Verdadeiro ou falso: uma metodologia alternativa para o ensino de funções orgânicas
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Lima, C.H.D. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ CAMPUS BELÉM) ; Barbosa, A.K.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ CAMPUS BELÉM) ; Neto, R.N. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ CAMPUS BELÉM) ; Silva, M.H.V. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ CAMPUS BELÉM)
Resumo
O presente trabalho busca relatar uma experiência em sala de aula vivida a partir da produção e aplicação de uma tecnologia educacional, para facilitar o ensino de funções orgânicas a alunos do 3° ano do ensino médio integrado ao ensino técnico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará. A avaliação da metodologia foi feita de modo quantitativo e qualitativo, onde os dados obtidos foram coletados a partir da observação e análise do comportamento e de questionários respondidos pelos alunos. A partir das observações realizadas durante a aplicação da metodologia foi possível concluir como positivos os resultados obtidos, de modo que o objetivo proposto foi alcançado com sucesso.
Palavras chaves
Ensino de Química; Tecnologia Educacional; Funções Orgânicas
Introdução
De acordo com a legislação brasileira, a educação é tratada como direito de todos e dever do Estado e da família, sendo esta promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, de modo a garantir o pleno desenvolvimento pessoal de cada aluno, bem como seu preparo para o exercício da cidadania. (BRASIL, 1996). Dentre as tantas disciplinas ofertadas durante a formação do individuo enquanto estudante, são de grande importância as chamadas ciências da natureza. Cabe a essa grande área de conhecimento abordar, dentre outras, a disciplina de química, a qual se fragmenta nos mais diversos temas e conteúdos. O presente trabalho irá ater-se à Química Orgânica como alicerce para o desenvolvimento de suas discussões, haja vista a vasta dificuldade apresentada pelos alunos na compreensão de tal tema. (SOUZA, 2012). A química orgânica pode ser definida como a química dos compostos de carbono, dado que tal divisão da química, por definição, abordar as estruturas, reações, propriedades, composição, e síntese de compostos que contenham carbono, embora possam conter também outros elementos. (AMARAL, 2004). Em virtude da complexidade apresentada por este conteúdo, diversos autores vêm buscando utilizar materiais didáticos de forma mais lúdica e dinâmica, de modo a auxiliar na aprendizagem destes alunos, estimulando e despertando o interesse para com o assunto, de maneira mais descontraída e criativa, aplicados após a aula ministrada, com o objetivo de exercitar e fixar o conteúdo apresentado. (ARAUJO et al., 2016; BATISTA, 2016; SOUZA, 2012; ZANON et al., 2008). Por conseguinte, o presente trabalho trás por objetivo apresentar uma tecnologia educacional, a qual tem por intuito auxiliar no ensino de funções orgânicas para alunos de 3° ano do ensino médio, de forma dinâmica e criativa.
Material e métodos
A tecnologia é composta por um conjunto de trinta cartas, cujos designs foram produzidos no site de ferramentas de design gráfico, conhecido por Canva, as quais contém afirmações acerca do conteúdo de química orgânica, englobando propriedades dos compostos orgânicos, funções orgânicas, entre outros. Para melhor desenvolvimento da tecnologia, é indicado dividir a turma em duas ou mais equipes, de modo que um representante de cada equipe seja indicado a cada nova rodada. É de objetivo da tecnologia que seja sorteada a cada aluno uma carta, para a qual este deverá responder se a afirmativa nela contida é verdadeira ou falsa, cada carta tirada conferirá a equipe dois pontos, quando respondida corretamente. Caso a resposta dada seja correta, o aluno deverá atirar um pequeno dado, o qual contem dois tipos de faces: a primeira, representada por um ponto de exclamação, incumbirá ao aluno justificar sua resposta para a pergunta, caso o mesmo não consiga justificá-la, a equipe será penalizada com a perda de um ponto; a segunda, representada por um símbolo de correto, libera o aluno da justificativa de sua resposta, conferindo a equipe os dois pontos referentes à rodada. Ao final, vence a equipe que acumular o maior numero de pontos. A tecnologia foi aplicada em duas turmas de ensino médio integrado ao ensino técnico, totalizando um montante de quarenta e um alunos, nas quais o conteúdo de química orgânica já havia sido ministrado pelo professor. Para avaliação do desempenho e aceitação da tecnologia, foi aplicado um questionário, contendo quatro perguntas a cerca do assunto, para as quais eram apresentadas notas de 0 a 10. A fim de uma possível melhora, foi disponibilizado um campo no qual os alunos poderiam escrever suas sugestões para a tecnologia aplicada.
