AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FOTOPROTETOR DO EXTRATO BRUTO E FRAÇÕES DICLORO, HEXÂNICA E ACETATO DE ETILA DAS FOLHAS E CAULE DA Chenopodium ambrosioides
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Produtos Naturais
Autores
Sousa, K.R.L. (UFG) ; Silva, C.A. (UFG)
Resumo
As folhas e caule da Chenopodium ambrosioides foram utilizadas na obtenção do extrato bruto e frações (acetato, hexânica e dicloro). O extrato bruto foi obtido a partir de extração exaustiva em etanol e as frações por meio da extração líquido-líquido em diferentes polaridades. O potencial de fotoproteção da Mastruz foi determinado espectrofotometricamente e se deu em função do cálculo do FPS das amostras de extratos e frações. Os valores de FPS variaram de 2,88 a 15,6, mostrando o potencial da Chenopodium ambrosioides para se utilizar como um aditivo ou até mesmo alternativa aos fotoprotetores comerciais.
Palavras chaves
Chenopodium ambrosioides; fotoproteção; FPS
Introdução
A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. Os produtos naturais na medicina popular têm sido usados por séculos em todas as culturas em todo o mundo (WEST et al., 2006). Apesar dos avanços, estudos com produtos naturais ainda devem ser estimulados, sobretudo no Brasil que conta com uma grande biodiversidade de flora e fauna com espécies cujos os seus princípios ativos ainda são desconhecidos, podendo constituir uma fonte promissora de fármacos fitoderivados. Este potencial não se refere apenas às plantas que ainda não foram estudadas, mas também àquelas que já têm sua constituição química determinada ou comprovada alguma atividade biológica, também podem ter potencial para fins que ainda não foram estudados (ALMEIDA et al., 2013) A C. ambrosioides mais conhecida como mastruz ou erva-de-santa-maria é um exemplo de espécie presente no cerrado. A mastruz vem apresentando diferentes tipos de potencial biológico, como atividade antioxidante, anti- helmíntico, para alívio de dor, inflamações, como cicatrizantes, problemas respiratórios e entre outros (LORENZI & MATOS, 2002; COSTA & TAVARES, 2006; MONZOTE et al., 2009). Diante das várias propriedades medicinais apresentadas pela C. ambrosioides, é de grande importância um estudo dos extratos e frações para avaliar seus possíveis efeitos fotoprotetores.
Material e métodos
Coleta e identificação: As folhas e caule da Chenopodium ambrosioides foram coletadas, no Campus Jatobá - Regional Jataí/Universidade Federal de Goiás, na cidade de Jataí, Goiás. As amostras foram identificadas e transportadas para o Laboratório de Química Analítica e Físico-Química, do Curso de Química da Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí, onde realizou-se as extrações dos óleos essenciais. Obtenção do extrato bruto: O material vegetal (folhas) da planta foi picado em pequenos pedaços, foram pesados e deixados em extração exaustiva por uma semana em etanol, a frio. Passados os dias, o material foi filtrado e os solventes foram retirados sob baixa pressão, a 40º C em um rota-evaporador. Obtenção das frações a partir do extrato bruto: Para obter as frações, o extrato etanólico foi submetido a uma separação líquido-líquido através de diferença de polaridades, de polaridades menores para maiores (hexano, diclorometano e acetato de etila). Onde os solventes foram retirados pelo mesmo método de baixa pressão à 40ºC em um rota- evaporador. Avaliação do potencial fotoprotetor: As análises de fotoproteção in vitro foram processadas segundo a metodologia proposta por Mansur e colaboradores, 1986, utilizando-se um espectrofotômetro PerkinElmer LAMBDA 35 UV/Vis em cubetas de quartzo (MANSUR et al., 1986). A fim de se obter uma concentração de 0,2 mg/mL, pesou-se 5 mg de cada amostra, transferiu-se as mesmas para balões volumétricos de 25 mL, diluída com etanol 96º GL, em seguida foi submetida ao banho de ultrassom por 15 minutos. As soluções tiveram suas absorbâncias determinadas na faixa de 290 a 320 nm, com intervalos de 5 nm, sendo usado etanol 96 º GL como branco. Cada experimento foi realizado em triplicata.
Resultado e discussão
As amostras, preparadas na concentração 0,2 mg/mL em etanol, tiveram suas
absorbâncias determinadas na faixa de 290 a 320 nm, com intervalos de 5 nm e
o seu fator de proteção solar (FPS) determinados a partir da equação
representada pela imagem 1:
FIGURA 1: equação para determinar o fator de proteção solar.
Onde: EE (λ) - espectro de efeito eritemal; I (λ) - espectro de intensidade
solar; Abs (λ) – absorbância do produto protetor solar; FC - fator de
correção (= 10) (Mansur et al., 1986). Os valores de EE x I são constantes
(figura 2).
FIGURA 2: Função de produto normalizado utilizada no cálculo de SPF (SAYRE
et al., 1979)
Os valores de FPS encontrados foram: 15,6 para o extrato bruto; 7,21 para a
fração hexânica, 12,6 para fração dicloro e 2,88 para a fração acetato de
etila. Esses valores demostram um resultado satisfatório, uma vez que, seus
valores de fotoproteção solar foram altos.
Equação para determinar o fator de proteção solar
Função de produto normalizado utilizada no cálculo de SPF (SAYRE et al., 1979)
Conclusões
Foi possível observar o grande potencial de fotoproteção da Mastruz. Os FPS obtidos foram 15,6 para o extrato bruto, 7,21 para a fração hexânica, 12,6 para fração diclorometano e 2,88 para a fração acetato de etila das folhas e do caule. Estes resultados fornecem informações preliminares para desenvolvimento novas formulações como aditivos em protetores solares ou até mesmo a fabricação de fotoprotetores industriais.
Agradecimentos
CNPq, Universidade Federal de Goiás
Referências
ALMEIDA, J.M.M. Avaliação do potencial antioxidante e osteiondutor do extrato do mastruz (Chenopodium ambrosioides L.). Dissertação (Mestrado em Ciências farmacêuticas), Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande – PB, 1- 80, 2013.
COSTA, M.V.L.; TAVARES, E.S. Anatomia foliar de Chenopodium ambrosioides L. (Chenopodiaceae) - Erva-de-Santa Maria. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Vol.8, N° 3, 63-71, 2006.
LORENZI, H.; MATOS, F. J.; & FRANCISCO, J. M. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 576, 2002.
MANSUR, J. S.; et al. Correlação entre a determinação do fator de proteção solar em seres humanos e por espectrofotometria. An. brasileira dermatológica, Vol. 61, N° 4, 167-72, 1986.
MONZOTE L., STAMBERG W., STANIEK K., GILLE L. Toxic effects of carvacrol, caryophyllene oxide, and ascaridole from essential oil of Chenopodium ambrosioides on mitochondria. Toxicol. Appl. Pharm., Vol. 240, 337-347, 2009.
SAYRE, K. M.; GOODPASTER, K. E.; eds. Ethics and Problems of the 21st Century. University of Notre Dame Press, 1979.
WEST, B. J. et al. A safety review of noni fruit juiceJournal of Food Science, Vol. 71, N° 8, 100-106, 2006.