APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ENSINO DE QUÍMICA: COMPREENSÃO DOS FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS ELENCADOS NA VIVÊNCIA ESCOLAR.
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Oliveira, M.S.C. (UECE) ; Costa Neto, A. (IFPA) ; Moura, A.R.F. (UECE) ; Tavares, C.D.A. (CISNE)
Resumo
RESUMO Ao longo do tempo, o processo de ensino e aprendizagem tem passado por diversas alterações no sentido de como os discentes aprendem e como o professor passa a ser o mediador do conhecimento. Portanto, o trabalho em questão teve como enfoque analisar como os discentes de Edificações do curso técnico do IFPA Campus Itaituba, trabalhando em cooperação de equipe, com o tema fenômenos físicos e químicos, propostos pelo mediador. O percurso metodológico foi estruturado em três etapas distintas e consecutivas de aula teórica, aula experimental e elaboração de um texto sobre o experimento. Os dados apontaram que houve melhora na interação, afetividade e motivação entre os discentes, principalmente na aprendizagem de novos significados com a dialogação entre os membros da equipe.
Palavras chaves
aprendizagem significativ; fenômenos químicos; Ensino de química
Introdução
Há tempos, a educação escolar passou por diversas transformações no sentido da condução do conhecimento, de como os professores lecionam e em relação as novas práxis. Novas tendências para uma educação cognitivista pensado em relação a aprendizagem significativa ao alunado tem sido alvo de discussões no meio educacional, que apontam para a necessidade de reflexões que norteiam o processo de ensinar, para quem ensinar e porque ensinar. Assim no cenário atual, o processo de ensino e aprendizagem, é algo que tem sido objeto de investigação por diversos pesquisadores a nível mundial. Destacam-se, nessas pesquisas, como pontos de investigação: como os discentes adquirem os conhecimentos; como ocorre a compreensão e a interpretação dos fenômenos que os cercam; como podem contribuir com esse conhecimento na sua vida e quais legados que podem contribuir para a sociedade. No ensino das Ciências, em especial das exatas, o professor tem se destacado como um orientador na caminhada pela construção e reconstrução do conhecimento estimulando os alunos nos trabalhos em equipe (BUENO et. al., 2018). Nesse contexto, o docente sai da posição central de dono do conhecimento e passa a se um intermediador do processo educacional juntamente com os estudantes a se tornarem protagonistas da sua história escolar e da construção das ideias que norteiam o conhecimento científico, tecnológico e social. Nesse percurso, enquanto docente e a partir de relatos dos colegas, no que toca as disciplinas que envolve cálculo, raciocínio sobre um acontecimento, assimilação da teoria exposta e sua aplicabilidade científica e social, tenho percebido que os alunos têm demonstrado mais interesse pelas aulas práticas no laboratório (PONTES et. al., 2008). Essa perspectiva de aumento se deve por se tratar da demonstração e explicação real entre teoria e experimentação, a partir das discussões geradas em equipes, com a valorização de uma aprendizagem que traz sentidos e significados para aquilo que os discentes constroem após suas análises. O trabalho realizado em grupo em sala de aula potencializa no enriquecimento dos conhecimentos para o alunado. Possibilita resultados positivos na aquisição dos conhecimentos pelos alunos nas áreas das exatas, quando é possível gerar reflexão sobre o que estuda, despertando o interesse pela busca das informações e impactando fortemente na formação dos valores sociais como os éticos e os morais. Assim, a aula prática em laboratório ou em outro ambiente realizada em equipes aonde se possa simular e representar um fenômeno se tornou importante para os discentes compreenderem sobre o que é visto em sala de aula a partir das dialogações construídas em equipe. Uma educação voltada para a discussão em grupo potencializa as ideias sobre um assunto e cativam os discursos resgatando o sentimento, a afetividade, o respeito e a construção do saber científico pelos alunos. Assim, a aprendizagem significativa é percebida como uma das diversas possibilidades de fomentar e fortalecer o processo de ensino e aprendizagem na educação escolar. Valorizar o conhecimento prévio dos alunos e suas vivências, acompanhar a interação