O USO DO LÚDICO NAS AULAS DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA PELO PIBID DE QUÍMICA NA ECIT PROFESSOR LORDÃO, PICUÍ-PB.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Neves, K.S. (UFCG) ; Venâncio, M.J.C. (UFCG) ; Luz, J.A.P. (UFCG) ; Silva, C.R.P. (UFCG) ; Cruz, J.F.S. (UFCG) ; Melo, L.M. (UFCG) ; Lima, A.M. (UFCG) ; Neto, M.H.L. (UFCG)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar a eficiência do jogo aplicado como metodologia no ensino de química, tendo ênfase no trabalho em equipe. A pesquisa foi desenvolvida por alunos do curso de licenciatura em química da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) campus Cuité, durante a participação do PIBID. Foi elaborado um jogo do tipo QUIZ e aplicou-se em uma turma de 1º série do ensino médio, com as perguntas do jogo voltadas para dois vídeos curtos. Certificou-se que o uso dessa metodologia contribuiu positivamente para a aprendizagem dos alunos e para a construção de conhecimentos químicos, fazendo desta forma que o professor tenha o lúdico como uma ferramenta de ensino muito produtiva, que desperta o interesse do aluno e facilita a construção do conhecimento.

Palavras chaves

jogo; aprendizagem; ensino de química

Introdução

Ao longo dos anos, muitas mudanças ocorreram no âmbito da educação, incluindo desde a disposição dos espaços físicos até a organização do sistema de ensino, tendo a escola como uma das partes mais importantes na formação do cidadão em todas as etapas da educação básica. Atualmente, as escolas de ensino médio passam por uma mudança que vai além do espaço físico, a escola integral, que, também visa a formação técnica com o intuito de inserir o jovem no mercado de trabalho. Mas, sabe-se que dentro da escola, seja ela regular ou técnica integral, a principal preocupação nunca deve deixar de ser o aprendizado do aluno, e no ensino das ciências, conduzir o aluno para construção do conhecimento, requer nesses contextos, desafios ainda maiores para o mediador. Dentre esses desafios, o professor é chamado a atrair seus alunos para as aulas e torná-las prazerosas mesmo diante da exaustão dos alunos e até mesmo de si mesmo, assim, a busca por metodologias inovadoras, tornou-se basicamente uma obrigação. No ensino de química, a busca por métodos que quebrem as barreiras paradigmáticas da compreensão de conceitos é, sem dúvida, um ponto crucial no ensino médio, e por isso, a literatura vem defendendo a utilização de novas metodologias e estratégias de ensino, como por exemplo, a contextualização com o cotidiano e a realidade em busca de tornar o ensino mais compreensível para a construção da identidade crítica do alunos (WARTHA, SILVA, BEJARANO, 2013) a experimentação (GIORDAN, 1999 e FERREIRA, 2010) o uso das TIC’s (MARTINHO, 2009 e TAVARES, 2013 ) o lúdico (FIALHO, 2008 e MOREIRA, 2009) entre outras. A ideia do lúdico, parte da ideia do brincar, do jogo e da diversão, configurando-se uma atividade humana até os dias de hoje. Sendo assim, trazer o jogo para o ensino implica dizer trabalhar o conhecimento de forma espontânea, instigante e atrativa (SANT’ANNA,2011), principalmente em relação ao ensino de química, quando temos de forma muito negativa a ideia de ser uma disciplina de conceitos complexos e de difícil compreensão, logo, acredita-se que se o professor se apropriar de métodos menos tradicionais e sair da rotina dos livros ou das cópias, a visão a respeito da disciplina tende a se tornar mais aceitável, sem reduzir a importância dos conceitos. Uma das diversas formas de utilizar o lúdico em função do ensino de química compreende ao jogo, que difere do ato de brincar por ter regras e objetivos pré estabelecidos, por isso é extremamente importante que o professor esteja consciente de que aplicar um jogo em sala de aula é mais que um momento de descontração, mas uma atividade que requer planejamento e organização, pois como se trata de uma atividade voltada para a aprendizagem, o professor deve estar atento às dificuldades e conquistas de todos, uma vez que cada aluno tem seu próprio desenvolvimento. de acordo, afirma Garcez (2014, p. 40) “Quanto ao professor nesse processo, sua ação consiste em atuar como parceiro ao coordenar, organizar, envolver e orientar as situações criadas, fazendo sempre as intervenções necessárias para atender aos impositivos que sua função e sua ação exigem. “(GARCEZ, 2014, p. 40) Com essas reflexões, compreende-se que o jogo pode proporcionar situações múltiplas em sala de aula, desde a proposta de trabalhar essa atividade envolvendo conceitos científicos até a ideia concreta de cumprir com utilidades pedagógicas e objetivos de aprendizagem, visando despertar o interesse dos alunos com a matéria e conduzir a construção do conhecimento de forma menos mecânica. Para tornar o jogo um método de ensino que atenda a determinadas observações, é necessário que o professor seja conhecedor dessa prática de ensino durante a sua formação e praticante após ela. Nesse sentido, acredita-se que o uso de metodologias lúdicas, como o jogo, pode contribuir para a aprendizagem significativa e aumentar o interesse dos alunos pela própria disciplina de química, além de que, quando trabalhado em equipe, essa ferramenta pode promover a autoconfiança no grupo ao precisar uns dos outros para chegar ao objetivo da atividade. Por isso, este trabalho tem como principal objetivo analisar a eficiência do jogo aplicado como metodologia no ensino de química, além de que na condição de aprendizes do curso de licenciatura, familiarizar-se com métodos menos tradicionais de ensino e como trabalhar conceitos químicos com essas metodologias sem ferir o caráter científico de determinado conhecimento.

