Química de Produtos Naturais no Ensino de Química: Pedagogia Baseada em Projeto (PBL) na Educação Profissional e Tecnológica (EPT).

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Vieira, D.P.P. (IFRJ) ; Schlup, S.L. (IFRJ) ; Cersosimo, F.N. (IFRJ)

Resumo

A pedagogia baseada em projeto (Project Based Learning – PBL) é uma metodologia eficiente que coloca os estudantes como protagonistas do processo ensino-aprendizagem. Após 6 meses de desenvolvimento da parte científica-experimental do projeto, foi aplicado um questionário avaliativo aos 12 estudantes participantes. A partir desse instrumento, observou-se (preliminarmente): melhora na fixação e aprimoramento dos conhecimentos teóricos/práticos; e expressivo crescimento de competências intra e interpessoais. A perspectiva é de expandir o universo de estudantes, melhorando a significância estatística do estudo, validando o PBL como ferramenta pedagógica na educação profissional. Dessa forma, o discente não ficará limitado aos aspectos técnicos, mas contemplará aspectos científicos e sociais.

Palavras chaves

Fitoquímica; Cromatografia; Extratos

Introdução

A pedagogia baseada em projeto (Project Based Learning – PBL) é uma metodologia bem-sucedida em diversos países e instituições (Silva et al., 2008), assim como a sala de aula invertida pois coloca os estudantes como protagonistas do processo ensino-aprendizagem (Almeida et al., 2013). Os estudantes se sentem desafiados e percebem naturalmente a importância, aplicação e integração de diversos conteúdos trabalhados em várias disciplinas anteriores no seu itinerário formativo (Oliveira et al., 2015) descortinando, assim, a sua emancipação pela educação realizada pelo desenvolvimento de diferentes saberes e competências (Ferreira et al., 2017). Essa metodologia vem apresentando bons resultados tanto em escolas regulares (Santos et al., acessado em 2019) como em universidades (Wartha et al., 2008) assim a possibilidade dessa utilização na educação profissional tecnológica é um potencial natural para ser explorado. A partir de certo momento do itinerário formativo a maioria dos estudantes demonstra interesse em participar de projetos de pesquisa/iniciação científica e muitas vezes procuram professores da instituição de ensino para serem seus orientadores e essa escolha/procura geralmente é pautada por empatia discente-docente, área de atuação do professor-orientador e/ou formação do professor-orientador (França et al., 2017). Nas experiências em atuais dois grupos de estudantes localizados aproximadamente na metade do curso técnico integrado ao ensino médio (Biotecnologia, Farmácia e Química) buscaram orientação para desenvolvimento de projeto de pesquisa sobre química de plantas com o intuito de conhecer a composição química das mesmas e buscar uma utilidade terapêutica baseada no uso popular ou em levantamento bibliográfico prévio (Rodrigues et al., 2008).

Material e métodos

Além do desenvolvimento do projeto de pesquisa em si (levantamento de referencial teórico, planejamento, realização de experimentos e análise dos resultados), foi percebido pelos orientadores a potencialidade de cotidianamente com o andamento do projeto a avaliação em processo (em fluxo) do desenvolvimento de saberes e competências relacionados tanto ao nível médio como específicos à parte técnica. Após 6 meses de desenvolvimento da parte científica-experimental do projeto foi aplicado questionário avaliativo aos 12 estudantes participantes dividido conforme conteúdos comuns ao ensino médio e conteúdos característicos do ensino técnico (profissionalizante). O questionário é dividido em quatro partes a informações pessoais (idade, curso e período), “Conteúdos Teóricos”, “Conteúdos Práticos”, “Questões de Desenvolvimento Individual” os três últimos pautados na pergunta “considerando os conhecimentos descritos nos itens a seguir, como você classificaria o seu entendimento e aplicabilidade deles, antes e depois do projeto” com os parâmetros avaliativos de forma objetiva “Piorou muito, Piorou, Inalterado, Melhorou, Melhorou muito” de caráter obrigatório de resposta. Ao término duas partes subjetivas de escrita livre uma perguntando sobre o “O que você achou de MELHOR no projeto? (resposta livre de sugestões para manter)” e “O que você achou de PIOR no projeto? (resposta livre de sugestões para mudar)” de caráter não obrigatório de resposta. As perguntas buscavam uma linguagem mais acessível de forma a evitar ambiguidades no entendimento do que se perguntava visando promover a resposta rápida e sem a necessidade de consulta para que não houvesse influência externa à opinião dos próprios estudantes.

