Avaliação da toxicidade do extrato da espécie Caryocar brasiliense frente ao uso de embriões de Danio rerio

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva, R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ) ; Barbieri, H.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ) ; Ferreira, H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ) ; Machado, M.R.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ) ; Malaquias, K.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ) ; Nebo, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a embriotoxicade do extrato das folhas C. brasiliense utilizando embriões de D. rerio como modelo experimental. Os ensaios foram realizados em placas de 96 poços contendo um embrião em cada poço, avaliado nas concentrações de 300 a 9,40μg/mL, controle negativo E3 e E3 à 0,5% DMSO. Como resultado, observou que o extrato etanólico da C. brasiliense não apresentou má formação nas concentrações. Para as concentrações de 150 a 18,8µg/mL foram observadas taxa de mortalidade de 12%, enquanto as demais concentrações e os controles utilizados apresentaram uma taxa de mortalidade de 6%. A partir dos resultados obtidos, observou-se que o extrato das folhas da C. brasiliense não apresentam toxicidade e não ocasionam alterações embrionárias.

Palavras chaves

Embriotoxicidade; Caryocar brasiliense; Danio rerio

Introdução

Dentre os países aos quais apresentam uma diversidade vastas de plantas e um amplo uso destas, destaca-se o território brasileiro. O Brasil é um país rico em fauna e flora, no qual estão divididos 6 biomas distintos. O Cerrado brasileiro, apresenta uma grande diversidade de espécies de plantas, possuindo uma grande diversidade de atividades biológicas (BOLZANI et al., 2006). Dentre as espécies do cerrado, destaca-se a Caryocar brasiliense, conhecido popularmente como pequi, pertencente à família Caryocaraceae e do gênero Caryocar L., no qual abrange cerca de 16 espécies, sendo 12 destas encontradas no território brasileiro Estudos correlacionados à C. brasiliense demonstram diversas atividades biológicas (CARVALHO et al., 2015). Assim, tanto a espécie quanto seus metabólitos são de grande interesse, principalmente no ramo farmacológico. Apesar do grande número de benefícios relacionados ao uso da C. brasiliense, há poucos relatos na literatura sobre sua citotoxicidade e/ou toxicidade, o que demonstra a necessidade de pesquisas correlacionadas ao tema. Nesse cenário observa-se o emprego crescente de Danio rerio como modelo-experimental. O D. rerio popularmente Zebrafish, é um peixe tropical de água doce. O emprego de embriões de D. rerio se deve por apresentarem diversos benefícios, tais como: semelhança genética com os seres humanos cerda de 70%; forma de fecundação, que ocorre de maneira externa; alta taxa de fecundidade, dentre outros. Podendo avaliar vários fatores, dentre eles: formação e/ou alteração de somitos, desenvolvimento dos olhos, dentre outros (KIMMEL et al., 1995; LOPES, 2018; MACHADO, 2018). Desse modo, esse trabalho visa à avaliação da toxicidade da espécie C. brasiliense sobre embriões de Zebrafish (Danio rerio).

Material e métodos

- Coleta e preparo dos extratos As folhas de C. brasiliense foram coletadas no território da Universidade Federal de Jataí e armazenadas no Laboratório de Química. Neste local realizou- se a limpeza com água destilada, seguida da secagem e moagem das amostras. Os extratos foram preparados a partir de folhas trituradas através de cinco extrações em etanol-95% por 25 minutos, temperatura ambiente via ultrassom. - Análise da toxicidade Utilizou-se embriões de peixes da espécie Danio rerio obtidos no Laboratório de Morfofisiologia/LabFish do Instituto de Bio Ciências, Universidade Federal de Jataí. Foram preparadas soluções nas concentrações de 300; 150; 75,0; 37,5; 18,8 e 9,40µg/mL. A análise dos embriões foi realizada em uma placa de 96 poços, onde em cada poço alojou-se um embrião de D. rerio com cerca de 2-6 hpf e um volume final de 200µL de amostra em cada poço. Nos ensaios foram avaliadas as concentrações acima citadas, juntamente a dois controles, um contendo solução de E3 (Solução contendo sais necessários para o embrião permanecer saudável no meio) e o outro contendo uma solução de E3 + 0,50% DMSO. No período dos ensaios (24/48/72/96 horas) foram avaliados nos embriões: formação e/ou alteração de somitos, desprendimento de cauda, desenvolvimento dos olhos, desenvolvimento do coração, coagulação, mortalidade, movimentos, circulação, batimentos cardíacos, pigmentação da cabeça, corpo e cauda (até 48 hpf), extensão do saco vitelino, eclosão. Sendo estes, realizados com um número de réplica igual a 17 (n=17) para cada concentração e controle.

