OS 100 ANOS DE IUPAC: ANÁLISE DO USO DE SUAS RECOMENDAÇÕES NAS CONCENTRAÇÕES DE SOLUÇÕES
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Régis Campos Silva, R. (CEFET-MG) ; Alves Silva, T. (CEFET-MG) ; Santos Queiroz, M. (CEFET-MG) ; Amaral Silva, M.T. (CEFET-MG) ; Lethicya Silva Sousa, B. (UFMA) ; de Souza da Conceição, C.M. (UFPA)
Resumo
IUPAC é a sigla para “International Union of Pure and Applied Chemistry”, que em português significa “União Internacional de Química Pura e Aplicada.” É uma organização não governamental, criada em Genebra na Suiça, em 1919, completando o seu centenário em 2019. Possui diversas publicações com o objetivo de unificar a linguagem da Química e de disciplinas afins, melhorando a troca de informações científicas entre estudantes e cientistas de diferentes países. Porém, mesmo após o seu centenário, percebe-se diversos usos incoerentes em relação às suas recomendações. Neste trabalho, analisamos se as recomendações IUPAC para os símbolos de grandezas utilizadas no ensino de soluções são seguidas por livros comumente encontrados e adotados como referência na educação básica e superior.
Palavras chaves
Recomendações IUPAC; Centenário IUPAC; Símbolos de grandezas
Introdução
Conhecer a linguagem da química, seus símbolos e sua nomenclatura, é tão importante quanto o conhecimento dos conceitos fundamentais. A IUPAC, sigla para International Union of Pure and Applied Chemistry, que em 2019 completa 100 anos, vem procurando estabelecer uma linguagem internacional padronizada. No entanto, muitos autores de livros da área e diversos professores, parecem desconhecer tais publicações, ou simplesmente preferem não segui-las. Esta falta de uniformidade no uso dos símbolos das grandezas geram dúvidas e dificultam o processo de ensino-aprendizagem de diversos conteúdos. Neste trabalho analisamos o uso de símbolos de grandezas utilizadas no ensino de soluções em livros de educação básica e superior e comparamos com as recomendações IUPAC.
Material e métodos
Baseamos as recomendações no livro verde (Green Book), Grandezas, Unidades e Símbolos em Físico-Química, publicado pela IUPAC em 2008, que em 2018 teve sua edição traduzida para o português pelas sociedades brasileira e portuguesa de química. Foram analisados três livros didáticos comumente adotados no ensino médio, sendo dois deles pertencentes ao plano nacional do livro didático (PNLD 2015 e 2018). Os livros analisados foram: Química, volume 2, autoria de Ricardo Feltre, que apesar de já não figurar entre as obras aprovadas pelo PNLD, ainda é muito utilizado por professores e estudantes, Química, volume 2, autoria de Martha Reis, e Química Cidadã, volume 2, autoria de Wildson Santos e Gerson Mol, sendo as duas últimas obras citadas pertencentes ao PNLD 2015 e 2018. Além deles, analisou-se também o livro Química Geral, de J. B. Russsel, presente em diversas bibliografias de cursos de graduação.
Resultado e discussão
A seguir, uma tabela com algumas grandezas utilizadas no ensino de soluções
e
suas concentrações, e seus respectivos símbolos recomendados pela IUPAC: tabela
1.
Vale ressaltar que a IUPAC recomenda que todos os símbolos de grandezas
sejam impressos em itálico (Green Book, 2008).
Vejamos agora, como os livros didáticos analisados utilizam os símbolos das
grandezas envolvidas no ensino de soluções e suas concentrações: tabela 2.
Outro ponto a ser analisado é a terminologia molar, encontrada por exemplo
no nome da grandeza concentração molar em alguns livros analisados. Segundo
as recomendações da IUPAC, o adjetivo molar após o nome de uma grandeza deve
ser usado quando na definição da grandeza se divide pela quantidade de
substância, cuja unidade é o mol. Assim, no caso da concentração em mol/L, a
divisão é pelo volume, cuja unidade é o litro, não sendo portanto,
recomendado o uso da expressão concentração molar para designar a concentração
em quantidade de matéria, cuja unidade é em mol/L.
Recomendações da IUPAC para os símbolos de algumas grandezas utilizadas no ensino de soluções
Símbolos de grandezas utilizadas por alguns livros didáticos
Conclusões
Podemos notar a falta de uniformidade em relação aos símbolos das grandezas que envolvem as concentrações de soluto nas soluções. Diversos autores de livros consagrados na área da química, e muitos professores, insistem em não seguir as recomendações adotadas pela IUPAC. Ao nosso ver, a falta de um padrão, dificulta a comunicação, ainda mais se tratando da química, que utiliza majoritariamente, uma linguagem simbólica.
Agradecimentos
Ao CEFET-MG e a FAPEMIG por todo o apoio.
Referências
FELTRE, R., Química, v. 2, 6 ed, Editora Moderna, São Paulo, 2004.REIS, M., Química, v.2, 1 ed, Editora Ática, São Paulo, 2014.SANTOS, W., MOL, G., v.2, 2 ed, Editora AJS, São Paulo, 2013.RUSSEL, J. B., v.1, 2 ed, Makron Books, São Paulo, 1994.COHEN, E.R., CVITAS, T., FREY, J.G., HOLMSTRON, B., KUCHITSU, K.,MARQUARDT, R., MILLS, I., PAVESE, F., QUACK, M., STOHNER, J.,STRAUSS, H.L., TAKAMI, M., THOR, A.J. "Quantities, Units andSymbols in Physical Chemistry", IUPAC Green Book, 3 ed, IUPAC & RSC Publishing, Cambridge, 2008.