UM OLHAR SEMIÓTICO PARA UM TEXTO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA “UM POUCO DA HISTÓRIA DO LIXO ”NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICOS-RACIAIS
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Rocha da Costa, F. (UFG) ; Barbosa Dionysio, R. (UFT) ; B. Corrêa, L. (UFG)
Resumo
O Texto de Divulgação Científica se apresenta como um material em potencial para educação científica dada as suas características para o público alvo e linguagem adaptada, no escopo da Divulgação Científica, bem como seus processos de significação e apropriação de signos frente aos artefatos culturais. Neste sentido, intenta-se realizar um estudo semiótico acerca das potencialidades semióticas de um Texto de Divulgação Científica para educação das relações étnicos-raciais no contexto das aulas de ciências. De fato, a mediação semiótica oportuniza que o conhecimento seja manifestado, produzido frente a natureza dos signos e suas tricotomias e, nessa conjuntura, pode possibilitar uma educação que a valorize a cultura e história afro-brasileira da população negra e sua diáspora.
Palavras chaves
Semiótica; Divulgação Científica; Relações Étnico Raciais
Introdução
SOBRE SEMIÓTICA E OS TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA A semiótica é um campo que estuda os signos, isto é, a ciência dos signos. Vivemos em uma sociedade bombardeada por recursos comunicacionais e que são intensamente explorados enquanto artefatos socioculturais de produção e validação de linguagem e significados, que, diretamente ou indiretamente são focos de estudo da semiótica. Pautados na Semiótica Peirceana, o signo, seu objeto e o interpretante, quando criado na mente dos sujeitos, formam uma tríade na qual favorece o processo de significação (GOIS; GIORDAN, 2007). Fica cada vez mais evidente a necessidade de se compreender a relação do homem e a infinidade de signos existentes em nossa sociedade atual. A linguagem humana tem se multiplicado em várias formas e novas estruturas e meios de disseminação desta linguagem têm sido criado. Já não apenas signos, mas hipersignos híbridos, ou seja, precisamos “ler os signos com a mesma naturalidade com que respiramos” (SANTAELLA, 2000). . Neste sentindo, apontamos o Texto de Divulgação Científica (TDC) como material didático para as aulas de ciências, uma vez que esses possuem uma linguagem específica adequada e, objetivada para um determinado público e oportuniza o ensino de conceitos científicos, por conseguinte, tais recursos sígnicos apresentados, potencializam os processos de ensino e aprendizagem no cerne escolar. Ribeiro e Kawamura (2005), apresentam algumas contribuições que os TDC’s apresentam enquanto material para educação científica, na possibilidade de criar sentido aos valores associados nos processos e nos constructos do conhecimento científico. Desta forma, permite os/as estudantes se aproximarem das diferentes formas de questionamento, argumentação e criticidade frente aos discursos postos. Assim, neste trabalho, intenta-se realizar um estudo semiótico acerca das potencialidades de um TDC para educação das relações étnicos-raciais no contexto das aulas de ciências, contribuindo, desta forma, para uma educação antirracista e ao mesmo tempo, que promove a educação científica.
Material e métodos
ESCOLHAS METODOLÓGICAS Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizado um estudo semiótico a partir da Teoria Geral dos Signos (SANTAELLA, 2000; SANTAELLA, 2012a; SANTAELLA, 2012b,) uma vez que o signo permeia a atividade humana e as representações são processos de produções de signos. Defendemos que as potencialidades semióticas sejam exploradas para a Educação em Ciências. Esse estudo semiótico foi realizado sobre um TDC com a temática do lixo, intitulado “Um pouco da história do lixo”, encontrado gratuitamente na seção artigo, da Revista Ciência Hoje para Crianças e lança possiblidades de discussões no âmbito da Educação das Relações Étnicos-Raciais.
Resultado e discussão
UM OLHAR SEMIÓTICO SOBRE O TEXTO: “UM POUCO DA HISTÓRIA DO LIXO”
“UM POUCO DA HISTÓRIA DO LIXO” mostra que este TDC fala do processo
histórico do lixo no Brasil e suas problemáticas socioculturais e
ambientais, abarcando alguns conceitos científicos. Primeiramente, o texto
possui uma linguagem mista, com uso de linguagem verbal e não-verbal e, tem
sua estrutura dinamizada em tópicos curtos, com usos de perguntas e
afirmações que possibilitam ao leitor/a explorar a natureza destes signos.
Há uma conexão dos signos e os objetos (SANTAELLA, 2012a) durante toda
leitura do TDC, logo, o/a professor/a deve em sua medição deve potencializar
o ensino de conceitos científicos a partir da relação do signo-signo, signo-
objeto, signo-interpretante, ou seja, explorar a mediação semiótica nas
aulas de ciências.
Assim percebemos, numa perspectiva geral, a partir da linguagem verbal, como
as representações semióticas são utilizadas para que seja concebido os
processos de significação, em que se atribui sentidos e elaborações
conceituais. Por exemplo, o uso dos termos “Restos de comida, papel,
plástico, metal, vidro, xixi” para associar com a ideia de sem utilidade ou
valor, ao lixo e depois com perguntas retóricas, afirmações e situando
contexto histórico.
Percebemos que a partir da figura 1 apresenta no decorrer do TDC diversas
possibilidade para a Educação das Relações Étnicos Raciais a partir da sua
linguagem verbal, visual e imagética (SANTAELLA, 2012b) e suas relações na
construção de sentidos.
Assim, para debate em sala de aula, projetamos a discussão sobre o
tratamento do lixo, contextualização de alguns materiais orgânicos e
inorgânicos, sinalizando problemáticas ao meio ambiente e à população, logo,
possibilita uma breve discussão sobre problemas ambientais atuais.
Fonte: ANDRADE; GALLO, (2019)
Conclusões
A intencionalidade inicial TDC não é direcionada para sala de aula e nem suas modalidades de ensino, mas sim para Divulgação Científica, contudo esse material se apresentou como relevante para o/a professor/a nas aulas de ciência, preferencialmente na educação básica, já que possui elementos de linguagem e conteúdo acessível, oportunizado uma organização do ensino desejada. Aqui se apresenta uma breve discussão teórica a partir de uma análise semiótica para a ERER que não esgota e se limita nesta escrita. De fato, as potencialidades semióticas de um TDC em prol de uma educação antirracista e serão realizadas e validadas na escola básica, a fim de corroborar com as preposições dadas.
Agradecimentos
CAPES
Referências
GOIS, J.; GIORDAN, M. Semiótica na química: a teoria dos signos de Peirce para compreender a representação. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, p. 34-42, 2007
RIBEIRO, R. A; KAWAMURA, M. R. D . A ciência em diferentes vozes: uma análise de textos de divulgação científica. In: Atas do V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2005, Bauru, SP. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/venpec/conteudo/artigos/3/pdf/ p803.pdf> Acesso em: 22 jul. 2019
SANTAELLA, L. Teoria geral dos signos. São Paulo: Pioneira, 2000
SANTAELLA, L. Semiótica Aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2012a
SANTAELLA, L. Leitura de Imagens. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2012b