Perfil Cromatográfico de Espécies Passiflora resistentes à fusariose do maracujazeiro.
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Produtos Naturais
Autores
Santos, J.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Andrade, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)
Resumo
A ocorrência de fusariose no maracujazeiro constitui em um dos principais problemas da cultura, pois esta doença promove queda na qualidade e produtividade. Uma forma de lidar com essa praga é o uso da enxertia, com Passiflora alata e P. cincinnata. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo a investigação e compreensão química das espécies resistentes à fusariose. Através da análise por CG-EM dos óleos essenciais das folhas P. edulis, P. alata e P. cincinnata foi observado uma alta similaridade no perfil cromatográfico, contudo, diferem quantitativamente. Já na análise por CLAE sugeriu um metabolismo diferente entre as espécies. Principalmente P. alata apresentou com um metabolismo diferenciado, que através dos espectros de UV indicou a presença dos alcaloides da classe harmana.
Palavras chaves
Pragas Frutíferas; fingerprint; fusarium
Introdução
O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de países produtores de frutas, entre elas o maracujá P. edulis var. flavicarpa. Esta espécie é de grande importância econômica para o país, devido ao uso de seus frutos em larga escala pela indústria e ao fato de que ele é o maior produtor mundial, em especial a região nordeste (VITAL E XIMENES, 2016; GUIMARÃES E MADEIRO, 2017). No entanto, o cultivo do maracujá é dificultado devido a susceptibilidades a pragas. Sendo que a principal, a fusariose, uma doença causada por fungos do gênero Fusarium. Causa uma grande redução na produção e aumento nos custos (FLORES et. al., 2011; ARAMBURO, 2012). Para lidar com essa praga os produtores utilizam enxertia com espécies do gênero passiflora como P. alata e P. cincinnata devido sua resistência ao fungo (FLORES et. al., 2011; ARAMBURO, 2012). Como descrito por Cardoso (2010) às plantas utilizam-se de substâncias químicas para se defender contra pragas. No gênero passiflora há duas formar de defesa utilizando compostos químicos. A defesa constitutiva, realizada por flavonoides presente em sua constituição e através da defesa induzida a qual é realizada liberando compostos voláteis que atraiam inimigos naturais da praga. As espécies do gênero passiflora apresentam como constituintes os flavonoides, saponinas, glicosídeos cianogênicos e derivados do ácido clorogênico; além de alguns relatos da presença de alcaloides (AMARAL, 2018; GOSMANN et. al., 2011). No entanto não há na literatura estudos que investiguem a relação química e resistência dessas espécies ao Fusarium. Dessa forma, o interesse em caracterizar a constituição química destas espécies e também qual composto ou grupo de substâncias poderiam ser responsáveis pela resistência de P.alata, P.cincinnata é bastante relevante.
Material e métodos
As folhas de P. edulis, P. alata e P. cincinnata foram obtidas na cidade de Itabaiana e Frei Paulo e a identificação confirmada em colaboração a Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas – Bahia. Os óleos essenciais foram obtidos usando-se destilação a vapor (método indireto, hidrodestilação). O processo de extração foi realizado com folhas frescas e picadas. Os óleos extraídos foram analisados em colaboração ao Departamento de Química da UFSCAR. utilizando um Cromatografo Gasoso-Espectrometria de Massas (CG-EM) em um aparelho Shimadzu QP com um fluxo de 1,2 µL/min e temperatura programada de 50ºC – 150ºC na velocidade de 5ºC/min e 150ºC – 260ºC na velocidade de 10ºC/min, uma isoterma de 260ºC por 15 min. O injetor e detector foram mantidos a 250ºC e 280ºC, respectivamente. A identificação dos constituintes foi realizada com base na equação de Van den Dool e Kratz 1963 em relação a uma série homóloga de n-alcanos (nC9- nC28) e por comparação com Índice de retenção da literatura (ADAMS, 2007). Também foram utilizadas três bibliotecas do equipamento WILEY8, NIST107 e NIST21. Os extratos etanólicos foram obtidos das folhas secas pelo processo de maceração. Estes extratos foram submetidos à análise exploratória por CLAE, após pré-tratamento da amostra. O gradiente utilizado foi 5-100% em 60 min deixada em 100% por 5 min; utilizando fase estacionaria C-18, fase móvel acetonitrila:Ac.fórmico 0,5%, vazão 1mL/min, volume de injeção 20 uL/min a 45ºC com detecção nos comprimentos de onde de 254, 280 e 320 nm. . As análises de LC foram realizadas usando um shimadzu Prominence LC (Kyoto, Japão) com Software Shimadzu LC Solution.
Resultado e discussão
Após análise do perfil cromatográfico dos óleos das folhas de P. edulis, P.
alata e P. cincinnata foi observado que há uma alta similaridade no perfil
cromatográfico qualitativamente e diferenciando quantitativamente (Figura
1).
