INFLUÊNCIA DA GRANULOMETRIA NO RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DA CASCA DE Croton matourensis AUBL.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Siqueira, L.M.M. (UFPA) ; Brasil, D.S.B. (UFPA) ; Andrade, E.H.A. (UFPA) ; Souza, A.A.M. (UFPA) ; Mascarenhas, A.B.C. (UFPA) ; Rodrigues, C.C. (UFPA) ; de Souza, B.A.S. (UFPA) ; de Souza, F.B.S. (UFPA) ; Baía, A.C.F. (UFPA) ; Rafael, T.N. (UFPA)

Resumo

O Croton matourensis AUBL é uma Euphorbiaceae conhecida popularmente como Maravuvia e estudos sobre a composição química dessa espécie são escassos na literatura científica. Este trabalho tem como objetivo avaliar a influencia da granulometria no rendimento e da composição química dos óleos essenciais da casca do Croton matourensis. Os óleos essenciais foram obtidos por hidrodestilação e sua composição foi determinada por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massa. Na analise química foram identificados na casca 46 compostos para a granulometria fina, 39 compostos para a granulometria média e 49 compostos para a granulometria grossa. Os resultados obtidos nas analises realizadas nessa pesquisa mostrou que a analise granulométrica influencia no rendimento e na composição.

Palavras chaves

Croton; analise granulométrica; caracterização química

Introdução

A família Euphorbiaceae é uma das mais diversificadas e complexas entre as Angiospermas. O Croton é o segundo maior e mais diverso genêro de Euphorbiaceae, e o Brasil com aproximadamente 300 espécies é um dos principais centros de diversidade do gênero (BERRY et al., 2005). A química do gênero Croton é consideravelmente diversa, fato que qualifica o grupo como altamente promissor para estudos de prospecção de substâncias naturais farmacologicamente ativas, sendo, por este motivo, alvo de pesquisas tanto em estudos fitoquímicos como para testes de suas atividades biológicas (RANDAU et al., 2004). As espécies desse gênero são ricas em metabólitos secundários, tais como, terpenoides, alcaloides e compostos fenólicos, e possuem um grande potencial econômico, principalmente para a indústria farmacêutica, devido às propriedades medicinais que estes metabólitos conferem a muitas espécies. (RANDAU et al., 2004; PAYO et al., 2001, PASSOS et al., 2009). Croton matourensis AUBL. é uma Euphorbiaceae conhecida popularmente como “Maravuvia” (Pará), tendo sido coletada em todos os estados da região (GUIMARÃES, SECCO, 2010). Estudos sobre a composição química do C. matourensis são escassos na literatura científica, porém o estudo feito por COMPAGNONE et al. (2010) mostra que o óleo essencial da folha possui 46 (quarenta e seis) compostos, sendo o principal componente encontrado: fenil acetato (19,5%). Como estudos a respeito do C. matourensis são escassos e considerando que representantes do gênero Croton comprovadamente apresentam potencial farmacológico já reconhecido na literatura, o presente estudo tem como proposta avaliar se a granulometria do material iria influenciar no rendimento e na composição química do óleo essencial extraído casca do C. matourensis.

Material e métodos

2.1 Analise Granulométrica Foram realizados vários ensaios granulométricos por análise de peneiras para determinar as faixas granulométricas do material botânico. Utilizando-se a seguinte sequência de peneiras: 10, 12, 35, 60, 65, 270, 400 Tyler e o fundo e em seguida separados de acordo com sua classificação em grosso (10, 12), médio (35, 60 e 65) e fino (270, 400 e fundo). O cálculo do diâmetro médio da casca nas três classificações do C. matourensis foi realizado através da Equação segundo a norma da ABNT NBR 7211:2009. 2.2 Determinação do teor de Umidade Após a análise granulométrica foi pesada uma quantidade de aproximadamente 3 g da casca e de acordo com sua classificação: fino, médio e grosso, sendo espalhado por toda a placa de petri. Ao final de 5 (cinco) minutos, o display indicará o percentual de massa da amostra. 2.3 Extração dos óleos essenciais O material biológico coletado: casca do C. Matourensis após analise granulométrica e separada na forma fina, média e grossa foram submetidos ao processo de hidrodestilação em aparelho tipo Clevenger, para extração de óleos essenciais no LEPRON – (Laboratório de Engenharia de Produtos Naturais/UFPA). 2.4 Cálculo de rendimento dos óleos essenciais O cálculo de rendimento dos óleos essenciais da casca nas três classificações do C. matourensis em base livre de umidade (BLU) foram realizados através da Equação na relação entre massa, óleo e umidade. 2.5 Analise da composição química dos óleos Os óleos essenciais da casca nas três classificações do Croton matourensis foram analisados no laboratório Adolpho Ducke (LAD) no Museu Emílio Goeldi, Estado do Pará, por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG/EM), em sistema Shimadzu QP-2010 Plus.

