METODOLOGIA PARA A APRENDIZAGEM EM QUÍMICA: UTILIZAÇÃO DE UM DOMINÓ ORGÂNICO PARA O ENSINO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Ramos da Costa, Y. (UEPA) ; Camilla Pereira Braga, A. (UEPA) ; Ribeiro dos Santos, K. (UEPA) ; de Brito Virgolino, M. (UEPA) ; Donza Siqueira Modesto, V. (UEPA) ; Pantoja Carvalho, M. (UEPA)

Resumo

É por meio de uma relação interpessoal e intersubjetiva entre o discente, o docente e o objeto de conhecimento que a aprendizagem se realiza, numa relação dialética em que as dimensões cognitivas, afetivas, pedagógicas, sociais e culturais estão presentes, para isso faz-se necessário uma relação de diálogo e confiança mútuas. Este trabalho foi aplicado com o objetivo de demonstrar o conteúdo de Funções Orgânicas através de um jogo didático denominado “Dominó Orgânico”. O jogo foi executado em três turmas, totalizando uma quantidade de 71 alunos de um Cursinho Popular preparatório para o ENEM localizado em Belém-PA, proporcionando uma aula mais dinâmica. Observou-se uma maior interação entre docente e discente, bem como, uma aprendizagem mais eficaz para o ensino da disciplina.

Palavras chaves

Funções Orgânicas; Jogo lúdico; Ensino-aprendizagem

Introdução

No ensino das ciências em geral, observa-se segundo Rocha e Vasconcelos (2016), que ainda há dificuldades existentes no processo de aprendizagem, devido, principalmente, a maneira tradicional de ensino, de forma descontextualizada e não interdisciplinar, a qual gera desinteresse por parte dos alunos, que não conseguem relacionar a Química com seu cotidiano. Porém, existem algumas metodologias capazes de tornar a disciplina mais atrativa, uma delas é a aprendizagem significativa. De acordo com a teoria de David Ausubel e segundo Moreira e Masini (2001), essa aprendizagem ocorre quando o aprendiz é capaz de receber novas informações e racionalizar, construindo uma relação com o que já se sabe e com o que acabou de conhecer. Quando os mecanismos pedagógicos utilizados pelo professor se resumem apenas na exposição de ideias, como no ensino tradicional, as características personológicas dos alunos são ignoradas. Dessa forma, o diálogo entre docente e discente é prejudicado, o estudante acaba não tendo a oportunidade de discutir, de argumentar: ações essenciais para construir um conhecimento sólido. Neste sentido, uma alternativa atrativa para o ensino de Química seria a aplicação de jogos didáticos. Conforme Cunha (2012), os jogos didáticos, quando aplicados em sala de aula, proporcionam aos estudantes uma maneira alternativa de lidar com os conteúdos que podem parecer de difícil compreensão. Para Domingos e Recena (2010), o jogo é uma ferramenta pedagógica que representa um acesso a mais no desenvolvimento cognitivo, de modo que os alunos possam buscar novas informações e um aprimoramento em relação aos seus conhecimentos prévios. Portanto, o objetivo desse trabalho foi mostrar a utilização de um dominó como ferramenta para auxiliar o ensino de funções orgânicas.

Material e métodos

Este trabalho baseia-se na abordagem quantitativa, pois recorre à linguagem matemática para explicar as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. (FONSECA, 2002). Os dados foram coletados por meio de dois questionários semiestruturados, sendo utilizado um mesmo questionário no início e no final para comparar as respostas, além disso esse trabalho é baseado na observação em sala de aula. A atividade foi desenvolvida em três turmas do Cursinho Popular preparatório para o ENEM pertencente à UEPA (Universidade do Estado do Pará) localizado na cidade de Belém. O público alvo foi constituído por 71 (setenta e um) alunos. Para a aplicação da atividade, utilizou-se dois dias contendo duas aulas de 60 minutos/aula. No primeiro dia, foi ensinado o conteúdo de compostos orgânicos oxigenados, estrutura, propriedades físicas e aplicações no dia a dia. No segundo dia, houve a aplicação de um questionário prévio semiestruturado para a obtenção de dados. Após a aplicação do questionário prévio, foi ensinado sobre funções orgânicas nitrogenadas abordando a estrutura, as propriedades físicas e aplicações no cotidiano. Logo após, o jogo foi apresentado o jogo. Como a atividade seria aplicada em um cursinho preparatório para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), selecionou-se as sete funções orgânicas oxigenadas que mais aparecem nas provas do ENEM e que os alunos têm mais dificuldades em diferenciá-las, como: ácido carboxílico, aldeído, cetona, éter, éster, amina e amida.

