Aplicação do jogo didático inclusivo Missão Orgânica no Instituto Federal de Mato Grosso

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Gonçalves, A.C.C. (IFMT - BELA VISTA) ; de Sousa, A.C.A. (IFMT - BELA VISTA) ; Cunha, J.N.F. (IFMT - BELA VISTA) ; Patrício, J.C. (IFMT - BELA VISTA) ; Schwingel, J.F. (IFMT - BELA VISTA) ; Esgalha, S.P.V. (IFMT - BELA VISTA)

Resumo

Os jogos didáticos auxiliam no processo de ensino e aprendizagem além de propiciar a interação entre os alunos. Neste intuito, o presente trabalho tem como objetivo relatar a aplicação e avaliação do jogo didático Missão Orgânica, além de propiciar a inclusão de alunos com deficiência visual. Este foi realizado no mês de junho de 2019, na turma do 3º semestre do curso de Química integrado ao ensino médio do IFMT, por meio da metodologia qualitativa. Pode-se constatar com a aplicação de um questionário que o jogo auxiliou na aprendizagem dos discentes, além de promover a diversão.

Palavras chaves

Jogo didático ; Ensino-aprendizagem ; Química orgânica

Introdução

Atualmente o sistema de ensino tradicional se mostra muito presente nas escolas brasileiras. Esse método acaba por estimular a memorização de fórmulas e conceitos, o que dificulta a aprendizagem e desmotiva o aluno, principalmente os que apresentam alguma deficiência. Diante disso, é relevante fazer uso de estratégias diferenciadas e inclusivas que além de apoiar o ensino, faz com que o aluno reflita acerca do conteúdo trabalhado e desenvolva seu pensamento crítico. ​​A inclusão dos discentes com deficiência no sistema regular de ensino, ocorreu mediante da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei 9394 de 1996 (BRASIL, 1996). E de acordo com Uliana e Mol (2016), a educação inclusiva deve assegurar que todos tenham o mesmo processo de ensino, aprendendo todos juntos sem distinção. Quando se fala em inclusão, a confecção dos recursos didáticos para serem explorados com discentes deficientes visuais pode propiciar um processo inclusivo em que todos, com e sem deficiência visual, aprendam e participem (RAPOSO E MÓL, 2010). Segundo Soares (2015), os jogos e atividades lúdicas são recursos que proporcionam um maior envolvimento entre professor e aluno, oportunizando o aprendizado e a diversão ao mesmo tempo, fazendo​ com que este não atua apenas como expectador. Já para Oliveira e Soares (2005) o jogo é considerado como “qualquer atividade lúdica que tenha regras [...]”. Salientam a importância do ato de brincar, independentemente do objetivo do jogo. Os jogos didáticos também têm função de contextualizar os conteúdos trabalhados, além de induzir o aluno ao raciocínio, à reflexão e à construção de seu conhecimento (SANTANA e REZENDE, 2008). Ademais, proporcionam divertimento e despertam o interesse para o conteúdo. Por esse motivo, os jogos apresentam boa aceitação por parte dos alunos. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo relatar a aplicação e avaliação do jogo didático inclusivo aos deficientes visuais, Missão Orgânica, na turma do 3º semestre do curso técnico em Química integrado ao ensino médio do Instituto Federal de Mato Grosso.

Material e métodos

O jogo didático Missão Orgânica foi realizado no Instituto Federal de Mato Grosso – campus Cuiabá Bela Vista no período de abril a junho de 2019. Foi apresentado e testado por 18 alunos visuais do 3º semestre do curso técnico integrado em Química. Este foi elaborado com intuito de incluir os deficientes visuais e facilitar o processo de ensino aprendizagem da Química Orgânica. O jogo confeccionado é composto por: 1 tabuleiro, 6 pinos, 2 dados, 20 cartas sorte e revés, 7 cartas de missão, 100 notas de 1000 (mil), 50 notas de 5000 (cinco mil). As cartas de missão foram estabelecidas de acordo com o seguinte modelo: uma cadeia linear com insaturação e uma função qualquer dentre cetona, álcool, aldeído, amina, amida, ácido carboxílico e anidrido de ácido carboxílico. Estas foram adaptadas de acordo com as normas da Grafia Braille para a Língua Portuguesa (DOS SANTOS e DE OLIVEIRA, 2018). Pode ser jogado por dois ou seis discentes, cada uma escolhe um pino. Estes são posicionados na casa inicial do tabuleiro. A ordem de jogadas será decidida pelo lançamento de um dado. Em seguida, os jogadores tiram a carta que representa a cadeia que eles deverão formar (carta missão). Logo depois, distribui-se as notas, na seguinte proporção: dez notas de 1000 (mil) e duas notas de 5000 (cinco mil) para cada jogador. O banco fica com as notas que sobrarem. E o vencedor será aquele que montar sua cadeia primeiro. Após os discentes testarem o jogo inclusivo Missão Orgânica aplicou-se o questionário abaixo: 1. Você acredita que o uso do jogo didático Missão Orgânica pode auxiliar no ensino de Química? 2. Você acha que o jogo Missão Orgânica pode ser aplicado em sala de aula? 3. Na sua opinião, esse jogo pode ser utilizado fora do ambiente escolar? 4. O jogo possibilitou relembrar algum conteúdo ministrado em sala de aula? 5. Você sentiu alguma dificuldade ao jogar? 6. Na sua opinião, o que é mais importante em um jogo didático? As perguntas de 1 a 5 apresentavam as opções de sim, não e talvez enquanto que na questão 6 a resposta era livre.

