Geometria molecular utilizando um jogo didático como ferramenta motivacional

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Cruz, R.P. (CTUR - UFRRJ) ; Castilho, R.B. (UFRRJ) ; Mendonça, M.L.T.G. (IFRJ) ; Haick, A.L. (UFRRJ) ; Marques, V.S. (UFRRJ) ; Sarmento, J.P. (UERJ) ; Araújo, L.D. (UFRRJ) ; Costa, L.D.R. (UFRRJ) ; Silva, I.O. (UFRRJ) ; Louzada, S.H. (UFRRJ)

Resumo

Alguns conteúdos podem ser de difícil assimilação para alguns alunos, assim, trabalhar com estes assuntos associados a jogos didáticos é uma estrategia para contribuir com os processos de ensino-aprendizagem. Os jogos são ferramentas importantes devido a sua capacidade de estimular o desenvolvimento de aspectos cognitivos e afetivos, ele também consegue impulsionar o aluno a construir ativamente seu aprendizado. O presente trabalho consiste na aplicação de jogos para trabalhar o conteúdo de geometria molecular com alunos de nível médio. A aplicação da proposta teve como objetivo motivar os estudantes, visando melhora o aprendizado a respeito do conteúdo, normalmente abordados de forma tradicional em aulas expositivas. Os trabalho apresentou excelentes resultados no rendimento dos alunos.

Palavras chaves

geometria molecular; jogo didático; ensino

Introdução

O conteúdo de geometria molecular é considerado pelos alunos como de difícil compreensão, por exigir a visualização espacial das moléculas e das nuvens eletrônicas (MENDONÇA; CRUZ, 2015). A geometria molecular aborda a organização espacial dos átomos nas moléculas, sendo formada por meio do número de pares de elétrons na camada de valência do átomo central e também através da repulsão entre eles, acarretando, assim, a orientação dos orbitais com a menor distâncias viável. Portanto, necessita que o aluno tenha uma percepção tridimensional. Visto essa dificuldade, uma alternativa é a utilização de jogos didáticos, que apresentam duas funções: a educativa e a lúdica, de modo a estarem em sintonia para tornar a atividade realmente efetiva, a fim de que haja a aprendizagem dos conteúdos pelos alunos (CUNHA, 2012). Na literatura, encontram-se alguns trabalhos que abordam essa questão como: Mendonça e Cruz (2017), que elaboraram um jogo didático para o conteúdo de funções orgânicas; Silva et al (2015), que construíram um jogo de tabuleiro e cartas com questões práticas e objetivas sobre o conteúdo de ligações químicas; Günzel et al (2016), que elaboraram um jogo da memória, “Jogo Triático da Memória”, para auxiliar na compreensão de conceitos relacionados aos elementos químicos; Zanon, Guerreiro e Oliveira (2008), que produziram um jogo didático, o "Ludo Químico", para o ensino de nomenclatura dos compostos orgânicos. Quanto ao objetivo do presente trabalho, foi a criação e aplicação de um jogo didático com o conteúdo de geometria molecular, que fosse simples e barato, sendo utilizado como ferramenta de aprendizagem e de motivação.

Material e métodos

O trabalho foi realizado na Escola Técnica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CTUR/UFRRJ) com alunos do primeiro ano do Ensino Médio. O professor apresentou uma explanação teórica sobre geometria molecular, mostrando imagens de todas as possíveis formas geométricas, com a utilização de data show. Também construiu todas essas formas com balões. Com o intuito de prender a atenção, minimizar as dificuldades e de concretizar a visualização das geometrias moleculares, foi proposta uma atividade complementar ao final da aula teórica. A atividade consistiu em um jogo didático construído a partir dos balões utilizados pelo professor na explicação teórica. Dentro dos balões, foram colocadas, previamente, diversas formas moleculares “surpresas”, distribuídas, aleatoriamente, por grupos de alunos. O jogo contou com pouquíssimos materiais: papel, para escrever os nomes das moléculas que eram sorteadas para cada grupo, e balões de festas de aniversário, que foram utilizados para a construção das geometrias moleculares. O processo de execução do jogo assim ocorreu: cada grupo de alunos ganhou um balão com uma molécula “surpresa” dentro para iniciar o jogo e, após algumas rodadas, o grupo que não conseguia construir a geometria corretamente perdia um ponto e o grupo que acertava ganhava um ponto. Entretanto, para ganhar esse ponto, além de fazer a geometria tinha que explicar o porquê daquela forma geométrica e também construir a fórmula estrutural, explicando para todos os outros alunos da turma. Os grupos que ganhassem mais pontos, no jogo, receberiam um ponto a mais na avaliação.

