FRACIONAMENTO CROMATOGRÁFICO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES BIOLÓGICAS DA DICLOROMETANO DAS FLORES Combretum lanceolatum POHL ex. Eichler (COMBRETACEAE)

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Sinésio, F. (UFMT) ; Silva, V. (UFMT) ; Oliveira, G. (UFMT) ; Junior, P. (UFMT) ; Ribeiro, T. (UFMT)

Resumo

A espécie Combretum é uma das mais abundantes na família Combretaceae, com aproximadamente 370 espécies de distribuição cosmopolita no mundo. No Brasil existem aproximadamente 22 espécies, registradas nos biomas, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântida e Pantanal. Diversos estudos farmacológicos, com base na etnobotânica (principalmente na África), foram comprovados para este gênero,eles estão relacionados às atividades, antioxidante, antidiabética, antimicrobiana e entre outras. Esse estudo contribuiu com a quimiotaxonomia da espécie através do estudo fitoquímico do extrato bruto etanólico das flores (EBEtOHF1) submetido à partição com solventes, seguido de procedimentos cromatográficos, proporcionando o isolamento e identificação do flavonóide tamarixetina.

Palavras chaves

estudo fitoquímico,; Combretum lanceolatum; tamarixetina.

Introdução

Combretum lanceolatum Pohl (Combretaceae) é uma espécie vegetal situada do norte ao sul do Brasil e Paraguai, conhecida pelo nome popular como mel de pomba, pombeiro vermelho e remela-de-macaco (POTT e POTT, 1994 apud SILVA; RUBIO, 2007). É encontrada como arbusto de até 4 metros de altura, folhas opostas, flores esverdeadas a amareladas e frutos elipsóides vináceos quando jovens, e castanhos na maturidade (LOIOLA et al., 2009). Comumente em áreas de brejo como o Pantanal (SILVA; RUBIO, 2007). Pesquisa realizada por Silva e Rubio (2007) demonstrou que a secreção gelatinosa e adocicada produzida pelas flores de C. lanceolatum, serve de alimento para cerca de 28 espécies de aves do Pantanal durante o período de seca. O extrato bruto etanólico das flores de C.lanceolatum foi sujeito à avaliação antidiabética, testada pelo laboratório de Bioquímica DQ/UFMT, determinou a redução da glicose plasmática em ratos diabéticos STZ após 21 dias de tratamento e reduziu a ureia urinária, assim como a perda de massa de óleo e EDL esquelético (DECHANDT et al., 2013), indicando um possível papel na inibição da gliconeogênese. Estudos posteriores de investigação das alterações na taxa de gliconeogênese e na ativação de AMPK no fígado de ratos diabéticos (SIQUEIRA et al., 2016) demonstraram resultados expressivéis, considerando a planta brasileira C. lanceolatum propícia para fabricação de formulações fitoterápicas visando reduzir a hiperglicemia relacionada com a Diabetes mellitus.

Material e métodos

As flores trituradas e secas obtiveram um peso de 3,28 kg e passaram por um processo de maceração a frio com etanol, sob agitação ocasional, por um período de sete ciclos e cada ciclo com um total de sete dias, seguido de filtração e concentração em evaporador rotativo e com pressão reduzida. O material extraido foi mantido em estufa até que estivesse totalmente seco, foi obtido o EBEtOHF1 (700,0 g;21,34%). O fracionamento do EBEtOHF1 foi realizado por meio de técnicas de extração por partição liquído-liquído. O EBEtOHF1 (700,0 g) foi suspenso em metanol-água (7:3;700 mL) e submetido a partição líquido-líquido com hexano (3x 1000 mL),diclorometano (3x 1000 mL) e acetato de etila (3x 900 mL), obtendo-se as seguintes 43 frações: fração hexânica – FHex (40,00 g; 5,7%), fração diclorometânica – FDCM (150,33g; 21,42%), fração acetato de etila – FAcOEt (191,12 g; 27,30%) e o resíduohidrometanólico – FHMeOH (309,10 g; 44,14%). A fração FDCM (20,64 g) foi submetida à cromatografia em coluna (ø 7,0cm; h 34,5 cm) de sílica gel 70-230 mesh (505,26 g) com fase móvel eluida de forma gradiente de polaridade com hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol. Foram obtidas 235 frações de 50 mL, essas frações foram analisadas em CCDA e reagrupadas de acordo com similaridade de Rf, resultando em 13 grupos – FD0 à FD12. O grupo FD5 (0,0678 g) se apresentou parcialmente solúvel em CHCl 3 e após filtragens sucessivas com clorofórmio, foi separado o sobrenadante do precipitado de coloração amarela FD5.1 (0,0101 g) que ao ser analisado em CCDA com irradiação UV com comprimento de onda de 254 e 365 nm apresentou uma mancha única com coloração típica de flavonoide, posteriormente foi enviada para análise RMN 1 H e 13 C.

