A EVOLUÇÃO DA TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS: UMA ABORDAGEM DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
de Oliveira Pantoja, D. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Ribeiro dos Santos, K. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; dos Santos Vasconcelos, I.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Silva dos Reis, A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; de Brito Silva, M.D. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
A História da Ciência é relevante para as aulas de química, uma vez que ajuda na compreensão de determinados conteúdos. Nesse sentido, buscou-se analisar o conhecimento acerca da Tabela Periódica, bem como entender a contribuição dos cientistas que ajudaram para sua evolução. Tal objetivo torna-se relevante, pois a HC é considerada uma interface que contribui para uma aprendizagem mais eficaz em sala de aula. A pesquisa foi realizada com 15 alunos do curso de Licenciatura em Química da UEPA. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário, e a partir dos resultados verificou-se que poucos discentes conheciam as outras tentativas de organização dos elementos químicos. Portanto, consideraram necessária a utilização da HC para o ensino de conteúdos de química.
Palavras chaves
História da Ciência; Tabela Periódica; Aprendizagem
Introdução
A Tabela Periódica (TP) foi organizada para facilitar a classificação dos elementos químicos de acordo com as suas propriedades químicas. Analisando o conteúdo da TP nos Livros Didáticos (LD), percebe-se que o mesmo é desenvolvido sem o auxílio da abordagem histórica, e o estudante não consegue subsídios para estabelecer relações entre as leis periódicas e a evolução nas diferentes formas de organização ao longo da história (Eichler; Del Pino, 2000). Até mesmo os livros que apresentam uma abordagem histórica atribuem a organização da TP somente à Dmitri Mendeleev, como se não houvesse uma base teórica para isso (MEHLECKE et al., 2012). A primeira tentativa de organizar os elementos químicos se deu com John Dalton, o critério adotado por ele foi a ordem crescente de massa atômica. Em 1829, Johan W. Döbereiner tentou agrupar os elementos em tríades. Em 1862, o francês Alexandre E. B. Chancourtois dispôs os elementos conhecidos ao longo de um espiral. Esse arranjo foi denominado Parafuso Telúrico. Em 1864, John A. R. Newlands apresentou o seu modelo baseado nas oito notas musicais, o que ficou conhecido como as oitavas de Newlands. (LEITE; PORTO, 2015; BARRETO et al., 2016.). Apesar da abordagem da História da Ciência (HC) nos LD ser considerada importante para o ensino de TP, o trabalho de outros cientistas é tido apenas como fato histórico e a atenção é voltada, totalmente, para Dimitri Mendeleiev. A utilização da HC amplia acompreensão da TP além de contribuir para a história dos elementos (FLÔR, 2009). Assim, o trabalho teve como objetivo mostrar como a HC torna-se eficaz para a aprendizagem da TP, apontando a sua evolucão ao longo do tempo.
Material e métodos
A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPP) com a participação de 15 graduandos do primeiro semestre do curso de Licenciatura em Química da Universidade do Estado do Pará (UEPA). A metodologia adotada para a realização da oficina dividiu-se em três momentos. O primeiro momento se deu com uma exposição oral sobre os cientistas que contribuíram para a construção e para a evolução dos modelos da Tabela Periódica, até o modelo atual vigente. Para auxiliar na compreensão dos gradados acerca dos modelos anteriores da Tabela Periódica, foi apresentado alguns protótipos, confeccionados anteriormente à oficina com materiais de baixo custo e de fácil aquisição. Os protótipos exemplificavam os modelos de Dalton, Chancourtois, Newlands e de Mendeleev. No segundo momento foi aplicado um questionário constituído de quatro perguntas com o objetivo de investigar o que os graduandos conheciam sobre os modelos anteriores ao de Mendeleev, a relevância da História da Ciência e se a oficina foi eficaz para a aprendizagem dos mesmos. No terceiro momento ocorreu uma visita à exposição “Tabela Periódica dos Elementos: Uma Descoberta da Humanidade”, exposta em um espaço do Centro de Ciências e Planetário do Pará que é um espaço não formal de ensino localizado em Belém-PA, cujo maior objetivo é divulgar e popularizar a ciência.