Material e métodos

Este trabalho foi desenvolvido por alunos do curso de licenciatura em Química da Universidade Federal de campina, campus cuité-PB, durante a participação do Programa institucional de bolsas de iniciação à docência (PIBID), o qual estava em atuação na Escola cidadã Integral Professor Lordão, localizada na cidade de Picuí- PB, com a mediação do supervisor do programa na escola. A metodologia utilizada para o desenvolvimento dessa pesquisa é de cunho qualitativo, onde buscou-se observar e analisar a eficácia do uso de jogos do tipo QUIZ nas aulas de química em uma turma de 1a série do ensino médio. O QUIZ elaborado para aplicar na turma, consistiu em um jogo de perguntas objetivas e respostas curtas, feitas de forma manual, onde o mediador da turma comandava as perguntas e os demais participantes na aplicação do jogo organizavam a ordem em que os grupos iriam responder. O grupo que levantava a mão primeiro respondia primeiro. A aplicação dessa metodologia foi planejada da seguinte forma: inicialmente, escolheu-se dois vídeos de natureza científica que abordassem conceitos referentes aos conteúdos apropriados a turma, os quais era intitulados de QUÍMICA: A ESSÊNCIA DE TUDO; depois foram elaboradas as questões a serem trabalhadas no QUIZ que aconteceria em 2 momentos. No primeiro momento: dividiu-se a turma 5 grupos de 6 integrantes e explicou-se que após cada vídeo haveria um jogo de perguntas e respostas sobre o que havia sido assistido. Em seguida, o primeiro vídeo foi exibido e iniciou-se o jogo. No segundo momento: exibiu-se o segundo vídeo e após o término, o segundo QUIZ foi iniciado. Ao finalizar essa etapa, os grupos conferiram seu número de acertos e interagiram entre eles para discutir as respostas. O tempo de aplicação dos jogos foram de duas aulas de 50 minutos de duração cada. A seguir, segue a tabela que informa os links dos vídeos e as perguntas sobre cada um deles: Tabela 1: Vídeos e perguntas do QUIZ Vídeo 1: https://youtu.be/R89HWrVfqOs Vídeo 2: https://youtu.be/4clcit2Cfz8 1. qual foi a ideia de leornado da vinci sobre o átomo? 2. quem foi Joseph priestley? 3. como priestley fazia para descobrir os gases? 4. quem descobriu o oxigênio? 5. quais foram as contribuições de Antonie Lavoiser para a descoberta do oxigênio? 6. qual a definição de átomo por John Dalton? 7. descreva a contribuição de Dalton para a ciência. 8. qual foi a descoberta de Amedeu Avogrado para a ciência e porque foi importante. 9. qual foi a descoberta de August Kekulé e qual a sua importância. 10. quem descobriu a ureia? como aconteceu? 1. Conhece alguma substância química do dia a dia? 2.Quem foi o cientista que deu início a tabela periódica? 3.Qual o elemento da tabela periódica foi usado para homenagear o cientista Mendeleve? 4.Fale um pouco sobre a descoberta da eletroquímica. 5.Descreva quais cores dos elementos químicos que foram mostrados no vídeo 6.Quem descobriu o elétron e como descobriu? 7.qual foi a grande contribuição de Lewis?

