Variação do teor de compostos fenólicos e atividade antioxidante dos extratos etanólicos da raiz, casca e lenho do caule de Croton blanchetianus

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Lima Guerra, D. (UECE) ; Maria Neves, A. (UECE) ; Soares Frota, L. (UECE) ; Soares Freitas, L. (UECE) ; Borges Fernandes, V. (UECE) ; Silva Lopes, F.F. (UECE) ; Ferreira da Silva, M.V. (UECE) ; Almeida Montes, R. (UECE) ; Rocha Silveira, E. (UFC) ; Maia de Morais, S. (UECE)

Resumo

A espécie Croton blanchetianus, é encontrada principalmente em regiões de Caatinga, a qual é utilizada pela população local para diversos fins fitoterápicos. Dessa forma, esse trabalho teve o objetivo de caracterizar o teor de compostos fenólicos e atividade antioxidante, avaliando a variação em diferentes órgãos da planta (casca e lenho do caule e raiz). A extração foi realizada com etanol, para a quantificação de fenóis e flavonóides foi utilizado o método espectrofotométrico e a atividade antioxidante pelo método do DPPH. Assim, observou-se que os teores de fenóis e flavonóides dos extratos de lenho do caule e raiz foram relevantes, dando uma boa atividade antioxidante. Concluiu-se que o órgão vegetal da planta escolhido influencia no seu perfil químico e na atividade biológica.

Palavras chaves

Croton blanchetianus; Atividade Antioxidante; Variação

Introdução

O uso de plantas para fins medicinais é algo presente na humanidade há milhares de anos, utilizando-se de partes dessas para prevenção, tratamento e cura de doenças (VELGA; PINTO, 2005). Dessa forma, o conceito de planta medicinal se estabelece pela constituição de substâncias de um ou mais órgãos presente em qualquer vegetal, que podem ser utilizados na medicina ou como precursores de drogas semissintéticas (VELGA; PINTO, 2005). Esses compostos possuem diversos fatores que influenciam na sua produção como pH do solo, condições de crescimento, nutrientes do solo, método de coleta (data, hora, etc), parte da planta utilizada, fase de desenvolvimento no momento da coleta, secagem e transporte, interações entre plantas, podem afetar diretamente a concentração dos compostos químicos de cada espécie (SIMÕES et al., 2003). Assim, algumas plantas medicinais, as quais estão presentes em uma listagem do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, o qual está incluso espécies dos gêneros Chenopodium, Equisetum e Croton (SOUZA et al., 2016). Uma dessas espécies é o Croton blanchetianus, conhecida popularmente por marmeleiro ou marmeleiro da caatinga, o qual é encontrado principalmente na região Nordeste, no domínio fitogeográfico Caatinga (CORDEIRO et al., 2016). O marmeleiro em trabalhos de levantamento etnobotânico do estado do Piauí foi citado como indicação terapêutica para má digestão, inflamação, cicatrização e gripe (ARAUJO; LEMOS, 2015). Dessa forma, esse trabalho procura avaliar a variação nos teores de compostos e na atividade antioxidante de compostos fenólicos em três partes da espécie C. blanchetianus, já que é uma espécie de relevância nas comunidades com uso para fins medicinais.

Material e métodos

O material vegetal foi coletado no município de Limoeiro do Norte, Ceará. A raíze, casca e lenho do caule de Croton blanchetianus foram extraídos com etanol por 7 dias, à temperatura ambiente, fornecendo o extrato bruto etanólico após remoção do solvente sob vácuo em evaporador rotativo. Os extratos etanólicos foram submetidos à quantificação de compostos fenólicos por método espectrofotométrico. Assim, o teor de fenóis totais foi obtido pela reação com Folin-Ciocalteu e 15% Na2CO3, que foi calculado e expresso em mg de equivalente de ácido gálico por grama de extrato (EAG/g), com base numa curva padrão preparada com ácido gálico (SOUSA et al.; 2007). O teor de flavonóides foi obtido pela reação com 2,5% AlCl3, sendo calculado com uma curva padrão de quercetina e expresso em mg de equivalente de quercetina por grama de extrato (EQ/g) (FUNARI; FERRO, 2006). Para atividade antioxidante foi utilizado o método DPPH (2,2- difenil-1-picrilhidrazilo). O radical foi preparado utilizando 2,6 mg dissolvido em 100 mL de metanol. Assim, os extratos foram preparados com concentrações de 10.000, 5.000, 1.000, 500, 100, 50, 10 e 5 ppm e colocados em contato com o radical livre, obtendo-se uma curva com os índices de varredura para o cálculo do CI50. Os resultados foram expressos como CI50, que representa a concentração efetiva necessária para o antioxidante reduzir em 50% a concentração inicial de DPPH (YEPEZ et al., 2002).

