PROPOSTAS DE ADAPTAÇÕES AO ENSINO DE QUÍMICA INCLUSIVO PARA ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Ferreira, T.S. (UEAP) ; Farias, A.L.F. (UEAP)

Resumo

O presente trabalho tem como âmago externar resultados parciais de um projeto que visa práticas inclusivas no ensino química, realizado com aluno portador de Transtorno do Espectro Autista em um sistema de ensino na cidade de Macapá- AP. A proposta consiste em desenvolver adaptações para um efetivo alcance de aprendizagem, incluindo este aluno a um mesmo segmento de conteúdos programáticos do ano letivo. Apresenta-se a exposição das atividades desenvolvidas, relacionadas a conteúdos de química, com o intuito de minimizar suas dificuldades de aprendizagem, possibilitando um elo do conteúdo a padrões de interesse e afeição do aluno. A partir da aplicação dos materiais elaborados, notou-se um estimulo e interesse do aluno, facilitando sua aprendizagem.

Palavras chaves

Espectro Autista; adaptações; conteúdo programático

Introdução

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) a Educação é um direito de todos, mas é válido mencionar que foi somente após a Declaração de Salamanca (1994) que pessoas portadoras de deficiência passaram a ser vistas com maior atenção, propondo então que crianças e jovens dispusessem do acesso ao ensino regular, independentemente de suas necessidades educacionais, e que as instituições de ensino pudessem se adequar às particularidades. Dentre as diversas deficiências, síndromes e/ou transtornos, esse trabalho centraliza-se em abordar o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ritvo (1976) conceitua o autismo como um déficit cognitivo, considerando-o um distúrbio do desenvolvimento. APA(1995) e WHO(1993) definem o autismo em uma perspectiva de distúrbios abrangentes de desenvolvimento. Todavia, para o DSM-5(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), o TEA caracteriza-se por déficits de interação e comunicação, que aborda ainda déficits na partilha social, com características marcantes de comportamentos não verbais. Diante dessas visões, nota-se que estes indivíduos possuem características de interação, aprendizagem, a capacidade peculiar, mas que não os excluem de um desenvolvimento no aspecto educacional do âmbito de ensino. Foi com a análise de fontes e o interesse por estas particularidades, que o presente trabalho se ateve a relatar uma prática de estágio que visa adaptações para aulas de química realizadas para alunos com autismo, proporcionando uma aprendizagem significativa, visando seu alcance aos mais variados níveis de ensino (RODRIGUES, 2016). Expondo assim, resultados parciais alcançados na proposta de adaptação de conteúdos para aluno com Transtorno do Espectro Autista referente ao ensino de Química.

Material e métodos

O presente trabalho possui um caráter de pesquisa participante, por estabelecer uma relação com discente da situação desempenhada. O primeiro momento consistiu na elaboração do conteúdo de forma adaptada para o assunto proposto, colhendo os conceitos e modificando os termos possíveis para palavras compreensíveis, criando diálogos durante todo o material, e após a elaboração, o material foi avaliado pelo núcleo pedagógico para pudesse examinar de forma instrutiva. Subsequentemente, realizou-se a aplicação da aula adaptada. Na primeira exposição, explicou-se de forma demonstrativa os tipos de sistemas químicos existentes, aberto, fechado e isolado. A todo momento exemplificando com sistemas do cotidiano e convívio desse aluno, por exemplo: suco em caixa, lata de refrigerante, copo com água, garrafa de café. Para cada conteúdo que fora abordado, a sequência levou em consideração o mesmo foco que era observar atentamente o aluno, perceber seus interesses e que tipo de evento ou situação desencadeia comportamentos relevantes com o ambiente escolar. As adaptações continham explicações em forma de diálogos, com uso de animações, como os bonecos do Capitão América, do chaves, e outros, visto que esse aluno demonstrava grande interesse e afetividade pelos personagens. Após o final da sequência do primeiro conteúdo, foram elaboradas questões de níveis fáceis, justamente por levar em consideração o primeiro contato com o aluno, mas foi notório que este apresentava uma percepção mais ampla. As próximas aulas já contavam com questões mais elaboradas, com o intuito de que aquele discente pudesse evoluir constantemente com as informações repassadas.

