.
DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO DE ONDA MÁXIMO E DA ABSORBÂNCIA MÁXIMA
O extrato etanólico das folhas da melancia apresentou
absorbância máxima na região UVA em 330 nm. Onde as pessoas estão expostas a
esses raios todos os dias, podendo até causar queimaduras e mutagenicidade.
Já o extrato das sementes apresentou absorbância máxima na região UVC em 270
nm.
DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR DOS EXTRATOS ETANÓLICOS DE CITRULLUS
LANATUS
Nas concentrações utilizadas 25, 50, 100 e 250 µg/Ml o
extrato etanólico das sementes da C. lanatus apresentou um valor de FPS bem
próximo de 6 (5,75 ± 0,07), logo, de acordo com a ANVISA não é indicado para
ser utilizado como protetor solar, pois o fator mínimo de proteção é de FPS
06 (ANVISA, 2012). Entretanto, podem ser consideradas com potencial
fotoprotetor, pois o valor do FPS encontrado foi maior que 2 (Violante et
al., 2009).
As folhas apresentaram o FPS>6, valor de (7,16 ± 0,04)
na concentração de 250ppm, com esse resultado, as folhas da melancia podem
ser usadas como protetores solares. Os gráficos a seguir mostram o FPS para
cada concentração analisada.
. De acordo com Cunha (2005), o papel que os flavonóides
desempenham na biologia vegetal é, por vezes, aproveitado para explorar suas
atividades terapêuticas como, por exemplo, antifúngica e bactericida,
antioxidante e protetora dos raios ultravioletas.
Segundo Markhan e colaboradores (1998), a presença de
flavonoides é um fator importante no potencial de fotoproteção da planta, já
que agem diretamente na proteção das plantas contra os raios ultravioletas
além de dissiparem de forma inofensiva. Porém, apesar de muitas plantas
apresentarem constituintes antioxidantes e consequentemente, boas
atividades, o extrato obtido pode não apresentar um potencial fotoproteção
significativo, devido à baixa quantidade de flavonoides.
Os extratos etanólicos da melancia apresentam potencial
fotoprotetor, provavelmente, devido seu relevante teor de flavonoides e
compostos fenólicos, em que possuem a propriedade de absorver a radiação UV
devido à presença de anéis aromáticos em sua composição. Logo a espécie pode
ser usada como protetor solar e ser inserida em formulações cosméticas
fotoprotetoras.
Conclusões
O teor dos compostos fenólicos e flavonóides influenciaram diretamente na atividade fotoproterora da planta, devido suas estruturas serem capazes de absorver os raios UV. Como se previa nas concentrações utilizadas, o extrato etanólico das folhas da C. lanatus apresentou uma atividade fotoprotetora melhor que das sementes, pois as sementes possuem uma natureza lipofílica intensa. A utilização de resíduos como as sementes da melancia é de grande importância, tanto para saúde do individuo devido às propriedades benéficas a saúde, e também na diminuição dos resíduos que se aglomeram a cada dia nos lixões, não havendo uma reutilização dessas sementes que são descartadas pelos consumidores da fruta. Nas concentrações utilizadas a espécie apresentou FPS ≥6 nas folhas e nas sementes um FPS= 5,75, logo, poderão ser utilizadas como protetor solar ou associadas a formulações de fotoprotetores para atuar sinergicamente e se complementar na proteção contra as radiações UV e os danos que ela induz. Ocorrendo também a diminuição de pessoas possuindo alergias, devido compostos tóxicos como a oxibenzona na composição dos fotoprotetores, tornando-os cada vez mais naturais.
Agradecimentos
Referências
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