Resultado e discussão

Analise Granulométrica da casca do C. matourensis Os valores obtidos na analise granulométrica foram aplicados na Equação segundo a norma da ABNT NBR 7211:2009 e foi obtido um diâmetro médio de Sauter das partículas de 1,407 mm. O material foi classificado de acordo com a Farmacopeia Brasileira V (2010) como pó grosso. Análise do Rendimento da casca nas granulometrias fina, média e grossa Foi obtido 0,11% para a granulometria fina, 0,23% granulometria média e 0,12% granulometria grossa. A granulometria denominada fina e grossa não obtiveram uma variação significativa no rendimento, já na granulometria média obteve-se um maior rendimento em relação as demais, logo pode-se inferir que a granulometria pode influenciar no rendimento da casca. Na literatura, observa-se que os rendimentos dos óleos essenciais obtidos de várias espécies de Croton variam entre 0,05 e 3,15%. Caracterização química da casca nas três granulometrias Na analise química do óleo da casca na granulometria fina foram identificados 46 compostos, sendo os majoritários: α-pineno (20,97%), linalol (11.84%) e 1,8-cineol (8,89%); na granulometria média foram foram identificados 39 compostos, sendo os majoritários: linalol (46,53%), α- terpineol (9,56%), terpineno-4-ol (5,02%) e na granulometria grossa foram identificados 49 compostos, sendo os majoritários: linalol (36,96%), 1,8- cineol (14,56%), α-pineno (10,3%). As três ganulometrias apresentam similaridade entre si em se tratando de componentes majoritários (Figura 1), apesar dessa similaridade os percentuais dos componentes diferem entre si, além disso foram identificados e quantificados diferentes quantidades de compostos entre as ganulometrias. Assim pode se constatar que a analise granulométrica influencia na composição química.

Dendograma em função das variáveis Componentes majoritários da casca.

Conclusões

De forma geral podemos considerar que o método de extração avaliado no estudo do Croton matourensis AUBL. mostrou-se eficiente para as analises do rendimento e das caracterizações químicas. E de acordo com os resultados obtidos nas analises realizadas nessa pesquisa pode-se observar que a analise granulométrica influencia diretamente no rendimento e caracterização química da casca do Croton matourensis AUBL.

Agradecimentos

Agradecemos a Universidade Federal do Pará pelo auxílio para a execução da pesquisa, ao orientador Dr. Davi do Socorro Barros Brasil, aos parceiros de laboratório, além do LEQ E CNPQ.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 7211. Agregado para concreto. Rio de Janeiro, 2009.

BERRY, P. E.; HIPP, A. L.; WURDACK, K. J.; VAN E, B.; RIINA, R. Molecular phylogenetics of the giant genus Croton and tribe Crotoneae (Euphorbiaceae sensu stricto) using ITS and TRNL-TRNF DNA sequence data. American Journal of Botany, n.18, p.1520-1534, 2005.

COMPAGNONE, R. S.; CHAVES, K.; MATEU, E.; ORSINI G.; ARVELO, F.; SUÁREZ, A. I. Composition and cytotoxic activity of essencial oils from Croton matourensis and Croton micans from Venezuela. A C G publications. Rec. Nat. Prod. 4:2 101-108, 2010.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA 5º Ed. Brasília, 2010.

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RANDAU, K. P.; FLORÊNCIO, D. C.; FERREIRA C. P.; XAVIER H. S. Estudo farmacognóstico de Croton rhamnifolius H.B.K. e Croton rhamnifolioides Pax & Hoffm. (Euphorbiaceae). Rev. Bras. Farmacogn. 4(2): 89-96. 2004.