A CIÊNCIA NO DESCOBRIMENTO DO BRASIL – PERCEPÇÕES QUÍMICAS A PARTIR DE PIGMENTOS

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Barroso, M.C.S. (INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ - IFCE) ; Stedile, A.M.A. (INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ - IFCE) ; Ariza, L.G.A. (UNIVERSIDAD PEDAGÓGICA NACIONAL - UPN) ; Sampaio, C.G. (INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ - IFCE) ; Vasconcelos, A.K.P. (INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ - IFCE) ; Silva, C.R.F. (INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ - IFCE)

Resumo

Na ideia de pesquisar sobre história e cultura de nossos povos originários e possibilitar a interação com a efetivação das ciências exatas colaborando com a construção do conhecimento científicos, podemos incorporar novas percepções que venha colaborar com o Ensino de Química por meio da História da Química na formação inicial de professores. Com o objetivo de aproximar a História do Brasil com o desenvolvimento da Química como ciência, foi realizado a análise da carta de pero Vaz de caminha, sobre as primeiras impressões de nosso país pela visão dos colonizadores. Os pigmentos que visualmente foram percebidos pelos portugueses eram os vermelhos do urucum e do pau-brasil, e o negro-azulado do jenipapo.

Palavras chaves

História da Química; Ensino de Química ; Pigmentos

Introdução

Reconectar com o passado faz com que possamos avançar em nossas pesquisas e estudos, segundo o Parecer 1303/2008 é preciso “ter uma visão crítica com relação ao papel social da Ciência e à sua natureza epistemológica, compreendendo o processo histórico-social de sua construção”. Assim se pensa em propagar os relatos sobre a origem de uma das ciências mais atuais em comparação com as outras. “podem humanizar as ciências e aproximá-las dos interesses pessoais, éticos, culturais e políticos da comunidade; podem tornar as aulas de ciências mais desafiadoras e reflexivas (MATTHEWS, 1995, p.165).” As primeiras civilizações a relatarem o estudos da matéria foi a grega, que se preocupava em conhecer como se constituía e a que iria ser relevante a pesquisa, conhecida como uma doutrina filosófica, formulada por Leucipo e seu discípulo Demócrito de Abdera, considerada uma resposta para a característica de mutação que a filosofia grega tinha sobre a Terra. A química como ciência em si foi citada no Séc. XVII, antes de assim se intitular conhecíamos a alquimia, onde se trabalhava vários conceitos de ciências realizados pelos alquimistas, muitos considerados bruxos pelas transformações que faziam com a natureza. Nossa história de ciência se efetiva bem antes da nossa colonização, nossos povos originários possuíam uma organização social diferente do modelo que acontecia na Europa. Os índios que aqui habitavam dominavam a utilização de técnicas e saberes de extração de corantes como o vermelho do urucum, o vermelho do Pau-Brasil utilizado em coloração de tecidos e o negro-azulado do jenipapo para tinturas de corpo; esses corantes são conhecidos na ciência moderna como genipina, bixina e brasileina. A ciência aparece assim nas ações indígenas quando eles como leigos do termo ciência.

Material e métodos

Para a efetivação do trabalho realizou-se uma análise histórica para realizar a caracterização dos primeiros pigmentos observados pelos colonizadores descritos na carta de Pero Vaz de Caminha para o Rei de Portugal, onde podemos fazer apontamentos a partir desse evento, e assim, realizar a classificação científica das espécies como metodologia didático- pedagógico no ensino de História da Química. A História e Filosofia da Ciência, História da Química, História do Brasil, Ensino de Química e Química Orgânica, podem ser alinhadas e colaborar ao aprofundar o conhecimento das técnicas utilizadas pelos povos originários para a construção da ciência em sua organização de sociedade. Os traços observados podem revelar as técnicas leigas dos nossos índios que encantavam e despertavam o desejo de exploração nos portugueses por nossas riquezas naturais. Formar o professor-pesquisador proporciona uma abordagem sócio-histórica, por meio do desenvolvimento do ser social e suas implicações na teoria do conhecimento, na concepção de ciência e na prática educativa. Assim, a incorporação de novas metodologias que procuraram articular a filosofia e a história da ciência, da educação e do ser social, ao mesmo tempo possam ser orientados por uma perspectiva crítica de sociedade.

