ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS E FRAÇÕES DA Piper obliquum Ruiz & Pavan
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Produtos Naturais
Autores
Lima, E.E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Soneguete, I.F.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Nunes, B.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Nobre, H.S.M.F. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Azevedo, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
Resumo
A Piper obliquum (Piperaceae) foi coletada na Estação Ecológica do Cuniã, Porto Velho, Rondônia, cujos extrato EtOH (EEPO) e frações hexano (FHex), CHCl3 (FCHCl3), EtOAc (FEtOAc) e acetona (EACE) foram testadas frente Staphylococcus aureus, S. aureus resistente à Meticilina (MRSA), Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Candida sp por difusão em disco, sendo o EEPO, FHex e FEtOAc ativas para S. aureus e MRSA. Assim, fez-se microdiluição em meio líquido para obter a Concentração Inibitória Mínima e IC50, para EEPO e FEtOAC, resultando em CIM que variaram de 0,125 e 2,0 mg/mL frente à S. aureus e de 0,062 e 0,5 mg/mL frente à MRSA. Os valores de IC50 demonstraram ação relevante para a FEtOAc, corroborando com a viabilidade celular da mesma fração.
Palavras chaves
Piper; antimicrobiano; ESEC Cuniã
Introdução
O uso do gênero Piper na medicina tradicional é bem disseminado em diversas populações. A P. obliquum é conhecida como Anis do Oriente devido ao seu odor característico. A espécie tem sido utilizada em alguns países da América do Sul, especialmente na Guiana e Equador, como analgésico e antiartrítico (DEFILIPPIS et al, 2004), no entanto estudos a respeito da espécie ainda são incipientes. Assim, a espécie já foi estudada em nosso grupo de pesquisa, quanto a sazonalidade dos metabólitos do óleo essencial na ESEC Cuniã, atividade larvicida e atividade antioxidante. Em levantamento prévio, foram observadas apenas 3 publicações, sendo uma voltada para o isolamento de seus metabólitos secundários e outras duas para a elucidação dos compostos do óleo essencial, das quais duas tiveram atividades biológicas testadas (GUERRINE et al, 2009; VALDIVA et al, 2008; MUNDINA et al, 1998). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana do extrato e frações das folhas da espécie, contra Staphylococcus aureus, S. aureus resistente à meticilina (MRSA), Pseudomonas aeruginosa, bem como determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e o IC50, do extrato e frações ativas para o teste de difusão em disco.
Material e métodos
A P. obliquum foi coletada na Estação Ecológica Cuniã (ESEC)-Porto Velho, Rondônia, área de estudo de espécies vegetais, nas áreas de ecologia e produtos naturais. O material testemunho foi depositado no Herbário Rondoniense (RON), sob o nº RON 4696 e uma duplicata foi enviada para o herbário (RB) do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sendo identificada pela Dra. Elsie Franklin Guimarães. As folhas e talos de P. obliquum (1.450 g) foram secas e extraídas em EtOH, obtendo-se 213g do extrato etanólico (EEPO). Parte do extrato 137g, foi submetido a cromatografia em coluna, em sílica gel, usando solventes em gradiente de polaridade, obtendo-se as fraçoes: Hex (FHex, 21,4g), CHCl3 (FCHCl3, 39,7g), EtOAc (FEtOAC, 32,0g) e acetona (FAcet, 21,3g), e a outra parte foi submetida a avaliação antimicrobiana. O extrato e frações (10mg/mL) foram submetido a avaliação por difusão em disco, pelo método de poço em camada dupla, frente à ação das espécies bacterianas S. aureus, MRSA (S. aureus resistente à Meticilina), P. aeruginosa, usando controle positivo (Imipenen) e negativo (caldo LB). As amostras que se mostraram ativas, tiveram a CIM (concentração inibitória mínima) determinadas e foram testadas através do teste de microdiluição em caldo, em microplaca de 96 orifícios, tendo como controle positivo (Imipenen e Clorafenicol) e negativo (caldo LB). As placas foram submetidas à leitura de absorbância em 630 nm (espectrofotômetro, marca Thermo Plate). Os resultados foram determinados por análise de variância, teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Resultado e discussão
Os antibiogramas apresentaram os halos para EEPO e FEtOAc de 8-18 mm e 12 mm,
respectivamente, frente a P. aeruginosa. Para a S. aureus os halos foram 7-20 mm
e 10-18 mm para EEPO e FEtOAC, respectivamente. No caso da MRSA, EEPO e FEtOAC
os halos foram 7-15mm e 15mm (Tabela 1). A CIM do EEPO para P. aeruginosa e S.