Resultado e discussão

O desenvolvimento dos embriões foi verificado através do microscópio, incluso um sistema de captura de imagens, onde a cada 24 horas foram avaliados os seguintes parâmetros: coagulação (morte), formação dos olhos, otólitos e somitos, edema de pericárdio e de saco vitelino, opérculo, desprendimento da cauda e batimentos cardíacos. O ciclo do embrião foi analisado por 4 dias, totalizando 96 horas, sendo observado 17 embriões por concentração. Todos os embriões utilizados nesse trabalho tiveram seu estágio de desenvolvimento embrionário analisado e comparado com resultados da literatura. Deste modo, após todas as análises, verificou que nenhum embrião apresentou má formação durante o período de embriogênese. Também foi verificado a taxa de mortalidade dos embriões presentes nas soluções contendo extrato e os controles propostos. Como resultado, observou que o extrato etanólico da C. brasiliense apresentou taxa de mortalidade de 12% entre as concentrações de 150 a 18,8µg/mL (Tabela 1) enquanto as demais concentrações e os controles utilizados apresentaram uma taxa de mortalidade de 6%. Através da análise das taxas de mortalidade, observou-se que as concentrações avaliadas apresentaram mortalidades semelhantes ao controle, evidenciando assim, que o extrato da espécie C. brasiliense não apresenta toxicidade sobre embriões de Zebrafish.

Conclusões

A partir dos resultados obtidos nesse trabalho, observou-se que o extrato das folhas da espécie C. brasiliense não apresentam toxicidade e não ocasionam alterações embrionárias. Esse estudo levará a futuras avaliações correlacionadas às atividades biológicas já encontradas para a espécie, bem como, o estudo utilizando novos modelos de ensaios de toxicidade.

Agradecimentos

Agradeço à Universidade Federal de Jataí, à CNPq e a todos os discentes e docentes que contribuíram com a execução deste trabalho.

Referências

BOLZANI, Cláudio Viegas Jr; SILVA, Vanderlan Da; BARREIRO, Eliezer J. OS PRODUTOS NATURAIS E A QUÍMICA MEDICINAL MODERNA. Quim. Nova, v. 29, n. 2, p. 326–337, 2006.
CARVALHO, Luciana Silva De; PEREIRA, Kleber Fernando; ARAÚJO, Eugênio Gonçalves De. CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS, EFEITOS TERAPÊUTICOS E PRINCÍPIOS ATIVOS PRESENTES NO PEQUI (Caryocar brasiliense). Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 19, n. 2, p. 147–157, 2015.
KIMMEL, CHARLES B. et al. STAGES OF EMBRYONIC DEVELOPMENT OF THE ZEBRAFISH. Developmental Dynamics, v. 203, n. 3, p. 253–310, 1995.
LOPES, Fabiana Dias. AVALIAÇÃO DA EMBRIOTOXIDADE DE HERBICIDA À BASE DE GLIFOSATO, PRINCÍPIO ATIVO E SURFACTANTE SOBRE ZEBRAFISH ( Danio Rerio). 2018. 69 f. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, Jataí-GO, 2018.
MACHADO, Michele Resende. COMPOSIÇÃO DE ARGILAS DE USO COSMÉTICO E SEUS EFEITOS EM EMBRIÕES E PÓS-LARVAS DE ZEBRAFISH (Danio rerio). 2018. 58 f. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS-REGIONAL JATAÍ, Jataí-GO, 2018.