Resultado e discussão
Em relaçao à História da Ciência e a sua influência no processo de ensino
aprendizagem, 33% responderam que deixa o ensino mais didático, enquanto 40%,
informaram que é importante abordar as descobertas científicas ao longo do
tempo, e 27% apontaram que as aulas ficam mais dinâmicas e atraentes. Diante
disso, nota-se que a introdução da HC no ensino auxilia na compreensão da
química, tornando-a mais atrativa, estimulando o interesse do aluno pelas
abordagens científicas (DUARTE; EPOGLOU, 2009). Quando questionados se a
evolução da Tabela Periódica contribui para o conhecimento de outros conteúdos
de química, como modelos atômicos e ligações químicas, todos responderam que
sim, apontando que a conexão desses conteúdos facilita a aprendizagem. Sobre o
conhecimento dos discentes acerca dos modelos da Tabela Periódica anteriores ao
de Mendeleev, 20% detinham pouco conhecimento a respeito, enquanto 80%
apontaram que não conheciamos modelos de Dalton, Döbereiner, Chancortouis e
Newlands. De acordo com Beltran (2013), a HC mostra a sequência dos eventos e as
principais passagens que marcaram a evolução da ciência, beneficiando a
sociedade. Dessa forma, conhecer os modelos da Tabela periódica torna-se
fundamental para uma aprendizagem relevante do conteúdo. Com relação a HC,
perguntou-se aos discentes se os mesmos a utilizariam em suas aulas, todos
responderam que sim, destacando que a abordagem histórica facilita a
aprendizagem, torna a aula mais didática e desperta o interesse do aluno. Tal
resultado corrobora com Ferreira et al. (2010), ao afirmar que a HC ao ser
adotada pelo professor traz, de forma interdisciplinar, mais conhecimento aos
alunos.
Conclusões
A partir da análise dos dados observou-se que poucos graduandos conheciam todos os modelos de organização dos elementos, evidenciando que os mesmos não foram instruídos ao entendimento da importância da História da Ciência. Contudo, com o desenvolvimento da oficina evidenciou-se uma melhora no assunto Tabela Periódica, e os graduandos pretendem utilizar a História da Ciência em suas aulas, visto que é uma alternativa eficaz na aprendizagem de química, pois desperta a capacidade crítica-reflexiva dos alunos e professores.
Agradecimentos
Referências
BARRETO, G. S.N.; XAVIER, J. L.; MESQUITA, N. A. S. História da Ciência nos livros didáticos de Química: Tabela Periódica como objeto de investigação. XVIIIEncontroNacional de Ensino de Química (XVIII ENEQ) Florianópolis, SC, Brasil –25a 28 de julho de 2016.
BELTRAN, M.H. R. História da Química e Ensino: estabelecendo interfaces entre campos interdisciplinares.Abakós, Belo Horizonte: v. 1, n. 2, p. 67-77, mai. 2013.
DUARTE, C. B.; JAYME, C. C.; EPOGLOU, A. A História da Ciência e o livro Didático de Química: uma análise do conceito de equilíbrio químico. Anais do XVI Encontro Centro-Oeste de Debates sobre Ensino de Química, 2009.
EICHLER, M.; DEL PINO, J.C. Computadores em educação química: estrutura atômica e tabela periódica. Química Nova, v. 23, n. 6, p. 835-840, 2000.
FERREIRA, A. M. P.; FERREIRA, M. E. M. P. “A história da Ciência na formação de professores”. História da Ciência e Ensino: construindo interfaces 2 (2010): 9-10, http://revista.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/2904/2861 (acesso em 29 de maio de 2019)
FLÔR, C. C. A história da síntese de elementos transurânicos e extensão da Tabela Periódica numa perspectiva Fleckiana. Química Nova na Escola. São Paulo, v. 31, n. 4, p. 246-250, 2009.
LEITE, H. S. A.; PORTO, PAULO, A.Análise da Abordagem Histórica para a Tabela Periódica em Livros de Química Geral para o Ensino Superior Usados no Brasil no Século XX. Química Nova. Vol. 38, n. 4. São Paulo, Maio 2015.
MEHLECKE, C. M; EICHLER, M. L; SALGADO, T. D. M.; DEL PINO, J. C. Abordagem histórica acerca da produção e da recepção da tabela periódica em livros didáticos brasileiros para o enisno médio. Revista Eletrónica de Enseñanza de lasCiencias, v. 11, n. 3, p. 521-544, 2012.