EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE INAJÁ (Maximiliana maripa).

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Leite, R. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ-IFAP) ; Gemeli, S. (CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ) ; Souza, M.A.F. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ-IFAP)

Resumo

O Inajá (Maximiliana maripa) é um fruto que apresenta enorme potencial produtivo. Ocorre em abundância em áreas de terras firmes na Amazônia, tanto a amêndoa como a polpa do fruto podem servir como matéria prima para a indústria de cosméticos, saboarias e alimentícios, o potencial industrial do óleo obtido do fruto pode alcançar até 60% de rendimento. O presente trabalho teve objetivo da extração do óleo do mesocarpo do Inajá onde o rendimento obtido foi de 31,30%, e a realização de testes físico- químicos para determinar índice de saponificação (IS), índice de acidez (IA), índice de refração (IR) e o teor de sólidos solúveis totais (SST), foram encontrados respectivamente valores de 104,56 mg KOH/g, 5,60 mg KOH/g, 1,464 e 69ºBrix,que se encontram de acordo com a literatura.

Palavras chaves

Inajá; Oleo; Extração

Introdução

O Brasil é rico em diversidade de palmeiras nativas. Só na Amazônia são representadas por aproximadamente 180 espécies, distribuídas em 39 gêneros nativos (MIRANDA E RABELO, 2008). Tal diversidade abre uma variedade de possibilidades para uso destas, como alimento, na produção de artesanatos, como matéria prima na construção de casas, como cosméticos, remédios, utensílio doméstico, dentre outras (OLIVEIRA E RIOS, 2014).De acordo com SHANLEY (2002), o Inajazeiro ocorre em abundância em áreas de terras firmes na Amazônia, podendo atingir até 14 metros de altura e 69 centímetros de diâmetro. O fruto é muito apreciado pelos animais silvestres e domésticos e por isso os caçadores gostam de usá-lo como isca para a caça. No passado era comum o preparo de um tipo rústico de “sabão vegetal” da polpa dos frutos maduros. O Inajá é um fruto que apresenta enorme potencial produtivo. Do seu fruto (amêndoa) é extraído óleo de cor clara transparente e com propriedades físico-químicas excelentes para a culinária, produção de biocombustível e outros produtos industriais (MOTA & FRANÇA, 2007). O óleo extraído da polpa do inajá é semelhante ao do babaçu em qualidade e no uso, apresentando sabor picante e de cor vermelho-alaranjado, podendo alcançar até 23% de rendimento (SHANLEY, 2002). A despeito do seu grande potencial oleaginoso, sua população natural é constantemente alvo de queimadas durante o preparo de áreas agrícolas e limpeza de pasto nessa região (MATOS, 2010). Assim, para proporcionar o aproveitamento econômico do inajá na Amazônia e a sua incorporação à lista de produtos não madeireiros comerciais, é necessário ampliar as pesquisas básicas nesta área de conhecimento (MATOS, 2017). Entre uma das diversas aplicações de subprodutos (óleos, extratos, etc) de plantas Amazônicas, está a fabricação de cosméticos. Produtos para cuidados com a pele e os cabelos constituem as principais categorias dentro do mercado global de cosméticos e produtos de higiene pessoal; cada uma delas apresentou vendas superiores a US$ 50 bilhões em 2005(SEBRAE,2008). Os aspectos físico-químicos também são de suma importância para conhecer as características do óleo como índice de saponificação e acidez, que fornecem informações sobre a validade dos óleos para consumo e métodos adequados de armazenagem. De acordo com ALVES ET AL (2015), na produção extrativista, desenvolvida na maioria das regiões amazônicas, não há qualquer preocupação om as características físico-químicas dos óleos essenciais e nenhum dado experimental que acompanhe a extração dos óleos essenciais na sua safra. As pesquisas cientificas no âmbito dos chamados produtos florestais não- madeireiros podem gerar conhecimentos cientifico e aplicado, que permitam subsidiar novos processos e produtos a partir da flora amazônica. O presente trabalho, realizado no laboratório de Química Orgânica do Instituto Federal do Amapá – IFAP, Macapá – AP, tem como objetivo extrair o óleo do inajá (Maximiliana maripa), verificando seu rendimento, bem como proceder testes físico-químicos para determinar índice de saponificação (IS), índice de acidez (IA), índice de refração (IR) e o teor de sólidos solúveis totais (SST). As pesquisas cientificas no âmbito dos chamados produtos florestais não-madeireiros podem gerar conhecimentos cientifico e aplicado, que permite subsidiar novos processos e produtos a partir da flora amazônica.