Resultado e discussão

O cenário atual da educação requer diversificação em relação a métodos de ensino, deste modo busca-se inserir novas estratégias metodológicas em sala de aula trazendo com isso novas formas de interagir e aprender. Para que possamos despertar o interesse do aluno é necessária a busca por recursos que incluam o dia do dia do aluno de forma didática e interessante. A tecnologia adentra como uma ferramenta grandiosa ao processo de ensino e aprendizagem contribuindo com presencial e a distância, assim deixando um pouco de lado paradigmas convencionais no ensino, não se limitando apenas a livros, quadros e cartazes. Como por exemplo, foi possível explorar opiniões de estudiosos de outros países, de forma clara e dinâmica através dos vídeos que foram trabalhados no QUIZ, isso aponta mais vez a importância do docente adaptar-se ao uso de tais tecnologias com seus alunos. (TAVARES, SOUZA, CORREIA, 2013) Apropriando-se das TICs (Tecnologia de Informação e Comunicação) especificamente nesse caso a internet, vídeos e projetor de slide, foi elaborado o QUIZ, um jogo ou desporto mental no qual os jogadores, no caso, os alunos tentaram responder corretamente a questões que lhes foram colocadas, atentando para o fato de que, as informações que passara nos vídeos eram voltadas para a disciplina de química e que eram indispensáveis como parte da disciplina. Através do QUIZ, constatou-se que os alunos obtiveram ótimos resultados com os vídeos que foram mostrados antes das perguntas, tendo apenas uma pergunta respondida incorretamente trazendo o desempate entre os 5 grupos formados. Os alunos discorreram conhecimentos químicos observados no dia a dia, como por exemplo, quando pediu-se em uma das perguntas do segundo QUIZ para citarem uma substância química, e ligeiramente citou-se do uso de NaCl e do NaOH. É importante do ponto de vista docente instigar o aluno a conversar sobre como ele ver os conceitos que estuda na sua vivência cotidiana. Dessa forma, o docente faz, de certo modo, uma investigação de como o aluno compreende os conteúdos além dos conceitos, uma socialização (NEVES, 2014), que foi possível também durante a aplicação do QUIZ, quando havia a interação entre os grupos e os mediadores ao falar das condições dos pesquisadores na sociedade em eles viviam em comparação com a atual. Era esperado que os alunos se sentissem atraídos pela dinâmica da aula, por se tratar de algo fora da rotina, apesar de ser considerada uma atividade de fácil aplicação. Vale ressaltar também que, a escolha dos vídeos foi pensada em trabalhar algo que, nas aulas de rotina não houvesse o espaço para expandir, como é o caso da história da química, que raramente é trabalhada pelos professores de ensino médio e tem um importante papel na formação dos cidadãos, para desconstruir a ideia de que tudo que se tem na química foi fruto da mera genialidade de poucos nomes, como se retrata claramente em livros didáticos. Além disso, a turma também demonstrou entusiasmo durante a aula, o que revela, que, mesmo se tratando de um vídeo envolvendo conteúdo de sala de aula, foi perceptível a diversão, bem como a aprendizagem. Nesse sentido aponta Matias, Nascimento e sales (2017, p. 454): “Ao usar jogos em sala de aula deve-se tomar cuidado para que não seja visto pelo educando nem somente como brincadeira ou apenas como ensino, essa ferramenta deve ser usada de forma a mesclar a parte divertida do jogo com o ensino dos conteúdos de Química de modo que o aluno se divirta e ao mesmo tempo aprenda, pois se ele só se diverte não há uma aprendizagem intensa e se ele só aprende sem diversão não faz sentido utilizar o lúdico, assim será igual ao método de ensino tradicional sem nenhum acréscimo, e sem atração para o alunado.” (MATIAS, NASCIMENTO, SALES. 2017, P. 454) Portanto, após a experiência planejada e vivenciada com os alunos na aplicação do QUIZ, tem-se que a aplicação de jogos tem um grande potencial em complementar e fixar conceitos químicos, principalmente quando trabalhado com a mediação e orientação correta, para que não se faça apenas uma brincadeira, além disso, a utilização de recursos multimídia e as TIC’s contribuem para que a atividade seja ainda mais dinâmica e motive ainda mais a participação dos alunos.