Resultado e discussão
A partir dos questionários aplicados, pode-se analisar de forma quantitativa
o desenvolvimento e aceitação da tecnologia em ambas as turmas. Dentre as
perguntas contidas no questionário, é valido salientar os resultados das
perguntas de número um, dois e três, as quais contém informações relevantes
a análise do cumprimento do objetivo proposto pela tecnologia.
Na pergunta de número um, foi questionado acerca da utilização de
metodologias alternativas pelos professores ao longo dos anos letivos, e
para ela atingiu-se como maior porcentagem um total de 17,07% para a nota
sete, confirmando os esforços de um grupo de professores em utilizar formas
lúdicas e dinâmicas para o auxílio do ensino, embora ainda haja um bom
número de profissionais que se mantenha seguindo metodologias mais
tradicionais.
Na pergunta de número dois, foi perguntando quanto à tecnologia em si, onde
se obteve um resultado de 41,46% para a nota dez, expondo um resultado
positivo de aceitação por parte da turma. Na pergunta de número três foi
questionado quanto a eficiência da tecnologia em despertar o interesse dos
alunos para com o conteúdo em questão, na qual obteve-se um resultado de
19,51% para a nota dez e 17,07% para a nota nove, solidificando a concepção
de que a utilização de metodologias alternativas é um artificio válido para
estimular o interesse dos alunos pelo conteúdo abordado.
A pergunta de número quatro questionava o quão intuitivo e de fácil
utilização o jogo era, para qual obteve-se um resultado máximo de 53,66%
para a nota 10, mostrando que este objetivo foi alcançado com sucesso. Em
relação ao espaço para sugestões, não houveram respostas a serem
consideradas.
Conclusões
Fundamentando-se na análise dos resultados obtidos durante a aplicação da tecnologia, pode-se concluir como alcançado o objetivo proposto inicialmente pelo presente trabalho, em consequência da avaliação positiva dos alunos nos questionários apresentados, bem como da observação de seus comportamentos durante a aula de aplicação. Constataram-se também argumentos favoráveis a aplicação de tais metodologias somente após as aulas expositivas em relação ao tema, de modo que as tecnologias venham agir como facilitadores e reforçadores do processo de ensino-aprendizagem, conforme o almejado.
Agradecimentos
Referências
AMARAL, L.; et al. Fundamentos de química orgânica. Editora Edgard Blücher LTDA. 4ª reimpressão, São Paulo, 2004.
ARAÚJO, R. et al. Baralhos dos hidrocarbonetos: uma proposta de metodologia inovadora para o ensino no conteúdo de química orgânica. III Congresso nacional de educação. Anais. Natal – RN. Outubro, 2016.
BATISTA, R.; JUNIOR, E. Jogo de dados como ferramenta auxiliar no ensino de funções orgânicas. Scientia amazonia. V. 5, n. 3, p. 73-79, 2016.
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20.12.96: estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.
BRASIL. Plano Nacional de Educação. Brasília, 2000.
SOUZA, H.Y.S.; SILVA, C.K. Dados orgânicos: um jogo didático no ensino de química. Holos. Vol. 3, ano 28, p.107-121, 2012.
ZANON, A. et al. Jogo didático ludo química para o ensino de nomenclatura dos compostos orgânicos: projeto, produção, aplicação e avaliação. Ciências & cognição. Vol. 13 (1), p. 72-81, março, 2008.