Resultado e discussão

O jogo didático gerou muita euforia na turma e uma interação muito grande entre os alunos, inclusive no que diz respeito àqueles que apresentavam dificuldades de participação e de compreensão, porque todos queriam desenvolver as geometrias sem erros, para ganhar o jogo e, consequentemente, obter o ponto na avaliação. Os alunos que compreenderam melhor o conteúdo, na aula teórica, passaram a explicar para outros alunos que tinham dificuldades o como se produziam as geometrias. Desta forma, todos os alunos, especificamente, de cada grupo, passaram a construir, entender e explicar perfeitamente o conteúdo (Figura 1). Na avaliação realizada para a verificação do aprendizado do referido conteúdo, quando comparada à avaliação do ano anterior, em que não ocorreu o jogo didático, constatou-se um aumento significativo da média geral. Enquanto no ano anterior a média geral foi de 4,8, com a motivação do jogo didático a média subiu. Inclusive nem haveria a necessidade de se dar mais um ponto na nota da avaliação, porque mais de 65% dos alunos obtiveram grau superior a 7,0 (Tabela 1), sendo esse recurso utilizado somente para fomentar mais o entusiasmo dos discentes.

Figura 1

Os alunos participando do jogo didático explicando a geometria da molécula

tabela 1

Porcentagem dos alunos com as correspondentes notas na avaliação de geometria molecular

Conclusões

Conclui-se que, mesmo com conteúdo de difícil compreensão por grande parte dos alunos, é possível realizar atividade para amenizar ou até eliminar tal dificuldade, como foi o que ocorreu com o jogo didático apresentado. Verifica- se que esse jogo pode ser realizado em qualquer sala de aula, seja qual for a instituição, por ser barato e dinâmico (com a utilização, somente, de papel e balões de aniversário). O jogo didático realizado, além de acarretar o aprendizado da geometria molecular, injetou dinâmica à aula e proporcionou a integração entre os alunos.

Agradecimentos

Referências

CUNHA, M. B. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Química Nova na Escola. V. 34, n. 2, p.92-98, 2012.
MENDONÇA, M. L. T. G.; CRUZ, R P. Identificar as dificuldades dos alunos na disciplina de química no Ensino Médio segundo a visão do professor e suas relações com a formação inicial/continuada e tempo de magistério do docente. In: Semana Acadêmica do Campus de Mesquita - IFRJ, 2.. 2015. Mesquita, Rio de Janeiro. Anais... Mesquita: COEX MESQUITA - IFRJ, 2015. v. 01. p. 20.
MENDONÇA, M. L. T. G.; CRUZ, R P. Um jogo didático para a apropriação do conteúdo de funções orgânicas. Revista Soldebras.v.12, n.137, maio./ 2017. Disponível em: Disponível em: <http://www.sodebras.com.br/edicoes/N137.pdf />. Acesso em: 12 mar. 2018.
SILVA, J.R.; SILVA, A.J.F.S.; SANTOS, A.A.; FRANÇA, G.G.; CAMPOS, J.S.; NETO, P.C.S. Jogos didáticos para o ensino de química. chemical bonds: um jogo didático para ensino de ligações químicas. In: 550 Congresso Brasileiro de Química. 2015. Goiânia, Goiás. Anais…Goiânia, 2015. Disponível em:http://www.abq.org.br/cbq/2015/trabalhos/6/7517-20682.html . Acesso em: 10 jun. 2019.
ZANON, D. A. V.; GUERREIRO, M. A. S.; OLIVEIRA, R. C. Jogo didático Ludo Químico para o ensino de nomenclatura dos compostos orgânicos: projeto, produção, aplicação e avaliação, Ciências & Cognição; v. 13, n. 1, p. 72-81, 2008. Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v13/cec_v13-1_m318239.pdf. Acesso em: 21 jan. 2018.

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