Resultado e discussão

O jogo didático Missão Orgânica foi confeccionado com o intuito de auxiliar no processo e aprendizagem dos conteúdos de Química Orgânica de forma lúdica. A legenda em Braille foi acrescentada com a intenção de promover a inclusão dos deficientes visuais, apesar do campus não ter a presença deste, é relevante despertar nos estudantes videntes a necessidade de trabalhar a inclusão. Posteriormente pretende-se identificar este público nas escolas estaduais da cidade e testificar a eficiência do jogo. ​A aplicação do jogo didático Missão Orgânica ocorreu tranquilamente com resultados satisfatórios. Acerca da estrutura do jogo, alguns itens foram observados: a confecção bem elaborada e o aspecto visual atrativo despertaram o interesse inicial pelo jogo; a competitividade presente neste auxiliou na interação entre os alunos; e a eliminação dos jogadores, tornou o jogo mais natural denotando que souberam lidar de forma saudável com esse aspecto. ​Os resultados da avaliação realizado por meio do questionário estão representados no gráfico 01. Notou-se mediante a resposta que: 83,3% dos alunos acreditam que o uso deste auxilia no ensino e aprendizagem da Química Orgânica. Na pergunta 02, 76,5% afirmaram que o jogo pode ser aplicado em sala de aula, o que demonstra interesse e aceitação pela estratégia utilizada. Na questão 03, 77,8% dos alunos responderam que o jogo pode ser realizado fora do ambiente escolar, ficando evidente o interesse da maioria pela disciplina em questão. Na 4º pergunta 50% afirmaram que essa estratégia possibilitou relembrar alguns dos conteúdos ministrados em sala de aula, outros 27,8% disseram talvez, e 22,2% responderam não. Na penúltima questão, 72,2% dos alunos responderam que não tiveram dificuldades em jogar. Este é um quesito relevante, pois a compreensão do jogo favorece a aprendizagem. Por fim, na última pergunta o que deve ser mais importante no jogo didático: 75,0% responderam que deve ser divertido, enquanto 25% afirmaram que deve ser inclusivo, acredita-se que o inclusivo foi citado devido ao jogo apresentar esta característica, inclusivo para deficientes visuais. ​Enfim, a construção do jogo propiciou aos alunos envolvidos e aos participantes um aprendizado eficaz, pois permitiu o desenvolvimento de habilidades, sistematização dos conhecimentos assimilados, conduzindo a uma participação ativa no processo de ensino e aprendizagem.

JOGO MISSÃO ORGÂNICA

Foto do jogo Missão Orgânica

Conclusões

​Concluiu-se mediante a aplicação e avaliação que o jogo didático inclusivo Missão Orgânica apresentou resultados satisfatórios. Constatou-se também que aproximadamente 84,0% dos alunos acreditam que o uso deste jogo auxilia no processo ensino da Química Orgânica e impacta positivamente na aprendizagem dos alunos, proporcionando um ambiente agradável, motivador e divertido para estes.

Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus, nossos familiares, a Ma. Josane do Nascimento Ferreira Cunha e ao IFMT - Bela Vista, que nos ajudou para que este trabalho se concretizasse. Desta maneira, conseguimos construir um bom projeto.

Referências

BRASIL. Lei n.º 9.394, de 20 dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1996/lei-9394-20-dezembro-1996-362578-publicacaooriginal-1-pl.html> Acesso em: 10 ago. 2019.
DOS SANTOS, Fernanda Christina; DE OLIVEIRA, Regina Fátima Caldeira. Grafia Braille​​ para a Língua Portuguesa – Brasília – DF, 2018, 3ª ed. 95p. Disponível em:​​
<http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/104041-anexo-grafia-braille-para- lingua-portguesa/file>. Acesso em 12 de ago. 2019.
OLIVEIRA, Alessandro Silva de; SOARES, Márlon Herbert Flora Barbosa. Júri​ químico: uma atividade lúdica para expandir os conceitos químicos. p. 19, 2005.​
SANTANA, E.M. de; REZENDE, D.B. O​ Uso de Jogos no ensino e aprendizagem de Química: Uma visão dos alunos do 9º ano do ensino fundamental. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ). UFPR, v. 21, 2008.
SOARES, M. H. F. B.; Jogos​​ e Atividades Lúdicas para o Ensino de Química.​ 2a. Edição. Goiânia: Kelps, 2015.
RAPOSO, P.N. e MÓL, G.S. A diversidade para aprender conceitos científicos: ressignificação do ensino de ciências a partir do trabalho pedagógico com alunos cegos. In: SANTOS, W.L.P. e MALDANER, O.A. (Orgs.). Ensino de Química em foco. Injuí: Edit. Unijuí, p. 287-312, 2010.
ULIANA, M. R. ; MÓL, G. S. . A IN/EXCLUSÃO ESCOLAR DE ESTUDANTES CEGOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA, FÍSICA E QUÍMICA. Revista Diálogos, v. 3, p. 136-155, 2016.

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