ANÁLISE DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS EM LEITE DE JANAÚBA (HIMATHANTUS DRASTICUS)

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva Gonçalves de Araujo, J. (UFPA) ; Gonçalves Barros, S.P. (UFPA) ; da Paz Lopes, L.N. (UFPA) ; da Silva Seabra, P.S. (UFPA) ; Brito Negrão, C.A. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; Pinheiro do Rosário, A.A. (UFPA) ; Megno Rocha, R. (LACEN) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

A janaúba (Himatanthus drasticus) é uma espécie arbustiva que pode chegar até 7 m de altura. Encontrada em áreas de cerrado, caatinga, e floresta tropical. É utilizada na medicina popular para o tratamento de doenças como tumores, hemorroidas, infecções do trato respiratório, aparelho digestivo, etc.. Este trabalho teve como objetivo analisar parâmetros físico-químicos do leite de Janaúba, para colaborar com sua caracterização, pois é notável a falta de informação deste produto. Foram analisados os seguintes parâmetros: pH; condutividade elétrica (CE); densidade; viscosidade e sólidos solúveis totais. Todas as metodologias seguidas foram oficiais. Os resultados obtidos se mostraram parcialmente concordante com valores da literatura para outros materiais similares.

Palavras chaves

Drogas vegetais; Amazônia; Controle de qualidade

Introdução

A Janaúba (Himathantus drasticus) é uma espécie arbórea que pode alcançar cerca de 7 m de altura e desenvolver folhagem densa na extremidade dos ramos. A casca tem uma aparência rugosa e elimina naturalmente um látex de coloração branca (PLUMEL, 1991; MODESTO, 1997; LORENZI e MATOS, 2002).O látex, quando é retirado do tronco da janauba, é diluído em água, na proporção de 1:10, dando origem ao leite. A mistura é armazenada em recipientes de vidro (MODESTO 1997). Em algumas regiões do Nordeste do Brasil o leite da Janaúba é comercializado em forma de garrafadas. Sob a perspectiva farmacológica existe um aumento interesse neste composto, pois apresenta atividade anti-inflamatória, bactericida, fungicida, antiviral, analgésica, antialérgica e anticarcinogênica e tratamento de artrites (PATOCKA, 2003). Apesar da grande importância apresentada anteriormente, o leite de Janaúba, ainda é pouco estudado em termos químicos, principalmente, dentro dos parâmetros físico-químicos que possam o caracterizar. O objetivo deste trabalho foi investigar alguns parâmetros físico-químicos do leite de Janaúba, para colaborar com sua caracterização. Foram analisados os seguintes parâmetros: pH; condutividade elétrica (CE); densidade; viscosidade e sólidos solúveis totais. Todas as metodologias seguiram métodos oficiais.

Material e métodos

Seis amostras foram obtidas no Mercado Central de São Luiz do Maranhão, em novembro de 2018. As amostras foram levadas para o Laboratório de Física Aplicada à Farmácia da Universidade Federal do Pará, onde foram executadas as seguintes análises físico-químicas: viscosidade, realizada a partir da observação do tempo de escoamento do leite em segundos) com um viscosímetro tipo copo Ford 3, de modo que o tempo de escoamento foi convertido para viscosidade pela equação do aparelho; densidade, determinada através da medida de massa contida em picnômetro de 25 mL; condutividade elétrica, feita com um condutivímetro portátil (INSTRUTHERM, CD 880), previamente calibrado com solução padrão de condutividade 146,9 μS/cm e realizado em temperatura ambiente (27,5º C); sólidos solúveis totais, em que foi utilizado um refratômetro portátil com escala de 0 a 32º Brix; pH, determinado usando um pHmetro (PHTEK) calibrado com solução tampão pH 4 e 7 (ADOLFO LUTZ, 2008); e umidade, determinada após adicionar 3 g de leite em caçarolas previamente taradas e deixadas na estufa durante 24 h à 105°C. As análises foram realizadas em triplicata. O tratamento dos dados foi executado com o auxílio do programa Excel 2010.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos se encontram na Tabela 1. Os valores de pH variaram entre 3,60 e 3,80 com média igual a 3,68 sendo este valor próximo ao resultado de pH do leite de sucuuba, de 3,79, com variação entre 3,36 e 4,39 obtidos por Pinheiro et al. (2015) e diferente dos resultados obtidos por Yano et al. (2007), que é uma média de 5,37,e entre 5,35 e 5,42 para leite de Amapá doce, o que indica que o leite de Janaúba é mais ácido que o leite de Amapá-doce. A condutividade elétrica variou entre 0,33 mS/cm e 0,37 mS/cm, com média igual a 0,36 mS/cm sendo mais elevada que os resultados encontrados para o leite de sucuuba que variou entre 0,08 mS/cm e 0,38 mS/cm. As amostras quanto aos sólidos solúveis totais (SST) permaneceram em mesmo valor de 1° Brix, sendo tal valor bem inferior aos resultados obtidos por Yano et al. (2007), em leites de Amapá-doce que ficaram entre 23,05 e 26,03 °Brix e mais próximo ao resultado do leite de sucuuba (Pinheiro,2015), que variou entre 2,00 e 5,67 °Brix. A média de densidade obtida para o leite de Janaúba foi igual a 1,0298 g/mL, variando entre 1,0260 g/mL e 1,0356 g/mL, sendo menor que a média de densidade obtida para o leite de Janaúba que foi igual a 1,08 g/mL. A viscosidade obtida ficou em média igual a 20,15 cSt, ficando um pouco inferior ao resultado de Pinheiro et al. (2015), que foi de 30,38 cSt indicando um produto pouco viscoso.

Conclusões

Com as características físico-químicas analisadas do leite de Janaúba demonstrou-se que esse material é ácido, mais ácido do que outros materiais similares (leites de sucuuba e de Amapá), pouco densos, de baixa densidade e com baixa condutividade elétrica, sendo que esses dois últimos parâmetros se assemelham aos resultados encontrados na literatura.

Agradecimentos

UFPA, UFRA e LACEN

Referências

ADOLFO LUTZ [2008]. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.

LORENZI, H. E.; MATOS, F.J. DE A. Plantas medicinais no Brasil/ Nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum. p. 512, 2002.

MODESTO, M. M. L. S. Aspectos ecológicos e sócio- econômicos de Himatanthus articulata (Wahl.) Woodson. janaguba da Chapadado Araripe. Monografia (Especialização em Botânica) - Universidade Regional do Cariri, Crato, p. 55, 1997.

PATOCKA, J. Biologically active pencyclic triterpenes and their current medicine signification.J. Appl. Biomed,v.1, p. 7-12, 2003.

PINHEIRO, D. da Silva et al.Análise de parâmetros físico-químicos em leite de Sucuúba (Himathantussucuuba). In: 54° Congresso Brasileiro de Química. Natal, Rio Grande do Norte, 2014.

PLUMEL, M. M. Le genre Himatanthus (Apocinaceae) revisión taxonomique: bradea. Boletim do Herbarium Bradeanu, Rio de Janeiro, v. 5, p. 1-20, 1991.

YANO, C. Y. B.; MATTIETTO, R. A; CORDEIRO, B. S. Caracterização físico-química do látex do amapá-doce proveniente do munícipio de Moju, Pará. 59ª SBPC, Belém, Pará, 2007.