Resultado e discussão

Promovendo a aquisição do conhecimento de maneira espontânea, as ferramentas lúdicas têm se tornado um instrumento didático de caráter motivador e atrativo (LIMA, et. al, 2011). Com a utilização do Dominó Orgânico, percebeu-se que o mesmo despertou o interesse dos alunos, motivando-os à aprendizagem do conteúdo. Os resultados foram obtidos a partir da análise de questionários aplicados com as seguintes perguntas: “A função orgânica oxigenada é formada por quais elementos?” 56 alunos responderam corretamente afirmando que é formada por Carbono, Hidrogênio e Oxigênio. Sobre a pergunta “Quais as funções orgânicas oxigenadas?”, no questionário prévio, 8 alunos responderam acima de 7 funções orgânicas; 14 entre 4 e 6 funções; 21 responderam entre 1 e 3 funções; 28 não souberam responder. Analisando o questionário final, 12 alunos responderam acima de 7 funções; 20 entre 4 e 6 funções; 21 entre 1 e 3 funções; 18 alunos não souberam responder. Ao serem questionados sobre “Quais as funções mencionadas possuem carbonila?”, antes de aplicar o jogo, a maioria (37 alunos) conseguiu responder corretamente, afirmando que são as funções ácido carboxílico e cetona. Após o jogo, 45 alunos acertaram. Na pergunta “Qual função orgânica possui oxigênio entre carbonos?” No questionário prévio, 34 alunos marcaram a alternativa correta dizendo que é o éter. Com base no questionário final, esse resultado aumenta para 41 alunos. E por fim, quando os discentes foram questionados sobre “Quais funções orgânicas oxigenadas ocorrem na extremidade da cadeia?”, na fase pré-lúdica, 30 alunos acertaram, marcando o aldeído e ácido carboxílico e na fase pós-lúdica 40 alunos responderam corretamente.

Conclusões

O “Dominó Orgânico” aplicado em sala de aula possibilitou aos discentes a interação e o aprofundamento de conceitos aparentemente abstratos. No entanto, o jogo didático é uma ferramenta auxiliar e complementar à aula de química, e não deve substituir a aula. Percebeu-se que o uso do instrumento didático aplicado ao ensino de funções orgânicas se apresentou com grande potencial pedagógico para a busca da melhoria na aprendizagem do conteúdo, além disso, estimulou o desenvolvimento de outras habilidades aos discentes como a participação mútua, a cooperação e o sentido do trabalho em grupo.

Agradecimentos

Referências

CUNHA, M. B. Jogos no ensino de Química: Considerações teóricas para sua utilização em sala de aula. Química Nova na Escola, n. 2, 2012.
DOMINGOS, D. C. A; RECENA; M. C. P. Elaboração de jogos didáticos no processo de ensino e aprendizagem de química: a construção do conhecimento. Ciências & Cognição, p. 272-280, 2010.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
LIMA, et al. Uso de Jogos Lúdicos Como auxilio Para o Ensino de Química. Centro Universitário Amparense- UNIFIA, 2011.
MOREIRA, Marco Antônio; MASINI, Elcie. Aprendizagem Significativa: a teoria de David Ausubel. 2 ed. São Paulo: Centauro. 2001.
ROCHA, J. S; VASCONCELOS, T.C. Dificuldades no ensino de Química: algumas reflexões. XIII Encontro Nacional de Química. Florianópolis, SC, 2016.