PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR ALUNOS E PROFESSORES NO ENSINO MÉDIO NOTURNO EM UMA EXTENSÃO DE ENSINO DE TAUÁ – CE

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Abreu, (UVA) ; Sousa, A.C.G.A. (UECE) ; Peres, J.G. (UECE) ; Sena, F.S. (UECE) ; Lins, P.V.D. (UECE) ; Rodrigues, J.T. (EEP MONSENHOR ODORICO DE ANDRADE) ; de Lima, D.R. (UFC) ; Gonçalves, E.N.S. (IDETE) ; Franca, M.G.A. (UFC) ; Santiago, L.F. (UECE) ; Lopes, M.R. (UECE) ; Sousa, L.R. (UECE)

Resumo

Em meio a todas as mudanças e reformas no ensino médio, os olhares voltados ao ensino médio noturno estão cada vez mais ausentes, sem um plano específico para atender a essa demanda. Este trabalho busca perceber as particularidades desta modalidade de ensino, seus desafios e as percepções de quem conhece essa realidade. Os dados coletados foram analisados e discutidos, e o que foi constatado é que o sistema atual de ensino não atende nem de perto as necessidades e particularidades destes discentes, que necessitam de uma grade e um modelo de aprendizagem diferenciado e especifico para a situação em que encontram-se, pois a grande maioria dos alunos se sente desmotivado e despreparado para competir em nível de igualdade com os demais estudantes de outros turnos.

Palavras chaves

Ensino médio; Dificuldades; Noturno

Introdução

Atualmente a educação brasileira encontrasse em um estado de muitas mudanças, trazidas principalmente pela Medida Provisória (MP nº 746), que trata da reformulação do ensino médio, alterando sua estrutura por meio da implementação de escolas de tempo integral. Porém, estas medidas ainda se encontram com muitas falhas, pois com a o aumento da carga horário, não foi apresentado uma solução para o ensino médio noturno que atualmente atende a 1,8 milhão de estudantes, e que com a não citação nesta lei, vivenciam uma situação de incerteza, que aparentemente não tem sequer um prazo definido para acabar (BASSI; CODES; ARAÚJO, 2017). Estes problemas acabam interferindo em outro dado muito importante para educação brasileira, que são, as taxas de rendimento escolar, cujas são calculadas a partir do somatório da quantidade de alunos aprovados, reprovados e os que abandonaram a escola ao final do ano letivo, utilizando o cálculo do IDEB. No ensino noturno além do abandono ainda é possível observar um grande aumento na evasão escolar, que ocorre quando o discente abandona a escola no meio do ano letivo, e não volta a matricular-se no ano seguinte (DUTRA, 2015). Um outro diferencial de algumas escolas noturnas, são as que atuam como anexos, ou seja, locais de ensino que geralmente estão localizados em comunidades rurais, mais afastadas e de difícil acesso, mas atuam sobre regimento, currículo e administração de escolas sede, que funcionam em uma cidade ou município mais próximo, os professores geralmente são da própria comunidade, ou precisam se deslocar de comunidades vizinhas, ou da escola sede, o que acarreta em um maior desgaste do profissional da educação (ROSSATO, 2016).

Material e métodos

Este trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória qualitativa e quantitativa realizada através de um questionário aplicado na EEMTI Lili Feitosa, localizada na cidade de Tauá – CE, no anexo da vila de Marruás, que estudam à noite. Responderam a este questionário alunos e professores das series, 1º, 2º e 3º, ambos foram informados da finalidade e concordaram em participar desta pesquisa, de forma anônima e voluntaria. Segundo os dados que constam no SIGE ESCOLA o anexo conta com um total de cento e trinta e seis (136) alunos e nove (09) professores. A pesquisa foi realizada com uma amostra de vinte e cinco por cento (25%) dos alunos matriculados e cinquenta por cento (50%) dos professores que atuam na extensão de ensino. O questionário direcionado aos discentes, continha um total de seis (06) questões, sendo três (03) objetivas e três (03) subjetivas, nas quais eram indagados sobre faixa etária de idade, gênero, perspectivas e analises críticas sobre o sistema de ensino a eles aplicados. Já o questionário ao qual os docentes foram submetidos continha quatro (04) perguntas, todas dissertativas, nas quais foram questionados sobre idade, experiência na carreira docente, visão crítica sobre o ensino noturno, dificuldades da profissão e expectativa com relação ao desempenho dos seus alunos em avaliações externas. Para o desenvolvimento desta pesquisa primeiramente foi realizado uma análise da situação escolar e de quais pontos deveriam ser abordados nos questionários. Em seguida as perguntas foram elaboradas e aplicadas aos alunos e professores presentes na instituição de ensino.

