ESTUDO DA RESPOSTA CONTRÁTIL E RELAXANTE DO ALFA-BISABOLOL E SEU DERIVADO ACETILADO EM ARTÉRIAS MESENTÉRICAS DE RESISTÊNCIA
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Produtos Naturais
Autores
Morais dos Reis, J. (UFG-JATAÍ) ; Alves de Freitas, R. (UFMT) ; Figueiredo Vieira, N. (UFG-JATAÍ) ; Rodrigues dos Santos, M.E. (UFG-JATAÍ) ; Casagrande Giachini Vitorino, F.R. (UFMT) ; Vitorino Lima, V. (UFMT) ; de Souza Lobato, N. (UFG-JATAÍ) ; Alves da Silva, C. (UFG-JATAÍ) ; da Silva Malaquias, K. (UFG-JATAÍ)
Resumo
A doença cardiovascular (DCV)está relacionada como principal agente de óbito em vários países do mundo ocidental, por motivos como: inadequado controle de doenças como o diabetes mellitus e hipertensão arterial. Compostos anti- inflamatórios e com ação relaxante tem potencial aplicação para uso contra DCV. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar a ação do alfa-bisabolol e seu derivado acetilado em artérias mesentéricas de resistência. Foram utilizados ratos obesos Zucker (OZRs) e seus respectivos controles da linhagem Zucker (LZRs). A reatividade de artérias mesentéricas de resistência foi avaliada utilizando um miógrafo para estudo de tensão isométrica. OZRs apresentaram alteração do relaxamento para o acetil alfa- bisabolol, já o padrão comercial não mostrou diferença do controle.
Palavras chaves
alfa-bisabolol; doença cardiovascular; ação relaxante
Introdução
Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), são consideradas o principal problema de saúde global, onde a DCV é a que possui maior impacto epidemiológico, sendo responsável por cerca de 30% de todas as mortes no mundo (FRUHBECK, 2004). Além dos fatores de risco tradicionais como hipertensão arterial e diabetes, a doença renal crônica (DRC) tem sido descrita como um dos principais determinantes de risco de eventos cardiovasculares (WILD et al, 2014). Potenciais alvos terapêuticos para a DRC, no contexto da inflamação, são o complexo proteico inflamassoma e o fator de transcrição Nrf2, que representam vias celulares ativadas pelo estresse e por condições inflamatórias (AMORIM et al., 2019). A ativação destes receptores induz o sistema imune a gerar respostas de suma importância para a defesa do hospedeiro e o reparo tecidual. Na busca de novos fármacos com ação sobre complexo proteico inflamassoma, com baixo efeito colateral os produtos naturais se destacam como fonte inspiradora de novos padrões moleculares bioativos. Dentre os produtos naturais com atividade anti-inflamatória está o alfa-bisabolol, um álcool sesquiterpênico monocíclico insaturado isolado de plantas aromáticas como: Vanillosmopsiserythropappa, a candeia (MONICA, 2002).A ação do alfa- bisabolol é atribuída à inibição da ciclo-oxigenase e lipoxigenase(GUY e ALVARO, 2002). A hidroxila livre do alfa-bisabolol é reativa. Assim, modificações estruturais possibilitam o estudo mais aprofundado da relação entre estrutura e sítio ativo. O presente trabalho é um estudo do potencial papel terapêutico do alfa-bisabolol e seu derivado acetilado nas alterações inflamatórias locais a partir da ação de relaxamento e contração em artérias mesentéricas de resistência.