aureus foi de 2,5 mg/ml, para ambas as bacterias. A FEtOAc apresentou CIM de
0,02mg/mL (S. aureus), 0,62mg/mL (MRSA) e 2,5mg/ml (P. aeruginosa). Astuti
(2014) relata a atividade do extrato EtOH de folhas de P. crocatum, com halos de
inibição em difusão em ágar de 14 e 16 mm, nas concentrações 0,5 e 0,24 mg/mL,
frente a S. aureus. A fração EtOAc de P. betle, em 2,5 mg/mL, apresentou halos
de 38 mm frente à MRSA e 17 mm para P. aeruginosa (VALLE Jr., 2017). No presente
trabalho, o teste de microdiluição para EEPO, FHex e FEtOAC demonstrou atividade
frente à S. aureus e MRSA. Os resultados das CIM sugerem que o EEPO e FHex e
FEtOAC da P. obliquum apresentaram capacidade de inibir o crescimento dos
microrganismos. O valor de IC50 define a concentração de amostra da planta,
necessária para reduzir em 50% o desenvolvimento celular, indicando que quanto
menor o valor de IC50, maior a atividade do material testado (NEGRI et al,
2009). Neste trabalho, foram obtidos o IC50 para as amostras testadas da P.
obliquum, que apresentaram valor 1,75 mg/mL para EEPO, 1,205 mg/mL para FHex e
0,579 mg/mL para FEtOAc, frente à S. aureus. Quanto ao IC50 frente à MRSA, foram
obtidos os valores de 3,164 mg/mL para EEPO e 0,222 mg/mL para FEtOAc,
demonstrando novamente uma maior atividade antimicrobiana para a FEtOAc (Tabela
2).
Média aritmética e desvio padrão dos halos de inibição do teste de difusão em ágar para o EEPO e frações da P. obliquum sobre espécies bact
Valores de IC50a do EEPO, FHex, FEtOAc e controle positivo da P. obliquum frente à S. aureus e MRSA.
Conclusões
Em ambos os testes antimicrobianos, a FEtOAc foi a que demonstrou melhor atividade antimicrobiana frente à S. aureus e MRSA, gerando uma CIM e IC50 de menores valores entre as demais, sugerindo uma seu potencial como fração a ser escolhida para estudos futuros. Ressalta-se que, se faz necessário um aprofundamento no estudo da espécie, quanto composição química e mecanismo de ação frente aos microrganismos sensíveis. Ressaltando-se que pouco se conhece sobre a Piper obliquum, sendo promissora, já que é abundante na floresta Amazônica.
Agradecimentos
CNPq FAPERO - Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia. CAPES. UNIR-Universidade Federal de Rondônia.
Referências
ASTUTI, P. A.; WHAYONO; NABABAN, O. A. Antimicrobial and cytotoxic activities of endophytic fungi isolated from Piper crocatumRuiz&Pav.Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, v. 4, n. 2, p. 592-596, 2014.
DEFILIPPIS, R.A., MAINA, S.L.; CREPIN, J. Medicinal Plants of Guianas (Guyana, Surinam, French Guianas).National Museum of History, Washington, 2004.
GUERRINI, A.; SACCHETTI, G.; ROSSI, D.; PAGANETTO, G.; MUZZOLI, M.; ANDREOTTI, E.; TOGNOLINI, M.; MALDONADO, M. E.; BRUNI, R. BioactivitiesofPiperaduncumL. andPiper obliquum Ruiz &Pavon (Piperaceae) essentialoilsfromEasternEcuador. Environmental Toxicology and Pharmacology, v. 27, p. 39-48, 2009.
MUNDINA, M.; VILA, R.; TOMI, F.; GUPTA, M. P.; ADZET, T.; CASANOVA, J.; CAÑIGUERAL, S. LeafessentialoilsofthreePanamanianPiperspecies. Phytochemistry, v. 47, n. 7, 1998.
NEGRI, M. L. S., POSSAMAI, J. C., NAKASHIMA, T. Atividade antioxidante das folhas de espinheira-santa –Maytenusilicifolia Mart. exReiss., secas em diferentes temperaturas,BrazilianJournalofPharmacognosy, v. 19, p. 553-556, 2009.
VALDIVIA, C., MARQUEZ, N., ERIKSSON, J. VILASECA, A., MUÑOZ, E., STERNER, O. Bioactive alkenylphenols from Piper obliquum. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v. 16, p. 4120-4126, 2008.