Resultado e discussão

Os gráficos 1 e 2 mostram dois dados importantes para traçar um perfil dos estudantes cursando o ensino médio noturno, os dados estão apresentados em percentual, através de gráficos de pizza e algumas analises discursivas. Como apresentado no gráfico 1, é possível notar que não há alunos com menos de quinze (15) anos de idade cursando o ensino médio noturno nesta escola, setenta e nove por cento (79%) estão entre quinze (15) e dezoito (18) anos, quinze por cento (15%) estão entre dezoito (18) e vinte (20) anos, e seis por cento (6%) encontram-se acima de vinte (20) anos. Os dados obtidos demonstram que educação no Brasil ainda está caminhando a passos lentos pois segundo o art. 208, em seu parágrafo primeiro, da Constituição da República Federativa do Brasil, a educação básica deve ser concluída aos 17 anos, e como pode ser observado 21% desses entrevistados encontram-se fora desta faixa etária, este dado pode ser algo presente em todas as modalidades de ensino, porém se agrava no ensino noturno devido as peculiaridades de sua clientela. O gráfico 2 apresenta o percentual correspondente ao gênero dos estudantes cursando o ensino médio noturno, desse percentual temos que cinquenta e cinco por cento (55%) dos estudantes corresponde ao gênero feminino e quarenta e cinco por cento (45%) ao gênero masculino. O gráfico 4 apresenta os percentuais para a pergunta de número quatro do questionário direcionado aos estudantes, na qual os indagavam se os mesmos acreditam que o ensino noturno tem a mesma qualidade que o ensino em outro período, e ainda os pedia para que justificassem suas respostas. Responderam que sim, se sentem prejudicados vinte e quatro por cento (24%) dos entrevistados, e que não setenta e seis por cento (76%). A questão de número cinco direcionada aos estudantes fazia a seguinte pergunta: Você se sente prejudicado estudando no período noturno? Justifique. O gráfico 5 abaixo traz o percentual das respostas para esta indagação. Responderam que sim, sentem-se prejudicados, setenta e três por cento (73%) dos participantes e que não, não se sentem prejudicados, vinte e sete por cento (27%). A primeira pergunta direcionada aos professores era, você acredita que o ensino noturno consegue atender a todas as dificuldades dos alunos, mesmo com carga horaria reduzida, as respostas se encontra no quadro 1. É unanime quando se fala em concorrer a uma vaga na universidade que os alunos do período noturno estão em desvantagem, é impossível que um aluno que estude apenas quatro aulas diária de 45 minutos, tenha o mesmo rendimento de um aluno que frequenta a escola com 5 aulas de 50 minutos. Por dia são 70 minutos de diferença, levando em consideração um ano com 200 dias letivos temos uma diferença de mais de 233 horas de estudo, sem levar em consideração os alunos que frequentam o período integral ou profissionalizante. A pergunta seguinte era, quais as principais dificuldades encontradas por você para realizar um bom trabalho docente nessas condições de ensino, as respostas encontram se no quadro 2. A última pergunta foi, você considera que os alunos estão em desvantagem com relação aos demais na hora de concorrer a uma vaga na universidade ou local de trabalho, as principais respostam se encontram no quadro 3. Como é possível comprovar matematicamente a diferença é enorme, então não tem como essas duas modalidades de ensino conterem a mesma grade curricular, mantendo as mesmas aulas tradicionais, felizmente temos exceções de alguns alunos que se dedicam muito mesmo frequentando a escola no período noturno, se organizam e separam tempo para estudar mais por conta própria e conseguem um emprego ou ingressam em uma universidade

QUADRO



Gráficos



Conclusões

Ao final deste trabalho é possível concluir que a grande maioria dos estudantes do ensino noturno o frequentam por não ter outra opção, estes não acreditam na qualidade do ensino, os mesmos sentem-se desmotivado e prejudicados por cursarem essa modalidade de ensino, e as principais dificuldades sem sombra de dúvidas são o tempo, algo muito precioso que além de ser muito reduzido, muitas vezes não é aproveitado totalmente devido a outras dificuldades de quem frequenta a extensão, como transporte, cansaço, iluminação entre outros. Quando foi direcionado aos professores as reclamações e observações não foram muito distintas, os mesmos conhecem bem a realidade dos seus alunos e fazem o possível para atendê-los da melhor forma possível, porem reconhecem que o ensino deixa muito a desejar, devido a todos os problemas citados. Infelizmente essa triste realidade só irá mudar quando as autoridades competentes e a sociedade em geral deixar de lado todos os preconceitos e agir em igualdade presando sempre pelo melhor para todos e não apenas para uma minoria privilegiada. Por fim é notório a importância do ensino noturno, muito alunos tem ele como a única chance de conseguir estudar e futuramente ingressar em uma universidade, por isso é possível enxergar casos em que com muita dedicação e esforço se consegue superar todas estas dificuldades e ver alunos sonhando e buscando um futuro melhor através da educação.

Agradecimentos

UVA, UECE e EEMTI Lili Feitosa

Referências

BASSI, C.; CODES, A.; ARAÚJO, H. E. O que muda com a reforma do ensino médio conhecendo suas alterações, o debate e as lacunas. Disoc. n. 41, p. 3-15, jun., 2017.

DALLABRIDA, N.; RICCI, M. C. K. Ensino médio em transe. Ciência e cultura. São Paulo, v. 69, n. 1, p. 4-5, jan./mar., 2017.

DUTRA, A. M. T. Abandono escolar na rede pública estadual de Mato Grosso: entraves para o acesso ao ensino médio. 2015. 79 p. Dissertação (Mestrado profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2015.
ROSSATO, V. L. A luta pela educação escolar diferenciada entre os kaiowá/guarani de Mato Grosso do Sul. Multitemas. n. 12, nov., 1998.

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