Resultado e discussão

Nas análises de quantificação de compostos fenólicos foi encontrada uma melhor concentração no extrato etanólico da raiz com um teor de 215,8 EAG/g, seguido do lenho do caule e por último da casca do caule. Em relação, aos teores de flavonóides, novamente, o extrato da raiz obteve o maior teor seguido de lenho do caule e por fim da casca do caule. Corroborando com os teores de fenóis e flavonóides os extratos da raiz e do lenho do caule tiveram uma boa capacidade antioxidante com um o CI50 de 6,8 µg/mL e 26,5 µg/mL, respectivamente. Porém, o extrato de casca do caule não obteve um bom resultado devido ao conteúdo inferior de compostos fenólicos, como apresentado na Tabela 1. Existem vários fatores que influenciam na produção e nos teores dos metabólitos secundários de uma planta entre eles estão: sazonalidade, temperatura, nutrientes, exposição a patógenos, entre outros. Além desses, o órgão vegetal, também, é um grande contribuinte nessas produções (GOBBO- NETO; LOPES, 2007). Assim, em um trabalho com Achillea millefolium foi avaliado os teores e tipos de compostos fenólicos e a capacidade antioxidante dos extratos de folha, flor, ramo e inflorescência da planta e se constatou uma variação entre os órgãos dessa espécie tanto para os tipos e teores de fenóis de A. millefolium, impactando na capacidade antioxidante de cada extrato (DOLWITSCH et al., 2016). O mesmo ocorreu com um trabalho desenvolvido com Plectranthus barbatus, o qual avaliou o perfil cromatográfico, os teores e a capacidade antioxidante para extratos de diferentes partescomo folhas, flores, ramos e inflorescências. Dessa forma, constatou-se, também, essa variação na composição química e atividade antioxidante nos diversos órgãos (PIRES et al., 2016).

Tabela 1. Teor de Fenóis, Flavonóides e Valores de CI50 para DPPH do e

Valores dos teores de fenóis e flavaonóides e CI50 dos extratos etanólicos

Conclusões

Concluiu-se do trabalho que os extratos etanólicos de C. blanchetianus, principalmente das raízes possuem um alto teor de compostos fenólicos, gerando uma boa atividade antioxidante, seguido do lenho do caule, já para a casca do caule não foram relevantes os resultados. Portanto, a escolha de um órgão vegetativo da planta para a extração de metabólitos secundários é importante, pois existe uma variação dessa produção, e estes em geral são responsáveis pelas atividades biológicas encontradas na espécie.

Agradecimentos

Referências

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estado de Goiás. Rev. Bras. Plantas Med, v.18, n. 2, p. 451-461, 2016.

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PIRES, F. B.et al. Perfil cromatográfico e atividade antioxidante frente aos radicais pero-xila (ROO•), superóxido (O2•-) e DPPH da folha, flor, ramo e inflores-cência da Plectranthusbarbatus. Ciência e Natura, v. 38, n. 3, p. 1496-1503, 2016.

SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5ed., 1102p, 2003.
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SOUZA, L.F., et al. Plantas medicinaisreferenciadas por raizeiros no município de Jataí,

VELGA, V. F; PINTO, A. C. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova, vol. 28, n. 3, p. 519-528, 2005.
YEPEZ, B. et al. Producingantioxidantfractionsfromherbaceousmatricesbysupercriticalfluidextraction. FluidPhaseEquilibria, v. 194, p. 879-884, 2002.

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