A introdução do ensino experimental de química de forma interdisciplinar com a biologia no ensino fundamental em escolas de Viçosa-MG
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Paula, V.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA) ; Neves, L.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA) ; Guiducci, D.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA) ; Rubinger, M.M.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA) ; Tavares, M.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA) ; Oliveira, E.A.Q. (ESCOLA ESTADUAL DR. RAIMUNDO ALVES TORRES - SEE-MG) ; Teodoro, C.C.T. (ESCOLA ESTADUAL EFFIE ROLFS - SEE-MG) ; Simão, R.C.B. (ESCOLA ESTADUAL DR. RAIMUNDO ALVES TORRES - SEE-MG) ; Rezende, J.L. (ESCOLA ESTADUAL EFFIE ROLFS - SEE-MG)
Resumo
A química é vista por muitos estudantes como uma matéria difícil. Existem uma série de fatores para essa visão, dentre eles, sua introdução tardia, a falta experimentação e contextualização. Por isso, esse trabalho propõe a inserção da química no oitavo ano do ensino fundamental através de experimentos e dinâmicas que a correlacionam com a biologia vista nesta série. A fim de analisar parte do aprendizado, um questionário foi aplicado aos alunos que participaram das aulas experimentais. Além disso, notou-se o interesse pelos experimentos. Então, conclui-se que esse modelo pode auxiliar no aprendizado e atrair o interesse pelos assuntos abordados.
Palavras chaves
Ensino de química; Interdisciplinaridade; Ensino fundamental
Introdução
Muitos estudantes do Ensino Médio (EM) consideram a química uma disciplina difícil. Um dos fatores que podem gerar essa dificuldade é a introdução tardia da química no ensino básico. Até o oitavo ano do Ensino Fundamental (EF) predominam temas da área biológica. A química costuma ser introduzida no nono ano e em apenas um semestre (MILARÉ e ALVES-FILHO, 2010). A falta do componente experimental e da contextualização dos conceitos pode agravar essa situação (RUBINGER e BRAATHEN, 2012). Assim, ao chegar ao EM os estudantes podem já ter desenvolvido bloqueios ou perdido o interesse pela aprendizagem de química. Vários estudos têm demonstrado que o interesse por ciências exatas no EM é ainda menor entre as meninas, o que repercute na pouca representatividade profissional feminina nas áreas exatas e tecnológicas (BAUER, 2017; ELSEVIER, 2017; CUNHA et al., 2014). Este trabalho faz parte do projeto “Químicas, Físicas e Engenheiras em Ação: Construindo Conhecimento” da Universidade Federal de Viçosa (UFV), com o apoio do CNPq/MCTIC/MEC. Visando introduzir a química mais cedo no EF, foram oferecidas aulas semanais interdisciplinares de ciências para turmas do oitavo ano do EF de escolas públicas da zona da mata mineira. Neste trabalho é apresentada metodologia utilizada e uma avaliação dos resultados.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido em 2 escolas de Viçosa-MG. As atividades foram realizadas em turmas de 8º ano (150 alunos). Uma vez por semana, foram realizadas aulas práticas ou jogos didáticos onde o tema central de biologia era relacionado a conceitos básicos de química. Um questionário com seis perguntas objetivas foi aplicado para se ter um parâmetro quantitativo do interesse e do aprendizado dos alunos. Os alunos indicaram se gostaram das aulas, quais atividades mais gostaram e responderam 4 questões sobre os conteúdos de química abordados. Foram aplicados 147 questionários.
Resultado e discussão
As aulas desenvolvidas relacionavam a biologia com alguns conceitos de química,
conforme mostra resumidamente o quadro 1, tendo uma boa aceitação pelos
alunos. Eles foram unânimes em afirmar ter gostado das aulas experimentais.
Em relação a suas atividades preferidas, apenas 6% marcaram uma única
opção, sendo que os demais marcaram várias, reforçando a ideia de que
apreciaram positivamente o conjunto da proposta. Na primeira pergunta
sobre química, envolvendo o conceito de reações exotérmicas, os acertos
chegaram a 75%. A segunda pergunta pedia para assinalarem as opções em
que ocorriam reações químicas, entre: (A) cortar papel; (B) queimar papel; (C)
amolecer osso mergulhado em vinagre; (D) preparar bolo no
forno; (E) formar bolhas pela adição de magnésio a ácido clorídrico; (F)
formar bolhas quando ferve a água; (G) coar café. O gráfico 2 mostra as
respostas obtidas, onde pode-se ver claramente que a maioria dos alunos
diferenciou corretamente os conceitos de transformações químicas e
físicas.
Na terceira questão, 59% dos alunos soube conceituar e identificar
isolantes térmicos. A quarta pergunta apresentava 11 afirmações sobre
reações químicas, combustão, catalisadores e estados físicos da matéria.
A maioria dos alunos (59%) identificou corretamente as afirmativas
verdadeiras e as falsas.
Além das respostas obtidas nos questionários, observou-se durante as
aulas que os estudantes se mostraram empolgados e interessados pelos
experimentos e atividades.
Conclusões
Como foi observado, introduzir conceitos de química dentro dos temas de biologia ministrados no 8º Ano do EF não trouxe dificuldades para a aprendizagem. Pelo contrário, os estudantes se sentiram motivados pela metodologia experimental, contextualizada e interdisciplinar. Além disso, as respostas aos questionários indicaram que a maioria conseguiu entender os conceitos. Assim, espera-se que estejam mais preparados para a introdução formal da química que ocorrerá no 9º Ano.
Agradecimentos
Ao CNPq, MCTIC e MEC por bolsas e apoio financeiro (Processo: 442259/2018- 2); Às Escolas Estaduais Dr. Raimundo Alves Torres e Effie Rolfs, seus estudantes e professores pela colaboração e disponibilidade.
Referências
BAUER, M.W. Why Europe’s girls aren’t studying STEM. Relatório da MICROSOFT, 2017. Disponível em: <https://news.microsoft.com/uploads/2017/03/ms_stem_whitepaper.pdf> Acesso em 13/08/2019
CUNHA, M. B.; PERES, O. M. R.; GIORDAN, M.; BERTOLDO, R. R.; MARQUES, G. Q.; DUNCKE, A. C. As Mulheres na Ciência: O Interesse das Estudantes Brasileiras pela Carreira Científica. Educación Química. v. 25, no 4, 407-417, 2014.
ELSEVIER, Gender in the Global Research Landscape - Analysis of research performance through a gender lens across 20 years, 12 geographies, and 27 subject areas. Elsevier report, 2017. Disponível em: < https://www.elsevier.com/research-intelligence/campaigns/gender-17> Acesso em 13/08/2019
MILARÉ, T.; ALVES-FILHO, J.P. Ciências no nono ano do ensino fundamental: da disciplinaridade à alfabetização científica e tecnológica. Rev. Ensaio, 12, 101-120, 2010.
RUBINGER, M.M.M; BRAATHEN, PC. Ação e reação: Ideias para aulas especiais de química. Ed. RHJ, 2012.