Resultado e discussão

A amostra FD5.1 (0,0101 g) foi submetida por processos espectroscopicos e espectrometricos, essa substância apresentou-se na forma de um sólido amorfo amarelo, solúvel em DMSO, e sendo identificada como um flavonoide da classe dos flavonois, 4'-O-metilquercetina (tamarixetina).O espectro de RMN 1 H (Figura 1) apresenta sinais característicos de hidrogênios em anéis aromáticos, sendo δ H 6,17 (d; 1H; J=1,98 Hz, H-6) e δ H 6,46 (d;1H; J=1,99 Hz, H-8) com acoplamento em meta do anel A e δ H 7,73 (d; 1H; J=2,14 Hz, H-2’), δ H 7,67 (dd; 1H; J=1,99 e 8,4 Hz, H-5’) e δ H 6,92 (d; 1H; J=8,5 Hz, H-6’) do anel B, caracterizando um sistema de spins do tipo AMX. Também foi evidenciando apresença de metoxila em δ H 3,83. O espectro de RMN 13 C (Figura 2) apresentou quinze sinais e mais o sinal da metoxila em δ C 56,22, todos sinais são característicos do sistema flavonoídico. A Tabela 1 compara os sinais de FD5.1 com dados da literatura e, assim, também com os dados de IV, constata-se que o mesmo se trata do flavonoide tamarixetina, isolado pela primeira vez no gênero Combretum.

Figuras 1 e 2

Figura 1: Espectro de RMN de 1H (500 MHz, DMSO- d6) de FD5.1. Figura 2: Espectro de RMN de 13C (125 MHz, DMSO- d6) de FD5.1.

Tabela 1 e Estrutura Tamarixetina

Tabela 1: Dados de RMN de 1H e 13C de FD5.1 e comparações com a literatura Figura3: Fórmula estrutural da Tamarixetina

Conclusões

O estudo químico das flores de C. lanceolatum levou ao isolamento de uma substância, que através de técnicas espectroscópicas e em comparação com dados da literatura foi possível determinar que se trata de um flavonóide identificado como tamarixetina, o qual é relatado pela primeira vez na espécie.

Agradecimentos

Referências

DECHANDT, C. R. P.; SIQUEIRA, J. T.; SOUZA, D. L. P.; ARAÚJO, L. C. J.;
SILVA, V. C.; SOUZA JR, P. T. ANDRADE, C. M. B.; KAWASHITA, N. H.; BAVIERA,
A.M. Combretum lanceolatum flowers extract shows antidiabetic activity through activation of AMPK by quercetin. Revista Brasileira de Farmacognosia, 23 (2), 291-300, 2013.

LEMOUI, R.; BENYAHIA, S.; NOMAN, L.; BENCHERCHAR, I.; OKE-ALTUNTAS, F.; REBBAS, K.; BENAYACHE, S.; BENAYACHE, F.; DEMIRTAS, I. Isolation of phytoconstituents and evaluation of biological potentials of Berberis hispanica from Algeria. Bangladesh Journal of Pharmacology, v. 13, n. 2, p. 179-186, 7 jun. 2018.

LOIOLA, M. I. B.; ROCHA, E. A. R.; BARACHO, G. S. B.; AGRA, M. F. Flora da
Paraíba, Brasil: Combretaceae. Acta Botânica Brasílica, 23, 330-342, 2009.

LOPES, K. H. S. Estudo fitoquímico e avaliação das atividades antimicrobiana e
tripanocida das flores e folhas de Combretum lanceolatum Pohl ex. Eichler (Combretaceae). Dissertação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT, Brasil, 2017.

SILVA, J. F.; RUBIO, T. C. Combretum lanceolatum como recurso alimentar para
aves no Pantanal. Revista Brasileira de Ornitologia, 15 (3), 459-460, 2007.

SIQUEIRA, J. T.; BATISTELA, E.; PEREIRA, M. P.; SILVA, V. C.; SOUZA JR, P.
T.; ANDRADE, C. M. B.; KAWASHITA, N. H.; BERTOLINI, G. L.; BAVIERA, A. M.
Combretum lanceolatum flowers ethanol extract inhibits hepatic gluconeogenesis: na in vivo echanism study. Pharmaceutical Biology, 54 (9), 1671–1679, 2016.

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