Conclusões

Ao finalizar as análises do que foi aplicado e desenvolvido em sala de aula com os alunos por meio do QUIZ, constatou-se que o uso dessa metodologia pode contribuir positivamente para a aprendizagem dos alunos, pois se trata de uma atividade dinâmica, que pode ser trabalhada em grupo, uma vez que bem planejada e mediada com objetivos voltados para a construção e desenvolvimento do conhecimento químico da turma, levando aos alunos a verem os jogos muito além de um momento fora da rotina. Também se deve considerar os pontos defendidos por diversos autores em relação a esse tipo de metodologia, pois o professor deve ver o lúdico como uma ferramenta de ensino, justamente por possuir um caráter de envolvimento dos alunos, e não desperdiçar o tempo aplicando atividades sem planejamento. Com isso, tem-se que para dar suporte ao planejamento docente com as metodologias lúdicas, pode-se utilizar recursos como as TIC’S para enriquecer a sua atividade com algo atual e de domínio dos alunos.

Agradecimentos

PIBID/CAPES/UFCG

Referências

FERREIRA, Luiz Henrique; HARTWIG, Dácio Rodney; OLIVEIRA, RC de. Ensino experimental de química: uma abordagem investigativa contextualizada. Química Nova na Escola, v. 32, n. 2, p. 101-106, 2010.
FIALHO, Neusa Nogueira. Os jogos pedagógicos como ferramentas de ensino. In: Congresso nacional de educação. 2008. p. 12298-12306.
GARCEZ, Edna Sheron da Costa. O Lúdico em Ensino de Química: um estudo estado da arte. Goiânia, 2014. 142 p. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) – Pró-Reitora de Pós-Graduação, Universidade Federal de Goiás.
GIORDAN, Marcelo. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química nova na escola, v. 10, n. 10, p. 43-49, 1999.
MARTINHO, Tânia; POMBO, Lúcia. Potencialidades das TIC no ensino das Ciências Naturais–um estudo de caso. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 8, n. 2, p. 527-538, 2009.
MATIAS, Felipe da silva; NASCIMENTO, Felipe tavares do; SALES, Luciano leal de Morais. Jogos lúdicos como ferramenta no ensino de química: teoria versus prática. Revista de Pesquisa Interdisciplinar, Cajazeiras, n. 2, suplementar, p. 452-464, set. de 2017.
MOREIRA, Jaqueline C. Castilho; SCHWARTZ, Gisele Maria. Conteúdos lúdicos, expressivos e artísticos na educação formal. Educar em Revista, p. 205-220, 2009.
NEVES, Chistopher smith Bignard. As relações de interação e diálogo como meio de favorecer a aprendizagem. Artigo (especialização em coordenação pedagógica). Universidade Federal do Paraná, 2014.
SANT’ANNA, Alexandre; NASCIMENTO, Roberto Paulo do. A história do Lúdico na Educação. REVEMAT, ISSN 1981-1322, Florianópolis (SC), v. 06, n. 2, p. 19-36, 2011.
TAVARES, Ricarte; SOUZA, Rodolpho Ornitz Oliveira; DE OLIVEIRA CORREIA, Alayne. Um estudo sobre a “TIC” e o ensino da química. Revista GEINTEC-Gestão, Inovação e Tecnologias, v. 3, n. 5, p. 155-167, 2013.

WARTHA, Edson José Silva; SILVA, Erivanildo Lopes da; BEJARANO, Nelson Ribas. Cotidiano e contextualização no ensino de química. Química nova na escola, Vol. 35, N° 2, p. 84-91, MAIO 2013.

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