Resultado e discussão

Adicionalmente uma parte do questionário relativa a própria desenvoltura pessoal de habilidades e competências fundamentais para o desenvolvimento de qualquer projeto na área acadêmica e profissional como capacidade de trabalho em equipe, Uso de ferramentas de informáticas, Busca de referências, Leitura em outra língua, entendimento dos conteúdos dos artigos, Capacidade de transformar vivências e experiências em aprendizado, capacidade de gerar documentos de registro das informações obtidas, organização do tempo, aumento do entusiasmo pela formação pretendida, busca de novos aprendizados teóricos, busca de novos aprendizados práticos, capacidade de reconhecimento de competências, capacidade de buscar objetivos e metas, aumento da curiosidade científica. Esse tipo de abordagem visa avaliar e ratificar a potencialidade e adaptabilidade da PBL para o ensino de química (assuntos teóricos e práticos) e a otimização da formação dos estudantes com o processo de apropriação dos espaços de ciência e tecnologia assim como a percepção da inserção cultural e humana de um profissional completo no mercado de trabalho com a necessidade do desenvolvimento de habilidades não apenas técnicas mas também de inteligência emocional para o desempenho de atividades em grupo, divisão de tarefas, percepção e aproveitamento das potencialidades de cada integrante dos grupos para a resolução dos problemas que naturalmente surgem na execução de qualquer projeto.

Conclusões

Até o envio deste resumo a análise preliminar qualitativa indica melhoria na fixação e dos conhecimentos teóricos e práticos e expressiva melhoria na organização, relacionamento interpessoal e amadurecimento. Considerando os apontamentos iniciais promissores pretende-se expandir o universo de estudantes para que haja uma maior significância estatística do resultado e seja, dessa maneira, uma ferramenta para otimizar o processo ensino-aprendizagem na EPT formando assim não apenas melhores profissionais e como também cidadãos conscientes, produtivos, críticos e responsáveis.

Agradecimentos

Agradecimentos ao IFRJ campus Rio de Janeiro pela autorização para realização do projeto e ao IDQBRN/CTEx por colaboração para realização de análises químicas (Técnicas Cromatográficas hifenadas à Espectrometria de Massa).

Referências

ALMEIDA, G.S.; OLIVEIRA, D.O.V.; OLIVEIRA, F.M.M.; SOARES, K.B.; RADÜNZ, K.; LOPES, N.C.P.; BENTO, D.M.; MARTINS, T.L.C. Pedagogia de projetos: uma ferramenta para o ensino de química contextualizado visando a conscientização ambiental através da produção de sabão ecológico, 33º EDEQ (Encontros de Debates sobre o Ensino de Química), 2013.
FERREIRA, M.C.; SANTOS, N.F. Ensino de Química e Pedagogia de Projetos Socioambientais: O Reaproveitamneto do Óleo Comestível na Produção de Sabão Artesanal por Alunos de uma Escola do Estado da Paraíba - O Projeto Limpando sua Sujeira. IV CONEDU (Congresso Nacional de Educação), 2017.
FRANÇA, M.O. A Pedagogia de Projetos no Ensino de Química Orgânica: Um Relato de Experiências sobre a Química no Cuidado da Pele. 57º CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 2017.
OLIVEIRA JÚNIOR, J.C.; SANTOS, J.C.O.. A Química dos Cosméticos Numa Perspectiva de Ensino por Projetos. 5º Encontro Regional de Química & Blucher Chemistry Proceedings, 4º Encontro Nacional de Química Novembro de, Volume 3, Número 1, 2015.
RODRIGUES, L.C.P.; ANJOS, M.B.; RÔÇAS, G. Pedagogia de projetos: resultados de uma experiência, Ciências & Cognição; Vol 13: 65-71, 2008.
SANTOS, D.; GUIMARÃES, O.M.; Abordagem por projeto no Ensino de Química: Um relato de experiência em uma escola pública de Antonina-PR – (http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1762-8.pdf)
SILVA, P.B.; BEZERRA, V.S.; GREGO, A.; SOUZA, L.H.A. A Pedagogia de Projetos no Ensino de Química - O Caminho das Águas na Região Metropolitana do Recife: dos Mananciais ao Reaproveitamento dos Esgotos. Química Nova na Escola, Vol 29, 14-19, 2008.
WARTHA, E.J.; GUZZI FILHO, N.J.; JESUS, R.M.; Construindo o Conhecimento Através de Projetos de Trabalho: Uma Experiência no Curso de Química da Universidade Estadual de Santa Cruz. Quim. Nova, Vol. 31, No. 5, 1250-1254, 2008.

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