e as discussões nas equipes dos grupos de estudos, são traços que marcam fortemente a caminho da construção do saber discente nessa perspectiva da aprendizagem de significados (SILVA & SCHNETZLER, 2005). A química é uma ciência experimental, que surgiu a partir do conhecimento que os Alquimistas da época da Pedra Filosofal e da busca pelo Elixir da Vida eterna e posteriormente da manipulação de pequenos artefatos. Compreender o que era matéria e qual a sua composição, foram interrogações que perduraram por séculos, até que os primeiros estudos começassem a apresentar resultados sobre a composição do ar atmosférico e da água. Compreender ciências e a ocorrência dos fenômenos, seja artificial ou natural, requer de quem estar conduzindo o processo de ensino em sala de aula e de quem estar como observador na aprendizagem, meios didáticos que possibilite o encantamento em desvendar os mistérios que os rodeiam. Na Química não é diferente, a busca pelo saber e pelo compreender, se dá a partir da dedicação do trabalho em equipe, que envolve docentes e discentes, na procura pelos fatos que evidenciam os fenômenos para a sua aplicabilidade científica e social (GUIMARÃES, 2009; SANTOS, 2007). Portanto, nesse trabalho, será realizada uma investigação sobre como a aprendizagem significativa pode potencializar o processo de ensino e aprendizagem na disciplina de química, em uma turma de primeiro ano do ensino médio, do curso integral técnico em Edificações, no Instituto Federal do Pará. Será abordado o trabalho em grupo, a partir do assunto fenômenos físicos e químicos, levando em consideração a interação entre os discentes, como eles contribuem para motivar uns aos outros e como ocorre a construção das respostas frente aos questionamentos.
Material e métodos
O percurso metodológico seguido nessa pesquisa está fundamentado em três etapas: A primeira etapa executada contemplou os aspectos da interação entre os discentes durante a dialogação em grupo após a aula expositiva e com os questionamentos sugeridos pelo mediador do conhecimento. Durante esse momento, o pesquisador se utilizou da observação e de gravações de áudios para coletar dados sobre como os alunos interagiu durante a formulação das respostas e como se ajudaram, mediante a percepção da aprendizagem significativa. No segundo encontro, foi finalizada a primeira etapa, o docente levou para a sala de aula uma lista contendo questionamentos e exemplos de situações de fenômenos físicos e químicos. Nos primeiros cinquentas minutos, os alunos se reuniram em equipes para debater sobre a lista que lhes foi entregue, sobre o site que o docente indicou e sobre o que aconteceu com a bolinha de naftalina. O restante do tempo foi utilizado para as apresentações das equipes. A segunda etapa contemplou a aula experimental envolvendo a temática dos fenômenos físicos e químicos. Teve duração de duas horas aula, de cinquenta minutos cada. O docente entregou a cada dupla o roteiro contendo o experimento, totalizando cinco abordagens distintas, sobre a temática dos fenômenos físicos e químicos e a prática durou um tempo de aproximadamente cinquenta minutos cada uma das duplas. O primeiro experimento a ser realizado foi o do contato do metal ferro (prego) com o ácido clorídrico (HCl) diluído (volume de 1mL) dentro de um tubo de ensaio de 10 mL; o segundo contemplou o derretimento de dois gramas da parafina na chapa aquecedora utilizando um vidro de relógio; o terceiro experimento abordou a queima do etanol (0,50 mL) embebedado em uma pequeno chamusco de algodão dentro do vidro de relógio; o quarto experimento realizado a evaporação da acetona (0,5 mL) dentro da placa de petri aberta; o quinto experimento foi feito na batata conhecida com o nome popular de batata inglesa com a adição de água oxigenada 10% (0,5 mL), foi feito um corte na superfície de forma de reteve o líquido. O acompanhamento dos experimentos realizados pelos discentes foram monitorados por uma técnica de laboratório e a participação do docente responsável pela turma. Posteriormente, de posse dos dados, esses foram coletados e tabulados para a geração dos resultados e discussões sobre a aprendizagem significativa a partir da temática fenômenos físicos e químicos, na perspectiva de se investigar a interação, o desenvolvimento e a motivação dos discentes no processo de ensino e aprendizagem.