Resultado e discussão

Corantes são compostos por um determinado grupo de moléculas que possuem a capacidade absorção de um comprimento de onda de um espectro observado na região do visível que é uma faixa determina da entre 400 nm e 750 nm, que se varia da coloração violeta ao vermelho. São substâncias que podem se classificar como naturais que são extraídas a partir de elementos encontrados de forma bruta na natureza ou sintéticas confeccionadas em laboratório por meio de isolamento de moléculas para se obter um pigmento semelhante aos encontrados na natureza. Na análise da carta de Pero Vaz de Caminha à coroa Portuguesa, podemos assim identificar alguns corantes naturais obtidos em nossas terras e classificá- los. O vermelho extraído do urucum, cientificamente conhecido por Bixina da classe carotenoide; Segundo Pero Vaz as mãos dos índios “eram cheios duns grãos vermelhos pequenos, que, esmagando-os entre os dedos, faziam tintura muito vermelha, de que eles andavam tintos” (CAMINHA, 1500, p.9). O vermelho obtido do Pau-Brasil conhecido por Brasileina da classe dos catecois e o negro azulado extraído do jenipapo conhecido Genipina da classe dos iridoides, onde o mesmo também pode ser consumido em forma de licor. “Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber, metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, a modos de azulada; e outros quartejados de escaques” (CAMINHA, 1500, p.4). A composição química desses pigmentos não é percebida no documento histórico, contudo podemos nos apoiar em outras referências para poder caracterizar e agrupar em classes que favoreçam a sua melhor utilização tanto por meio físico, quanto por meio de propostas de ensino de química.

tabela de pigmentos

caracterização dos pigmentos descritos no texto.

Conclusões

A investigação da ciência por meio de relatos históricos nos faz perceber o envolvimento das realidades imersas nas atividades culturais, estabelecendo relações entre os saberes científicos tradicionais com a pesquisa acadêmica. A História da Química necessita quebrar essa barreira com a História do Brasil e proporcionar que os educandos possam se apropriar de sua nacionalidade e assim tornar-se realmente um ensino universalizado, por meio de uma abordagem sócio- histórica, proporcionando a emancipação humana.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal do Ceará - IFCE pela oportunidade da inserção na pesquisa acadêmica e a minha orientadora Cleide Barroso pelo apoio e acompanhamento.

Referências

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CAMINHA, P. V. [Carta a el-rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil]. Transcrição diplomática. 1 de Maio de 1500. ANTT gaveta XV, maço 8, n.º 2 disponivel em < http://purl.pt/162/1/brasil/obras/carta_pvcaminha/index.html> Acesso em 05/09/2018

CERRI, L. F. Ensino de histórica e consciência histórica: implicações didáticas de uma discussão contemporânea. Rio de Janeiro: FGV, 2011.

LESSA, S.; TONET, I. Introdução à filosofia de Marx. 2a edição. Editora Expressão Popular. São Paulo –SP. 2011

MATTHEWS, M.R. História, Filosofia e Ensino de Ciências: a tendência atual de reaproximação, Caderno Catarinense Ensino de Física, vol.12, n.3, p.164-214, 1995


ROSA, C. A. P. História da ciência: da antiguidade ao renascimento científico /
Carlos Augusto de Proença. ─ 2ª edição, vol. 1 ─ Brasília: FUNAG, 2012.

CASTRO, C. B. de; MARTINS, C. da S.; FALESI, I. C.; NAZARÉ, R. F. R. de; KATO, O. R.; BENCHIMOL, R. L.; MAUES, M. M. A cultura do urucum / Embrapa Amazônia Oriental. - 2. ed. rev. ampl. - Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2009

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