OTIMIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO DE BACABA (Oenocarpus bacaba) PARA USO COMO INDICADOR NATURAL DE ÁCIDO-BASE

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Almeida, C.S. (ISB-UFAM) ; Yamaguchi, K.K.L. (ISB-UFAM)

Resumo

Este trabalho tem como objetivo otimizar o processo de extração dos pigmentos de bacaba para uso como indicador natural de ácido-base. A metodologia consistiu na obtenção dos extratos por diferentes técnicas de extração, avaliação dos extratos como indicador de papel e análise da reversibilidade do equilíbrio em função do pH. Os extratos obtidos por meio da técnica de maceração a quente apresentaram melhores variações de colorações quando adicionados em meio ácido, básico e neutro, mostrando-se mais ativo. Os extratos apresentaram reversibilidade no equilíbrio e um potencial para serem utilizados como indicador natural ácido-base, seja por meio do extrato ou como indicadores de papel, sendo uma alternativa viável para a aplicação no ensino de Química

Palavras chaves

: Indicador natural; Ácido-base; Frutos amazônicos

Introdução

Os indicadores ácido-base são substâncias naturais ou sintéticas que têm a propriedade de mudarem de cor em função do pH do meio. O pH é o potencial hidrogeniônico, ou seja, refere-se à concentração de íons hidrônios [H+] em uma solução. Quanto maior a quantidade desses íons, mais ácida é a solução (LOBO e LOURENÇO, 2007). Os indicadores naturais de pH são pigmentos extraídos de plantas, flores e/ou frutos que dissolvidos em água, apresentam determinada cor. Esta modificação na coloração dos extratos extraídos é comumente relacionada com à presença de substâncias da classe dos flavonoides que variam a coloração dependendo do meio em que são adicionadas (UCHÔA et al, 2016). Vários indicadores naturais ácido-base extraídos de partes das plantas, já foram relatados na literatura como indicadores de pH, dentre os quais destacam-se o extrato de beterraba (LUCAS et al, 2013), a cebola roxa, berinjela e repolho roxo (MARTINS et al, 2017) e as espécies de frutas como amêndoa de cacau (COSTA et al, 2015), a bacaba (MONTEIRO, SILVA e NASCIMENTO, 2014) e a pacová-de-macaco (VASQUES, SILVEIRA e REIS, 2018). Na Amazônia são encontrados produtos com tais potenciais, dentre eles estão o guajiru (Arrabidea chica), o buriti (Mauritia flexuosa) e o açaí do Pará (Euterpe oleraceae), com a presença de antocianinas capazes de detectar as classes de substancias ácidas e básicas (LOPES et al, 2007). Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial dos extratos da bacaba como indicador natural de ácido-base, caracterizar o comportamento das substâncias extraídas da bacaba em pH ácido e básico, avaliar a reversibilidade do equilíbrio e da mudança de cor em função do pH e realizar diferentes metodologias de extração desses corantes naturais.

Material e métodos

A bacaba foi coletada em uma comunidade localizada na zona rural do município de Coari – Amazonas, Brasil, comunidade da ilha do Ariá de São Francisco, no Médio Solimões. As amostras foram levadas ao Laboratório de Química Orgânica do Instituto de Saúde e Biotecnologia-ISB-UFAM/Coari, para as análises. Como método de extração, utilizou-se 10g de frutos recém-colhidos e amostras desidratadas macerado a frio e quente. Na maceração a frio, triturou-se a polpa da fruta fresca e seca no liquidificador com a mistura de 20 mL de etanol 100% e 80 mL de água destilada. Posteriormente, as amostras foram estocadas em frascos por 24 horas. Do mesmo modo foi feito para a maceração a quente, porém as amostras foram adicionadas em aquecimento por 10 minutos à 60°C. Ao final, as amostras foram filtradas e armazenadas em refrigerador. Na avaliação do fenômeno da mudança de cor em função do pH foram identificados 5 tubos de ensaio de pH 1, 4, 7,10 e 14, para cada amostra. Nestes, foram colocados 1 mL dos extratos e 2,5 mL das soluções de ácido sulfúrico H2SO4 1:10 com pH 1, nitrato de prata AgNO3 0,06 M de pH 4, água destilada como solução de pH 7, solução tampão de pH 10 e a solução de hidróxido de sódio 0,1 M de pH 14, respectivamente. Para cada amostra, foram verificados a reversibilidade dos extratos, utilizando ácido clorídrico 0,6 M e hidróxido de sódio 0,6 M. Para a preparação do indicador de pH de papel, o papel filtro foi recortado em tiras de 10 cm e deixado imerso nos extratos em tubos de ensaio durante 20 minutos. Posteriormente, os papeis foram colocados na estufa para a secagem por 2h a 60°C. Para avaliar a adequação do extrato como indicador de papel de pH, colocou-se as tiras nas soluções de hidróxido de sódio 0,6 M, ácido clorídrico 0,6 M e água destilada.

Resultado e discussão

As colorações dos extratos quando adicionados em soluções de pH 1, 4, 7, 10, 14, a reversibilidade e as cores dos papeis indicadores impregnados pelos extratos quando em meio ácido, básico e neutro, estão ilustradas na figura 1. Os extratos e os papeis indicadores apresentaram tonalidades perceptíveis quando adicionados em meio ácido, básico e neutro, e puderam ser visualizadas claramente através das cores vermelho, rosa e marrom, respectivamente, atingindo as mesmas cores em meio ácido e básico do trabalho de Monteiro, Silva, e Nascimento (2014). Das metodologias de extração, a fruta seca macerada a frio mostrou-se visualmente o método mais eficiente para a extração dos pigmentos, evidenciada pela tonalidade fixa e escura das soluções e pela capacidade de absorção (figura 2). As cores dos papeis indicadores de pH impregnados dos extratos podem ser comparadas com as colorações obtidas nos tubos de ensaio, sendo possível distinguir o caráter ácido, básico e neutro das soluções. O mesmo foi demonstrado por Palácio, Olguin, e Cunha (2012), que comprovaram o teste usando os extratos de flores de hibisco e vinca, assim como Terci e Rossi (2002), para extratos de uva, amora, jabuticaba e jambolão. O caráter reversível é fundamental porque indica o grau de acidez ou basicidade do meio. Este grau é denominado de pH, que mede a quantidade de H+ ou OH- das soluções. Desse modo, a cor prevalece pela maior espécie que estiver presente ao meio, por isso, os indicadores mudam de cor em função do pH. A reversibilidade foi comprovada nos extratos de bacaba de forma eficiente. Resultados semelhantes foram verificados por Monteiro, Silva, e Nascimento (2014), com a bacaba, no entanto, esse é o primeiro relato sobre a otimização do melhor método de extração

A) Bacaba. B) Cores em diferentes pH. C) Reversibilidade. D) Tiras após a imersão nas soluções ácidas, neutras e básicas, respectivamente


Resultado da otimização da extração de bacaba: Absorção em UV e colocaração dos extratos

Conclusões

Os extratos da bacaba apresentaram um potencial para ser utilizado como indicador natural de ácido e base, e podem ser facilmente preparados e usados como materiais alternativos em atividades práticas no ensino de química, assim como os papeis indicadores que demostraram resultados viáveis e correspondentes as cores obtidas pelos extratos. A metodologia de extração dos pigmentos pela maceração a quente usando fruta seca e água destilada com etanol demonstraram um método apropriado e viável para o preparo de indicadores naturais de ácido e base.

Agradecimentos

Referências

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