Resultado e discussão
As coletas dos dados durante as três etapas ocorreram a partir das
observações feitas em sala de aula, dos áudios gravados, das fotos feitas
das equipes durante a realização dos experimentos no laboratório e alguns
depoimentos dos alunos. 1º Etapa: A primeira fase de aplicação do trabalho
levou em consideração a aula expositiva no quadro branco, com auxílio do
data show, trazendo os conceitos iniciais sobre os fenômenos químicos e
físicos. Figuras foram utilizadas para reforçar a discussão sobre o assunto,
o que depois de quarenta minutos as equipes se reuniram para começar a
debater a partir dos questionamentos propostos em sala.
Durante esse momento foi possível perceber nas equipes os seguintes
questionamentos: Qualquer transformação sofrida pela matéria pode ser
considerada um fenômeno?; Mas o que é mesmo fenômeno?; Por que isso acontece
mesmo?; O que faz o prego enferrujar? Aonde vou usar isso na minha vida?;
Agora compreendo melhor o que são os fenômenos físicos e químicos. Foi
perceptível que havia pouca interação entre os alunos de cada equipe na sala
de aula, mesmo estando reunidos, eles ficavam olhando um para o outro,
calados e sem ação. Então, o mediador sugeriu que em cada equipe formassem
duplas, escolhessem um dos questionamentos, conversassem entre si durante
aproximadamente vinte minutos e que cada dupla falaria o que compreendeu
sobre seu questionamento e que citaria um exemplo de fenômeno.
Na hora da apresentação dentro do grupo, cada dupla relatou aquilo que
compreendeu durante a aula, situações de fenômenos que já presenciaram
ocorrendo no dia a dia, mas que até então não conheciam por falta de
informação ou porque havia passado despercebido e que naquele momento
ocorreram lembranças de uma aula do nono ano, quando o professor falara
sobre tal assunto, algo que foi percebido nos áudios.
Isso foi possível com a aprendizagem significativa a partir de um contexto,
de um debate, de um trabalho realizado em grupo, o que por vez fortaleceu os
laços de amizades entre o docente e os discentes na caminhada por uma
aprendizagem de significados dentro da química. Claramente a afetividade na
turma, as relações de proximidades entre docente e discentes, são laços que
fortalecem o processo de ensino e aprendizagem, como visto no gráfico 01.
Uma aula voltada para a aprendizagem significativa produzida pelos discentes
com a orientação do professor intermediador e os acontecimentos do dia a
dia, reforçam ainda mais as possibilidades de um novo olhar que vise
melhorar a qualidade das aulas. Nesse contexto todos os significados
aprendidos e sentimentos de afetividade, interação e de motivação são
valorizados pelos discentes na construção de um saber mais sólido e
reflexivo para sua formação.
2º Etapa: A segunda parte do trabalho se deu pela culminância no laboratório
de química com todos reunidos. A aplicação dos experimentos no laboratório
se deu com o auxílio do docente trazendo a fala sobre o momento para o
enriquecimento educacional dos discentes no tocante aos conhecimentos na
relação teoria e prática, contando com a participação da técnica de
laboratório, que contribuíram positivamente para a construção desse momento
que durou duas horas aulas. Inicialmente, a turma de quarenta alunos foi
dividida em dois grupos de vinte alunos, que foram subdivididos em duas
equipes de dez alunos.