Material e métodos
O alfa-bisabolol (~95% de pureza) foi adquirido da Sigma Aldrich. Para a reação de acetilação, em um balão de fundo redondo forma adicionados:(-)- alfa-bisabolol (0,300 mg, 1,35 mmol) em piridina (3mL). O sistema foi mantido em agitação e lentamente adicionou-se 3mL de anidridoacético. O sistema foi mantido em agitação por 36h, a 50°C. A reação foi acompanhada por cromatografia em camada delgada (CCD), a solução reveladora usada foi o iodo ressublimado. Para o ensaio biológico foram utilizados ratos obesos e seus respectivos controles da linhagem Zucker com 6-7 semanas de idade (HARLAN LABORATORIES, 2012). Os animais foram mantidos em caixas de polipropileno, acondicionadas em ambiente com temperatura controlada de 22 ± 2 ºC e ciclo claro-escuro de 12 horas, com livre acesso à água e alimento. Para o estudo da reatividade vascular em artérias mesentéricas de resistência foi utilizado o método descrito por Mulvany e Halpern (1977). Os animais foram sacrificados em câmara de CO2. O leito mesentérico foi removido e colocado em uma placa de Petri contendo solução de Krebs- Henseleit a 4 °C (composição em mM: NaCl 118; KCl 4,7; NaHCO3 25; CaCl2.2H2O 2,5; KH2PO4 1,2; MgSO4.7H2O 1,2; EDTA 0,01 e glicose). O terceiro ramo da artéria mesentérica superior foi dissecado e cortado em segmentos de 2,0 mm de comprimento com o auxílio de um microscópio de dissecação. Dois fios de tungstênio (40 μm de diâmetro) foram então inseridos no lúmen das artérias e fixados em um miógrafo para vasos de resistência para o estudo da tensão isométrica. Esse miógrafo, por sua vez, foi conectado a um sistema para aquisição de dados(PowerLab / 8SP, ADinstruments, Austrália) e este a um computador. As artérias forma incubadas com solução contendo 10uM e 30uM do alfa-bisabolo.
Resultado e discussão
A reação de acetilação do alfa-bisabololteve rendimento de 38%, sendo obtida
a massa 135,4mg (0,51mmol), Figura 1.
O produto foi caracterizado pelas seguintes técnicas: espectrometria de
massas evidenciando a presença do íon molecular m/z = 264. Infravermelho,
onde foi possível observar a ausência da banda -OH em 3312 cm-1 e a presença
das bandas C=O em 1745 cm-1 e C-O em 1115 cm-1, ambas características de
ésteres.
Nos ensaios biológicos foi avaliada a ação dos dois compostos, alfa-
bisabolol e alfa-bisabolol acetilado na resposta contrátil e relaxante dos
vasos. Para a primeira, foi utilizada a fenilefrina como controle e para a
segunda a acetilcolina, Figura 2 (A). Não houve diferença na resposta
contrátil para os tratamentos. Contudo, foi observado um efeito pronunciado
do alfa-bisabolol acetilado na taxa de relaxação. Em condição simulada de
hiperglicemia, o excesso de glicose gera a ativação de vias inflamatórios na
célula causando a disfunção do vaso. O padrão comercial de alfa-bisabolol
incubado nesta condição não foi capaz de alterar a capacidade relaxante. Já
o alfa-bisabolol acetilado mostrou um aumento na resposta relaxante do vaso,
Figura 2(B e C).
Reação de acetilação do alfa-bisabolol.
(A)controle – vasos em condição de condição de hiperglicemia; (B)Vasos incubados com alfa– bisabolol; (C) Vasos incubados com alfa- bisabolol acetilado.
Conclusões
O acetil alfa-bisabolol foi obtido com 38% de rendimento. Estudos de otimização das condições reacionais podem levar à uma melhora deste resultado. A modificação estrutural do alfa-bisabolol mostrou-se promissora como relaxante muscular. Para melhor compreensão da atividade estrutura-função deste sesquiterpeno, novas moléculas estão sendo sintetizadas.
Agradecimentos
Referências
AMORIM, R. G.; GUEDES, G, S.; VASCONCELOS, S. M.; SANTOS, J. C. F. Doença Renal do Diabetes: Cross-Linking entre Hiperglicemia, Desequilíbrio Redox e Inflamação. Arq. Bras. Cardiol. vol.112 no.5, 2019
FRUHBECK, G. The adipose tissue as a source of vasoactive factors. Curr Med Chem Cardiovasc Hematol Agents. 2004;2(3):197-208.
GUY, P.P.K; ALVARO M. V. A Review of the Application and Pharmacological Properties of a-Bisabolol and a-BisabololRich Oils. Journal of the American Oil Chemists' Society, Volume 86, Number 10 / October, 2009.
HARLAN LABORATORIES INC. Laboratory Animal Nutritionist - Sprague Dawley Outbred Rat. 2541 Daniels St, Madison, WI 53718. 2012.
MONICA, K; BEDI, M.D; PHILIP, D.; SCHENEFELT, M.D. Herbal therapy in dermatology. Arch Dermatol. 2002; 138(2): 232-242.
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WILD, S.; ROGLIC, G.; GREEN. A.; SICREE, R.; KING, H. Global prevalence of diabetes: estimates for the year 2000 and projections for 2030. Diabetes Care. 2004;27(5):1047-53.