Material e métodos

As amostras do fruto foram adquiridas na feira local de produtores rurais, nas quais foram retiradas a polpa e secas em estufa durante 36 horas a uma temperatura de 90ºC. Foi realizada a extração pelo extrator de lipídeo(fig.1), onde a amostra permaneceu imersa no solvente por 2 horas a 90 ºC, e 1 hora a 100ºC suspensa sobre este, que permaneceu gotejando sobre a amostra, tendo como produto o óleo figura 2. Foram usadas 15 gramas de amostra seca com 50 mL de acetona como solvente, o procedimento foi realizado em triplicata, após a eliminação do solvente procedeu-se os cálculos para determinação do rendimento em porcentagem. Dividindo a massa da amostra seca pela massa de óleo obtida, multiplicado por 100. Com as amostras do óleo de inajá foram realizados testes para determinação das características físico-químicas do óleo, entre estas técnicas podemos citar: O índice de saponificação, que foi determinado segundo as normas do INSTITUTO ADOLF LUTZ (2008), índice de acidez, que foi determinado adaptando-se o método descrito em ABNT NBR 14448, adicionando uma quantidade de amostra em uma mistura de tolueno e álcool isopropílico contendo uma pequena quantidade de agua destilada (0,5%), titulando-se com solução de KOH 0,1M, índice de refração (IR) e o teor de sólidos solúveis totais (SST) que foram determinados através do refratômetro de bancada tipo Abbe mod. RTA- 100.

Resultado e discussão

Com relação ao óleo obtido, obteve-se rendimento em média de 31,30%(tabela 1). Em comparação aos outros autores que usaram a mesma metodologia da extração a quente empregada no processo e tendo como reagente o hexano, SOUZA et al (2005) um rendimento de 36% e CARDOSO et al (2007) de 37%, podemos afirmar que o óleo de inajá pode ser extraído com maior rendimento com o hexano, mas não pouco desconsiderado o uso da acetona como reagente extrator já que a diferença não foi tão relevante no processo. Podemos considerar também que o nível de toxicidade da acetona é menor que do hexano, no que diz respeito ao uso final do óleo extraído, de forma que o processo pode ser empregado pelo setor produtivo para obtenção de óleo com potencial de comercialização, dentre outros usos. Com relação as caraterísticas físico-químicas, observadas na tabela 2, foi verificado os valores para índice de saponificação (IS), índice de acidez (IA), índice de refração (IR) e substancia sólidas totais (SST). No índice de saponificação obtido na pesquisa observamos valores mais abaixo em comparação a alguns autores encontrado na literatura como: CONCEIÇÃO (2010) 243,66 mg KOH/g, MOZOMBITE (2016) 176,12 mg KOH/g e DUARTE (2008) 210,00 mg KOH/g, bem como um aumento no valor do índice de acidez em relação aos resultados obtidos por CONCEIÇÃO (2010) 2,54mg KOH/g, MOZOMBITE (2016) 2,49mg KOH/g e DUARTE (2008) 4,93mg KOH/g. Provavelmente esta diferença nos índices de saponificação e acidez seja devido ao reagente hexano usado na extração.

Extrator de lipídeos(fig.1)

extrator utilizado no procedimento em laboratório.

Óleo de Inajá(fig2).

Óleo extraído durante o procedimento

Tabela 1

Rendimento obtido na extração.

Tabela 2

Características físico-química(valores obtidos)

Conclusões

Constatou-se que os valores encontrados tanto para a extração e como nas análises físico-químicas estão bem próximo a literatura, as diferenças de valores encontrados tanto no rendimento quanto nas características físico- química provavelmente podem ser justificadas pelo uso do solvente hexano, que nos dar grande vantagem sobre a nossa metodologia empregada, já que o hexano é toxico para uso industrial alimentício e cosmético.

Agradecimentos

Agradecemos ao IFAP - Instituto Federal do Amapá, por ter disponibilizado o Laboratório de Orgânica para seguirmos com nosso projeto, e também ao Prof. Dr. Marcos Antônio Feitosa pela orientação no projeto.

Referências

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