Resultado e discussão

A partir da intervenção do projeto de adaptação de conteúdo, o aluno autista conseguia demonstrar progresso em seu processo de aprendizagem, desta forma levou-se em consideração o fato de que as estratégias aplicadas estão propícias às suas necessidades educacionais especiais. A imagem 01 é a estrutura da primeira aula adaptada que iria abordar sistemas químicos. Imagem 02 é a representação do corpo da aula sobre mudanças de estado físico, nesta aula o intuito foi apresentar fenômenos que ele costuma viver. Em um dos balões de diálogo ele era questionado sobre a seguinte situação: “Você já viu como num dia quente, um pedaço de gelo logo derrete depois de tirado do congelador?”. Após sua resposta, o discente foi questionado sobre outros exemplos que já percebera, e ele citava exemplos, como o caso do picolé. E nesse mesmo sentimento a aula prosseguiu. Ao final, quando este aluno concluía sua atividade, era notório que ele havia aprendido o conteúdo e que levava isso consigo, pois sempre que voltava para a próxima aula fazíamos com ele um resgate do que antes tinha sido aplicado e o discente com plena certeza conseguia responder e lembrar, confirmando sua grande capacidade cognitiva. É válido ainda ressaltar que a construção dos diálogos com os personagens realmente confirma que o interesse do aluno estimula o seu desenvolvimento e enriquece o cognitivo, tornando até mesmo a aula mais atrativa e dinâmica (XAVIER, SILVA, ROGRIGUES, 2017), visto que essas práticas, estratégias, metodologias auxiliam no incentivo à aprendizagem do autista(GLAT, FONTES, PLETSCH, 2006) o que incube na organização de adaptações curriculares ou planos de ensino individualizados, proposto no Decreto 7611/2011 (BRASIL, 2011).

imagem 01

proposta de adaptação para o ensino de sistemas químicos

imagem 02

proposta de adaptação para abordagem de mudanças de estado físico

Conclusões

O homem está propício ao desenvolvimento cognitivo, para isso torna-se necessário potencializar a aprendizagem do aluno, com ou sem deficiência. A partir da aplicação das adaptações, foi possível aperfeiçoar as aptidões desse aluno com autismo, instigou suas habilidades, e minimizou sua dificuldade de inserção nas aulas de química, proporcionando resultados satisfatórios e positivos. É valido mencionar que o resultado foi substancial para meu processo de formação também como docente, tendo como público alvo aluno da Educação Especial, o que ocasiona uma relação reciproca em compartilhamento de

Agradecimentos

À Universidade do Estado do Amapá

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV). Washington: APA. 1995
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION: DSM-5. Associação Americana de Psiquiatria. DSM-V - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 2013.
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BRASIL.DECRETO Nº 7611/2011. Dispões sobre a educação especial, o atendimento especializado e dá outras providências. Brasília, 2011.
GLAT, R.; NOGUEIRA, M. L.; FONTES, R. de S. Uma breve reflexão sobre o papel da Educação Especial frente ao processo de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais em rede regular de ensino. In: Revista Inclusão Social: desafios de uma educação cidadã. 2006.
MARCELLA, F. X.; BRUNO, Y. D. S.; RODRIGUES, P. A. A. Ensino de Ciências inclusivo para alunos com Transtorno do Espectro Autista e o uso de Sequências Didáticas. In: XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. 2017
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RITVO, E.R.; ORNITZ, E.M. Autism: diagnosis, current research and management. New York: Spectrum. 1976.
RODRIGUES, P. A. A.; WATANABE, G. Práticas Inclusivas no Ensino de Ciências por meio do uso de Sequências Didáticas. In: VII Congresso Brasileiro de Educação Especial. 2016
UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Humanos. ONU. 1948
WHO. Classificação das doenças mentais da CID 10. Porto Alegre: Artes Médicas. 1993.

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