A partir dessas análises foi possível a identificação dos compostos
majoritários dos óleos
essenciais das folhas das espécies. sendo que para P. edulis foram: (E)-
Cariofileno (28,84%), Germacreno
D (9,44%), Germacreno B (12,02%), (Z,E)-Linalol de Geranila (11,26%) para P.
alata foram: Beta-Elemeno (13,38%), (E)-Cariofileno (11,24), fitol (8,02%),
(E)-Beta-Ocimeno (7,5%), Germacreno B (6,64%) e para P. cincinnata foram:
fitol (11,98%), Beta-Elemeno (11,96), Beta-Sinensal (10,09%), Citronelal
(9,26%), Beta-pineno (7,51%) e (Z)-beta-Ocimeno (6,69 %).
Além disso, a partir das análises dos extratos alcoólicos das folhas de P.
edulis, P. alata e P. cincinnata por CLAE observou-se um perfil
cromatográfico diferente entre as amostras em estudo. Principalmente a
presença de dois picos em P. alata que difere das demais amostras (Tr 24,2
min e Tr 24,8 min) (Figura 2).
Os picos cromatográficos 4 e 5 também apresentaram espectros de UV que
diferem das demais espécies em estudo, sendo característicos de alcaloide do
tipo harmana (MACHADO et al. 2010) e os demais picos característicos de
flavonoides. Contudo, essa confirmação só será realizada após a análise por
LC-EM.
Sobreposição do cromatograma de íons totais (TIC) obtido por CG-EM das folhas de P. edulis (azul), P. alata (vermelho) e P. cincinnata (preto).
Cromatograma obtido por CLAE-DAD do extrato das folhas de P. alata (A); Espectros de ultravioleta dos principais picos de P. alata (B).
Conclusões
Através do estudo por CG-EM foi possível observar uma relativa diferença na composição química das espécies P. edulis, P. alata e P. cincinnata, mesmo o perfil cromatográfico apresentando semelhanças qualitativas. Um indicativo do metabolismo diferenciado foi observado principalmente em P. alata, que através dos espectros de UV indicou a presença dos alcaloides da classe harmana, não observado nas outras espécies. O que sugere testar estes compostos frente atividade fungicida em Fusarium oxysporium.
Agradecimentos
O projeto foi desenvolvido com o apoio da FAPITEC, a qual concedeu uma bolsa de iniciação científica, da Universidade Federal de Sergipe, do LAPEQ II e do DQCI.
Referências
ADAMS, R.P. (2007) Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Spectrometry. 4th Edition Allured Publishing Corporation, Carol Stream. No.Ed.4 pp.viii + 804 pp.
AMARAL, J. G. Passiflora L. (passifloraceae): estudo fotoquímico suportados no desenvolvimento de estratégias de cromatografia líquida aclopada á espectrometria de massas. 2018. 247 f. tese (Doutorado em ciências)-Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2018.
ARAMBURO, J. L. Evaluación de la genética de espécies de passiflora spp a fusarium spp, agente causal de la “secadeira”. 2012. 119 f. Dissertação (Mestrado em ciências agrárias com ênfase na proteção de cultivos)-Faculdade de ciências agropecuárias, Universidade nacional de Colômbia, Palmira, 2012.
CARDOSO, P. R. Estruturas secretoras em órgãos vegetativos aéreos de passiflora alata citrus e P. edulis sims (passifloraceae) com ênfase na localização in situ de compostos bioativos. 2010. 250 f. Dissertação (Mestrado em biologia vegetal)-Instituto de biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.
FLORES, P. S., OTONI, W. C., DHINGRA, O. D., DINIZ, S. P. S. S., SANTOS, T. M., BRUCKNER, C. H. in vitro selection of yellow passion fruti genotypes for resistance to fusarium vascular wilt. Springer Science+Bussines Média B. V, p. 37-45, agosto de 2011.
GOSMANN, G., PROVENSI, G., CAMUNELLO, L. N., RATES,S. M. K. Composição química e aspectos farmacológicos de espécies de passiflora L. (passifloraceae). Revista brasileira de biociências, Porto Alegre, V. 9, p. 88-99, 2011.
GUIMARÃES, T. G.; MADEIRA, N. R. Sistema Filho: fruticultura integrada com lavouras e hortaliças. Circular técnica 34, Maio, 2017. Publicação disponível gratuitamente em: http://www.cpac.embrapa.br/publicacoes/cirtec/1.
MACHADO, M. W. et al. Search for Alkaloids on Callus Culture of Passiflora alata. BRAZILIAN ARCHIVES OF BIOLOGY AND TECHNOLOGY. Vol.53 (2010), n. 4: pp.901-910
VITAL, M. F.; XIMENES, L. J. F. Comportamento Recente Da Fruticultura Nordestina: Área, Valor Da Produção E Comercialização. Caderno Setorial ETENE. Ano 1, N-´2, 2016.