Nesse momento foi possível perceber que os alunos já estavam mais
interagidos uns com os outros em relação ao primeiro encontro, não
apresentaram dificuldades de se relacionar e em formar as duplas, se
comunicaram bem quanto a leitura do roteiro da prática na maioria das
duplas, como foi constatado. Foi observado o aumento da interação, da
participação, do diálogo e da motivação quanto a esse momento da leitura dos
roteiros entre os alunos. Assim, o acompanhamento foi realizado
positivamente na maioria dos experimentos segundo as observações, entretanto
algumas duplas apresentaram dificuldades na compreensão do roteiro. Após
dialogar com esses sobre suas experiências no ensino Fundamental, foi
relatado que não fizeram nem uma prática e que pouco interagiam na classe.
Nesse momento, o mediador interviu e motivou os discentes a refletirem mais
sobre a prática e a importância da superação das dificuldades.
Quanto à execução dos experimentos pelos discentes sobre a análise do ponto
de vista químico, sobre assunto dos fenômenos químico e físicos, todas as
equipes chegaram ao objetivo proposto do roteiro. Ressaltamos que algumas
equipes apresentaram dificuldades para executar o experimento principalmente
na parte em que foi necessário o aluno realizar a transferência de líquidos
com a pipeta e a pêra, no reconhecimento de algumas vidrarias como a balão
volumétrico de fundo chato e da placa de petri (Gráfico 02).
Conclusões
Nesse trabalho, foi possível concluir positivamente que a utilização da Aprendizagem Significativa contribuiu satisfatoriamente para o processo de ensino e aprendizagem na disciplina de Química sobre o assunto abordado. Isso permitiu um entendimento mais sólido pelos discentes, construtivo da teoria e do experimento relacionado ao assunto dos fenômenos químicos e físicos durante as observações. Destacou-se de maneira satisfatória os estreitamentos dos laços da relação docente e discentes, no tocante a afetividade, a interação, motivação, diálogos e as reflexões críticas efetivadas em cada equipe durante os momentos do trabalho realizado. Destacar a importância da Aprendizagem Cooperativa nos debates sobre o assunto em questão, das trocas das experiências construídas dos discentes em cada equipe e sobre os relatos que cada um repassou do seu experimento aos demais. A importância da aquisição dos novos significados para o crescimento profissional dos discentes na sua vida educacional escolar e para formar estudantes mais conscientes das suas ações pessoais e para a sociedade. Por fim, ressaltar a importância do mediador do conhecimento no processo didático do ensino do assunto abordado com as suas sugestões, intervenções e frases motivadoras voltadas para os discentes. Destacar a importância do trabalho em equipe que contribuíram para aperfeiçoar os conhecimentos uns dos outros sobre o assunto abordado e a socialização das ideias para todos os discentes da sala. Por fim, ressaltar que esse trabalho atingiu os seus objetivos propostos a partir da metodologia utilizada. Que sirva de documento base para a continuação nas pesquisas relacionadas a área de ensino em química, uma vez que há poucos trabalhos na literatura sobre essa temática, contribuindo para melhorar a campo docente e facilitar os mecanismos do processo de ensino e aprendizagem a partir da aquisição de significados que possam possibilitar a aprendizagem dos discentes.
Agradecimentos
Referências
BUENO, L. et al. O ensino de Química por meio de atividades experimentais: a realidade do ensino nas escolas. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente. Disponível e acessado em 09/01/2018: file:///C:/Users/ANTONIO%20NETO/Downloads/T4%20(1).pdf
GUIMARÃES, C. C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, Vol. 31, N° 3, Agosto, 2009.
PONTES, A. N. et al. O ensino de Química no Nível Médio: Um olhar a respeito da motivação. Universidade do Estado do Pará, Centro de Ciências Sociais e Educação. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ), Curitiba/PR, 2008.
SANTOS, F. M. T. As emoções nas interações e a aprendizagem significativa. Faculdade de Educação - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rev. Ensaio, Belo Horizonte. vol. 9, n. 02, p.173-187. jul-dez, 2007.
SILVA, R. M. G & SCHNETZLER, R. P. Constituição de professores universitários de disciplinas sobre ensino de química. Quim. Nova, Vol. 28, No. 6, 1123-1133, 2005.